Hold On - Dramione escrita por karistiel


Capítulo 10
Chapter 10: It Was Me




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Já tinham se passado 30 minutos do toque de recolher. O relógio de pulso de Draco marcava exatamente 22 horas e 30 minutos. Estava quase na hora da ronda com a Granger e ele estava cada minuto mais ansioso. Não sabia o que aquilo significava mas não gostava. A presença dela não lhe fazia tão bem quando tinha que voltar para o seu quarto e dormir. No fim, ele decidiu sair mais cedo do que pretendia e caminhou rapidamente até o quadro das frutas abaixo do Salão Principal da escola. Fez cócegas na pêra e ela se contorceu em risos, rapidamente se transformando em uma maçaneta. Draco abriu a porta da cozinha e entrou. Àquela hora, nenhum dos elfos se encontravam por ali, a cozinha estava totalmente vazia e absorta em silêncio. Sem querer perder muito tempo ali, procurou rapidamente uma chaleira e com um aceno rápido da varinha a encheu de água. Acendeu o fogo que ficava ao lado de uma das centenas de pias e aguardou a água ferver. Menos de dez minutos depois, Draco terminava de fazer seu café. Há muito tempo atrás, quando seu pai tinha viajado a negócios à mando do Lorde das Trevas, Draco passou todo o verão sozinho com sua mãe. Ele tinha que admitir que foi sem dúvidas um dos melhores verões que já tinha tido. Draco sempre gostou mais do café que sua mãe fazia do que o do elfo doméstico. Um dia, naquele verão, depois de longas horas de estudos na biblioteca da Mansão, Draco pediu à sua mãe um dos seus magníficos cafés; Narcisa sorriu para o filho e pediu que ele a acompanhasse. Ela o levou até a cozinha e com toda a sua calma habitual, ensinou-o a fazer um café igual ao seu. Obviamente, tinha levado algum tempo - anos na verdade - para que ele conseguisse chegar próximo ao nível do dela mas ele ficou satisfeito consigo mesmo quando aprendeu a preparar um café bebível.

Draco sentou em um dos bancos de uma das mesas e colocou o copo fumegante de café em cima da madeira velha da mesa. Sentia muita falta de sua mãe, mais do que queria. Os dias em Hogwarts estavam sendo verdadeiramente difíceis.

Ignorando os pensamentos sobre sua mãe em prisão domiciliar, passou a observar a cozinha. Nunca antes tinha estado ali pois no passado, sua educação não permitia que ele se enfiasse num lugar que era lugar de elfos domésticos. Era um espaço realmente grande e que se não fosse pela magia, Draco suspeitou que seria impossível caber tanta coisa ali. Haviam caldeirões espalhados por todos os cantos, assim como uma fileira de fornos de pedra e várias pias. Haviam também dezenas de armários onde abrigavam as louças e os talheres. Voltando seu olhar para as enormes mesas lembrou-se do que tinha lido em Hogwarts, Uma História no seu primeiro ano: as comidas apareciam magicamente nas mesas. E agora, olhando para as quatro mesas igualmente as do Grande Salão, ele entendia como. Percebeu com surpresa que estava sentado na mesa da Grifinória. A surpresa foi maior quando ele percebeu que não se importava realmente com isso. Bebeu, então, o primeiro gole do café e fez uma careta de dor quando sentiu o líquido queimar sua língua; seu relógio de pulso fez um barulho, avisando que já eram 23 horas. Ele soltou um suspiro antes de levantar, largar o copo meio cheio dentro de uma das pias e sair.

Hoje era um daqueles dias em que ele se habilitava em rezar para Merlin ajudá-lo. Ele não queria, em hipótese nenhuma encontrar com Granger durante sua ronda. Eles haviam combinado naquela manhã que cada um ficaria de um lado do castelo para benefício de ambos.

