Lobos E Morcegos, Eterna Disputa escrita por Marshmallow Revolution


Capítulo 3
O Berrante de Seysyu




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Ao anoitecer, ela prosseguiu com a busca. Carregava a espada presa à cintura, ao lado de uma das adagas onde poderia sacá-la rapidamente se precisasse, enquanto perambulava pela floresta. A noite de lua cheia causava uma estranha agitação nos lobos, que uivavam o tempo inteiro e assustavam-na.

Marsh tentava encontrar alguma pista que pudesse levá-la até seus irmãos, mas na floresta havia várias trilhas de cheiros, que a desnorteavam, e muitos lobos uivando. Aquele lugar parecia querer enlouquecê-la. Certa vez, ela sentiu o cheiro de sangue e o seguiu, deparando-se com um lobo machucado. Ela o sacrificou e se alimentou de seu sangue, não era um dos seus preferidos, mas ela também precisava se alimentar.

Seu olfato não era um dos melhores, não chegava aos pés do olfato dos lobos, mas ela tinha a vantagem de seus maravilhosos ouvidos, podia ouvir qualquer coisa a distância, além de usar ondas sonoras para distinguir a forma de objetos. Mais tarde no mesmo dia, seriam estes ouvidos os responsáveis pela localização de seus irmãos. Os ouvidos e, claro, a astúcia de sua irmã Seysyu.

Mas neste dia, início do dia, enquanto Marsh ainda descansava em cima de uma arvore, sua irmã esquematizava algo para que ajudasse Marsh a encontrá-los. Marsh estava a sua procura, ela tinha certeza disso. Seysyu não era destemida, mas não era isso o que eles estavam precisando naquele momento. O que os dois irmãos precisavam era exatamente o que ela tinha para oferecer: inteligência. Ah, sim, isso ela tinha de sobra.

Não demorou para que ela pensasse em algo, foram necessárias três visitas para que seu plano pudesse se concretizar. Café da manhã, dois guardas que vieram vigiá-los por alguns minutos e, sem que percebessem, foram ligeiramente furtados por entre as grades pelas magras mãos de seu irmão; e o jantar.

Claro que comida era fornecida a eles, afinal, eles estavam ali de reféns e de nada valiam se estivessem mortos. Pelo menos, não agora. As três visitas foram as únicas para construíssem uma espécie de berrante improvisado. Mas ela ainda precisava pensar em uma maneira de soprar aquilo em alguma janela, para que sua irmã escutasse e os localizasse: esse era o plano.

Uma baderna logo foi iniciada. Enquanto Seysyu construía engenhocas e bolava planos, Zeu apenas observava até o momento em que ele foi necessário. O garoto não tinha força ou inteligência, mas ele tinha a estranha habilidade de dar trabalho e criar bagunças onde quer que fosse, e era isso que sua irmã precisava.

Todos os passos estavam estrategicamente formados na pequena cabeça de Sey. Havia uma pequena janela a poucos metros da cela em que eles estavam. Seu irmão teria que dar um jeito de fazê-los abrirem a cela e distraí-los para que ela conseguisse chegar até a janela e soprar o berrante. Não teria muito tempo, sabia que, com muita sorte, teria no máximo dois minutos antes que os guardas a tirassem dali. Sua esperança era que, mesmo com pouco tempo, sua irmã conseguisse localizá-los, sabia como os sentidos da irmã eram extremamente aguçados mesmo para um vampiro.

Atenta, temerosa e com um pouco de esperança, o plano foi posto em prática. Seu irmão começara a gritar e berrar, não demorou muito para que dois guardas aparecessem onde eles estavam para tentar calar a voz estridente do garoto. Como eles já haviam previsto, ele continuou a gritar e os guardas abriram a cela para tentar calá-lo.

Assim como os dois combinaram, quando a cela foi aberta, Zeu correu para fora esquivando-se por entre os guardas. Assim que os dois foram atrás dele, Seysyu correu e soprou a espécie de berrante na janela com todas as forças que conseguiu juntar. Ela era uma vampira e como todos os vampiros tinha a audição mais aguçada do que qualquer um, o som alto que saía do objeto era torturante para Sey e seu irmão, que estavam tão perto dele, mas ela continuou. Já estava de noite.

Quando o guarda que estava com Zeu percebeu a garota, tentou ir atrás dela, mas foi impedido por um tipo de rasteira de Zeu. Pirraça certamente era uma das coisas que ele sabia fazer bem e, naquele momento, pode-se dizer que ele havia se superado. Batia os braços e pernas em espécies de socos e chutes que, apesar de serem facilmente detidos pelos lobos, eram bons o suficiente para impedirem que eles chegassem até Seysyu.

Outros lobos chegaram, Seysyu conseguiu tocar o instrumento improvisado por um pouco mais que dois minutos. A última coisa que viu foi o soco de um dos lobos que chegaram. Apagou, inconsciente. Seu irmão continuou esperneando até que eles trancaram os dois de volta na cela.

De volta a floresta, Marsh encarava um de seus inimigos. Um lobo. Pouco antes de começar a batalha ela ouviu o som. Durou pouco, não conseguiu a localização exata, mas foi tempo suficiente para que ela conseguisse chegar bem perto.

Um nome veio a sua mente “Sey”.

– Vamos começar logo com isso. – Sua linha de pensamento foi cortada pela voz grossa do lobo em sua frente.

Ela sacou a adaga mais próxima e se preparou para a luta. Ela tinha cinco horas restando antes do amanhecer.


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