Dia - X escrita por Chiye


Capítulo 6
Capítulo 6 - A silhueta


Notas iniciais do capítulo

Eu estava andando na rua completamente tranquila, tomando um sorvete e dei de cara com um cartaz escrito bad wolf. Bad wolf tattoo. Sobrancelhas definitivas e outras coisas assim. Eu fiquei tipo... DOCTOR!! Envie a foto para uma página do face chamada TARDIS da depressão... Ou timelord da depressão... Sei lá, é uma coisa do gênero... Deem uma procurada... No facebook atendo por Larissa. É um nome grego (o/) que significa cheia de alegria. :D



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Relembro aqui onde paramos: Stevan e eu estávamos na sala de estar de sua casa. Ele dissera que sua mãe poderia cuidar do meu tornozelo torcido. Estávamos a esperando e falando sobre livros e nomes. Stevan mencionara o fato de ter a impressão que me conhecia de algum lugar, embora isso fosse impossível, visto que eu era do futuro. Claro que não mencionei essa parte.

—-O que houve, Stevan? –Perguntou uma mulher alta e magra, entrando na sala. –Você está bem? –Ela então me notou. –Oh!

—-Estava vendo uma apresentação de rua, mamãe. –Disse ele. –Então... Acho que os coelhos começaram a explodir... –Ela ergue as sobrancelhas, incrédula. –Tivemos que correr e ela torceu o tornozelo. Estive pensando... Poderia ajudar?

—-Claro. –Respondeu ela, indo em minha direção. –Mas quero saber da verdadeira história, não de coelhos explodindo. Sou Esther.

—-Chiye. –Respondi, baixinho. –Prazer em conhecê-la, senhora Makinamaha. –Eu tinha bons modos, afinal.

—-Me avise quando for encontrar garotas, Stevan. –Reprimiu ela, puxando um apoio para pés e se sentando ao meu lado. –Vejamos o que posso fazer...

Ele balbuciou algo como “Não fui encontrá-la, apenas encontrei sem querer...” , mas a mãe não ouviu. Por duas vezes mandou o garoto buscar coisas para ela e, vinte minutos depois, eu tinha uma espécie de atadura no tornozelo.

—Obrigado. –Sorri, examinando o feito. –Realmente muito obrigado, como posso pagar, eu...?

—-Esqueça isso. –Respondeu ela. –É amiga do Stevan, não? –Fiz que sim com a cabeça. –Então tudo bem. –Ela baixou a voz e disse, sorrindo. –Ele não costuma trazer amigos para casa, muito menos garotas.

Foi uma sorte Stevan não ter ouvido. Acho que ele teria ficado vermelho, ele era extremamente branco e pessoas muito brancas, digo por experiência própria, ficam vermelhas muito fácil. 

—-Vocês tem uma bela coleção de livros. –Comentei, interessada, quando Esther voltou da cozinha com três xícaras de chá.

—-Realmente. –Disse a mãe, me entregando uma. –Mas quem mais a usa é Stevan. Ele adora ler.

Olhei para ele, perguntando com o olhar se aquilo era verdade. Ele sorriu. E nesse exato momento duas pessoas conhecidas minhas embocaram na sala de estar, seguidos por uma serviçal confusa.

—-Pode deixar. –Dizia O Doutor. –Sei que ela está aqui. –Ele passou os olhos pela sala e então me viu. –Chiye!

—-Oi. –Respondi. Sarah parecia meio envergonhada por entrar na casa de outra pessoas sem permissão.

—-Senhora. –Disse a serviçal. –Eles simplesmente entraram, não pude dete-los...

—-Você os conhece, Chiye? –Perguntou Esther, parecendo meio confusa pelas pessoas que haviam acabado de entrar em sua casa.

—-Conheço. –Respondi, meio constrangida pelo comportamento “me sinto em casa” d’O Doutor.

—-Então acho que eles podem ficar, Mariah. –Disse Esther a serviçal.

—-Claro. –Respondeu a serviçal, Mariah, ainda parecendo contrariada, e saiu, levando os casacos d’O Doutor e de Sarah.