O corredor do segundo andar estava sombriamente deserto. As enormes janelas abertas deixavam o ar frio de outono entrar e soprar os cabelos loiros de Draco. Ele parou por um momento e olhou para fora. O céu, ao contrário do dia anterior, estava incrivelmente limpo e brilhante. Milhares de estrelas enfeitavam o céu pintado de azul escuro. De repente, uma das estrelas parecia estar caindo em direção ao solo. Draco piscou uma vez para conferir se não estava tendo alucinações mas constatou que a estrela ainda estava lá, caindo, lentamente. Com um leve sorriso, chegou à conclusão que era, como ouvia nas histórias, uma estrela cadente. Talvez aquele fosse seu dia de sorte afinal. Fechou os olhos e fez um pedido. Segundos depois, abriu os olhos, rindo de si mesmo por ser tão bobo. Estrelas não concediam desejos, concediam? Ele acreditava que não. Ainda sorrindo, deixou a janela e voltou a caminhar no corredor.

Ao virar em outro corredor, porém, algo impediu sua passagem. Ele olhou para baixo para encontrar quem menos queria. Seu sorriso murchou e seu semblante tornou-se involuntariamente frio.

Hermione, que ainda se recuperava do esbarrão, olhou para cima somente para ver um Malfoy muito mau humorado. Se afastando, ela limpou a garganta com um pigarro.

"Me desculpe." Ela pediu altiva. Malfoy soltou um bufo e rapidamente desviou dela para continuar seu caminho. Talvez aquele não fosse seu dia de sorte. Ele passou por ela, lançando um dos seus típicos olhares de desprezo e Hermione, já estressada pelo dia que tivera, achou aquilo a gota d’água.

Ela o segurou pelo pulso e o fez se virar para ela com brusquidão.

"Qual o seu problema Granger?" Ele perguntou ríspido, a irritação visível em sua voz.

"Qual é o SEU problema Malfoy?” Ela rebateu a pergunta.

"Você e sua raça."

Ela soltou o braço dele e deu um passo para trás. Ela não podia mentir dizendo que não doeu ouvi-lo falando daquele jeito. De repente, tudo pelo que ela tinha lutado nessa guerra parecia não ter nenhum valor. Malfoy viu nitidamente em seu olhar a mágoa. Ele sorriu, mais por hábito do que por satisfação. Porém, antes que qualquer um dissesse mais alguma coisa, um barulho veio do corredor onde Malfoy tinha acabado de sair. Os dois empunharam a varinha e em passos silenciosos foram até lá. Não havia ninguém ali. Foi Malfoy quem notou a fotografia jogada no chão. Indo rapidamente até lá, a pegou. Era a foto de uma menina e ela lhe parecia mais do que familiar. Ele virou a foto e leu o nome; definitivamente não conhecia, embora sem dúvidas já tivesse ouvido falar do sobrenome. Hermione se aproximou atraindo a atenção de Malfoy que levantou o rosto para ela. Então ele percebeu porque a menina da foto lhe parecia familiar, parecia demais com Granger.

"Por acaso isso é seu?" Ele perguntou com descaso.

Hermione se aproximou e tomou a foto de sua mão. Mary Anne sorriu para ela com o mesmo entusiasmo que da primeira vez que tinha visto. A castanha franziu a testa. O que aquilo estava fazendo ali?

"É meu sim." Ela respondeu perdida em pensamentos.

Malfoy a olhou intrigado.

"O que faz com a foto de uma Giordano?" Aquilo atraiu a atenção dela. Ela levantou os olhos para encontrar os curiosos de Malfoy.

"Você conhece a família Giordano?" Ela perguntou, um toque de curiosidade em sua voz.

"Sim. Era uma das famílias de puro-sangues mais ricas da Itália."

"Era?"

"Não existe mais nenhum membro dela vivo, Granger, agora faça o favor de responder minha pergunta."

"Com prazer." Ela olhou para ele, sorrindo. "Isso não te interessa, Malfoy."

