Dia - X escrita por Chiye


Capítulo 16
Capítulo 16 - Atando os laços.


Notas iniciais do capítulo

Sim, admito, eu chorei escrevendo esse capítulo. Que droga... :|



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/412875/chapter/16

Voltamos para a época de Stevan com a TARDIS. Ela pousou de maneira repentina, como se não quisesse estar ali e a porta se abriu. Um convite a sermos rápidos.

–-Eu posso ir, se você quiser. –Sugeriu O Doutor.

–-Não. Eu vou e vou sozinha.

Andei até a porta e ali parei e olhei para o velho senhor do tempo. Ele olhava para mim com o rosto carinhoso. Voltei a caminhar.

A entrada da Mansão Makinamaha se parecia muito com o que seria em alguns anos. Quase nada mudaria. Talvez apenas o triciclo não estivesse na entrada. E as flores com certeza não seriam as mesmas. O céu estava nanquim. A hora estava certa. Suspirei e abri a porta com minha chave de fenda sônica.

Detalhezinho de nada, leitor. Esqueci de mencionar o fato de que, durante os três anos que fiquei na terra, me permiti certas regalias. Entre as quais uma chave de fenda sônica prateada de luz lilás. Ou será que contei? Não, acho que não... É nisso que dá pular três anos da história. Erro meu, desculpem.

Entrei. Os corredores estavam vazios e silenciosos. Passei pela sala de estar em que um dia, muito tempo atrás em futuro distante, Stevan e sua mãe haviam me acolhido. O lugar não possuía tantos livros como na ultima visita. Era como eu me lembrava de Connte: Um amante dos livros.

Subi as escadas pela primeira vez e me deparei com muitas portas, todas fechadas. A minha sorte foi que, com a ajuda da luz da lua que se infiltrava pela janela, pude ver as plaquinhas coladas nas portas contendo os nomes de seus ocupantes.

Entrei no quarto de Connte, no momento Stevan. Ele, com seus seis anos de idade, estava meio deitado, meio sentado, esperando a história de sua mãe. O quarto estava escuro.

–-Mamãe? –Perguntou ele.

–-Sim, mamãe. –Respondi, sentando em um banquinho perto da porta. –Vim lhe contar sua história. –Literalmente, era a história dele.

–-Chegue mais perto. –Pediu ele. –Não consigo te ver.

–-Hoje vou ficar aqui. –Respondi. –Vou lhe contar sua história. Sua história.

Ele fez que sim com a cabeça, o olhar muito curioso. Tive vontade de chorar. Por que tudo aquilo tinha que acontecer? Eu sabia que ele morreria e não podia fazer nada. Nada.

–-A muito tempo— Contei a ele. –Um jovem viveu em um lindo lugar. Um lugar dourado, onde os sois iluminavam as montanhas resplandecentes e as arvores sussurravam ao vento brilhante. Um lugar muito velho e muito sábio. Um lugar lindo. Um lugar laranja.

Resolvi esconder os nomes de espécies e planetas: Era demais para um garotinho de seis anos e ele descobriria no tempo certo.

Stevan se acomodou melhor na cama e redobrou a atenção.

–-Nesse lugar, havia um grupo de sete pessoas que sabia segredos muito importantes. Segredos que ninguém mais conhecia. E esse grupo sabia que haveria uma guerra que destruiria o lugar. Então escolheram os três recém nascidos vindos das famílias mais fortes. Pegaram, simultaneamente, três recém nascidos em um outro lugar. Um lugar azul de tanta água que tinha. Um lugar cheio de vales e montanhas. E neve. Por que o lugar dourado não tinha neve.

“O grupo de sete pessoas criou os três recém nascidos do lugar laranja da mesma maneira que os três recém nascidos do lugar azul eram cuidados. Foram precisos exames e adaptações, mas eles conseguiram. Eram cópias, exatamente iguais até o ultimo fio de cabelo. Os recém nascidos cresceram e viraram garotos e garotas. Era vital que tivesses sistemas e emoções exatamente iguais.”

–-Não estou entendendo. –Disse o pequeno.

–-Apenas ouça. Um dia isso vai fazer sentido.

Olhei para o corredor para conferir se tudo estava limpo, então continuei.

