Dia - X escrita por Chiye


Capítulo 5
Capítulo 5 - Mansão Makinamaha


Notas iniciais do capítulo

Voltei. :3Demorei? Se sim, é por que aconteceram muitas coisas por aqui... Super novas, epicentros de implosões, O surgimento de uma nova espécie e coisas do gênero. Se não, depende do seu referencial temporal, eu apenas fiquei enrolando aqui.



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Sem sequer passar pelo quintal de Sarah, voltamos para a dimensão d’O Doutor. Era como ele dissera, não havia perigo, os dois mundos eram interligados naturalmente. Poderíamos voltar a hora que quiséssemos.

–-Muito bem!—Disse ele, correndo ao redor dos controles rapidamente. –Futuro ou passado?

–-Passado!—Dissemos juntas. Havíamos combinado antes de dormir que um lugar no passado seria melhor para começar a viagem. Algo muito antigo. Inglês. Clássico. Londres no século XVIII.

Nossos quartos eram um bocado distantes um do outro e da sala do console, mas eram iguais em sua essência: As mesmas paredes legais dos corredores e cozinha, uma cama, uma estante e um guarda roupas. Doutor nos dissera onde ficava o banheiro e, a meu pedido, a biblioteca.

Havíamos dormido por umas três horas e acordado com muita energia.

–-Gosto de épocas antigas. –Respondi. –Acho realmente bonito os vestidos e o modo como os homens eram cavalheiros.

Só para constar: Ainda acho isso, leitor.

–-Podemos provar as coisas de lá. –Disse Sarah, devaneando. –Podemos tirar fotos...

–-Até podem. –Disse O Doutor. –Mas devem mantê-las em segredo e nunca mostrá-las a ninguém. E mais umas coisinhas: Não saiam correndo por ai. Não mudem eventos fixos. E o mais importante: Se eu mandar você correrem, você correm. Se eu mandar vocês se esconderem, vocês se escondem. Entenderam?

Fizemos que sim com a cabeça, sabendo que no primeiro perigo desobedeceríamos. É isso que as companheiras fazem.

–-Prontas? –Perguntou ele.

Gritamos que sim e saímos da TARDIS antes n’O Doutor, mas ele nos puxou de volta sem muita gentileza.

–-Vão sair assim? –Disse ele indicando nossas roupas. –Antigamente as meninas não usavam calças jeans nem camisetas. As pessoas não vão ignorar isso. Podem pegar algo no guarda roupas da TARDIS.

Fora o fato de que demoramos meia hora para achar o guarda roupas, nos vestimos depressa e rimos muito com as várias peças que estavam ali. Depois saímos novamente. Eu pequei um vestido verde bem escuro, quase preto, e Sarah pegou um roxo. Conhece aqueles vestidos enormes de antigamente, que iam até os pés? Eram esses. Pegamos também dois casacos, pois tínhamos notado que estava nevando nos poucos milésimos de segundos em que saímos.

Estávamos em uma espécie de bairro chique. As ruas estreitas de lajotas, as casinhas grudadas e arrumadas, as carruagens paradas, as pessoas bem vestidas e a neve caindo. Sorte nossa o vestido ter tantas camadas. Era bem quente. Doutor desenterrara de algum lugar um casaco, também.

Começamos a andar olhando a toda a volta. As pessoas deviam tomar-nos como um pai passeando com suas filhas. Nem parecidos éramos, mas estava valendo. Havia uma barraca mais a frente. O Doutor nos mandou esperar e voltou com três canecas de vinho.

–-Isso esquenta. –Garantiu ele. –Podem beber.

Pela velocidade(reduzida) que eu e Sarah bebíamos o vinho, era notável que não tínhamos experiência com bebidas.

Algum tempo depois, quando já tínhamos nos livrado da caneca, vimos uma pequena aglomeração de pessoas e nos aproximamos. Um homem de paletó e cartola entretinha sua platéia. Um mágico.

–-Agora vou fazer com que vejam como é a dor!—As pessoas aplaudiram, inclusive nós três, embora achássemos estranho. –Agora vejam... –E abriu uma enorme caixa ao seu lado. –A dor!

Mas ninguém gritou nem correu. Na caixa havia... Coelhos. Vários coelhos brancos.

–-Que bonitinho!—Exclamou uma mulher, se aproximando. Ela esticou e mão e acariciou o coelho. Menos de um segundo depois o bicinho explodiu e a mulher caiu, desmaiada. Ai então todos começaram a gritar e correr, inclusive os coelhos, que perseguiam as pessoas.

Nos separamos sem querer: O Doutor correu atrás do mágico, que fugia desabalado, eu fui para a direita e Sarah para a esquerda.

Havia um pequeno grupo ao meu lado, todos correndo, sabe-se lá em que direção. Era realmente dificil correr com aquele vestido e fiquei grata por não estar de salto.

Uma coisa que escondi d’O Doutor: Estava de converse por baixo do vestido.

Havia mais duas pessoas comigo: Uma senhora de cabelos grisalhos e um rapaz de olhos castanhos. Nós três corremos para fora da rua e saímos em uma área gramada. De um lado havia um barranco, do outro, uma floresta. Corremos por mais uma boa distancia, o coelho, muito fofinho e alvo, atrás da gente.

