Silence escrita por Natmed


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Para compensar pela demora do anterior :)



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Tudo bem. Respira. É só fingir que você está à vontade. Como se você fosse a festas toda semana.

Esse era o meu pensamento, quando entrei na casa do Julian e vi aquele monte de adolescentes bêbados.

- Você está vendo a Gabrielle? – perguntei a Ashley, ficando na ponta dos pés procurando por Gabrielle.

- Não, você está vendo o Julian? – disse Ashley parecendo uma louca, olhando para todos os lados.

- Vem, vamos procurar a Gaby. – disse revirando os olhos e a puxando pela mão, me espremendo para passar pelas pessoas que estavam dançando na sala.

Apesar de terem afastados os móveis, o cômodo ainda parecia pequeno para a quantidade de pessoas que havia ali. Levei um susto ao sentir uma mão tocar o meu ombro. Virei rapidamente para ver quem era, e dei de cara com Gabrielle, com um sorriso largo no rosto e um brilho no olhar. Ela já estava bêbada.

- Há quanto tempo você está bebendo? – perguntei franzindo o cenho.

- Oi para você também! E eu achando que tinha deixado a minha mãe em casa. – disse Gabrielle rindo.

- Ha ha! Que engraçadinha você é! Eu estou falando sério Gabrielle.

- Sei lá. Acho que desde que eu cheguei.

- E quando você chegou?

- Há algum tempo. – disse ela com cara de pensativa.

- E o que isso quer dizer?

- Ai Lucy. Deixa ela beber em paz e me ajuda a procurar o Julian! – disse Ashley me puxando para longe.

- Eu pensei que você já tivesse desistido dele.

Ashley me olhou e começou a rir, como se eu tivesse dito a coisa mais absurda do mundo.

- Se você ver ele, me avisa.

Depois de muitos empurrões, e vários pedidos de licença não atendidos, chegamos à cozinha. E lá estava ele. Conversando com uma loira, toda sorridente. Olhei para Ash, que parecia não ter notado os dois.

- Ash, eu preciso de uma bebida. – disse a primeira coisa que me veio em mente. Eu precisava de uma desculpa para tira-la de lá. Não queria que Ashley passasse o resto da noite mal, porque o Julian estava dando mole para uma loira siliconada.

- Você não pode esperar um minuto Lucy? Assim que nós o encontrarmos, eu mesma pego uma bebida para você. – disse Ashley inquieta.

- Não. Eu quero agora. Vem.

A puxei pelo braço em direção ao quintal onde estavam as bebidas, dentro de um tipo de barril com gelo dentro.

Eu sabia que estava parecendo uma criança mimada. Mas era o melhor que eu podia fazer.

- O que você quer cerveja ou refrigerante? – disse Ashley irritada.

- Cerveja por favor.

- Tommy! Me consegue duas cervejas? – disse Ash para um garoto do time de futebol, que estava parado ao lado das cervejas. Acho que ele era responsável pela distribuição delas.

- Ashley! Você veio! – disse ele com um sorriso largo no rosto. Pelo que pude perceber, ele estava interessado nela. Bem interessado, pelo modo como ele a olhava. Mas conhecendo Ashley do jeito que eu a conhecia, ela nem havia reparado. Ela só tinha olhos para o Julian.

- Ah, oi Lucy. – disse Tommy, sorrindo para mim.

Espera. Um garoto do time de futebol sabe o meu nome?! Em que dimensão eu vim parar?! Pensei comigo mesma.

- Hãm... oi Tommy. – disse confusa.

- E então... o que você está achando da festa Ashley? – perguntou Tommy, voltando toda a sua atenção para a Ashley. O que não me incomodou nem um pouco. Sai disfarçadamente de perto deles, pegando uma cerveja no caminho e indo atrás de Gabrielle. A encontrei sentada no sofá, conversando com um garoto, que parecia bem interessado no que ela estava dizendo. Tentei achar um lugar para me esconder. De preferência um que não houvesse pessoas se esfregando umas nas outras. Mas na metade do caminho fui parada por Julian, que parecia estar bem alegre. Só não sabia dizer se era por causa da bebida, ou se era por algo que a loira siliconada tinha feito. De qualquer modo, não me interessava.

