O Mistério no País das Maravilhas escrita por GhostWolf


Capítulo 2
Ronald Ainsworth


Notas iniciais do capítulo

Bomm, depois de 3981341891 anos, aqui está o capítulo 2.



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Eu me chamo Ronald Ainsworth, e em setembro de 1885, eu e minha melhor amiga de infância, Mary Elizabeth Richardson, nos casamos. Ela era a chave do meu cadeado, que o Dr. Watson e seus companheiros devem conhecer pelo nome de coração. Ah, eu e Mary Elizabeth sempre vivemos uma história de amor tão linda, que não lhe deve interessar, sr. Holmes, então não entrarei em detalhes.

Assim foi o primeiro minuto de Ronald falando. Depois ficou alguns segundos em silêncio, chorando com seu cadeado após sua mente ter sido invadida por boas memórias. Me senti orgulhoso de notar isso; dias depois do término deste caso eu comentei isso com Holmes, e meu amigo disse que só um tolo não notaria.

Para começar, Mary Elizabeth tinha uma família de classe alta e eu era descendente de uma classe média. Eu era professor de história quando nos conhecemos, mas, quando nos casamos, vieram os altos custos de ser alguém independente e eu comecei a trabalhar como advogado, já ela, ela se formou como uma pediatra, além de ter escrito 3 livros de fantasia infantil. Como ela me inspirava! Aquela pequena leitora que adorava crianças. Em 2 anos, eu e Mary Elizabeth percebemos que estávamos ricos, e neste mesmo ano nós nos mudamos. Ela tinha uma biblioteca enorme com vários autores, incluindo seu favorito, Charles Dickens; mas seu livro favorito contava aventuras de uma menina chamada Alice, escrito por Lewis Carroll. Sim, 1887 foi um ótimo ano para eu e minh'amada, mas a melhor notícia que tive foi saber que eu seria pai. Em setembro, nasceu nossa Alice, nosso sol e nossa lua, nossa nuvem e nossa estrela.

Não seria segredo para ninguém saber que ela foi chamada assim como homenagem à protagonista do livro de Lewis Carroll. Mas Mary Elizabeth sempre sonhou em ter uma menina. E sua emoção foi tanta que a deixei com a obrigação de escolher o nome. Não que importava com isso; Lizbet (quando eu era criança, não conseguia falar Mary Elizabeth, e comecei a chamar de Lizbet, e virou um apelido) adorava ler nas noites, e eu não sou um fã de livros infantis de fantasia ou aventura (como antigo professor de história, tenho uma enorme simpatia por biografias), mas sempre tive um gosto pela literatura de Lewis Carroll. Senhores, sei bem que ambos não têm filhas, mas a minha vida se resumia em chegar em casa e ver as minhas meninas, uma lendo, a outra escutando, na frente da lareira. Como era bom, ter uma família. E os Ainsworth cresciam. Nós adotamos uma gata no 2º aniversário de Alice, chamada Marie Antoinette. Isso porque Lizbet estava lendo Les Miserables, e eu, um eterno amante de história, sempre adorei a Revolução Francesa.

E eu sempre me lembrarei daquela noite maldita. Alice completara 4 anos, e Marie Antoinette ia ter 3 filhotes. Nós estávamos voltando do veterinário, e Lizbet falou que era hora, era hora de contar para a nossa pequenina que a gata não era a única que ia ter um bebê; Alice ia ter um irmãozinho (em homenagem a minha pequena Alice lendo "Viagem ao Centro da Terra", iria se chamar Julian, e sei que ela o chamaria de Jules)! Ela mesma estava carregando Marie Antoinette, e quando o sinal fechou, ela falou que a gata estava pesada e a colocou um pouco no chão. Mas um cachorro que acabara de sair do veterinário latiu, e nossa gata se assustou, correndo para frente. Alice gritou, e olhou para Mary Elizabeth. Ela correu para salvar Marie Antoinette antes que fosse tarde demais, e foi. Um ônibus atropelou as duas. Um ônibus matou 6 seres vivos. Nossa nuvem chorou.

