Dia - X escrita por Chiye


Capítulo 9
Capítulo 9 - Mesma dimensão.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/412875/chapter/9

O plano funcionou: Andamos pela delegacia contando nossa “história”. Éramos três viajantes que estavam passando por planetas como uma viajem de formatura. Nós duas do ensino médio e O Doutor da faculdade. O quê é que no outro dia de manhã os guardas estavam tão familiarizados conosco que sequer nos seguiam mais. Ficou fácil para eu e Sarah agarrarmos a chave de fenda sônica.

--Incrível! –Disse ele quando voltamos a cela. Os outros três suspeitos não falaram nada, tampouco se mexeram. Pareciam seguir uma política de não mexa comigo e eu não mexo com você.

Eu e Sarah abrimos todas as torneiras do banheiro mais longe da entrada da delegacia e tampamos os ralos. Em alguns minutos tínhamos uma inundação. Chamamos os guardas e eles vieram correndo, preocupados.

--Acho que ficarão ocupados. –Disse para Sarah, baixinho, e nós duas fomos até a cela.

--Vem!—Disse Sarah para O Doutor. Ele sorriu e em um instante nos alcançou. Antes de sair da delegacia, agarramos os casacos dos policiais que por sorte tinham capuz.

As ruas estavam cheias como da ultima vez em que tínhamos estado ali. O Doutor Não tirava os olhos da sua chave de fenda sônica.

--O que você está procurando? –Perguntei.

--Não sei ao certo. –Respondeu ele. –Pode ser qualquer coisa.

Mas algo na voz dele me fez achar que já tivesse alguma ideia.

Andamos por alguns minutos com os rostos cobertos pelos capuzes. Algumas pessoas olhavam em nossa direção, parecendo estranhar algo, mas fora isso não tivemos problemas.

--Essa não... –Comentou O Doutor. Eu e Sarah olhamos na direção que ele olhava e vimos a menina que aparentemente havia sido ferida por ele. Tinha longos cabelos castanhos e olhos amendoados e estava comprando doces. Parecia bastante bem. –Escutem, vou falar com ela...

--Mas ela pode gritar...

--Vou ver se consigo alguma informação. –Disse o senhor do tempo, me ignorando.

Nós três nos aproximamos devagar, temerosos. A garotinha aparentava ter treze anos.

--Por favor, não grite. –Disse O Doutor quando chegamos perto o bastante dela.

A garota não gritou, apenas se virou e nos encarou avidamente.

--Você é aquele homem que me machucou. –Disse ela. Parecia um pouco assustada, mas não tanto quando deveria estar levando em conta que O Doutor a tinha ferido.

--Ele não vai te machucar de novo. –Disse Sarah.

--Mas eu não acho que ele tenha feito de propósito. –Disse a garotinha. –Quero dizer... Isso está bem estranho. As pessoas que atacaram alguém não se lembram...

--Exato. –Disse O Doutor. –Então preciso que você me diga exatamente o que aconteceu. –Ele fez uma pausa e olhou em volta. –Vamos até a minha nave.

Eu o encarei, perplexa. Ele ia simplesmente levar um estranho à bordo da TARDIS?

--Estamos no futuro. –Disse ele, baixinho, para eu e Sarah. –Existe todo o tipo de tecnologia aqui, minha TARDIS passa até despercebida.

Uma coisinha, leitor: Mellany era humana. No futuro, os humanos irão se espalhar por muitas galáxias. Ali, naquela época, havia humanos morando no planeta. É muito importante você se lembrar disso, leitor. Hu-ma-na.

O Doutor foi conduzindo a garotinha com a mão em seu ombro. Eu e Sarah os seguimos mais atrás, caladas. Todos esperávamos que ela se assustasse quando entrasse na TARDIS, que dissesse que era maior por dentro ou que ficasse muda, mas o que ninguém esperava era que ela apontasse na direção da nave, alguns passos antes de entrar e gritasse:

--A TARDIS!

Eu olhei para Sarah e Sarah olhou para mim. A primeira coisa que eu pensei foi como a garotinha sabia. Mas logo em seguida me lembrei da série de televisão. Será que ela continuava até tão longe no futuro? Então todo o meu ser, por algum motivo, desejou que ela não contasse nada sobre a série. Eu fiz figa, mas...

--Há uma série de televisão que conta sobre O Doutor. –Ela olhou para o senhor do tempo. –Mas isso é impossível...

--Foi o que achei... –Ouvi Sarah murmurar para si mesma.

--Me chamo Mellany. Mellany Spheenner. –Foi ai que ela notou as expressões minha e de Sarah por trás d’O Doutor. –O que foi?

O senhor do tempo virou de costas e nos encarou. Parecia, de algum modo, ter entendido que nós duas sabíamos de algo. Ele veio andando em nossa direção bem devagar.

