Silence escrita por Natmed


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

capítulo dedicado a Meel Oxford, espero que gostem...



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Quando saí do carro, senti cheiro de comida vindo da casa da vizinha, e percebi o quão faminta eu estava. Ainda bem que a minha mãe havia deixado o almoço pronto, pois eu não estava com paciência e nem ânimo para cozinhar. Enquanto almoçava, pensava no que iria fazer durante a tarde. Fiz uma lista mental com as opções. E devo dizer que nenhuma delas me interessou realmente. Lavei a louça vagarosamente, ainda pensando no que fazer. Talvez eu convidasse Ashley e Gabrielle para ficarem comigo. Mas eu sabia que se o fizesse me arrependeria depois. Porque Ashley provavelmente iria querer fazer “um dia só para garotas”, com compras no shopping, manicure, cremes faciais... E a noite iria querer dar uma festa, com pessoas que eu nunca vi na minha vida e pessoas da escola, que nem sabem que eu existo.

Achei melhor só convidar gabrielle para ir ao cinema. E não mencionar o fato de minha mãe estar viajando. Afinal, eu não era esse tipo de garota que passa o tempo livre no shopping, gastando dinheiro com coisas desnecessárias, e falando sobre coisas fúteis. E também quem teria que arcar com as conseqüências de uma festa, seria eu. E não elas.

Acabamos assistindo a um filme que deveria ser de terror, mas estava mais para comédia. Fala sério!?! Sangue que jorra 3 metros de distância?! Só pode ser comédia. Depois do filme, fomos a um fast food e em seguida levei Gabrielle para casa. Isso me tomou toda à tarde. Quando cheguei em casa, me sentia razoavelmente cansada. Me arrastei escada acima e fui direto para o banho. Me deitei e demorei menos do que pensava para cair no sono. Em compensação, me acordei várias vezes durante a noite. Demorando cada vez mais para pegar no sono novamente.


Pela manhã, após me vestir para ir a escola, dei uma olhada no espelho para ver o quão monstruosa eu estava. E realmente... Estava uma coisa monstruosa. Eu parecia um dos zumbis do filme que havia assistido com a Gabrielle. Acho que nem se eu me rendesse a "mágica" das maquiagens da Ashley, eu ficaria com uma aparência mais apresentável. Ainda bem que existe uma coisa chamada "óculos escuros". Quando encontrei Ashley e Gabrielle no corredor, por algum estranho motivo elas não estavam brigando. Na verdade, elas estavam animadas. O que me assustou um pouco, porque isso raramente acontecia. Raramente mesmo.

Nem precisei perguntar o motivo de tanta animação. Não se falava em outra coisa, a não ser a festa do Julian, na quinta. Eu particularmente não estava tão empolgada assim. Para mim era só uma festa. E ultimamente eu não andava com um humor muito bom para festas. Mas não quis acabar com a animação delas.

– Para que você esse óculos escuro? Está de ressaca, é?! – disse Gabrielle, tirando uma com a minha cara, como sempre.

– Só se for do refrigerante que eu tomei ontem. – disse tirando o óculos.

– Cara, quem te bateu?!

– Ninguém. Isso se chama olheiras. Sabe, manchas escurecidas que aparecem ao redor dos olhos, causadas por estresse, falta de sono, cafeína demais... – disse com sarcasmo.

– Eu sei o que são olheiras, não preciso que você me explique. O que eu quis dizer é que você está péssima. – disse Gabrielle.

– Uau! Valeu Gaby, pelo apoio moral.

– Disponha – disse ela rindo – Mas falando sério, você já pensou em pegar alguns comprimidos da sua mãe, para tentar dormir melhor?

– Eu prefiro a antiga tática de ir para a cama e esperar o sono chegar.

– E está funcionando brilhantemente! Meus parabéns!

Mostrei-lhe a língua. Eu sabia que era uma coisa infantil de se fazer, mas era o melhor que eu podia fazer naquele momento.

– Então Lucy... você já está sabendo da festa na casa do Julian, na quinta? – disse Ash, tentando aparentar indiferença, mas sem muito sucesso.

– Sim, eu ouvi alguns comentários pelos corredores, quando estava vindo pra cá.

– E você vai?

– Até onde eu me lembro, eu não fui convidada. Então eu não vejo motivo para ir. Eu não vou entrar de penetra na festa dos outros.