Uma lágrima escorreu no olho de Ronald. Aquela história me comoveu, confesso, mas Holmes me pareceu querer saber mais do caso em si. E que todos me perdoem, mas realmente pareceu! Não creio que a insensibilidade do meu amigo seja assim, embora sua sensibilidade não é das melhores.

Nunca amei outra mulher a não ser minha Alice, e serei eternamente fiel à esposa do meu coração, que no momento deve estar lendo histórias de ninar para o pequeno Jules, enquanto cuida de quatro gatos. Alice completou 7 anos semana passada. E ontem a noite, eu botei Alice para dormir. Como sempre fazíamos, comentamos sobre nosso dia. Eu contei para ela que defendi um "moço" hoje. Ela pareceu entediada, até eu falar que o defendi de um carro. Sou um advogado, que acabara de salvar um gato de ser atropelado! Não queria mais um pobre que morrera como morreu Marie Antoinette. Mostrei para ela o filhote, e ela sorriu. "Papai, ele parece um anjo dormindo... vou chamá-lo de Jules!". Aquilo me emocionou, e ela já sabia da existência de Julian. E então, ela me contou do dela.

"Eu fui para a escola e depois fui almoçar com as gêmeas." - Palavras de uma criança com a voz de um homem maduro. - Fui brincar de boneca na casa delas e às 17h saímos para beber chá no restaurante dos pais deles, que estavam trabalhando. Lá tinha um homem maluco! Ele parecia conversar com uma lebre de pelúcia enquanto bebia chá. Eu percebi então, papai, que era o Chapeleiro Maluco!"

Alice me contou que olhava para o insano homem, admirada com seu personagem favorito em uma realidade. Até que ele a olhou. A inteligente e pequena Alice, de olhos azuis, cabelos louros num arco preto, e com um vestido azul com um avental branco por estar brincando de dona de casa, inocentemente, há poucos minutos. Seus olhos se encontraram e o insano sorriu. Ela me contou como ele se sentou ao seu lado quando suas amigas foram conversar com seus pais.

– Alice? - Disse o maluco, ainda com um sorriso.

– Chapeleiro Maluco? - Ela sorriu, ingênua.

– Quer ir para o País das Maravilhas? - Seus olhos brilharam.

– Quero muito! - E foi olhando percebendo que a mãe das gêmeas estava, sorrindo, indo ao seu encontro perguntando se ela gostaria que a levasse para casa quando eu sair do trabalho, que percebeu que o maluco sumira.

Ao acordar hoje de manhã, percebi que Alice ainda dormia e fui a acordar, para não se atrasar para a escola. Surpresa! Ela tinha sumido, e deixou este bilhete.

– E foi assim, sr. Holmes, - disse Ronald, - que Alice foi capturada. Eu matarei aquele Chapeleiro! Irei torturá-lo, e...

– Muita calma, sr. Ronald. - Meu amigo disse - Eu não sei se sou o melhor para encontrar crianças. Mas seu depoimento é interessantíssimo, apesar de que muito fantasioso. Porém, agradeço a sua visit...

– O senhor não irá me ajudar?

– Caro sr. Ronald, espero que me entenda, eu não leio contos de fadas.

O homem, indignado, foi embora.

– Sabe, Watson, - disse meu amigo - eu deveria me envergonhar.

Fiquei surpreso ao ouvir isto.

– Se arrependeu ao não ajudar o velho? - eu respondi

– Muito pelo contrário! Ele não é velho, é um jovem. Sua aparência solitária e matura o fazem parecer tão velho. Meus métodos não são sempre certos, viu? - Ele riu, e continuou a tocar o violino.

Eu, contando para vocês agora, só posso dizer isto: pobre Holmes! Pobre Ronald! Pobre Alice!

Se meu amigo, Sherlock Holmes, tivesse aceitado o caso agora, creio que não passaríamos por tanta dificuldade que o futuro neste caso nos espera.


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