Silence escrita por Natmed


Capítulo 16
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Ai está Meel Oxford, como prometido ;)



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Olá lindinha!

Não. Isso não podia estar acontecendo. Era um sonho. Só podia ser isso. Como aquele que tive, do David no meu quarto. Era a única explicação para ele estar parado na minha frente.

– David! Como você está? Entre. – disse minha mãe atrás de mim.

– Oi Lauren. Eu estou bem e você? – disse ele abraçando a minha mãe.

Oh merda! Ele era o outro convidado. Não. Por favor, Deus que não seja ele, que não seja ele!

– David esta é minha filha, Lucy. Lucy, este é David. Um amigo do Jack. – disse minha mãe sorrindo.

– Nós já nos conhecemos. É muito bom rever você Lucy. – disse David com um sorriso no rosto, olhando diretamente para mim. Claramente se divertindo com a minha reação. Eu não conseguia acreditar que ele estava ali. Que ele havia tido coragem de aparecer na minha casa depois do que ele me fez. É claro que ele devia saber que eu não havia contado a ninguém. De outro modo, ele não estaria aqui. E definitivamente não falaria com a minha mãe desse jeito. Eu queria gritar com ele, chamá-lo de todas as coisas que eu pudesse imaginar, exigir que me dissesse como ousava aparecer aqui. Expulsar ele da minha casa. Mata-lo. Mas no momento em que abri a porta, o meu cérebro se desconectou do meu corpo. E a única coisa que eu conseguia fazer era ficar parada, olhando para ele como se tivesse visto um fantasma.

– Lucy?

– Hã... eu... – eu não sabia o que dizer, o que pensar. Eu só queria encontrar um lugar para me esconder e ficar lá, para sempre. Forcei o meu cérebro a sair daquela névoa em que se encontrava e pensar em algo para dizer. Qualquer coisa. – Hã... Com licença, eu preciso de um copo d’água.

Corri em direção a cozinha e me apoiei na pia, tentando normalizar a minha respiração e organizar os meus pensamentos.

Isso não podia estar acontecendo. Não agora que eu havia decidido que me esforçaria mais para esquecer o que aconteceu. Os pesadelos já eram o suficiente para me atormentar. Vê-lo e ouvir a voz dele, tornava tudo pior. Era como estar no chão daquele beco escuro outra vez.

– Querida você está bem? - disse minha mãe me fazendo abrir os olhos, e levar um susto ao perceber que ela estava ao meu lado. Olhei por cima do seu ombro e vi David escorado no limiar da porta, com os braços cruzados, olhando diretamente para mim, com um sorriso divertido nos lábios.

– Sim, eu estou bem. - Tive que engolir duas vezes antes de conseguir falar novamente. - E-eu acho que desci as escadas rápido demais e...Fiquei um pouco tonta.

– É melhor você se sentar um pouco Lucy. Você está ficando pálida. - disse David com aquele sorriso estúpido.

Filho da puta. Porque ele não podia simplesmente desaparecer da minha vida, ao invés de aparecer aqui para me torturar um pouco mais?

Existe um limite para o quanto uma pessoa pode aguentar, antes de cair. E eu estava perigosamente perto do meu. E uma vez que você atravessa esse limite... é praticamente impossível você levantar.

– E então David, de onde você conhece a minha Lucy?

– Jack me trouxe aqui um dia, para me devolver as minhas ferramentas.

Você não quer dizer "eu a estuprei no chão de um beco escuro"?!

– Espero que ela tenha sido educada com você. - disse minha mãe, com um leve sorriso no rosto.

– Ah, não se preocupe com isso. Ela foi. Muito educada. - disse David sorrindo para mim.

Imagens de David em cima de mim me pressionando contra o chão, com um sorriso arrogante no rosto, começaram a preencher a minha mente. Fechei os olhos com força e tentei expulsar essas imagens da minha cabeça. Estava se tornando mais difícil, a medida que ouvia a voz dele, rindo e conversando com a minha mãe.