–-Então a guerra prevista no lugar laranja veio e se foi, matando todos os que viviam ali. Mas, antes de tudo queimar, o grupo de sete pessoas extraiu a consciência dos três adolescentes e as deixou em um lugar seguro. Agora tinham três consciências trancafiadas e três corpos humanos no lugar azul. O plano teria dado certo? Por que ainda faltava que os corpos encontrassem as consciências. Guarde bem isso. Corpos no lugar azul e consciências do lugar laranja.

–-Não entendo! –Gritou ele.

Ouvi um barulho no corredor e olhei: A mãe de Stevan estava no corredor, vindo para o quarto do filho. Corri até a janela, abri-a e me pendurei no peitoral. Stevan, que viera até a janela, assistiu minha descida rápida até o chão. Pousei no gramado sem enxergar muita coisa pelas lágrimas nos olhos e corri para a TARDIS. Assim que entrei e fechei a porta, O Doutor decolou.

E foi ali, naquele momento, que, desde o dia em que abrira o relógio, eu chorei. Sentei no chão da TARDIS e simplesmente não me importei com nada no mundo.

–-Não, não... –O Doutor de ajoelhou ao meu lado e passou o braço pelos meus ombros. –Não chore. Escute, sei como é... Não chore...

Isso não era bem possível. A guerra. As mortes. Os gritos. As crianças. Meus pais. O planeta. Mirai. Connte. Skarguillo. A Instituição. Tudo. Absolutamente tudo. Minha mente não parava de repassar imagens de tudo aquilo e as lágrimas já não eram o suficiente.

O Doutor me tomou pelo braço e me levou até meu quarto, onde me sentei na cama e abracei os joelhos. Ele saiu por uns cinco minutos, depois voltou com duas xícaras de chá. Peguei uma, com as mãos tremulas e tentei parar de soluçar o bastante para tomá-lo. Fiquei meia hora calada até conseguir me acalmar o bastante para perguntar.

–-Como... Você consegue?

Olhei para O Doutor e notei que algumas lágrimas também escorriam dos seus olhos, mas ele parecia controlá-las melhor do que eu.

–-Não fui eu. Não exatamente. –Respondeu ele. –Eu estava como você: Não queria fazer nada nem resolver as pontas soltas que eu tinha.

Realmente. Era assim que eu tinha estado por anos: Não voltara ao futuro para descobrir a fonte das corrente elétricas e do quase assassinato de Mellany pelo Doutor, tão pouco me preocupara em voltar à fábrica dalek. Sequer avisara aos pais humanos de Mellany e Stevan o que havia acontecido...

–-Não é sua culpa, é um processo natural. –Disse ele.

–-Mas...

–-Definitivamente não é sua culpa. Eu teria ficado assim por um bom tempo, mas conheci uma pessoa. –Ele sorriu, olhando ao longe. Eu sorri junto. Sabia de quem ele estava falando: A época em que eu assistia a série. –Ela me ajudou a superar tudo. Depois fiz alguns amigos. Amigos são importantíssimos, Writer. Eles me ajudaram. Nunca superei tudo e nem vou superar. Mas aprendi a seguir e frente, mesmo com a dor. Você também vai.

Ele beijou minha testa.

–-Não precisa voltar lá agora. Espere até você se acalmar um pouco. –Então saiu.

“Fique calma. Você sabe que não poderia ter feito nada para impedir a guerra.” Ouvi a voz da TARDIS na minha cabeça.

“Sei que não.” Respondi. “Mas ainda dói.”

Ela ficou quieta, me deixando só com meus pensamentos.

Chega de falar de momentos tristes, não, leitor? Eu havia prometido contar por que a TARDIS falava comigo e não com O Doutor. Existem duas leis quanto a isso. Leis essas que só eram conhecidas pelas pessoas da Instituição, já que só nós tínhamos condições de seguir a primeira.

1 – Tenha a mente sincronizada com a nave e aberta a eventos temporais.

Ou seja, basicamente, volte da cerimônia aos oito anos, depois de vislumbrar certos pontos do tempo que normalmente faziam as pessoas enlouquecerem.

2 – Seja o dono da nave em questão.

Coisa que eu era desde meu primeiro dia na Instituição, muitos anos atrás.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

As únicas coisas que faltam serem contadas são os desfechos de problemas "secundários". Creio que isso não vá demorar muito.
A propósito, quem lê as fan fics da Hello Sweet pode ler aqui: http://sombra-do-beijo.blogspot.com.br/
A conta dela foi bloqueada. Corram lá, ela fez o blog só para isso.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dia - X" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.