Dia - X escrita por Chiye


Capítulo 17
Capítulo 17 - Uma mãe histérica.


Notas iniciais do capítulo

Sei que a maioria de vocês quer que eu escreva logo sobra as minhas narrações ao Connte. Paciência, gafanhoto.



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Eu não queria voltar casa do pequeno Stevan tão cedo, então pedi ao Doutor para primeiro resolvermos os outros problemas que eu tinha deixado em aberto. Ele concordou com a cabeça, preocupado.

Então nós fomos até a época de Mirai, quando ainda era Mellany. Precisávamos fazer três coisas ali: Descobrir de onde tinham vindo àquelas fontes de energia, evitar os policiais que provavelmente me reconheceriam e dar as notícias de sua morte aos pais de Mellany. Teríamos que fazer isso com os pais de Stevan também, além dos meus próprios, afinal, era mais do que justo lhes contar toda a verdade.

Mas, eu mal tinha tido tempo de colocar o capuz, um dos policiais me reconheceu e gritou para eu ficar parada. Pensei em correr, mas de que adiantaria? Provavelmente teriam muitos outros policiais. O Doutor tentou assumir uma postura séria: Estava seguro, afinal, estava com outro rosto.

–-Hey, Chiye! –Disse o policial, ofegante, quando chegou até mim. –Quem é seu amigo? E onde está O Doutor?

Estava tão acostumada a ser chamada de Writer fora da terra que hesitei antes de responder.

–-Esse é John Smith, meu... Eh... Tio. –Menti. –O Doutor está por ai: Não sei dele atualmente.

–-Ah, certo. –Concordou o policial, apertando a mão do Doutor. –Prazer, John Smith.

–-Prazer. –Respondeu O Doutor, feliz.

–-Chiye, lembra de quando O Doutor feriu uma garota? – Perguntou o guarda.

–-Claro que lembro. –Respondi, nervosa.

–-Descobrimos que as pessoas estavam tendo a mente controlada através do sistema nervoso por umas correntes elétricas.

O Doutor sorriu e bateu na própria testa.

–-Claro! Claro! –Exclamou ele. –Como não notei antes? Trokjunee, os mercantes!

Foi minha vez de bater na própria testa.

–-Como nós não notamos?

Trokjunee era um planeta de seres bestiais dotados de inteligência. Os habitantes tinham uma pelagem em vários tons de marrom e vagavam por todo o universo realizando qualquer comercio que lhes desse lucro. Era um costume da espécie contar o que haviam feito depois de embolsar o dinheiro. As duas coisas que os Trokjuneeanos dominavam melhor eram produzir bombas e correntes elétricas.

–-Mas o que eles ganhariam matando pessoas aqui? –Disse O Doutor. –Tá, tudo bem, sempre que podem eles usam outras pessoas, mas por que mandar humanos matarem outros humanos?

–-Foram contratados para eliminar certas pessoas. –Explicou o policial. –Pessoas importantes, mas as correntes elétricas saíram de controle e acabaram pegando pessoas inocentes. –Ele suspirou. –Bom, vou indo. Avise O Doutor por mim, chiye. Até mais.

E saiu correndo.

–-Bom, um a menos. –Comentou O Doutor, começando a andar.

Eu o segui, decepcionada. Estava contando com o caso das correntes elétricas para enrolar antes de procurar os pais de Mellany.

Perguntamos para algumas pessoas e descobrimos onde ficava a escola local. Aparecemos lá nos passando por parentes de Mellany (viva o papel psíquico) e descobrimos onde ela morava com sua mãe. Seu pai fora morto tempos atrás.

A casa ficava em uma rua pouco movimentada. Respirei fundo e olhei para O Doutor. Ele bateu na porta da frente. Alguns minutos depois, uma mulher mu7itoparecida co Mellany apareceu.

–-Pois não? –Disse ela. Tinha enormes olheiras e trazia uma xícara de café nas mãos.

–-Viemos falar sobre sua filha, Mel...!

