Lobos E Morcegos, Eterna Disputa escrita por Marshmallow Revolution


Capítulo 2
Missão




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Os primeiros raios do amanhecer começavam a se fazer presentes, Marsh havia voltado ao castelo para arrumar coisas para sua missão. Vestira uma calça de couro negra, colocou duas bainhas com adagas de prata, uma de cada lado da cintura. Saiu do quarto em direção ao salão principal onde seu pai estava, um imenso salão todo branco com um polido chão de cerâmica também na cor branca. Abriu a imensa porta e entrou no salão, do lado oposto a porta estavam duas espécies de tronos com um estofado vermelho e seu pai, Mallow, estava sentado em um deles, o outro pertencera um dia a sua mãe quando esta ainda era viva.

Marsh aproximou do trono, curvando-se.

- Estou partindo agora para encontrá-los – ela disse ainda curvada fitando o chão.

- Levante-se, tenho algo para lhe dar antes de ir – Mallow disse com o mesmo tom severo de sempre.

Marsh levantou e aproximou um pouco mais do pai que lhe estendeu uma pequena caixa. Marsh pegou a caixa abrindo-a, nela havia um rosário prata com uma pequena pedra vermelha incrustada no meio da cruz e dois pequenos anéis também incrustados com a mesma pedra, porém menor, proporcional ao tamanho do anel.

- O que é isso? – Perguntou Marsh olhando para o pai.

- Pretendia lhe entregar apenas quando fosse sua vez de assumir o clã, mas dado as circunstâncias, vejo que será necessário eu lhe entregar agora. – Ele disse com o mesmo tom de sempre e com uma leve carranca no rosto, continuou – O rosário é para você, lhe permitirá andar sobre a luz do dia, os anéis são de seus irmãos caso precise expô-los também ao sol.

Marsh ficou perplexa, nunca achou que um vampiro pudesse sair na luz do dia. Lembrou-se de que algumas vezes em que procurara seu pai durante o dia e não o encontrava, mas nunca passou pela sua cabeça que ele pudesse estar fora do castelo, no sol. Em outras ocasiões certamente Marsh ficaria brava e brigaria por ter sido privada de andar de dia, mas não era momento para uma discussão, seu pai já estava bravo e seus irmãos corriam perigo de vida.

- Obrigada, Otoo-sama. – Ela agradeceu colocando o rosário em seu pescoço e guardando a caixa em uma pequena bolsa que estava com ela.

Quando as portas já haviam sido abertas seu pai lhe chamou novamente.

- E Marsh – Ele disse com o rosto e tom de voz mais suave, ela se virou para olhá-lo – Volte viva e com seus irmãos.

Marsh apenas assentiu com a cabeça e voltou a andar.

Passou rapidamente pelo resto do castelo até chegar à porta de saída, de certa forma estava ansiosa por sair já que nunca havia saído em plena luz do dia.

Os portões se abriram e ela instintivamente fechou os olhos, os quentes raios de sol batiam em sua pele fria, começou a abrir os olhos lentamente, mas ainda não havia conseguido se acostumar com a luz do sol na qual ainda incomodavam suas pupilas que sempre funcionaram de noite.

Marsh andou para fora do castelo ouvindo a porta fechar atrás de si e ficou parada mais alguns minutos, esperando que se acostumasse mais um pouco com a luz solar. Mas isso não aconteceu, pelo visto ela não estava perdendo muita coisa, não conseguiu acostumar e tampouco gostou da sensação que os quentes raios de sol causavam em contato com sua pele fria e pálida.

Correu a uma velocidade sobre-humana para evitar o contato com os raios de sol e parou bruscamente chegando ao cemitério novamente. Caminhou, agora devagar, pelo cemitério até chegar ao nicho de sua mãe na catacumba, passou a mão sobre ele como se acariciasse seu rosto.

- Eu vou voltar... Mamãe. – Disse em um sussurro quase inaudível

 Marsh caminhou até outro nicho de um de seus ancestrais, há algumas semanas um rumor havia se espalhado pelo castelo que uma poderosa espada especialmente forjada para a caça de lobos fora enterrada com um de seus ancestrais, mas ninguém tinha coragem de profanar o túmulo para desenterrá-la. Marsh também não gostava da ideia de profanar o túmulo de seu ancestral, mas ela precisaria de mais que duas adagas se quisesse resgatar seus irmãos e nada melhor do que uma espada feita justamente para isso.