Até que, vindo sabe-se-lá-de-onde, surgiu um gato. Ele passou correndo e esbarrou no coelho. Então ele explodiu, fazendo o gato saltar longe. A senhora, que ia mais a direita, conseguiu, aos tropeços, se equilibrar e voltar correndo por onde viera. Mas eu e o garoto não tivemos muita escolha: Pegos pela explosão, nos desequilibramos e rolamos barranco abaixo. Era um barranco bastante íngreme e comprido. Um barranco dolorido. Gritos, pancadas e batidas.

Assim que tudo parou de girar, virei de barriga para cima e respirei profunda e calmamente. Meu corpo estava todo dolorido. Mas principalmente meu tornozelo direito: Ele latejava horrivelmente. Continuei deitada por alguns segundos, tentando achar mais estragos. Mas fora o tornozelo, que parecia ter se torcido, eu não tinha nada alem de alguns arranhões.

–-Você está bem? –Era o garoto. Ele havia se sentado sobre as pernas dobradas e me encarava. Tinha u olhar curioso e astuto.

–-Acho que sim. –Respondi, me sentando. –E você?

–-Só um corte, nada demais. –Olhei para eu braço esquerdo e notei que havia um rasgo na roupa e sangue. –Vem, eu te ajudo a levantar.

Ele me ofereceu a mão e eu a peguei e se levantei. Mas fiz uma careta de dor, cambaleei e segurei o tornozelo. Ele se aproximou, se abaixou e examinou o estrago.

–-Acho que você o torceu. –Disse ele. –Vem, eu te ajudo a voltar.

Ele levou meu braço, meio a força, a seus ombros e começamos a andar, meu tornozelo doendo a cada passo.

–-Você podia ir lá em casa. –Disse ele. Eu parei de andar instantaneamente. –Digo, minha mãe é enfermeira. –Acrescentou ele, completamente vermelho. –Ela pode fazer algo por você.

–-Acho melhor não... –Comecei, mas ele me interrompeu.

–-Você não vai muito longe com o tornozelo torcido.

–-Mas...

–-Ah, vamos, qual o problema? Moro perto daqui.

–-Olha, eu não vou com você...

–-Se for por que está com medo, eu podia muito bem ter te matado. –Respondeu ele, sério. –Ficamos sozinhos por muito tempo e eu devo ser mais forte. Teria sido fácil.

Eu já havia pensado nisso: Ele não iria me matar, eu sabia. Mas o fato é que eu estava no passado, sem O Doutor ou a Sarah, em um lugar totalmente estranho, machucada e suja, e um moleque que eu não conhecia queria me levar para sua casa.

–-Olha, eu vou para... Casa! –Gritei, nervosa.

–-Calma. –Disse ele, galante. –Estou só oferecendo ajuda. O que tem demais nisso?

–-Tudo bem. –Cedi, de má vontade. –Mas se não tiver ninguém na sua casa ou... Ou tiver alguém esperando a gente com uma arma...

–-Minha nossa! –Riu-se ele quando recomeçamos a andar, me oferecendo o braço como apoio. –E isso pode acontecer?

Revirei os olhos e continuei andando. Fizemos todo o caminho de volta até o local onde o suposto mágico se apresentara. Olhei em volta em busca de Sarah ou O Doutor, mas não os vi. Ele apontou para um enorme casarão mais adiante. Ele devia pertencer a uma das famílias mais ricas da cidade. Me senti meio burra, devia ter notado pelas roupas: Calças e o botas pretas, um cachecol vermelho sangue e um casaco que lhe ia até embaixo dos joelhos, além de luvas. Se tem uma coisa que diferencia os ricos dos pobres são as roupas, leitor.

O jardim era enorme, com algumas poucas arvores, alguns caminhos de calçamento e alguns bancos de madeira. Havia, acima de alguns degraus, uma lustrosa porta de madeira. O garoto a empurrou e me conduziu para dentro, tirando o casaco e logo em seguida se oferecendo para pendurar o meu. A casa estava mais quentinha que lá fora.

–-MÃÃÃE! –Chamou ele, e continuou andando. –Pode vir até a sala de estar, por favor?

Fomos avançando até o lugar certo e me sentei em uma poltrona. O sala era realmente muito bonita: Havia uma lareira crepitando alegremente com várias poltronas em volta, uma pequena mesinha com vinhos, uma janela mais alta que a TARDIS, encostos para os pés e almofadas e uma estante repleta de livros. Meu olhos se deleitaram naquela visão. Se tem uma coisa que amei e ainda amo, leitor, é ler.

–-Gosta de livros? –Perguntou ele, olhando para a estante.

Fiz que sim com a cabeça.

–-Adoro.

Ele olhou para mim.

–-A propósito, me chamo Stevan. Stevan Makinamaha. –Disse, estendendo a mão.

–-Sou Chiye. Chiye Kalleto. –Respondi, apertando sua mão ainda sentada.

–-Tenho a impressão de que já te vi antes. –Disse ele. –Onde você mora?

–-Não sou daqui. –Respondi, simplesmente. –Tenho certeza de que você não me conhece.

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Sim, leitor, o nome do garoto com quem trombei era Stevan Makinamaha. Ainda se lembra desse nome? Tente, não faz muito tempo que o mencionei. Lembrou?

Stevan disse ter a impressão de me conhecer de algum lugar. Mas eu era do futuro, de fato, não havia como nos conhecermos, fora apenas coincidência o simples fato de termos trombado por ai. Mas O Doutor me ensinou uma coisa, leitor: Nunca ignore uma coincidência.


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Notas finais do capítulo

Hey, ainda tem alguém ai??



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