O Mistério no País das Maravilhas escrita por GhostWolf


Capítulo 1
Início do Caso


Notas iniciais do capítulo

Bom, essa é na verdade a minha primeira fanfic. Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/412721/chapter/1

Eu já estava me acostumando com o fato de que meu companheiro, Sherlock Holmes, era um homem brilhantemente inteligente e observador, e que suas falas não eram, na verdade, pura sorte. E, tenho que falar, coitado daquele que achar que é pura enganação! Holmes era um homem brilhante, e devo falar que sua melodia no violino estava cada vez mais bela (na verdade, eu me lembro muito bem quando o ouvi tocando violino pela primeira vez, na mesma época em que houve o caso de Jefferson Hope¹).

Porém, ele ainda era um tanto egocêntrico, e muitas vezes preguiçoso. Orgulhoso de cada monografia feita, sendo uma das mais famosas a chamada "A Ciência da Dedução", e não podia fazer um elogio sequer de suas observações sem que as pálidas bochechas do mesmo corassem. Já mencionei em outras histórias o quanto ele era sensível com suas obras e suas teorias, tão sensíveis como uma adolescente lendo os mais românticos Sonetos de Shakespeare, esperando um bem amado que a elogiasse e a fizesse corar.

E eu me lembro muito bem daquela noite, uma noite de verão, em que Holmes tocava o violino olhando pela janela, observando o movimento em frente ao nosso apartamento, na rua Baker Street, 221B, enquanto eu lia uma das belas e sombrias obras de Edgar Allan Poe (pode ter me ajudado com os pesadelos que tive ao longo desta história), quando meu companheiro despertou minha atenção.

– Agora, Watson, - ele disse - Um rico viúvo de aproximadamente 40 anos está vindo falar conosco sobre sua filha perdida de 7 anos. Ele quer que nós achemos ela. E eu não aceitarei; posso ser detetive, mas ainda não faço todo o trabalho enquanto Lestrade e seus lacaios da Scotland Yard bebem café e comem omeletes; cortesia da sra. Hudson (e suas maravilhosas habilidades irlandesas na cozinha, principalmente durante o café da manhã).

Eu olhei para Holmes (que estava descansando de um caso muito problemático e pronto para ir para outro), e logo levantei-me da cadeira em frente à lareira, para olhar para a janela. Um homem de cabelo castanho claro com fios grisalhos e um bigode acabara de estacionar o carro na frente de nosso apartamento. Com um rosto um tanto desesperado, pegando papéis ao lado de um coelho de pelúcia no banco traseiro.

– É verdade que ele parece estar com 40 - Eu disse, tentando parecer um tanto observador - Mas por que você diz que sua filha está perdida?

– Meu caro doutor! Preste atenção não apenas no cabelo do homem, mas nos detalhes, e nos detalhes mais ocultos que existem! - Ele respondeu, como se tivesse lido minha mente para saber o motivo de achar que o homem tem 40 anos - Todos os bancos parecem novos. Mas há diferença entre o banco do motorista e o banco ao lado. O banco ao lado está mais novo e menos gasto, mostrando que, embora menos, foi usado. Porém, o banco do motorista está mais gasto, porém não tem aparência velha, mostrando que o homem se importa com o carro e quer vê-lo limpo.

– Quem usou poderia ser visita. - A expressão de Holmes era clara; ele odiou o fato d'eu ter interrompido-o. Iria me desculpar, se meu companheiro não tivesse me interrompido também.

– Os bancos traseiros estão gastos, em especial aquele atrás do banco menos gasto, mostrando que tinha alguém que sentava no banco de trás. Poderia ser uma mulher? Não, o resto do banco também está gasto, porém diferente, parecendo com marcas de sapatilhas, mostrando que a pessoa deitava as vezes quando estava muito cansada, e quando deitava, tinha o tamanho perfeito do banco traseiro inteiro, provando que era uma criança. Mas está tão gasto que prova que não era uma criança sobrinha nem vizinha. Não: era a filha. Filha, porque além da sapatilha, há um coelho de pelúcia com uma blusa e é possível perceber que, embaixo do banco, há mais roupa para colocar no coelho, algo que meninas de aproximadamente 7 anos fazem, além de que nessa idade a menina teria o tamanho perfeito para se deitar no banco. Porém, como eu disse, a parte mais gasta é atrás do banco menos gasto, minha teoria é de que ela senta lá por causa das saudades de alguém que costumava sentar a sua frente.. Provavelmente seria a mulher desse homem, mãe da menina.

– E por que ela morreu? Não se divorciou do marido?

– É uma hipótese provável. Mas perceba que o homem ainda está com a aliança. Um namoro? Não, a aliança é um tanto velha, e ele não usaria a aliança se tivesse se divorciado. Então a mulher deve ter morrido, e o homem não quer se casar com alguém de novo. É possível que ele também não aceite a morte da mulher, mas a aliança está velha, e o banco foi muito pouco usado, então a mulher morreu faz um tempo, eu chutaria 4 anos, e é tempo o suficiente para superar a morte de alguém querido. Caso não acredite em mim, iremos descobrir agora! - Ele disse, ao ver o homem entrar e logo bater em nossa parte. Eu abri a porta, e o homem entrou. Estava com uma aliança e seu olhar ainda estava desesperado, segurando a foto de uma menina loira de olhos azuis, entre 6 e 8 anos, com um vestido azul e uma tiara preta. Ela tinha um puro sorriso que tocou meu coração.

– Sr. Holmes. - O homem disse, olhando para meu amigo. - Dr. Watson. - Ele disse olhando para mim, o que me surpreendeu o tanto. Geralmente eu não era reconhecido pelos clientes do meu amigo. - Eu me chamo Ronald, e preciso que vocês me ajudem, minha filha está desaparecida!

– Eu sou um detetive consultor. - Holmes disse, friamente - Crianças perdidas é trabalho da Scotland Yard. Além do mais, acabei de começar um caso (que na verdade também é trabalho da Scotland Yard) sobre um psicopata que sumiu do hospício em que foi hospedado.

– Ela não se perdeu, sr. Holmes! - O homem implorou - Raptaram ela! Raptaram minha filha! Veja!

O tristonho pai nos entregou um pequeno bilhete. Um curioso e estranho bilhete.

Estou no País das Maravilhas.

– Essa letra parece com a da sua filha?- Perguntou Holmes, com os olhos brilhando e vendo com sua lupa.

– Sim. Porém ela botou muita força, na minha opinião.

– Ou seja, ela escreveu a força. - Holmes sorriu e olhou para seu cliente. - Bom, Ronald, pode começar sua história.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

(¹)- Jefferson Hope, para quem não sabe, aparece no primeiro livro da série, "Um Estudo em Vermelho".