Silence escrita por Natmed


Capítulo 4
Capítulo 3




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Me acordei pela manhã com uma batida violenta na porta. Quando já estava me levantando para ir ver quem era, a porta se abriu.

- Hei! Desce que a sua mãe quer falar com você. - gritou Jack.

Pelo jeito aquele não iria ser um bom dia.

- Sabe... Quando você bate na porta de alguém, e essa pessoa não abre... Deve ter algum motivo, você não acha?! - disse com sarcasmo. - Isso não significa que você pode ir entrando assim, como se estivesse na sua casa.

- Eu lá tenho cara de quem está interessado?! Desce de uma vez que eu tenho mais o que fazer, ao invés de ficar aqui te ouvindo.

- Vai se danar e não me enche!!! - disse passando por ele e descendo as escadas.

Lembra do que eu disse sobre "interferir o mínimo possível"? Pois é. Eu realmente tentava. Apesar de ficar cada vez mais impossível. Eu não falava para a minha mãe o que eu realmente achava do Jack. Mas isso não queria dizer que eu não falava nada para ele.

Cheguei na cozinha e minha mãe estava sentada a mesa tomando café.

- Bom dia, meu amor.

- Bom dia.

- Você estava dormindo ou já...

- Não, eu já estava acordada.

Pelo canto de olho vi Jack entrar na cozinha e se sentar, como se nada tivesse acontecido.

- Então... O que você queria me dizer?

- A Susan acabou de me ligar. Ela está com alguns problemas para fechar um contrato então, eu vou ter que viajar por uns dois dias. Se você quiser, pode ficar na casa de alguma amiga para não ter que ficar aqui, sozinha.

- Mãe, eu acho que não vou morrer se ficar dois dias sozinha. - disse rindo - Eu sei me virar não se preocupe.

- Você sabe que eu me preocupo mesmo assim. Se você quiser, o Jack pode vir de vez em quando para ver como você está.

Ok. Agora, eu preferira morrer. E tenho certeza que o Jack também preferiria morrer ao invés de ficar bancando a minha babá. Era até provável, que ele mesmo me matasse e dissesse que tinha acontecido um acidente. Deu para perceber isso só pela cara com que ele me olhou quando ela sugeriu aquilo.

- Não precisa mãe. Eu... eu vou ficar bem. É sério.

- Ok. Se você acha que não precisa. Mas qualquer coisa você me liga. Não importa a hora.

- Está bem.

- E nada de festinhas, viu?! - disse ela brincando.

- E quem eu convidaria? - disse rindo. Ela riu comigo por conhecer tão bem quanto eu, a minha "longa" lista de amigos e saber que a última coisa que eu faria se estivesse sozinha em casa, seria dar uma festa. - E que horas é o seu vôo?

- É daqui a duas horas. Mas o Jack vai me levar até o aeroporto.

- Oh. Ok.

- É melhor você subir e fazer as malas, para não se atrasar. Ainda mais você, que carrega o armário todo quando vai viajar. - disse Jack.

- Eu sou mulher. É óbvio que eu tenho que carregar bastante coisa. Vai que surja algum imprevisto.

Dizendo isso, minha mãe subiu para o quarto para fazer as malas, e Jack subiu atrás dela para refrear a sua vontade de levar todo o quarto junto. Quando já estava terminando de lavar a louça, os dois desceram. Cada um com uma mala na mão. Minha mãe largou a mala na porta e veio se despedir de mim

- Tchau meu amor. - disse ela quase chorando. - Tome cuidado. E não se esqueça de trancar as portas.

- Está bem mãe. Pode deixar. São só dois dias, eu vou ficar bem. Me liga, assim que você chegar lá.

- Está bem meu anjo. Comporte-se. Quando eu voltar, vou perguntar para Tereza o que você andou fazendo. - disse ela, tentando fazer soar como brincadeira, mas sem obter muito sucesso.

- Como se fosse preciso você ir perguntar alguma coisa para ela.

Tereza era a nossa "vizinha fofoqueira". Ela sabia da vida de todos que moravam ao seu redor. Era capaz até dela já saber das coisas antes delas acontecerem. Se você quisesse saber alguma coisa... Era só perguntar a Tereza.

- Está bem. Tchau meu anjo.

- Tchau mãe.

- Tem almoço pronto na geladeira. - disse ela saindo da cozinha e indo pegar as malas, de maneira hesitante.

- Tá mãe, pode deixar. Agora vai, se não você vai perder o avião.

- Tá, tá bom. - disse ela. Em seguida me deu um beijo na testa e partiu.

- Boa sorte! - gritei do pé da escada.

Como ainda estava extremamente cedo para sequer pensar em almoçar, e eu não tinha nada para fazer, subi para o meu quarto a fim de terminar o meu trabalho sobre Otelo. Entrei no quarto e fui direto ligar o computador. Como eu sabia que ele demorava para funcionar, resolvi arrumar a cama e escovar os dentes enquanto esperava. Quando me sentei na frente do computador, vi que havia um e-mail da Ashley, pedindo que eu enviasse o meu trabalho para lhe servir de modelo. Assim que terminei a redação, enviei para ela.

A casa estava limpa, a louça lavada, os quartos arrumados, e eu não tinha nada para fazer. Normalmente eu não me importaria com isso, mas ainda era de manhã e eu tinha um dia inteiro pela frente. E além do mais, ter a casa vazia estava me deixando desconfortável. Decidi ir ao banco fazer o depósito dos livros que havia comprado. Talvez eu parasse em alguma loja - ou coisa parecida - que me chamasse à atenção. Assim eu gastaria um pouco do tempo que tinha. O que funcionou. Pois ao sair do banco, me lembrei que devia ir a farmácia e ao supermercado. Minha mãe havia usado mais da metade dos nossos mantimentos no seu jantar. Para meu contentamento, o supermercado estava cheio, o que me tomou um longo tempo na fila. Nunca fiquei tão agradecida por ter que passar mais de 30 minutos parada em pé. Na farmácia não me demorei muito, pois não havia nada para comprar, além de shampoo e absorvente.

Bom, eu não podia evitar isso para sempre. Uma hora eu teria que voltar para casa. Mesmo que aquela sensação desagradável voltasse; sem nenhum motivo aparente. Eu adorava ficar sozinha em casa, para mim era quase um sonho. Eu simplesmente adorava ficar sozinha. Eu tinha uma sensação de paz. Relaxamento. Mas ultimamente a única coisa que eu sentia nesses momentos, era um vazio. Como se eu estivesse abandonada emocionalmente, e ninguém ligasse. Era como se eu estivesse sentindo que alguma coisa iria acontecer, mas não soubesse o que era. Só mais tarde, eu viria a descobrir o que me aguardava no futuro.


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