– ... eu não sei como você consegue achar aquele lugar bonito. Só tem prédios velhos e mal conservados. - disse a minha mãe franzindo o cenho. David riu da sua expressão.

– É, eu sei. A maioria dos prédios estão abandonados, e em péssimo estado. Mas eu vou lá mesmo pela vista do parque. - disse David , chamando a minha atenção para a conversa deles. Olhei para ele que estava olhando diretamente para mim. - É uma bela visão.

"A visão do parque é muito bonita, mas o resto é... meio deprimente.”

"É, eu concordo com você. Mas eu venho aqui pela visão do parque mesmo. É uma visão muito bonita. E com você aqui, fica ainda mais.”

Senti a bile subir minha garganta ao me lembrar da conversa que tive com David naquele dia. Uma conversa bem parecida com a que ele estava tendo agora, com a minha mãe.

– Com licença...

Sai correndo em direção ao banheiro, rezando para que conseguisse chegar lá a tempo. Mal tive tempo de levantar a tampa do vaso sanitário para que meu estômago decidisse colocar tudo para fora. Ouvi passos no corredor e mais rápido do que achei que seria possível, me levantei e tranquei a porta. A última coisa que eu precisava era que Ele me seguisse até aqui. Encostei a testa na porta e fechei os olhos, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair. - Respira. - repeti para mim mesma inumeras vezes, até sentir que estava um pouco mais calma. Ou melhor. Tão calmo quanto poderia estar diante dessa situação. Olhei-me no espelho e meu exterior parecia refletir a bagunça que estava o meu interior.

– Ok. Você consegue. São só algumas horas. Você chegou até aqui para desistir agora. Ele não vai ganhar. Você consegue.

Lavei o meu rosto, na esperança de tentar disfarçar os meus olhos vermelhos. Escovei os dentes e respirei fundo uma última vez antes de destrancar a porta e sair. No instante em que pisei no primeiro degrau da escada, a campainha tocou novamente.

– Eu realmente espero que seja Ashley dessa vez. - murmurei.

Desci as escadas e vi Ash parada na porta, olhando para o David com um sorriso enorme no rosto.

Oh merda! Era só o que me faltava! Onde está a porra do Tommy quando eu preciso dele?!!

Olhei para o lado e vi David olhando para ela, com o mesmo sorriso simpático que ele dirigiu a mim, na primeira vez que o vi. O mesmo sorriso que um dia achei encantador, mas que agora só me causava repulsa.

Nem morta eu vou deixar ele chegar perto dela! Pensei comigo mesma.

– Oi Ashley. - disse com um sorriso forçado no rosto, puxando Ashley para longe do David.

– Espera! Você não vai me apresentar o seu amigo? - disse Ashley com um sorriso malicioso.

– Ele não é meu amigo. - disse no tom mais frio que consegui.

– O que é isso, Lucy. - disse David atrás de mim, mais próximo do que o necessário. - Eu pensei que nós fôssemos amigos. Quer dizer, eu considero você uma amiga. - instintivamente dei dois passos para frente, tentando manter distância dele.

– Bom, já que a Lucy não vai nos apresentar, vamos nos apresentar nós mesmos. Eu sou Ashley. Ashley Novack, muito prazer. - disse Ashley sorrindo.

– Muito prazer Ashley. Eu me chamo David.

– O Tommy não quis vir com você? - disse em uma tentativa - nada sutil - de lembrá-la do namorado.

– Não sei Lucy. Eu não o convidei. - disse ela séria.

– Vem. - disse puxando ela para a sala. Ashley abriu a boca para protestar, mas voltou a fechá-la, pois Jack entrou no cômodo e começou a conversar com David. Nunca pensei que ficaria tão feliz ao ver o Jack, com fiquei naquele momento.

– Eu pensei que você gostasse do Tommy. - disse, assim que nos acomodamos no sofá.