"Maldita sangue-ruim." Ele murmurou em meio a respiração. Ela ignorou ainda olhando a foto.

Outro barulho fez os dois despertarem de seus pensamentos. Malfoy foi o primeiro a empunhar a varinha de novo e virar-se na direção do barulho.

"Tem alguém aqui." Hermione sussurrou para ele. Ele rolou os olhos impaciente para ela que mais uma vez ignorou.

Eles se aproximaram de uma estátua no fim do corredor e foi aí que tudo aconteceu muito rápido. Em um segundo estava tudo silencioso, no outro, a estátua estava esparramada no chão assim como Malfoy gritava impropérios enquanto o autor da bagunça corria desenfreado pelo corredor.

Um gato de pelagem marrom e grande o suficiente para fazer um estrago tinha derrubado a estátua, pulado em cima de Malfoy e em seguida saído correndo, assustado.

Hermione ria com gosto da cara de Malfoy. Ele estava mais branco que o normal e os olhos levemente arregalados. Ele tinha também um arranhão no pescoço onde o gato tinha pulado. Ele ainda estava xingando quando seus olhos voltaram para Hermione que estava rindo de chorar.

"Muito engraçado, Granger." Ele murmurou. Hermione podia ver pelas suas bochechas levemente rosadas que ele estava de alguma forma constrangido.

"Não sabia que tinha medo de gatos, Malfoy." Ela continuou a rir, dedicada a deixá-lo com vergonha.

"Não tenho, embora odeie aquele troço cheio de pêlos." Ele respirou fundo. "Foi apenas o susto."

Hermione controlou suas gargalhadas e o olhou. Malfoy levou a mão ao pescoço e fez uma careta quando ela voltou um pouco manchada de sangue. Hermione finalmente analisou o arranhão e de perto ele parecia bem feio. Ela se aproximou e estendeu a mão.

"Isso está bem feio, dói?" Perguntou. Ela esperou a resposta mal criada que viria a seguir mas para sua surpresa, ela não veio.

Ele suspirou, visivelmente cansado.

"Um pouco." Ele admitiu emburrado. Lembrava uma criança de 5 anos. A castanha teve vontade de rir novamente mas conseguiu se manter controlada.

"Deixe-me curar isso." Ela pediu e ele se afastou.

"Não quero sua magia imunda em mim." Ele murmurou. Hermione cerrou os olhos e tornou a se aproximar determinada.

"Pare de ser um completo idiota, Malfoy." Ela rebateu, impaciente.

"Não estou sendo idiota, estou apenas sendo verdadeiro. Tudo em você é imundo." ele cuspiu. Hermione não conseguiu identificar o sentimento que passou por alguns segundos em seus olhos. Draco Malfoy era muito bom em manter sua postura fria e impassível.

"Sabe Malfoy, ouvir você falar assim me faz lembrar que eu perdi meus pais e muitos outros amigos para nada, que essa maldita guerra não valeu de nada. Tudo perde o sentido quando ainda há pessoas como você no mundo." Ela comentou dando de ombros. Parecia ainda mais cansada que ele.

Malfoy não registrou nada mais a partir do “perdi meus pais para nada”. Os pais de Granger tinham sido mortos? Como ele sequer soube disso?

"Seus pais… morreram?" Ele perguntou cauteloso.

"Foi o que eu disse, não foi?" Ela rebateu com raiva.

"Sinto muito." Ele se ouviu dizer. Sem reação, Hermione apenas olhou para ele.

Com um suspiro resignado, ela desviou o olhar dele e murmurou: "Apenas não conte isso a ninguém."

Ele não sabia porque, mas assentiu.

"Ótimo, agora me deixe curar esse machucado." Ela pediu calmamente.

"Por que não quer que ninguém saiba?" Ele perguntou curioso.

"Isso definitivamente não é da sua conta, Malfoy." Vendo que ela não responderia, ele apenas deu de ombros.