—-Quem são vocês? –Perguntou Stevan. Tinha um olhar realmente muito curioso.

—-Modos, Stevan. –Repreendeu a mãe, embora o tom de voz do menino tivesse sido totalmente inocente. –Sou Esther. A quem devo a honra?

—-Sou Sarah. –Respondeu minha amiga.

—-Doutor.

—-Doutor quem? –Perguntou Stevan.

—-Só Doutor. –Respondeu ele.

—-Bem... –Começou Esther. –Bem vindos, então. Aceitam um chá?

—-Na verdade, não. –Disse O Doutor, cortando Sarah, que já tinha até dado um passo para a frente. –Chiye, temos que ir, está atrasado para sua... Aula de... Dicção.

Ergui as sobrancelhas para ele, incrédula. Sempre fui do tipo que fala muito rápido e o senhor do tempo com certeza notara isso.

—-O que você é dela?—Perguntou Esther, sorrindo. Ela parecia ter me adorado: Uma boneca bonitinha. –Pai ou...?

—-Tutor. –Disse O Doutor prontamente. –Os pais dela viajam muito e deixam sua educação nas mãos de alguém responsável. Vamos, Chiye?

—-Não podem ficar mais? –Perguntou Stevan.

—-Realmente não, sentimos muito. –Respondeu O Doutor.

Esther nos cumprimentou com beijinhos. Me levantei, mas meu tornozelo não doeu tanto. Era meio complicado andar com aquela atadura, mas me arranjei.

—-Acompanhe-os até a porta, Stevan, por favor.

Ele obedeceu a mãe e foi abrir a porta para a gente. Alguma pouca neve ainda caia.

—-Tão linda. –Comentou Stevan enquanto vestíamos os casacos, olhando distraidamente para a neve.

—-Também acho. –Comentei. –Como se...

—-Fosse a primeira vez que a víssemos. –Completou ele, baixinho. –Como se viéssemos de um lugar onde não neva.

—-É. –Concordei.

Por que era verdade, leitor. A neve nos impressionava. Era realmente como se tivéssemos vindo de longe e nunca a tivéssemos visto. Era incrível. Mágico. Inexplicável.

—-Você tem sapatos estranhos, Chiye. –Riu-se Stevan. Eu sorri em resposta: Naquela época ainda não se usava converses.

—-Até outro dia, Stevan. –Sorriu O Doutor, apertando a mão do rapaz.

—-Até. –Disse Sarah simplesmente.

—-Tchal. –Respondi. Por que havia noventa e oito por cento de chance de eu não o ver mais.

—-Até mais. –Disse ele. Stevan Makinamaha continuou parado até nós três avançarmos muito, então fechou a porta.

Sei o que você está pensando, leitor. Muito bonitinho, eles vão ficar juntos. Mas não. Lamento informar que isso não ocorreu. Sim, lamento. No começo tudo foi bem. Eu era humana. E houve um relógio. Alias, três relógios. Três malditos relógios. E depois de abri-lo, tive que aprender o quão a maldição de um senhor do tempo é dura. Ela é implacável.

Stevan voltou a sala de estar, onde passou meia hora tentando convencer a mãe sobre a veracidade da história dos coelhos explodindo, até que o marceneiro chegou e ela foi acompanhá-lo junto com Mariah.

O garoto puxou um livro e afundou na poltrona, completamente entretido. Julio Verne. Stevan o adorava. Leu por realmente muito tempo, ora ou outra parando para tentar lembrar se já me vira em algum lugar antes. Por que ele tinha impressão que já tinha me visto; Achou que eu devia morar fora da cidade.

Sobre o garoto Stevan: Uma vez, quando era pequeno, ele recebera uma visita. Uma visita que os outros disseram não existir. Mas ele tinha certeza que a vira.

Quando tinha seis anos estava deitado, esperando que a mãe lhe fosse contar uma história. Tudo ao seu redor estava completamente escuro e ele tinha medo. Sempre tivera medo do escuro. Meio que pressentia alguém lá.

Uma corrente de ar frio brincou com seus pés quando a porta do quarto se abriu uma brechinha e ele os puxou para baixo do cobertor.

