Além Da Escuridão escrita por HawthorneMark


Capítulo 4
Capítulo 4 - rumo ao desconhecido




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O som do comunipulso soou pelo quarto e fez Gale acordar de sobressalto. Ele estendeu a mão e agarrou o objeto que estava na cabeceira do lado da cama. Assim que atendeu o chamado a voz de Plutarch reverberou e fez com que Ledu acordasse.

– O que foi Gale? – Ela perguntou, esfregando os olhos para poder enxergar melhor.

– É o que vamos ver. – Ele respondeu, prestando atenção agora na voz de Plutarch.

“Capitão Hawthorne compareça imediatamente ao batalhão. Nossa missão está em curso e estamos a sua espera para embarcar”.

O recado foi rápido e objetivo. Imediatamente Gale pulou da cama, colocou uma roupa e encarou Ledu que estava olhando para ele sem entender nada. Ele então andou em direção a cama, sentou-se nela e encarou a mulher nos olhos.

– Amor, eu estou indo para uma missão.

Ela arqueou as sobrancelhas e perguntou.

– Está bem, mas vai ficar fora por alguns dias?

Gale não queria contar a verdade, mas precisava. Se desse tudo errado e ele morresse, ela teria que estar ciente de onde ele estava se metendo. Plutarch não havia dito nada para deixar isso em segredo, mas nem era preciso ele falar. De qualquer forma Ledu tinha que saber a verdade e Gale estava se sentindo culpado por não ter dito antes.

– Estou indo para uma missão fora de Panem e isso implica riscos... – Ele disse, mas foi interrompido pela namorada.

– FORA DE PANEM?- Ledu disparou, já olhando para ele com um olhar de fúria. – Você está brincando comigo não é? Fora de Panem, como isso é possível?

Gale tentou explicar da melhor forma possível para ela o que estava acontecendo. Ledu parecia se recusar a acreditar no que estava ouvindo e ficava o tempo todo falando que não queria que ele partisse.

– Você só pode estar de sacanagem comigo Gale Hawthorne, não vou deixar arriscar sua vida indo para um lugar onde até então pensávamos que não existia mais. – Disse Ledu, se sentando na cama, de frente para o amado. As lágrimas corriam pelo seu rosto.

Gale aproximou-se e segurou a cintura dela, acariciando com carinho. Ele a encarou nos olhos, se sentindo culpado por fazê-la chorar, se sentindo culpado por não ter dito antes. Gale sabia que Ledu estava pensando o pior, sabia que ela pensava que ele não voltaria.

– Eu irei ficar bem, eu prometo. – Ele disse, puxando ela pra mais perto e abraçando-a com força.

Ledu não disse mais nada, apenas chorou e soluçou por algum tempo.

– Volte rápido. – Ela disse, levantando a cabeça e encarando Gale nos olhos e limpando as lágrimas do rosto. Lentamente ela levou os lábios aos dele e o beijou carinhosamente.

Gale Retribuiu o beijo com a mesma intensidade e por mais que seu coração estivesse agoniado por ter de deixa-la, ele levantou da cama e saiu porta a fora.

Ao chegar ao Principal Batalhão de Panem, Gale foi direto para o local onde aconteciam as reuniões mais importantes. A sala era completamente grande e sem janelas, já que se localizava no subsolo. Os dutos do ar condicionado quase não faziam barulho e o ar lá dentro estava gelado, como sempre. A sala era bem iluminada e completamente cheia de equipamentos de alta tecnologia. No centro de tudo havia uma enorme mesa de reuniões, onde várias pessoas estavam ao redor.

– Finalmente! – Plutarch disse assim que Gale adentrou a porta. Ele se levantou e cumprimentou o Capitão. – Agora sim podemos dar continuidade na reunião.

Assim que Gale se aproximou da mesa, todos levantaram e fizeram seus cumprimentos militares, como de praxe. Gale assumiu o seu assento, Plutarch começou a reunião.

– Bem, Bom dia a todos e me desculpem por ter tirado todos de suas camas logo cedo. – Ele pigarreou e prosseguiu. – Como todos aqui, que foram convocados por mim, sabem do que se trata essa missão, vou logo resumir a nossa situação. Recebemos um sinal bem fraco, provavelmente algum satélite que esteja parcialmente funcionando tenha conseguido expandir esse sinal. Nós o recebemos e entendemos como um sinal de socorro. – Ele parou de falar e olhou para todos que estavam na sala, como se esperasse que alguém fosse fazer alguma pergunta. Ninguém fez. Plutarch prosseguiu. – Achávamos que éramos a única nação que tinha sobrevivido a grande guerra, achávamos que as outras nações tinham sucumbido à guerra nuclear, mas aparentemente estávamos enganados.
Um homem magro, com o rosto enrugado e os cabelos brancos ergueu a mão direita. Plutarch imediatamente passou a palavra para ele.
– Professor Dimas, por favor, pode falar.
– Obrigado Plutarch. – Disse Dimas. Sua voz era calma e baixa, mas perfeitamente audível. – Então você acha que aquele continente, a América do Sul, não foi dizimada, você acha que lá não há radiação?