Ela apontou a varinha para o seu pescoço e murmurou "episkey". Um calor brando atingiu a pele de Malfoy e se espalhou pela área machucada, depois o calor se foi e a dor também.

"Obrigado."

Hermione sorriu, completamente satisfeita com seu trabalho e com o som do agradecimento saindo dos lábios dele. Ela nunca tinha ouvido Malfoy agradecer ninguém e pela própria cara de espanto dele, ele não dizia muito aquilo. Sem dizer mais nenhuma palavra, ele passou por ela e sumiu no corredor.

(…)

"Srta. Granger, preciso que comece a organização do baile de Halloween." começou McGonagall quando a castanha acomodou-se na poltrona à frente de sua mesa.

"Claro diretora." Hermione assentiu.

"Como eu já havia dito antes, você pode pedir ajuda de quem precisar. Monte uma comissão de organização. E quero lembrar que tudo o que planejar deverá passar pela minha aprovação."

"Sim, senhora."

"Este fim de semana, você e mais um aluno serão liberados para irem à Hogsmeade providenciar as bebidas, comidas e decoração. Preciso saber quem irá para poder liberá-los."

"Falarei com ela hoje mesmo."

"Ótimo, pode ir tomar seu café-da-manhã."

"Com licença." Com um aceno de cabeça, Hermione despediu-se e deixou o escritório da diretora. Estava bastante animada com a oportunidade de organizar um baile de Halloween e no minuto que soube dessa chance, só tinha uma pessoa em mente para ajudá-la.

Ela saiu do gabinete da diretora e desceu correndo até o Salão Principal. Tinha pouco menos de meia hora para comer. Ela juntou-se a Ginny e Harry, que aparentemente estavam bem. Era bom ver os amigos se acertando depois de tudo que havia acontecido no relacionamento deles. Sorrindo, a castanha sentou ao lado de Ginny.

"Ginny, preciso da sua ajuda." Hermione chamou a atenção da amiga.

"Com o que?" A ruiva perguntou curiosa.

"Com a organização do baile de Halloween que acontecerá daqui a algumas semanas."

Os olhos de Ginny brilharam e Hermione, sinceramente, sentiu uma pontada de medo.

"Já tenho muitas coisas em mente!" exclamou a ruiva. Mesmo há um quilômetro de distância era possível ver o quão eufórica estava a grifinória. 

"Já? Eu acabei de te contar que vamos organizar o baile e você já tem ideias?" perguntou suspeitosa.

"Eu sempre as tive, Hermione, só estive esperando o dia em que poderia colocá-las em prática." Hermione sentiu vontade de se esquivar quando Ginny bateu palminhas alegres. 

"Ótimo. Venha ao meu quarto depois do jantar e resolvemos isso, ok?." Ginny assentiu e virou-se para Harry que sorria tanto quanto a namorada ao ouvir as novidades. As vezes, Hermione podia admitir para si mesma, sentia um pouco de inveja da relação que os amigos tinham. Eles eram tão felizes e apaixonados um pelo outro. A castanha suspirou e decidiu começar a comer.

Muitos minutos depois, Ron chegou à mesa e cumprimentou a todos. Ele parecia abatido e cansado. Hermione olhou para Harry pedindo alguma informação mas ele apenas balançou a cabeça dizendo que não sabia de nada. Então Hermione lembrou-se de que ele havia dito algo sobre detenção no dia em que estiveram juntos.

"Ron, por que você está de detenção?" perguntou cautelosamente. Sabia que se forçasse demais uma resposta do ruivo, ele acabaria se fechando mais ainda.

Assustado com a pergunta, ele olhou para ela meio atordoado. Parecia que ele mal havia percebido a presença dela ali. Ele continuou em silêncio mas as orelhas dele começaram a ficar um vermelho berrante. Quando ainda minutos depois, nenhuma resposta veio, a paciência de Hermione sumiu.

