Dia - X escrita por Chiye


Capítulo 11
Capítulo 11 - Uma canção


Notas iniciais do capítulo

Que frio!!! Sinceramente, aqui está congelando...



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Era um enorme corredor no estilo cavernoso, iluminado por enormes archotes. O chão e o teto eram de pedra e o seu fim ficava oculto pelas trevas.

--Fiquem aqui dentro. –Disse O Doutor. –Eu vou ver o que há mais para a frente.

--Mas pode ser perigoso! –Disse Stevan. –Me deixe ir junto.

--Escutem, é melhor...

--Não, ou vamos nós dois, ou não vai ninguém! –Stevan interrompeu O Doutor.

--Nós três! –Disse Mellany.

--Nós quatro, oras. –Retruquei .

--Mas nem pensar!—Disse O Doutor. –Alguém tem que vigiar a TARDIS. Vocês duas ficam e o Stevan vem comigo. Chiye, mantenha a porta aberta.

Os dois saíram, deixando eu e Mellany de cara emburrada. Mas menos de um segundo depois deles saírem, Mellany se esgueirou pela porta, risonha.

--Hey, me espere!—Gritei, tentando segui-la.

--Alguém tem que manter a porta aberta, por precaução. –Riu ela, desaparecendo porta afora.

Bufei, indignada. Havia sido ludibriada por uma fedelha de treze anos!

--Escute, temos pouco tempo. –Disse uma voz em algum lugar. Levei um enorme susto e dei um pulo, em pânico.

--Fique calma. –Disse a voz. Consegui notar que estava apenas na minha cabeça. Tinha todos os sons e som nenhum. Era incrível.

--Quem é?—Perguntei, ainda meio assustada, embora tivesse um palpite.

--Sou eu, a TARDIS.

--HÃ!? VOCÊ ESTÁ FALANDO COMIGO!?—Gritei.

--Por favor, fale baixo. –Pediu ela. –Eles podem voltar e ouvir. Não podem saber que falei com você, pelo menos não agora. Isso geraria muitas perguntas. Entendeu? Pode ficar relaxada, não vou fechar a porta nem sair dessa vez.

Ela falava apressada, porém muito gentil. Meu medo desapareceu completamente e eu me afastei alguns passos da porta na direção do console.

--Então, a segunda coisa que preciso é que você, Mellany e Stevan cheguem ao fim do caminho que começa nesse corredor. Isso é vital. O Doutor não precisa estar lá, apenas vocês, entendeu?

--Entendi, mas por que?

--Há algo lá que você precisa achar. É o máximo que posso contar agora.

--Tudo bem, então... –Respondi. –Hey, na série, nunca vi você falar com O Doutor.

--Por que nunca falei. Pelo menos não dessa maneira. –Disse ela. Me lembrei do episodio no qual a nave virava uma mulher. –Existe uma regra que diz com quem posso falar. Só posso falar com você.

--Mas por que? –Perguntei.

--Isso foi determinado a muito tempo. –Respondeu ela. –É por que... Eles estão vindo, aja normalmente.

E ficou em silencio. Eu voltei para a porta, fingindo que estivera ali o tempo todo. Alguns segundos depois, o trio chegou. O Doutor segurava Mellany pela mão, como se temesse que ela saísse correndo outra vez.

--Esse corredor parece que não acaba! –Disse Stevan.

--Devíamos ir nele até achar um final. –Sugeri.

--Mas por que? –Perguntou O Doutor.

Dei de ombros. Como os convenceria sem mencionar a TARDIS?

--Aconteceu alguma coisa?—Perguntou Mellany, olhando para mim. –Você parece estranha.

Ah, nada, foi só a TARDIS falando comigo.

--Estou bem. –Disse.

--Acho que devíamos voltar. –Sugeriu O Doutor.

--Não!—Dissemos eu e Stevan juntos.

--Ainda acho que devíamos seguir no corredor.

Eu tentei. Passei horas insistindo. Mas ninguém quis me ouvir. Mas a TARDIS se recusou a partir. Então, depois de muito tempo, O Doutor topou seguir pelo corredor.

--Está bem!—Gritara ele. –Vamos ver o que há, droga!

Parecia muito estressado, e não era para menos. Havia visto seu povo queimar; todos serem consumidos. Tivera algumas esperanças depois, falsos convites e até um outro senhor do tempo, o Mestre. Mas nada disso restaurara sua paz interior. E agora lá estávamos; Três possíveis senhores do tempo. Ele não sabia quem éramos nem o que aconteceria. Podia ter algo de volta, ou perder mais ainda. Nem nós mesmos sabíamos o que fazer.

Então nós quatro começamos a andar. E realmente, o corredor parecia não acabar. A TARDIS ficou para trás, fora de vista, mas o caminho não acabava nem mudava.

--Mas que droga!—Murmurou Stevan, chutando uma pedra.

Então uma voz ressoou. Não era a TARDIS, vinha das paredes. Era muito grave e parecia resguardar um esplendor antigo. Todos nós paramos. A voz cantava. Uma canção antiga e esquecida pelo. Uma canção em uma língua estranha. Mesmo não entendendo nada, a música me tocou intensamente. Fiquei muito triste. Ao pouco, vozes femininas foram sendo acrescentadas à música, formando uma sinfonia lindamente dramática. Foi impossível não deixar ali algumas lágrimas.

