Silence escrita por Natmed


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ;)



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Pulei no meu assento ao ouvir uma batida na janela. Jack estava parado ao lado com uma expressão estranha. Limpei as lágrimas que estavam correndo livre pelo meu rosto e abri a janela.

– O quê?!

– Você esqueceu a mochila. – disse Jack, praticamente atirando a mochila pela janela aberta. – Me deixa adivinhar. Brigou com o namoradinho, não foi? É esse o motivo de toda a choradeira. Acertei?

Lancei-lhe um olhar mortal.

– Cuida da sua vida, seu filho da puta!

Pisei no acelerador com mais força do que o necessário e prometi a mim mesma que não me permitiria chorar pelo resto do dia. Não era uma coisa difícil de fazer, uma vez que eu estivesse distraída. O problema era achar distração o suficiente para não pensar... nele. Urgh! Nem no nome dele mais eu podia pensar sem sentir o meu estômago embrulhar. Eu precisava tirar isso do meu sistema, ou eu acabaria enlouquecendo. A cada dia que passava eu me sentia mais fraca. Como se algo estivesse me corroendo por dentro. Alcançando cada espaço do meu corpo. Até mesmo aqueles que eu não tinha conhecimento. Conquistando um território maior a cada segundo que passava.

Cheguei na escola com pouco tempo sobrando para o inicio da primeira aula. O que estava começando a se tornar um hábito. A essa altura eu preferia chegar atrasada para a aula, a ter que ficar parada no corredor conversando com Ashley e Gabrielle, como se nada tivesse acontecido. E como se eu ainda fosse a mesma pessoa. Só que algo tinha acontecido, e eu não era mais a mesma. Eu definitivamente não era mais a mesma. Eu senti isso mudar no momento em que David forçou a sua entrada em mim. E a cada investida dele, eu me perdia um pouco mais. Até não restar nada. Nada além de uma garota quebrada. Eu não era estúpida a ponto de não admitir que estava quebrada. Por que eu estava. E a cada dia que passava, eu quebrava mais. Lá no fundo, eu sabia que o tempo não curaria merda nenhuma. Eu não estava com a porra do coração partido Por ter sido chutada por um namorado. Eu estava com a minha alma destruída. E não seria tão fácil assim, tentar remendá-la. Mas eu ainda tinha essa pequena centelha de esperança. Pouco maior que um grão de areia, e eu me agarrava a ela desesperadamente. Era a única coisa que me mantinha inteira no momento.

– Que bom que decidiu se juntar a nós Srta James. – disse o Sr. Harper, nosso professor de matemática, com sarcasmo escorrendo da sua voz.

– Não me enche. – sussurrei, revirando os olhos.

– O que disse Srta James?

– Eu pedi desculpas pelo atraso. Posso ir para o meu lugar agora?

– Sim, é claro.

Fui para o meu lugar no fundo da sala, e fiz o que vinha fazendo há alguns dias, durante as aulas. Fiquei procurando padrões na pintura das paredes e nas madeiras do teto. Por mais que eu tentasse, eu não conseguia me concentrar nas aulas. Em nenhuma delas. Minha mente sempre acabava voltando para ele e aquela noite. Então eu t tive essa ideia estúpida de procurar padrões nas paredes, para manter minha cabeça ocupada. Já havia encontrado imagens bem interessantes. Uma mulher com um guarda-chuva, um cachorrinho com um laço no pescoço e um coelho.

Os últimos dias haviam se resumido a isso. Procurar distrações o tempo todo, para não acabar deitada no chão, em posição fetal, até não haver mais lágrimas para caírem. A cada minuto do dia, eu procurava uma maldita distração. Mas apesar de ter certo sucesso em encontrá-las, não era o dia que me perturbava, e sim à noite, quando deveria ir para o meu quarto dormir. Quando não havia nenhuma distração que pudesse evitar que eu pensasse. Ou que evitasse as lágrimas de caírem.