"Droga, Ron, pare de me evitar toda vez que falo sobre isso. Vamos lá! Diga o que foi que você fez!" Pediu indignada. O garoto bufou e começou a falar.

"Eu estava seguindo Malfoy sob a capa da invisibilidade e ele me descobriu. Satisfeita?" Ele murmurou recusando-se a encontrar o olhar de Hermione.

Satisfeita? Era óbvio que ela não estava, qual era o problema dele?

"Satisfeita?" Repetiu indignada o que havia dito em seus pensamentos. "O que você tem na cabeça para seguir Malfoy por aí?"

"Eu sei, só que na hora pareceu ser uma boa ideia." Foi a vez de Hermione bufar. Pareceu ser uma boa ideia? Pelas barbas de Merlin, qual era o problema daquele garoto?

"É errado e invasivo seguir alguém." brigou.

"Eu só queria saber se ele não estava aprontando nada. Sabe, não sei se vocês lembram, mas ele era um Comensal da Morte." Com isso, o ruivo olhou para Harry implorando por ajuda. O moreno parecia tão aborrecido quanto Hermione, por isso apenas balançou a cabeça negativamente e murmurou baixinho "Você fez a usa cama, agora deite-se nela." Ron pareceu chocado por alguns segundos com a reação do amigo e quase perdeu o que Hermione falou em seguida.

"Exatamente, Ron, era sendo a palavra-chave. Tudo isso ficou no passado embora ele ainda seja preconceituoso. Ainda assim isso não lhe dá o direito de ficar seguindo-o por aí." Rebateu. 

"Pare de defendê-lo!" Ron exaltou-se.

"Não estou defendendo-o, pare de ser imbecil! Estou apenas sendo racional, coisa que você não é." Hermione perdeu a calma. Se tinha uma coisa que Ronald Weasley sabia fazer muito bem era derrubar sua compostura e estraçalhar sua calma.

"Não preciso de você me dando sermão quando eu já tenho um mês de detenção para a satisfação daquele trasgo." Ron levantou num pulo e sumiu pelas portas do Grande Salão.

Bufando, Hermione jogou o garfo, que estava em sua mão, de volta no prato fazendo um barulho irritante que ecoou pelo Salão que havia ficado quase inteiramente em silêncio para ouvir a discussão. Quando Hermione olhou em volta, todo mundo fingiu voltar a suas conversas. A castanha quis gritar o quão mal eles fingiam quando Harry chamou sua atenção de volta.

"Eu acho que você pegou um pouco pesado com ele." comentou o moreno.

"Claro que não, ela fez muito bem." Ginny discordou e Harry deu de ombros. Ele não queria voltar a brigar com a namorada.

"Bom, eu perdi o apetite, vou deixar os pombinhos a sós." Ela levantou-se da mesa e fez o caminho para fora do Salão. Mas antes de sair completamente, deu uma olhada na mesa da Sonserina e não o viu. Ela sabia onde podia encontrá-lo. Colocando suas pernas para trabalhar, correu até o sétimo andar e entrou na Torre de Astronomia.

Como esperado, Malfoy estava lá. E ele não parecia surpreso em vê-la ali também. Ela respirava pesado e tomou alguns segundos para puxar ar de volta para seus pulmões antes de se aproximar.

"Soube o que Ron fez. Desculpe por isso." Ela começou.

Ele fez uma expressão confusa e ela rolou os olhos.

"Sobre te seguir e tudo mais."

"Ele já teve o que merece." Respondeu simplesmente.

"Ele é um idiota." ela bufou.

Draco olhou para ela curioso e ela corou. Tinha pensado em voz alta.

"Sim, ele é um idiota. Você só notou isso agora, Granger?" Ele rebateu inexpressivamente.

Mesmo sem querer, ela riu. E ficou bastante surpresa com aquilo.

"Não. Notei isso desde a primeira vez que o vi. Mas ele é uma boa pessoa, apesar de tudo."

Foi a vez de Draco rolar os olhos.

