Silence escrita por Natmed


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :)



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– Querida acorde. Você vai se atrasar para a escola.

Abri os olhos devagar, e a primeira coisa que vi foram dois olhos azuis, muito parecidos com os meus – apesar dos meus serem um pouco mais claros. Mesmo tendo os olhos da minha mãe, eu não era nem um pouco parecida com ela – a nossa única semelhança eram os olhos. Ela dizia que eu era muito parecida com o meu pai, que eu tinha herdado dele o cabelo escuro e as feições do rosto. Ela viva me dizendo que, apesar do meu pai ter morrido, ela via ele todos os dias, em mim.

– Eu pensei que você só voltasse de viagem hoje à noite. – disse sentando na cama.

– Eu também pensei que só voltaria à noite. Mas, eu consegui resolver o problema antes do previsto.

– Quando você chegou?

– Há aproximadamente quinze minutos. – disse ela, checando o relógio.

– É melhor eu ir me vestir para a escola. – disse levantando da cama.

– Lucy, espera. Tem... uma coisa que eu gostaria de conversar com você.

A minha mãe não era alguém que costumava demonstrar ansiedade ou desconforto. Normalmente, ela sabia lidar com qualquer situação sem perder a cabeça. Acho que, anos trabalhando como advogada, fizeram com que ela adquirisse certa calma ao lidar com as pessoas.

O que só me preocupou mais, ao vê-la desconfortável daquele jeito.

– Mãe, se você quer tentar de novo ter a tal “conversa sobre sexo” n...

– não é sobre isso que eu quero conversar com você. Apesar de achar a conversa sobre sexo importante.

Revirei os olhos. Ela realmente acha que eu não sei como eu nasci? Fala sério, eu tenho 17 e não 8 anos.

– O que eu queria conversar com você...é...sobre o Jack. – franzi o cenho.

– O que tem ele?

– Bom... você sabe que eu e ele estamos juntos à dois anos.

– Sim...

– Então... nós estávamos pensando em dar mais um passo no nosso relacionamento. Nós estamos pensando em morar juntos.

AI.MEU.DEUS! Por favor diz que eu não ouvi isso, por favor. Eu devo estar sonhando. Só posso. Pensei comigo mesma, incapaz de pronunciar qualquer palavra.

O-o-q-quê?!

Eu e o Jack estamos pensando em morar juntos. Aqui.

Aquele... Aquele... filho da puta! Ele sabia! Quando ele esteve aqui ontem. Ele sabia que viria morar aqui.

– E o que você está pedindo? A minha permissão? – disse, mais alto do que o necessário.

– Não a sua permissão. Mas a sua opinião, afinal você também mora aqui.

– Mãe, a gente pode conversar sobre isso mais tarde? – disse massageando minhas têmporas. – Eu realmente preciso me arrumar para a escola.

Me arrumar para a escola era a última coisa que eu gostaria de fazer, mas pelo menos me serviu como desculpa para encerrar esse assunto. Ao menos por enquanto. Eu não estava com um humor tão maravilhoso assim para começar o meu dia falando sobre o Jack. Ainda mais sobre ele vir morar com a gente.

– Claro querida. Mas pense no assunto, por favor. Quando você voltar da escola nós conversamos melhor.

Ah1 Com certeza eu vou pensar no assunto. Mais do que eu gostaria de pensar, na verdade.

– Claro mãe. – disse sorrindo.

– Eu vou descer e preparar o café da manhã. Vejo você lá embaixo. – disse ela, me dando um beijo na testa, e saindo do quarto.

Assim que ela fechou a porta eu tirei aquele sorriso falso do rosto. Que ótimo. Tudo o que faltava para melhorar a minha vida, era o Jack vir morar com a gente. Deus realmente me odeia.

A minha mãe não me disse com toda a certeza que o Jack viria morar com a gente. Ela queria a minha opinião sobre isso primeiro. É claro, que eu poderia muito bem dizer a ela que eu não queria ele aqui. Mas eu não conseguiria fazer isso com ela. Não sabendo o quanto ele significava pra ela.

Como prometido a minha mãe, eu pensei no assunto. Muito. No caminho para a escola, nem a música alta do carro conseguiu me impedir de pensar sobre o Jack. E de todos os dias possíveis que a professora de matemática poderia ter escolhido para me fazer uma pergunta, tinha que ser justo hoje. Me fazendo parecer uma otária quando eu dei a resposta errada. Na cantina, eu estava tão absorta em meus pensamentos que nem notei o Julian vindo em nossa direção.

– Ai meu Deus! O Julian está vindo pra cá! Ajam com naturalidade. – disse Ashley, ajeitando o cabelo. Foi com muito esforço que Gabrielle e eu seguramos o riso.

– Oi garotas. Oi Lucy. – disse Julian olhando para mim, esperando alguma reação minha.

– Hã... oi. – disse dando um sorriso sem jeito.

– Então... você vai na minha festa na quinta? – disse ele, colocando as mãos nos bolsos da calça jeans, e ignorando totalmente Ashley e Gabrielle.

– É... eu... acho que sim.

– Espero você lá então. – disse ele dando um sorriso e se virando para ir embora. – Até mais Lucy.

– Até mais. – disse sem entender nada do que havia acontecido ali.

– Ok... o que acabou de acontecer aqui? – disse Gabrielle, tão chocada quanto eu.

– Eu não faço ideia.

De relance vi Ashley se levantando e saindo da mesa, com uma cara furiosa.

– Ashley, espera! Eu não fiz nada. – disse me levantando da mesa para ir atrás dela. Quando Gaby segurou o meu braço.

– Deixa ela. Ela só está chateada porque ele a ignorou. Daqui a pouco passa.

– Eu espero que passe. Você viu a cara de ódio que ela estava? Eu nunca daria bola para o Julian sabendo que ela gosta dele!

– Eu sei disso. E a Ashley também sabe. Ela só está chateada porque ele veio falar com você, e não com ela. Dê um tempo para ela.

Passei o resto do dia sem ver Ashley. Era como se ela estivesse me evitando. Que maravilha! Como se eu não estivesse com problemas o suficiente.

Na volta para casa, passei o caminho todo pensando no tópico “Jack vai morar com a gente”. E é claro, na Ashley. Em todo caso, em ambas as situações não havia muito que eu pudesse fazer. O que só me deixou mais deprimida.


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