– Eu gosto. - disse Ashley, surpresa com o meu comentário.

– Então porque você estava flertando como o David?

– Ai Lucy. Deixa de ser tão certinha. Era só um flerte inocente. Olhar não arranca pedaço. - disse ela, revirando os olhos.

Esse era o problema. Não tinha flerte inocente. Ele não ficava só olhando. Ele estendia a mão e pegava. Você querendo ou não.

– Eu não ligo se arranca pedaço ou não. Eu acho errado você flertar com outras pessoas, considerando que você tem namorado.

E mais errado ainda você flertar com estupradores, pensei comigo mesma.

– Que seja, Lucy. - disse Ash revirando os olhos de novo. - Eu não sei porque você está criando tanto caso por causa disso. Ele nem deu bola para mim. Caso você não tenha notado Srt.ª Certinha, ele não tirava os olhos de você. - disse ela, com um sorriso malicioso.

Senti um arrepio percorrer a minha espinha, e antes que eu sequer tivesse a chance de pensar em algo para dizer, minha mãe entrou na sala e avisou que o jantar estava pronto.

É claro que o David tinha que se sentar na minha frente, na mesa do jantar. Esse jantar não seria uma tortura total se isso não acontecesse. Realmente... A sorte é minha melhor amiga.

– Lucy?!

Levantei o olhar da minha comida e vi que todos na mesa estavam olhando para mim.

– O que?

– Você ouviu o que eu disse? - perguntou minha mãe.

– Hum... Não, desculpe.

– Eu perguntei se você está bem.

– Oh... Sim, porquê? - disse franzindo o cenho.

– Nada querida, é só que você está tão quieta...

– Eu estou bem. - disse com um sorriso fraco, voltando minha atenção para a comida. Estava ficando cada vez mais difícil continuar sentada a mesa, jogando a comida, de um lado para o outro no prato. Eu sabia que ele estava me encarando. Eu podia sentir seus olhos em mim, e me recusava a levantar o olhar para confirmar o que já sabia. Tentei ao máximo que podia ignorar o fato de que a pessoa que estava me assombrando nos últimos tempos, e que havia transformado a minha vida em um inferno, estava sentada bem na minha frente. O que não era nada fácil, considerando que cada vez que Ashley o flagrava me olhando, ela fazia algum tipo de comentário no meu ouvido. Fazendo com que eu me sentisse cada vez mais suja e enojada, ao me lembrar do que havia acontecido naquela noite. O que eu não daria, para nunca ter entrado naquele carro com ele?! Seria tão mais fácil se eu apenas pudesse voltar atrás. Eu nunca deveria ter ido naquela festa estúpida. Nunca deveria ter rejeitado a carona da Ashley. Isso nunca deveria ter acontecido comigo.

– ...Eu não sei como ninguém fez nada até agora. Quer dizer... Todos os alunos sabem que o Jeremy vende drogas, dentro e fora da escola. Acho até que alguns professores também sabem. - disse Ash.

– Talvez eles tenham medo desse tal de Jeremy. Por isso não fazem nada.

– Você acha que o diretor Andrew tem medo do Jeremy, Lucy? - perguntou Ash me olhando com curiosidade.

– Provavelmente. Hum... Eu já volto. - disse me levantando, evitando olhar para o David. - Eu só vou... Já volto.

Fui para a cozinha e fiquei lá durante alguns minutos. Eu precisava ficar longe dele, precisava respirar. Estava me sentindo cada vez mais sufocada a cada minuto que passava perto do David.

Apoiei minhas mãos no balcão e fechei os olhos, tentando controlar a minha respiração antes de voltar para o purgatório. Foi quando senti um corpo quente pressionar as minhas costas. Abri os olhos no mesmo instante e vi mãos apoiadas no balcão, ao lado das minhas. Senti um hálito quente no meu pescoço e me arrependi imediatamente de ter deixado a mesa.

– Você estava me esperando lindinha?!


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