Mas a mulher interrompeu O Doutor agarrando-o pela camisa e o sacudindo.

–-Minha filha? Onde ela está? Ela está bem? –Ela parecia um tanto maluca. –Onde ela está?

–-Clama! –Disse O Doutor. –Calminha. Olhe, vamos entrar e lá dentro eu te explico tudo.

Nós entramos e a sentamos em uma cadeira a mesa da cozinha. Era um aposento pequeno mas muito bem arrumado. O Doutor preparou um chá e eu me sentei, esperando e evitando olhar para a mãe de Mellany. Me perguntei, pela milésima vez, como ela reagiria a noticia. O modo como agira na entrada fora uma boa amostra.

–-Então, como você se chama? –Perguntou O Doutor, servindo-a de chá.

–-Mariah. –Respondeu ela, segurando a xícara de chá com as duas mãos como uma criança. –Disseram que tinham notícias sobre Mellany? –Perguntou ansiosa.

–-Sim, mas antes disso, gostaria de saber se mais alguém mora aqui? –Perguntei. Afinal, ela não estaria em condições de se cuidar sozinha nos próximos dias.

–-O irmão mais velho de Mellany, Pietro. –Respondeu a senhora. –Chega do trabalho as cinco.

Mellany não mencionara que tinha um irmão. Por um segundo me senti magoada, então lembrei que não houvera tempo. Não houvera tempo para nada. Olhei de relance para o relógio da parede: Eram quatro e dez. Depois baixei a cabeça.

–-Certo. –Disse O Doutor. –O que acontece é que ela achou um relógio. Um relógio especial...

Ele mergulhou na explicação da história que já contei a vocês, de modo que acho desnecessário repeti-la. Claro, ele não contou logo de cara que a menina estava morta, parou na parte em que abríamos os relógios. A história foi meio genérica: Pulamos a grande guerra, pulamos a explicação das regenerações e pulamos a explicação da dor e da confusão que se sente ao abrir o relógio.

–-Então é isso? –Perguntou a mãe, esperançosa, sorrindo. –Ela agora é uma de vocês, uma... Senhora do tempo? Está por ai passeando, vendo as estrelas? Vai voltar para me ver no natal?

Balancei negativamente a cabeça ainda cabisbaixa.

–-Depois que abrimos os relógios, um daqueles aliens do mal que lhe falei, um dalek, acertou Mellany. Foram dois tiros: Ela não teve chance.

O sorriso do rosto da mulher desapareceu rapidamente. Ela permaneceu calada por alguns segundos, talvez tentando entender tudo o que eu dissera. Então correu os olhos pela cozinha, pelo Doutor e finalmente por mim.

Acho desnecessário narrar o que se seguiu: Tentamos de tudo para acalma-la, mas ela continuava berrando e chorando e gritando “não!”. Tentamos até que o filho mais velho, Pietro, entrou. Ele não se parecia tanto com Mellany; Devia ter puxado ao pai.

–-O que houve aqui? –Perguntou, abraçando a mãe em prantos. –Exigo uma explicação agora!

E mais uma vez nós narramos a história. Eu simplesmente não queria ter de repeti-la a ninguém, nunca mais. Doía muito. Se considere sortudo, leitor.

Depois de muito tempo deixamos os dois sozinhos e partimos. Iriam fiar bem, com o tempo iriam aprender a conviver com a dor. Todos aprendem. É parte do processo de estar vivo. Eu suspirei pesadamente. O Doutor não iria me forçar a voltar a mansão Makinamaha agora, mas não queria se covarde. Só precisava acabar de narrar a história ao pequeno Stevan e contar a sua mão o que acontecera. Droga. Teria de narrar a história mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

Se quiser saber mais sobre a reação da mãe, pode perguntar. Mas acho que você já sabe.
Dica que não tem nada a ver com a história: Comprem "Destrua esse diário" de Keri SMith. Eu me diverti muito fazedo as tarefas. Recomendo.



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