—-Mamãe? –Perguntou ele a silhueta que entrara.

—-Sim, mamãe. –Respondeu a silhueta,se sentando em uma banquinho baixo junto aporta, junto as sombras. –Vim lhe contar sua história.

—-Fique mais perto. –Pediu ele. –Não consigo te ver.

—-Hoje vou ficar aqui. –Disse a silhueta. –Vou lhe contar sua história. Sua história.

O garotinho fez que sim com a cabeça, estranhando o comportamento da mãe. Desde que seu pai viajara, meses atrás, ela costumava enche-lo de beijos a noite, não ficar parada em um canto.

—-A muito tempo— Disse a silhueta. –Um jovem viveu em um lindo lugar. Um lugar dourado, onde os sois iluminavam as montanhas resplandecentes e as arvores sussurravam ao vento brilhante. Um lugar muito velho e muito sábio. Um lugar lindo. Um lugar laranja.

O garotinho se acomodou melhor na cama e prestou mais atenção.

—-Nesse lugar, havia um grupo de sete pessoas que sabia segredos muito importantes. Segredos que ninguém mais conhecia. E esse grupo sabia que haveria uma guerra que destruiria o lugar. Então escolheram os três recém nascidos vindos das famílias mais fortes. Pegaram, simultaneamente, três recém nascidos em um outro lugar. Um lugar azul de tanta água que tinha. Um lugar cheio de vales e montanhas. E neve. Por que o lugar dourado não tinha neve.

“O grupo de sete pessoas criou os três recém nascidos do lugar laranja da mesma maneira que os três recém nascidos do lugar azul eram cuidados. Foram precisos exames e adaptações, mas eles conseguiram. Eram cópias, exatamente iguais até o ultimo fio de cabelo. Os recém nascidos cresceram e viraram garotos e garotas. Era vital que tivesses sistemas e emoções exatamente iguais.”

—-Não estou entendendo. –Disse o garotinho.

—-Apenas ouça. Um dia isso vai fazer sentido.

A silhueta se moveu um pouco, olhando para o corredor, depois continuou:

—-Então a guerra prevista no lugar laranja veio e se foi, matando todos os que viviam ali. Mas, antes de tudo queimar, o grupo de sete pessoas extraiu a consciência dos três adolescentes e as deixou em um lugar seguro. Agora tinham três consciências trancafiadas e três corpos humanos no lugar azul. O plano teria dado certo? Por que ainda faltava que os corpos encontrassem as consciências. Guarde bem isso. Corpos no lugar azul e consciências do lugar laranja.

—-Não entendo! –Gritou a criança.

Houve um barulho lá fora e a silhueta olhou para o corredor. Um segundo de silencio se passou, então a silhueta abriu a janela e se pendurou no peitoril. O garoto correu até lá e a assistiu escalar até o chão e correr na direção de uma caixa azul, na ponta dos dedinhos gelados. Um segundo depois tudo sumiu.

—-Stevan!—Era sua mãe na porta do quarto. –O que está havendo? Quem estava aqui? Ouvi vozes, querido.

Stevan lhe contou tudo, mas, como era de se esperar, ela não acreditou. Foram muitos psicólogos e doutores e, de tanto ter de repetir a história para seus amigos, seus pais, seus primos, os doutores e professores, o garoto a decorou para sempre. Mais tarde, quando tomou sua escrita como descente, anotou todas as histórias em um caderninho, o qual passou a limpo muitas vezes, sempre melhorando a caligrafia e até acrescentando desenhos mais tarde. Desenhos da silhueta e da caixa azul.

Faça como o menino, leitor, lembre-se da história. Lembre-se dos corpos que precisavam encontrar suas consciências. Já viu isso na série, leitor. Corpos do lugar azul procurando consciências do lugar laranja. O lugar azul é a Terra, leitor, seu planeta Terra. O lugar laranja não é outro senão Gallifrey. Mas acho que você conseguiu notar isso, não?


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Notas finais do capítulo

Lembrem-se de conferir a foto e não piscar. Sério, agora estou com medo... Ou não... Eu estou com medo e O Doutor quase pulando. :p



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