--Na primeira vez que vi vocês duas— Disse ele. –Vocês disseram umas coisas... Que eu, O Doutor, viajava com a TARDIS sozinho e tudo o mais... E me disseram para descobrir como sabiam... –Ele fez uma pausa. –Descobri?

Ficamos quietas. Então, lentamente, fizemos que sim com a cabeça. O Doutor suspirou.

--Parece que temos muitas coisas para conversar. –Disse ele alto o bastante para Mellany ouvir também. –Vamos até a cozinha.

Melllany parecia absolutamente feliz. Olhava em volta e não parava de sorrir. Mais ou menos igual a eu e Sarah no primeiro dia na TARDIS. Nós três nos sentamos e O Doutor preparou um chá.

--Então... –Disse ele, se sentando também. –Então.

Você só saberá como um senhor do tempo é assustador quando bravo se ver um pessoalmente, leitor. Nenhum ator humano, por melhor que seja, consegue imitar isso. Eu Sarah ficamos com tanto medo na hora que contamos tudo. Sobre a série, os atores, sobre os diretores, sobre as histórias... Contamos absolutamente tudo, coisa que, visto o tamanho da série, demorou um bom tempo.

Mellany ouvia a tudo boquiaberta. Estávamos para lá do ano nove mil, devia ser quase impossível para ela achar coisas sobre a série da sua época, leitor. E estou segura em afirmar que você sabe como é ser fã da série.

Quando acabamos de falar, o senhor do tempo tinha o queixo apoiado nas mãos e ruguinhas na testa.

--Vamos voltar para a dimensão de vocês. –Disse ele. –Se formos descobrir algo é lá. Mellany, vou te deixar em casa, podemos conversar outra hora.

--Ah, não! –Gritou ela, ficando de pé. –Eu vou também!

--Não vai, não. –Disse O Doutor.

Ela continuou pedindo durante todo o caminho até a sala de controle, mas não adiantou.

--Vamos, eu volto aqui para saber sobre quando eu te machuquei... –Ele forçou a porta da nave, que por sua vez não abriu. –Vamos, garota, qual o problema? –Perguntou ele à nave.

Depois de cinco minutos, ele voltou e tentou algo no painel de controle. Nada. Eu e Sarah tentamos abrir a porta, mas nada. Mellany apenas ria da própria sorte.

--Mas o que houve, hein?—Disse ele à nave, meia hora depois, meio pálido.

--Desista, Doutor. –Pedi.

--Vamos logo na outra dimensão!—Disse Mellany.

--Mas... Estamos na sua dimensão. –Respondeu ele, olhando para mim. Parecia confuso. Por que depois de concertar a nave, naquele laboratório, haviamos voltado para a dimensão original d’O Doutor. Não haviamos...?

--O que? –Perguntei. –Não tínhamos voltado para sua dimensão logo depois de ir naquele laboratório maluco? O tal de Guardian’s?

--Sim, quero dizer... Pelo menos eu achei que tínhamos voltado... Mas a TARDIS não saiu daquela dimensão desde aquele dia... Ela me enganou! –Exclamou, indignado.

A TARDIS piscou suas luzes levemente, como se brincasse.

--Isso quer dizer que Mellany é da mesma dimensão que a gente? –Perguntou Sarah.

O Doutor fez que sim com a cabeça.

Como existem crianças lendo essa história, é melhor eu explicar isso melhor. Física não é muito entendível. No começo da história, a TARDIS tinha levado O Doutor a força para nossa dimensão. Ele nos encontrou, consertou a nave e “voltou”. O problema é que a nave não voltou realmente. Ela fingiu voltar. Enganou O Doutor assim, na maior cara de pau. Então ainda estávamos na minha dimensão original. O que quer dizer que os coelhos que explodiram, Stevan, a feira e Mellany eram da minha dimensão. Isso é realmente importante, leitor.

--Tudo bem, então... –Disse o senhor do tempo, vencido. –Já que a porta não quer abrir, vou conectar com o wi-fi. Meninas, quer ver fotos das pessoas que fazem a tal série, pode ser?

Nós desencostamos da porta fechada e fomos até o painel de controle. Mas antes que pudéssemos sequer chegar até lá, a TARDIS produziu seu peculiar som de decolagem, as luzes piscaram e tudo balançou. Seguramos onde pudemos. O Doutor agarrou Mellany, que quase ia ao chão.

--O que foi isso? –Perguntei.

O Doutor largou a garota e puxou o monitor do painel de controle para perto de si. Então arregalou os olhos.

--O que foi? –Perguntou Mellany, ficando na ponta dos pés, tentando ver o monitor.

--Estamos na sua casa, Sarah. –Respondeu ele. –Três minutos depois de sairmos.

Sarah fez que sim com a cabeça, confusa. A porta da TARDIS de abriu sozinha. A encaramos por alguns segundos, imóveis.

--O que está havendo, garota? –Murmurou O Doutor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dia - X" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.