– Boa pergunta! – Plutarch começou a andar de um lado para o outro e então parou e encarou a todos que estavam prestando atenção nele. – Acreditamos que o sinal pode ter sido transmitido manualmente, e não tenha sido algum tipo de gravação. Não podemos dar certeza que não há radiação lá, mas eu assumo que se alguém mandou o sinal é porque ainda há vida em algum lugar e estamos enviando vocês com todo o equipamento necessário caso seja necessário se proteger da radiação.

Outro homem levantou a mão. Dessa vez era um rapaz grande, o corpo enorme e musculoso, o cabelo era loiro escuro, curto e arrumado para cima em um penteado moderno. Uma linha rosa traçava sua bochecha, era uma enorme cicatriz.
– Diga Bjorn. – Disse Plutarch.

– Pra que vamos precisar de um professor magrelo e que provavelmente vai nos atrapalhar se tivermos que nos retirar do lugar as pressas? – Perguntou Bjorn, esboçando um sorrisinho sarcástico, enquanto Dimas o fuzilava com os olhos.
Plutarch nem precisou responder, Dimas foi mais rápido e mais direto na resposta.
– Você por acaso fala o idioma deles, Bjorn? É meio obvio o porquê de um professor na viagem, mas acho que me esqueci de que você passa mais tempo pensando nos seus músculos no que nas coisas mais obvias que acontecem ao seu redor.

Gale não conseguiu evitar e acabou rindo com os demais integrantes que estavam na sala. Bjorn estufou o peitoral e encarou Dimas, como se quisesse arrancar a cabeça do professor com um facão.

– Pessoal, pessoal, foco na reunião. – Disse Plutarch, sem conseguir evitar um sorrisinho no canto dos lábios. – Bem, vocês estão aqui presentes hoje porque serão membros da equipe que irá até o desconhecido. Quando eu disser o nome de vocês, por favor, se levantem e esperem na entrada para o elevador que nos levará para a plataforma.

Todos se remexeram nos seus acentos.

– Professor Dimas. – Disse Plutarch, esperando homem se levantar e seguir em direção a porta do elevador que ficava no fim da sala. – Ele vai auxiliar vocês com a língua local, ele tem estudado a vida toda, os idiomas que eram mais falados antes da Grande Guerra. – Plutarch prosseguiu. – Capitão Gale Hawthorne vai liderar vocês todos nessa busca, estarão sobre as ordens e o comando dele.

Gale se levantou e seguiu para a porta do elevador, ficando ao lado do Professor Dimas. Os dois trocaram olhares rápidos e assentiram um para o outro em uma forma de cumprimento.

– Agora os buscadores: Alicia Firman, Luke Firman, Justin L. James e Bjorn Schultz.

Alicia, uma mulher alta com o corpo esguio e fino como uma modelo se levantou. Seu cabelo era curto e vermelho como fogo, cortado bem rente a sua mandíbula. Luke era seu irmão, um homem alto e forte, pele clara e os olhos de um tom verde água, como os olhos da irmã. Alicia e Luke se levantaram assim que seus nomes foram anunciados e andaram em direção ao elevador.
Justin, um rapaz de estatura média, pele morena e os cabelos escuros, levantou e se juntou aos demais que estavam esperando. Bjorn foi o último a se levantar, e como se tivesse fazendo pose para fotos, se levantou e foi adiante.

– Pessoal, junto com vocês estão o piloto e copiloto, eles já assumiram o posto e estão esperando por vocês na plataforma. – Plutarch andou em direção a todos que estavam à frente do elevador e colocou o dedo sobre um leitor de digitais. A porta do elevador se abriu. – Eu e Beetee assumiremos daqui, estaremos o tempo todo com vocês. O comunipulso de vocês foi atualizado com todas as informações necessárias. – Ele deu uma pausa e então prosseguiu. – Alguma pergunta?

Todos ficaram em silêncio e então Gale se adiantou.
– Não senhor, estamos entendidos.

– Então boa sorte a todos e que a sorte esteja conosco.

Um a um entraram todos no elevador. Gale estava nervoso, não conseguia negar isso. Ele olhou para todos ali e viu no rosto de cada um a apreensão também. A porta fechou e o elevador subiu. Estavam todos partindo para o desconhecido.


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