"Não espero que você entenda, Malfoy, mas isso é o que ele é."

"Nunca vou entender como uma garota inteligente como você pode acabar com um cara sem cérebro como ele."

Hermione olhou para ele e sentiu o rosto esquentar de vergonha. Era a primeira vez em anos que Malfoy a elogiava. Um elogio um pouco distorcido mas ainda sim um elogio.

"Não estamos juntos." Ela comentou sem motivo aparente.

"Mas é o que você quer." Novamente suas bochechas esquentaram. "Qual é Granger, só um idiota não perceberia."

Ela não sabia o que responder então ficou em silêncio. Uma garoa fina começou a cair e um vento gelado passou por eles. Hermione se encolheu em seu uniforme fino enquanto Draco fechou os olhos para apreciar o frio.

"Granger." Ele chamou, ainda de olhos fechados.

"Sim?" Ela respondeu virando a cabeça para olha-lo.

"Foi eu." Ele simplesmente disse. Ainda estava de olhos fechados e tinha encostado nas grades de proteção. Ela o olhou completamente confusa.

"Foi você o quê?" Ela perguntou. Ele abriu os olhos mas ainda assim não olhou para ela.

Ele pareceu hesitar um pouco antes de responder.

"Foi eu que te salvei quando caiu da arquibancada."

Ela estava surpresa. Ela sabia que tinha sido ele mas não esperava que um dia ele fosse admitir. De alguma forma, aquilo fez seu coração acelerar.

Um silêncio tenso se estendeu enquanto Hermione apenas encarava o loiro ao seu lado. Ele parecia desconfortável com o seu escrutínio mas ela não se importava.

"Você parece surpresa." Ele murmurou.

"Eu não… É só que eu não esperava isso…" Ela parou. Ela só não esperava isso dele.

"Claro que não. Agi apenas por instinto uma vez que vi você caindo direto para a morte. Teria sido o mesmo com qualquer pessoa que tivesse cérebro e uma varinha na mão."

"Ainda sim, obrigada por salvar minha vida."

"Chega de agradecimentos e desculpas Granger, é irritante."

Ela sorriu. O mau-humor de Malfoy já tinha virado parte dele e claro que sempre se fazia presente. Naquele momento não poderia ser diferente.

O sinal tocou e os dois deixaram a Torre em silêncio. Malfoy saiu na frente, deixando-a para trás. Ele passou pelo professor Marshall e acenou com a cabeça, antes de sumir pelas escadas.

Hermione virou a curva para o próximo corredor e esbarrou nele. Ela teria ido direto ao chão se ele não a tivesse segurado.

"Me desculpe." Ela levantou a cabeça para ver quem era e ruborizou. "Desculpe professor, estava distraída."

"Sim, eu notei." Ele comentou pensativo.

A expressão dele, de alguma forma, parecia familiar para Hermione. Ela vasculhou sua mente a procura do motivo mas não encontrou.

"A senhorita não tem aula agora?" Ele perguntou tirando-a de seus pensamentos.

"Sim." Ela respondeu envergonhada. "E me desculpe mais uma vez, professor."

"Sem problemas, Srta. Granger."

Ela sumiu pelo corredor e o professor terminou seu caminho até o gabinete da diretora.


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Notas finais do capítulo

Finalmente Draco descobre que os pais da Hermione morreram. O que será que ele vai fazer com essa informação? Vai guardar pra si mesmo, ou vai aprontar alguma? Façam suas apostas!!

E especulações sobre o Prof. Marshall, algumas?

Hora da préviaaaaa:

'"Vamos para a biblioteca então." Ele tomou a frente e começou a caminhar. Ela puxou seu braço obrigando-o a parar.

"A biblioteca fica muito cheia nesse horário, vamos para o meu quarto."

"Eu não vou para o seu quarto, Granger." Ele reclamou irritado.

"E eu não vou para a biblioteca, Malfoy." Ela retrucou.'