Dia - X escrita por Chiye


Capítulo 12
Capítulo 12 - Mirai


Notas iniciais do capítulo

Voltei, humanos lindos.



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Os daleks pareciam estar ameaçando O Doutor. Ele estava recuando cada vez mais, até que uma hora levantou os braços. Tentei sair e ajudá-lo, mas ele olhou diretamente para mim por cima dos daleks e eu entendi: Não deixe eles pegarem o relógio.

O Doutor parecia estar conversando com eles. Distraindo-os... Então eles não olhariam para trás, para onde eu, Stevan e Mellany estávamos! Será que era isso? Devíamos correr? Mas... Para onde? A adrenalina corria dentro de mim. Teria pouco tempo. Buscaria Mellany primeiro. Então corri.

Corri do jeito mais silencioso que pude, o medo me passando em ondas. Ouvia O Doutor falando com eles, mas não distingui o que ele dizia. Olhei para dentro do ninho do meio e vi Stevan. Na fração de segundo em que passei, tentei dizê-lo com o olhar para ir para a outra porta, a que parecia ser mais recente. Então corri e entrei no ninho de Mellany. Ela usava o relógio como um colar e estava sentada em um canto, abraçando os joelhos. Ela me abraçou quando eu cheguei.

--Escute. –Sussurrei, rápido e baixo. –Nós vamos até a outra porta, sem ser a que viemos. Tem daleks lá fora, então teremos que fazer silencio. Vem, temos pouco tempo.

Ela apenas acenou com a cabeça e me seguiu. Percorremos a pequena distância até a porta e nos escondemos no espaço entre ela e a parede.

--Tenho que buscar Stevan!—Eu disse, apenas com o movimento dos lábios. Mas antes que eu pudesse sequer me mexer, ele apareceu ali, com um relógio na mão, e se escondeu com Mellany.

--E agora?—Sussurrou Mellany. –Para onde.

Dei uma espiada nos daleks e n’O Doutor. Por menos de um segundo, o senhor do tempo olhou para mim. Sorri tentando dizer que estávamos bem, mas sua expressão continuou fechada. Então ele fez um aceno mínimo com a cabeça. Não era para termos corrido, era para ficarmos dentro dos ninhos. Eu havia entendido errado. Mas antes que eu pudesse tomar qualquer atitude, os daleks começaram a virar em nossa direção. Tive tempo apenas de me espremer novamente na parede.

--Onde estão as crianças de Gallifrey?—Perguntou um dalek. –Nossos sensores as detectaram!

--Seus sensores devem estar defeituosos. –Desdenhou o senhor do tempo.

--Você virá conosco!—Disse um dalek.

--É a quinta vez que você repete isso. –Retrucou O Doutor.

--Você se nega a vir com os daleks para sua execução!

--Por que não me executam aqui?—Perguntou.

--Algo nessa sala bloqueia nossos poderes. –Informou um Dalek. –Se não seguir o plano tomaremos medidas extremas. Mesmo com o bloqueio do lugar, podemos nos auto-detonar.

--Tudo bem. –Concordou O Doutor. –Mas antes, quero que olhem para mim e ouçam minhas ultimas palavras. De onde vocês estão, atrás dos ninhos, olhem somente para mim e ouçam tudo o que eu dizer. É meu ultimo pedido.

--De acordo!—Disse um outro dalek.

O Doutor começou uma longa narração sobre sua vida, sobre o que sentia e muitas outras coisas demoradas. Stevan espiou para fora e sussurrou para nós, do seu canto. Mas não precisei do que ele falou para entender o que O Doutor havia dito.

--Acho que teremos que ir corredor adiante. Os daleks estão atrás dos ninhos, se voltarmos eles nos verão. O Doutor os está distraindo, mas pode ser que venham para cá.

Eu concordei. Não tinha outra solução.

--Mas e O Doutor?—sussurrou Mellany.

--Ele vai ficar bem. –Sussurrei em resposta, e corremos, silenciosos como gatos, na direção oposta aos daleks, parando apenas quando o corredor acabou em...

--Uma fábrica!—Eu disse. –Isso é uma fábrica!

E era mesmo. Um enorme maquinário empoeirado e daleks aqui e ali. O lugar era tão grande que se perdia de vista. As máquina eram muito altas. À esquerda, havia um caminho mais de três metros mais baixo que o resto do chão por onde passavam caçambas transportando coisas que deviam estar a mais de trezentos quilômetros por hora. Muito distante, a direita, havia uma porta que parecia pequena devido a distancia.

--Se entrarmos ali— Disse Stevan, apontando para a porta. –Talvez possamos dar a volta e voltar para a TARDIS.

