Escuro

Escuro demais

Quanto tempo eu passei aqui? Uma hora, duas?Quer saber,pouco me importa, isso é pouco em comparação a ficar meses dentro dessa sala fétida sem nem ter o que comer direito. Tentei sair da minha posição atual mesmo que só um pouco,ficar sentada esse período já tem deixado meu traseiro duro,em vão,as correntes presas a mim me deixavam com a incapacidade de me mover muito.Eu poderia muito facilmente quebra-las,só que todas eram de prata,essas porcarias sempre sugam minha força.

_Tsc,tudo isso só porque eu fui dar uma voltinha? –indaguei – com certeza esse pessoal leva tudo a serio mesmo.

Mas o que mais me intriga nesse momento é aquele caçador, sim, faz tempo que eu não vejo um daquele nível, aquele olhar frio e implacável, pronto para abater sua presa sem dó.

”interessante” pensei.

Mas pude ver que ele não estava só.Ultimamente eu tenho sentido uns cheiros estranhos vindos da floresta fora aquele odor de carne morta,com certeza era um grupo grande.

_heh,parece que algo grande vai acontecer por aqui – sorri descaradamente enquanto contava quantos ratos tinham naquele cubículo ao todo.

Uma maneira de passar o tédio sabe?Se não era isso, eu ficava dormindo boa parte do tempo ou jogando pedrinhas que eu encontrava no chão. Até que percebo uma poça d’agua bem abaixo dos meus pés, olhei diretamente pro meu reflexo, não me considerava muito bonita, tinha cabelos pretos com algumas mechas rebeldes,como se fossem cascatas ,esse padrão se repetia no cabelo todo ( N/A :é como se fosse o cabelo da kurenai de naruto),possuía três pintas na minha bochecha esquerda,meus olhos eram arredondados cor de safira,segundo minha mãe : “a entrada para o céu mais límpido do mundo”.

Soltei uma risada discreta amostrando meus caninos que brilhavam um pouco naquele breu, outra vez me peguei pensando na minha família, como eu tinha saudades deles, e falando nisso.

Será que estão vivos ainda?

Essa era uma duvida cruel que por varias vezes me tirava o sono. Abracei minhas pernas como resposta aos meus pensamentos. Meus devaneios foram cortados por um barulho semelhante a um guincho enferrujado a alguns metros da minha frente.

_parece que minha espera acabou,não aguentava mais esse lugar! – falei enquanto tentava alongar meu pescoço embora sentisse dificuldade de fazer isso.

Um homem de estatura média, cabelos brancos espetados,porte físico bom e com barba malfeita andou na minha direção com uma chave marrom em mãos.

_ o meu mestre deseja vê-la, mas se eu fosse você tirava esse sorriso cínico da cara,as coisas não estão muito boas para o seu lado. – retrucou o homem enquanto abria as minhas correntes.

_Besteira, aquele velho no máximo vai me mandar ficar nesse cômodo entedioso por mais 5 meses. –rebati enquanto passava a mão no local onde estavam as correntes anteriormente numa forma de amenizar a vermelhidão ardente.

O grisalho não falou mais nada, saímos daquele bendito quarto e o rapaz prosseguia viagem até o quarto daquele velho, enquanto isso passávamos por diversos corredores com várias portas, as mais importantes eram as prateadas com acesso restrito para servos e novatos, o local podia ser grande, mas eu conhecia tudo como a palma da minha mão,afinal,anos naquele local permitiram aprender sobre varias coisas no qual algumas podiam ser bem dolorosas.Viramos um corredor largo que dava em uma porta de madeira com detalhes dourados inclusive na maçaneta .

Adentramos ao cômodo, lá dentro podia-se encontrar algumas prateleiras com diversos livros sobre a estrutura humana, outros de biologia, de vários tamanhos, formas e qualidade. No centro estava uma mesa com vários papeis espalhados, olhei de relance e pude ver que alguns tratavam de experimentos de alta importância, ”tipico” imaginei enquanto fitava na mesa uma plaquinha média com letras marrons dizendo as principais palavras que eu odeio “DR.ichirou”.

Ah, aquele nome ainda causava alguns calafrios na minha espinha. Eis meus amigos, diante de mim está o cara que pode transformar sua vida em um belo inferno, como?Que tal você experimentar ser cobaia dele, aposto que vai adorar ficar em sua companhia 24 horas por dias, garanto!

_ Me deixa adivinhar, tentativa de fuga? – falou o homem de cabelos azuis lisos enquanto abaixava a papelada focando seu olhar cor vinho em direção a mim.

Assentiu o homem de cabelos grilhasos.O doutor tirou seus óculos e ao mesmo tempo massageava suas temporas como uma maneira de se acalmar antes que explodisse.