Saí do transe em que me encontrava quando ouvi o sinal de término da aula, e me dirigi à cantina para encontrar com Ashley e Gabrielle. Apesar da conversa delas não me interessar, eu não me importava de passar um tempo com elas – ultimamente era mais seguro do que passar um tempo com a minha mãe. Elas não me pressionavam para saber o que havia de errado, porque eu estava “estranha”. Elas simplesmente presumiam que eu estava assim por causa do Jack e não faziam perguntas.

– Dá pra acreditar que o Tommy fez isso? Além de me levar em um restaurante incrível, ainda me deu flores. – disse Ashley suspirando.

– Eu acreditei nas primeiras 20 vezes que você contou. – disse Gaby entediada.

– Você sabe que para ser considerado “flores”, tem que ser mais de uma, certo?

– Ha ha. Muito engraçado Lucy. Mesmo que tenha sido só uma rosa, valeu a intenção.

– Se é o que você diz. – disse Gabrielle dando de ombros.

– Eu pensei que vocês estivessem curiosas para saber como foi o meu encontro.

– Nós estávamos Ash. Na primeira vez que você contou. – disse Gaby. Lancei um olhar para ela, como que dizendo “Fale por si própria, eu não estava curiosa”.

– Falando sério Ash?! A gente não aguenta mais ouvir essa merda. Muda de assunto.

– Credo! Não precisa descontar em mim todo o seu mal- humor e a sua inveja.

– Inveja? Inveja de quê?

– Inveja porque eu estou saindo com alguém e você não.

Dei uma risada amarga.

– Eu não preciso de um otário que só quer me foder e depois me descartar, como se eu fosse uma camisinha usada.

Pelo menos não mais um.

Você está insinuando que o Tommy só quer transar comigo? – perguntou Ashley irritada.

Entenda como quiser. – disse, sem tirar os olhos da minha comida.

Ouvi a cadeira em que Ashley estava sentada, ser empurrada para trás, e pelo canto de olho a vi ir em direção à saída.

– Sabe, você não precisava ter sido tão grossa com ela. Você sabe como ela é.

– Não começa Gaby. Eu não estou com saco para aturar isso hoje.

– Grande novidade Lucy. – disse Gabrielle, e levantando e indo atrás de Ashley.

– Mãe? Você está ai? – gritei fechando a porta atrás de mim e esperando alguém responder.

– Não, só eu. – disse Jack parado no limiar da sala.

– Ah.- disse indo em direção as escadas.

– Hey! Espera, nós precisamos conversar.

– Conversar sobre o quê? – disse franzindo o cenho.

– Olha, eu não gosto de você, você nãogosta de mim, o que... sinceramente... não faz a menor diferença para mim. Mas já que eu estou morando aqui, e vou ter que olhar bastante para sua cara, eu estava pensando...

– Quer saber? Sim, você tem razão. Eu não gosto nem um pouco de você. E sim, ao que tudo indica eu vou olhar bastante para essa sua cara. Mas eu já estou cansada disso. Eu estou cansada de fingir gostar de você na frente da minha mãe e ter que ser educada. Isso me enoja. Até porque você não merece um pingo da minha educação. Você é um merda e eu quero que você vá para o inferno.

Tentei desviar dele e subir as escadas, mas Jack foi mais rápido e me agarrou pelo braço.

– Hey!! Olha o jeito que você fala comigo garota! – disse Jack com os dentes cerrados, apertando o meu braço com mais força.

– Não me toque! – gritei para ele, puxando o meu braço de seu aperto. No momento em que minha mãe abriu a porta, Jack soltou o meu braço. Mas ainda assim ela podia sentir a tensão entre nós.

– O que está acontecendo?

– Eu tropecei na escada e esse traste. – disse gesticulando em direção ao Jack. – me ajudou.

– Lucy, isso é jeito de falar!

– Estou subindo. – disse me virando e correndo pelas escadas. – tenho lição de casa para fazer.

– Lucy! Volte aqui que nós temos que conversar!

– Converse com a droga do seu namorado! Eu tenho lição de casa para fazer! – gritei, batendo a porta do meu quarto.

– E então tempo quando você vai começar a fazer alguma maldita coisa? – murmurei para mim mesma.


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Notas finais do capítulo

Desculpe alguns erros na ortografia, mas não tenho tido tempo para revisar os capítulos antes de postá-los.



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