- Oi Lucy! Pensei que você tivesse mudado de ideia em relação à festa. – disse ele, com um meio sorriso.

- Eu não perderia a sua festa.

Ashley me mataria se eu o fizesse. Pensei comigo mesma.

- Fico feliz em ouvir isso. Você quer dançar?

- Hãm... eu... não sei dançar... na verdade. – disse, um pouco sem jeito.

- Eu posso te ensinar. – disse Julian, com um sorriso malicioso no rosto.

- Eu não bebi o suficiente, para começar a dançar.

- Então é melhor a gente dar um jeito nisso. – disse ele, me puxando pela cintura em direção ao quintal, para pegar mais bebida. Para minha sorte, Ashley não estava em nenhum lugar visível. Ou ela me mataria pela mão de Julian estar na minha cintura. Me afastei dele e tentei iniciar uma conversa normal.

- E então, como estão indo os treinos para os jogos? Ouvi as garotas comentando que vocês tem 5 jogos pela frente. – disse, tentando parecer o mais casual possível. Eu não queria que ele interpretasse a minha pergunta como um sinal de interesse por ele. Eu simplesmente não encontrei mais nada para falar. As notas dele não eram as melhores, ou seja, eu não podia falar com ele sobre literatura. O que conversar com alguém que vive para o futebol? Futebol! Mesmo não entendendo sobre o assunto.

- Está indo bem. O treinador está exigindo bastante da gente, mas isso é normal, estando tão perto do jogo.

- Hum.

- E você, tem assistido os nossos treinos?

- Não. Na verdade, eu não entendo muito sobre futebol. – disse com um sorriso amarelo.

- Bom, eu ia adorar ensinar você. E além do mais... seria incrível ter uma líder de torcida como você. – disse ele se aproximando de mim e olhando para as minhas pernas.

- Eu acho melhor ir procurar as garotas. – disse me afastando dele.

- Lucy, espera. – disse Julian me agarrando pela cintura. – Fica mais um pouco aqui comigo. Eu prometo não dar mais em cima de você. Palavra de escoteiro. – disse ele fazendo um gesto estranho com as mãos. Eu pude ver pelo olhar dele, que ele não ia parar. Conhecendo a fama dele pela escola, eu sabia que ele não pararia.

- Julian... eu acho você um cara legal. Mas a minha amiga é louca por você. E eu não posso fazer isso com ela. Desculpa.

- Que amiga?

- A baixinha de olhos verdes.

- Hum... ela até que não é feia. – disse ele pensativo.

Revirei os olhos. Eu não fazia ideia do que Ashley viu nele para achar tão maravilhoso.

- Com licença, o meu celular está tocando e eu preciso atender. – disse com um meio sorriso, me afastando dele.

Ok. Essa era provavelmente a desculpa mais idiota que eu já tinha inventado. Mas pelo menos havia funcionado. Fui atrás de Ashley e Gabrielle. Já estava me arrependendo de ter vindo à festa. Encontrei as duas sentadas no sofá conversando e rindo.

- Do que vocês duas estão rindo?

- Da cantada que deram na Ash. – respondeu Gabrielle rindo.

- Tem um espaço para mim nesse sofá?

- Senta ai.

- Eu vi você conversando com o Julian. – disse Ashley em voz baixa, para que só eu escutasse.

- Você viu? Porque você não aproveitou a oportunidade e foi lá falar com ele? Eu pensei que fosse isso o que você queria. – disse confusa.

- E era. Até eu ver ele dar em cima de três garotas diferentes. E subir com uma delas para o andar de cima.

- Foi mal Ash. E só para constar, eu não estava dando mole para ele.