As vozes femininas foram sumindo, uma a uma e por fim a voz grave também silenciou. Na nossa frente, O Doutor caiu de joelhos. Tremia descontroladamente. Gelados de medo, nós três enxugamos as lágrimas e fomos até ele, correndo, achando que estivesse passando mal.

O Doutor olhava para o chão, os olhos meio esbugalhados, a camisa completamente molhada de lágrimas e as duas mãos no peito.

--Você está bem?—Perguntou Mellany. Ela havia agarrado nas mãos minha e de Stevan, assustada. E de repente eu sabia que língua era a da canção. Por que só ela podia causar isso n’O Doutor. Gallifreyan. A língua morta dos senhores do tempo.

--Doutor, o que foi isso?—Perguntei por dois motivos. Primeiro: Sabia que ele devia entender a letra. Segundo: Aquela canção não aparecia ali por nada.

--Aquilo era Gallifreyan. –Respondeu ele com a voz falhada.

--Você entendeu, não é?—Perguntou Stevan. O Doutor assentiu. –Então nos conte o que a canção diz!

O Doutor sorriu, como se prestigiasse boas lembranças.

--Ela dizia...

Mas um som rouco fez com que todos se calassem. Foi com um arrepio na nuca que ouvi, ao longe, uma voz meio robotizada.

--O plano deve ser executado! As crianças de Gallifrey devem ser exterminadas!

Ficamos todos parados. O som estava muito longe a frente, justamente para onde deveríamos ir, segundo a TARDIS. A série eles podiam ser até divertidos, como saleiros bonitinhos, mas na vida real me causaram ondas de ódio e medo, tudo junto.

Sem dizer uma palavra, O Doutor se levantou e começou a andar. Eu o acompanhei e Stevan veio atrás de mim. Mellany correu e agarrou a mão do senhor do tempo: Uma criança assustada. Stevan agarrou minha mão e eu supus, pelo seu sorriso presunçoso, que aquilo não tinha nada a ver com o medo.

O corredor foi ficando mais claro e mais claro e mais claro e mais claro... A camada de pedras do chão foi aos poucos sumindo e dando lugar a um chão de vidro sob o qual corriam inúmeros fios. Então chegamos a uma enorme sala com paredes brancas. Havia três coisas enormes que lembravam ninhos de joão-de-barro gigantes, com a abertura voltada para os visitantes. Tudo ali, apesar de serem pura tecnologia, exalavam algo antigo e poderoso.

Lembro de ter me sentido especialmente interessada no ninho mais a direita. Não sabia exatamente o porque. Nos poucos segundos em que ficamos parados, senti um enorme vazio e um enorme medo. No fundo, depois de tudo, havia uma porta que parecia ter sido feita a menos tempo que o resto da sala. Até hoje não tenho a mínima ideia de quanto tempo passamos ali. Então, da porta a nossa frente, ouvimos novamente a voz dos daleks.

--Eles estão na sala. Iremos nos teletransportar até a entrada e cercá-los.

Olhei para Stevan e ergui uma sobrancelha por que a)Os daleks estavam nos cercando e b)ele ainda não havia soltado minha mão. Nessa hora, porém, Mellany se soltou d’O Doutor e foi andando até o ninho mais a esquerda.

--Volte aqui!—Disse O Doutor.

--Estamos sem tempo!—Disse ela, entrando. –Tem daleks nas duas portas.

Isso era inegável.

--Hey, olhem os outros dois ninhos!—Disse ela. –Olhem!

--O que tem lá?—Perguntei. Ela não respondeu. O Doutor suspirou: Um velho cansado.

--É melhor você irem. –Disse, olhando para eu e Stevan. Sem saber por que, nós obedecemos. Fomos até perto dos ninhos, soltamos as mãos e nos separamos. Ele foi até o ninho do meio, eu até o da direita. Antes de entrar olhei para O Doutor. Ele sorriu, me encorajando.

O lado de dentro do ninho era (e eu devia ter previsto) maior que o lado de fora. Havia algumas estantes cheias de livros, tecidos, instrumentos e potes etiquetados em Gallifreyan. Mas o que mais me chamou a atenção ficava bem no centro, em cima de uma mesinha, dentro de uma caixa adornada. Estava coberto de poeira. Aliás, tudo ali estava.

Minhas pernas bambearam. Perdi o fôlego. Tive que me segurar em uma estante para não cair. Não sabia ao certo tudo o que sentia, era complexo demais. Por um segundo quis correr, mas essa sensação logo passou. Aquilo me chamava do mesmo modo que um imã chama um metal. Foi uma sorte eu demorar tanto para pegar o relógio. Antes de sair, vi que havia dois daleks lá fora, conversando com O Doutor. Me escondi atrás de uma estante. De algum modo eu não ouvia o que diziam. Imaginei que o ninho devia impedir a entrada das ondas sonoras.

Eu não sabia como sabia, mas soube quem precisava tirar aquele relógio dali sem deixar que os daleks vissem.


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Notas finais do capítulo

~suspense~



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