Não era nada animador andar no meio de uma fábrica dalek, mas fomos mesmo assim. Tentei não pensar no relógio. Se havia uma fábrica daquele tamanho, os daleks provavelmente estavam planejando algo. Teríamos que impedir. Nos escondemos atrás de um motor barulhento enquanto dois deles passavam. Nos abaixamos para caber nas passagens menores e escalamos algumas máquinas mais baixas que estavam no caminho. Minhas mãos já estavam suadas por carregar o relógio, então limpei-o com a manga da blusa.

--Acho que devíamos abri-lo. –Disse Stevan. Estava muito sério e esfregava seu relógio com o polegar.

--Mas... Nem sabemos o que pode acontecer. –Disse.

--Podemos descobrir quem está aqui dentro. –Explicou ele.

--Não foi isso o que eu quis dizer. –Retruquei. –Podemos ficar inconscientes ou tontos ou...

--Pode doer. –Completou Mellany, se pendurando em meu braço, cansada.

A verdade era que nós três estávamos com medo. Afinal, quando se abre um relógio e liberta uma consciência de senhor do tempo para voltar ao corpo, toda a parte humana estará morta. Dezesseis anos estariam mortos. Mas será que teriam mesmo vivido? Podiam muito bem ser só memórias falsas, colocadas em minha cabeça para eu não suspeitar de nada. Comecei a repassar alguns momentos da minha infância, tentando achar incoerências, e fui logo interrompida por um pesado suspiro de Stevan.

--Vou abrir. –Informou ele. Tremia da cabeça aos pés.

--Espere!—Disse, involuntariamente. –Vou abrir também.

Mellany ficou calada por alguns segundos, enquanto eu e Stevan nos sentávamos lado a lado, então disse:

--Também vou. –E se sentou junto de nós.

Meio dessincronizados, abrimos os relógios. Uma luz laranja saiu de lá de dentro e me cercou. Senti a mão de Stevan apertar a minha e um segundo depois fechei os olhos com força e enfiei o pulso na boca para não gritar. Minha outra mão apertava a de Stevan. O relógio estava largado no chão. Ouvi Mellany gritar.

Todo o meu corpo, célula por célula, neurônio por neurônio pareciam estar em chamas. A dor atingiu seu auge e então começou a decair, mas ainda era muito intensa. Então veio a parte mental da coisa. Onde eu estava? Estava em Gallifrey, na Instituição. Iriam me matar... Não, estava na fábrica daleks, a humana... Mas as duas lembranças eram igualmente frescas, ambas tinham acabado de acontecer, ao mesmo tempo ainda por cima... Como isso era possivel? Minha mente estava uma confusão.

Percebi que estava deitada no chão. Stevan estava ao meu lado, ainda segurando minha mão e senti Mellany do outro.

--Você está bem? –Perguntou ele.

--Ste... Connte?—Perguntei. Ele concordou com a cabeça. Parecia meio em duvida também. Se apoiou nos cotovelos e virou para Mellany. Segui seu exemplo e virei a cabeça. Ela também estava deitada. –E você?

--Estou. Acho... Acho que isso significa que o plano da Instituição deu certo?

--Acho que sim. –Disse Contte. Algumas lágrimas lhe escorreram dos olhos. –Mas que droga...

--Estão todos mortos. –Eu disse. Por que era verdade. O Doutor era o ultimo. Era... A série contava que o planeta havia queimado. Todos... TODOS! Aquilo não era justo! Maldito universo!

Connte se levantou e nos ajudou a se levantar também. Por algum motivo guardamos os relógios conosco.

Uma nota, leitor: Daqui para a frente, como você leu, estará lidando com senhores do tempo e não mais com humanos. Portanto, é melhor tratar-nos de maneira correta. Eu, como Writer. Stevan, como Connte. Mellany, como Mirai. Vou ficar devendo a explicação dos nomes por mais um tempo, mas não a esqueci.

--Vamos voltar para a TARDIS?—Sugeri.

Mas antes que pudéssemos dar um passo sequer, ouvimos um som rouco de EXTERMINAR! E o olhar de Mirai vacilou. Ela permaneceu parada por alguns segundos, mas, antes que pudesse sequer abrir os braços, um segundo tiro a atingiu. Vi a luz deixar seus olhos e seu corpo cair, morto.

Tenho consciência de que gritei horrivelmente e que Connte me arrastou dali enquanto uma saraivada de tiros daleks passavam por nós.

--Não podemos salvá-la!—Disse ele. –Writer, por favor, tudo o que podemos fazer agora é fugir.

Então nós corremos.


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Notas finais do capítulo

Triste... Eu quase chorei escrevendo isso. Mas enfim, como vão?



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