- Eu sei. Eu vi a sua cara de “me tira daqui”. – disse ela com um sorriso triste no rosto.

- Eu realmente sinto muito Ash. Mas me conta, como foi com o Tommy? – disse mudando de assunto, para tentar levantar um pouco o ânimo dela.

- Foi legal. Ele me convidou para sair. – disse ela com um sorriso sem graça.

- Que Bom! Ele parece gostar de você.

- Eu sei, ele me disse isso.

- Sério?! E o que você disse?

- Eu respondi que... achava ele um cara legal.

- É isso aí. Você merece alguém melhor do que aquele otário do Xulian. – disse Gabrielle, toda enrolada.

Depois de mais algumas cervejas, já estávamos as três dançando. Fui a primeira a me atirar no sofá cansada de dançar, atrapalhando um casal que estava sentado ao meu lado e que me olharam de cara feia. O que na verdade, eu nem dei bola, pois já estava um tanto quanto alegre.

O que fez com que ficassem com mais raiva ainda e saíssem do sofá. Não demorou muito e Ashley e Gabrielle se juntaram a mim.

- Que horas são?

- Duas da manhã.

- Droga. Acho que já vou embora. Se não amanhã... ou melhor hoje, a minha mãe vai me matar.

- É, eu acho melhor nós irmos também Gaby.

- Ok. – disse Gabrielle já de olhos fechados.

- Você quer uma carona Lucy? – perguntou Ashley.

- Não, obrigada. A minha mãe disse para ligar para ela a hora que eu fosse embora, que ela me buscava. Além do mais. Se eu voltar de carro com vocês, ela vai ouvir o barulho, vai se acordar e nos ver assim. E eu quero viver mais do que um dia.

- Como assim “ver a gente assim”? Não entendi. – disse Gaby.

- Fala sério Gaby. Vamos admitir, nós não estamos cem por cento bem. Ainda mais você. Se a minha mãe, se quer sonhar que a Ashley está dirigindo bêbada... e que eu peguei carona com ela... Além de me matar, mata a Ashley também.

- Você que sabe. – disse Ash.

Pesquei o celular de dentro da bolsa e acompanhei Ashley e Gabrielle até o carro.

- Você tem certeza que não quer uma carona?

- Tenho.

- Tudo bem. Tchau. Até amanhã.

- Tchau.

Vi as duas partirem, e liguei para minha mãe. Nem ao menos chamou, caiu direto na caixa postal. O que não fazia sentido. Considerando que ela havia me dito para ligar para ela. Tentei o telefone residencial e aconteceu o mesmo. Minhas suspeitas foram confirmadas quando liguei para o celular do Jack e chamou sete vezes antes de cair na caixa postal. Liguei de novo. A mesma coisa. Caixa postal. O filho da puta havia desligado o celular da minha mãe e tirado o residencial da tomada. Eu pensava que não era possível odiá-lo mais do que eu já odiava. Mas ao que parecia eu estava enganada. Vasculhei a bolsa em busca de dinheiro para pedir um táxi, e foi quando me lembrei que havia trocado de bolsa para ir a festa. Maldita hora em que fui esquecer a carteira em casa. A única alternativa que me restava era voltar para casa caminhando. Às... 2:30 da manhã.

Juntei toda a coragem que eu tinha – e eu admito, não era muita – e comecei a caminhar. Depois de caminhar umas quatro quadras, notei que havia um carro indo em velocidade bastante baixa, como se estivesse me seguindo. Tentei descartar essa ideia, pois sabia que era o medo falando. Mas não consegui. Depois de um tempo o carro acelerou e estacionou no meio fio, um pouco mais a frente. Um frio me subiu pela espinha. Eu não sabia se corria, se ficava ali parada, se dava meia volta ou se seguia em frente. Optei pela última opção e segui em frente, como se nem tivesse notado o carro parado ali. Mesmo que no fundo estivesse me preparando para correr.

De repente o vidro do carro baixou me surpreendendo com quem estava dentro dele.

- David, é você?!


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