– O Julian não convida ninguém para as festas dele. Ele simplesmente diz que vai haver uma, e as pessoas vão. – diz Ashley de um jeito, como se ela e o Julian fossem amigos de muitos anos.

– Eu não tenho roupa para ir.

_ LUCY JAMES! VOCÊ VAI A ESSA FESTA, QUERENDO OU NÃO! – disse Ashley, quase explodindo.

– Eu disse que não tenho uma roupa, e não que eu não vou ir.

– Eu posso te emprestar uma roupa. – disse Ashley, com um sorriso igual ao gato de Cheshire estampado no rosto.

– Eu disse roupa, e não amostra de tecido. – disse levemente me encolhendo do olhar fuzilante de Ashley.

– Eu aqui tentando fazer uma boa ação, para que você fique um pouco mais apresentável, e você ainda me 0fende! – disse Ashley brava.

– Foi mal Ash, mas as suas roupas são... um pouco curtas demais. – disse G|abrielle dando de ombros.

– Vamos para a aula antes que a gente se atrase. Ou se mate acrescentei mentalmente.

Chegamos A sala junto com o professor.

– Muito bem, hora de entregar o trabalho. E não quero ouvir desculpas do tipo: “Professor, o meu cachorro comeu o meu trabalho.” Eu lhes dei um prazo e vocês deveriam tê-lo cumprido.

Parece que alguém não está muito feliz hoje, pensei enquanto entregava o meu trabalho.

– Srta Novack, eu pedi uma redação, e não que você transcrevesse o livro.

– Eu não transcrevi o livro Professor. Eu só coloquei o que eu achei importante. – disse gabrielle parecendo ofendida.

– É, eu estou vendo Srta Novack. – disse o professor indo para a frente da sala.

– Psiu! Psssiu!!

Olhei para o lado e vi que era Gabrielle me chamando.

– O quê? – perguntei em voz baixa para que só Gaby me ouvisse.

– O que significa transcrever?

Coloquei a mão na testa e balancei a cabeça negativamente. Ela não podia estar falando sério. Nem precisei responder, pois naquele momento o professor iniciou a aula.

Quando cheguei em casa vi que estava tudo como eu havia deixado, o que significava que a minha mãe ainda não tinha chegado de viagem. O que só me fez levar um susto maior ao ver o Jack parado no meio da cozinha.

– Ai assombração! – disse dando um pulo. – O que você está fazendo aqui?

– Não sou eu que estou parecendo um fantasma. – disse irônico.

– Fala logo o que você quer.

– A sua mãe me pediu pra vir ver como estava a “filhinha” dela. E para te avisar que ela não vai conseguir voltar pra casa hoje. Talvez amanhã.

– Porque ela não me ligou para avisar? – disse franzindo o cenho.

– Sei lá, talvez ela não estivesse a fim de falar com você.

Eu é que não estou nem um pouco interessada em falar com você! Pensei comigo mesma.

– Bom, o recado está dado, já pode ir embora. Acredito que você já saiba onde fica a saída. – disse fazendo um gesto em direção da porta. Se olhares matassem... eu já estaria morta.

– Você é muito mal educada, garota!

Mal educada o caralho! Seu filho de uma égua! Pensei comigo mesma, tentando controlar a vontade de pular no pescoço dele.

Mal educado é você que vai entrando como se morasse aqui!

Posso não morar agora, mas em breve vou morar. – disse com um sorriso no rosto.

É, mas enquanto não mora, pode ir embora. A minha mãe não está em casa, então não tem motivo algum para você continuar aqui. – disse, praticamente o enxotando para fora da cozinha.

A sua mãe não ia gostar nada de saber que você me botou para fora daqui.

Ele estava blefando. Eu sabia que ele não falaria nada pra ela. Do mesmo modo como eu também nunca disse.

– Bom, mas como eu disse antes, ela não está aqui. Então, tchau

Além de ser um completo otário, ainda era surdo. Eu estava praticamente contando os segundos para me ver livre dele. E ele simplesmente ficou parado, me olhando. Abri a porta da frente e fazendo um gesto em direção a rua disse:

– A porta da frente é serventia da casa.

Ele me fuzilou com os olhos, mas finalmente foi embora. Porque a minha mãe tinha que namorar esse cara? A cada dia que passava eu me fazia essa pergunta com cada vez mais frequência.


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