Chegou ao nicho dos rumores e por alguns minutos ponderou se valia a pena fazer aquilo ou não, por fim acabou empurrando a tampa. Assim que Marsh abriu o caixão, uma grande onda de fumaça invadiu suas narinas, cegando-a. Ela começou a tossir e a balançar as mãos entre a fumaça tentando fazer com que ela se dispersasse, quando a fumaça baixou Marsh pode visualizar melhor.

A catacumba ainda era funda, mas ela podia ver algo brilhando lá. Colocou a mão dentro cautelosamente, prendeu a respiração como se ao menor sinal de barulho o morto - que na verdade já havia se decomposto há muito tempo - fosse se levantar das cinzas. Tocou algo parecido com couro, segurou e puxou imediatamente.

A espada estava na bainha, ela retirou-a de dentro, deixando a bainha cair no chão. Era uma espada comum, uma lâmina de prata que parecia reluzir mesmo com a pouca luz do cemitério, tinha dois gumes e o cabo também parecia ser feito de prata.

Marsh segurou a espada com uma mão e manejou-a de um lado para o outro, cortando o ar, desde pequena sempre foi hábil com espadas e as aulas que tivera apenas aperfeiçoaram seu dom. Parou de brincar com a espada pegando a bainha e colocando-a de volta nela, a bainha tinha suporte para as costas então a colocou nela.

- Desculpe-me, juro que farei bom uso dela. – Ela disse para a metade de um caixão aberto. – E a trarei de volta.

Saiu do cemitério, ainda estava de dia, foi em direção à floresta que ficava bem atrás do cemitério, onde os lobos haviam levado seus irmãos. Não era uma floresta muito densa, havia bastante espaçamento entre uma árvore e outra. Entrou na floresta, apesar de tudo as raízes das árvores eram grossas e saíam da terra, muitas vezes começavam a se levantar, fazendo com que Marsh tivesse que prestar atenção onde pisava para não tropeçar e cair.

Enquanto isso, em algum lugar da floresta, os irmãos de Marsh foram jogados e trancafiados em algum tipo de cela dentro da toca dos lobos. Vencidos pelo cansaço acabaram adormecendo.

No centro da toca, que não era muito grande nem muito luxuosa, a rainha deles, Revolution, estava furiosa. Ela arremessava pratos e copos para todos os lados, quebrava mesas com as mãos e algumas vezes chegava a rosnar.

- Eu disse que vocês deveriam matá-la! – Ela gritava.

- M-m-mas nós a mat-t-tamos, senhora – Uma loba, uma das que atacou Marsh, gaguejava. O medo era visível.

- Mataram? – Revolution gargalhava com escárnio – Então eu irei lhe mostrar algo – Revolution começou a caminhar em direção à mulher, a cada passo que ela dava a loba recuava um, continuaram assim até a loba ser prensada na parede. Revolution aproximou o rosto do dela ficando a centímetros de distância. – Irei lhe mostrar como... – Ela acariciava o rosto da mulher que estava tremendo de medo a sua frente, seus lábios se aproximaram da orelha da loba e ela sussurrou diabolicamente – Voltam à vida.

Com um movimento rápido ela virou a cabeça da mulher para o lado, torcendo seu pescoço, a mulher caiu no chão, sem vida.

Os outros membros da alcateia também estavam apavorados, olhavam para o teto ou o chão, evitando sempre olhar em direção a sua rainha.

- Tragam-na até mim, viva! Eu mesmo cuidarei dela – Ela gritou para os lobos presentes na sala. – E certifiquem-se de fazerem certo dessa vez, pois se falharem novamente... – ela pausou, tentando fitar o máximo de lobos presente – Considerem-se animais mortos.

Algumas dúzias de lobos saíram à procura da princesa. Marsh parou para descansar no alto de alguma árvore, ela não dormia de noite, talvez essa fosse sua vantagem.


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