_Lunna já é a terceira vez desse mês!Quantas vezes eu precisarei lhe colocar na cela até que aprenda???!! –esbravejou o homem que tinha seus olhos cheios de fúria – nem as injeções adiantam!

_ não seja tão duro consigo mesmo velhote,eu só fui dar um passeio noturno,aposto que você nem percebe eu saindo,afinal,quem recusaria a bela companhia daquelas vadias que o senhor contrata?Duvido que seu “amiginho” não goste de receber atenção especial também. – repliquei com uma expressão cinica

Isso foi a gota d’agua,tudo o que eu podia ver era papelada voando e a mesa indo aos ares,em seguida apenas sinto minha bochecha se deformando em dor com o soco que levei do mesmo,minhas pernas vacilaram mas me recompus antes que fosse ao chão.

_ COMO SE ATREVE SUA PUTINHA DESGRAÇADA??!!! – vociferou em plena raiva agarrando a blusa que eu vestia no momento com uma mão e com a outra apontava um bisturi para o meu pescoço.

_ calma ai doutor, acho que o seu chefe não gostaria que sua valiosa “chave” morresse agora,não é mesmo? – perguntei cinicamente lambendo o filete de sangue que escorria no canto da minha boca.

O azulado trincou os dentes me largando fazendo com que eu caísse de bunda no chão. Sorri vitoriosa e ao mesmo tempo o velhote se dirigiu a mesa pegando uma chave prateada um pouco grande, na mesma hora meu sorriso sumiu e meus olhos se arregalaram.

_ se eu não posso te matar pelo menos vou fazer sofrer um pouquinho – falou abrindo um sorriso totalmente psicopata e entregando a chave para o albino que até agora só tinha observado tudo calado.

_NÃO,AQUELE INFERNO DE NOVO NÃO!!! – berrei enquanto tentava-me desvinlhichar dos braços de dois assistentes bastante fortes.

Continuei gritando e lutando até sair daquele quarto com a figura do doutor acenando para mim com um sorriso cinico.

_ VOCÊS PODEM ME PRENDER, ME ACORRENTAR, TORTURAR MEU CORPO E DESTRUIR MINHA ALMA, MAS NUNCA PODERÃO EXTINGUIR O MONSTRO QUE REGE MEU ESPIRITO!! –gritei com todas as minhas forçar

Todos me arrastaram até uma porta prateada, o albino colocou e girou a chave no trinco para em seguida abrir uma porta que revelava um quarto com varias correntes penduradas no teto e diversos equipamentos de tortura que enfeitavam as paredes daquele lugar tenebroso.

Com um pouco de dificuldade prenderam meu pescoço, braços e pernas nas respectivas correntes fazendo com que eu ficasse totalmente imóvel,assim como as correntes anteriores essas eram feitas do mesmo material,ou seja,nada de fugir.Tentei mexer minha cabeça um pouco e pude ver que um dos assistentes pegava uma seringa com um liquido bastante familiar pra mim,arregalei meus olhos mais ainda.

_ não me diga que..!! – comecei a suar frio

_ isso mesmo, noripurum altamente concentrada – respondeu o albino com um sorriso sádico.

O mesmo se dirigiu a mim injetando o liquido nas minhas costas que até o momento estavam agitadas. No começo tudo parecia normal, mas foi ai que as coisas pioraram, no começo tudo parecia queimar dentro de mim,como se tivessem colocado lava nas minhas veias,depois veio a tontura seguida de uma dor excruciante em cada osso do meu corpo, comecei a berrar com todas as minhas forças pedindo para que aquilo tudo terminasse e por ultimo veio os espasmos musculares.O que tinha sido dor por alguns minutos era como se fossem uma eternidade para mim.

E como não se fosse o suficiente, todos os ali presentes pegaram objetos pontiagudos que não conseguia identificar direito por causa da tontura, naquela atura do campeonato eu não conseguia raciocinar direito, estava suando e cansada.

_ não durma sua imprestável!- gritou um homem moreno enquanto puxava meus cabelos para me manter acordada. – a brincadeira esta apenas começando.

Pegaram as armas e banharam em uma substancia que deduzi ser prata pelo brilho, logo depois começaram a transpassar meu corpo com aqueles objetos. Se eu me sentia queimando antes, agora parecia que cada celular minha iria evaporar com aquela ardencia infernal, lagrimas grossas escorriam rapidamente dos meus olhos junto com o meu sangue que jorrava em grande quantidade do meu corpo.

_ desgraçados, irei mata-los um por um – balbuciei sem mais forçar para falar.

Ninguém parecia me escutar e continuaram me espetando até que estivessem cansados e que a sala estivesse coberta de manchas de sangue.

Minha vista começou a escurecer e antes que eu apagasse totalmente pude ver tudo estremecer e varias pessoas correndo desesperadas pelo corredor.

No escuro de novo.