Quinto dia da guerra, Algum lugar da parte central da cidade, 21:17.

Escuridão. Õ no Hokai estava mergulhado em uma escuridão profunda como se fosse sem fim. Afundando cada vez mais... Afundando cada vez mais. Sozinho. Ele simplesmente não sabia o que sentir. Não sabia o que pensar. Não sabia o que fazer. Apenas afundava, aceitando cada vez mais seu destino. “Eu estou morto? Provavelmente... Morto pelas mãos de quem eu considerava um precioso amigo... Deus me abandonou? Não, provavelmente eu o abandonei... Meus pecados me levaram a isso... Meu destino é esse... Não importa o quanto eu esteja arrependido ele não pode ser mudado...” pensou o garoto fechando bem devagar os olhos rumando para mais fundo naquele mar de escuridão e vazio.

Uma pequena lágrima desceu pelo rosto de Hokai. “ Se desde o começo eu estava fadado a isso... Se esse é meu destino... Então... Então por que continuo triste? Esqueça isso Hokai... Você causou muito sofrimento, é o que você merece, afinal... Como vou olhar nos olhos da minha irmã sem o cálice? Como vou olhar nos olhos do meu avô? Eu preciso mesmo é morrer... É... Ninguém vai se importar mesmo... ” pensou o herdeiro dos Õ’nos.

Um pequeno raio de luz começou a incomodar os olhos fechados do jovem e ele abriu visualizando não um vazio total e sim uma linda vista com muitos morros e cercado de uma grama muito verde. Um vento soprava de maneira tão reconfortante... De maneira tão nostálgica. Ele rapidamente percebeu que estava deitado com a cabeça no colo de alguém, no começo não conseguia ver de quem era o rosto, era como se a luz que havia incomodado sua visão antes viesse da silhueta pouco a pouco começou a ver. O rosto era de Ruler que o recepcionava com um lindo sorriso.

– Então é verdade... Eu... Eu morri não foi?- perguntou Hokai de maneira vazia.

– Não, não morreu, mas chegou bem perto... Aparentemente seu maior sofrimento acabou salvando-o- Falou Ruler de forma calma acariciando os cabelos cor de castanha de Hokai- Não deseje a morte, não importa o tamanho da ferida ela vai cicatrizar...

– Mas eu cometi tantos erros...

– Escute bem Hokai, não amaldiçoe seu destino! A vida é feita de escolhas, não podemos simplesmente só acertar elas... Essa dor vai passar... Essa dor também é a que nos dar forças... Além disso, erros é simplesmente outro nome para a experiência- Ruler confortavelmente fala limpando as lágrimas no rosto do ex-mestre de Saber – Agora é hora de você realmente abrir os olhos... E escute o que o vento tem a te dizer....

Em um instante Hokai estava novamente naquela escuridão, começou a ouvir uma voz. “Ei acorda, não desista! Não vou simplesmente te deixar morrer aqui! Acorde, por favor!”. Hokai estendeu com dificuldade sua única mão, ela estava totalmente cristalizada, mas isso não o impediu.

– Eu... Eu... EU QUERO VIVER!– Hokai disse no meio daquela escuridão.

Quinto dia da guerra, Casa de classe média , 00:04.

Hokai acordou de repente. Estava deitado em uma cama macia e confortável, analisou o ambiente ainda um pouco sonolento. Era um quarto simples, nada parecia ser uma ameaça, nem mesmo o garotinho albino de olhos cor de sangue que ficava olhando para ele. Sua pele pálida, seu jeito de respirar, Hokai logo concluiu que não se tratava de algo natural, parecia muito artificial. Antes que pudesse pronunciar alguma coisa, o garotinho gritou bem alto:

– PAAAI!!! ELE ACORDOOOUU!!!– Chamou Lyon, ele passou a chamar Kazuma de pai desde que chamou Caster de mãe para salva-la da corrupção, pouco a pouco o mago dos ventos foi se acostumando com isso.

– Você me deixou bem preocupado, achei que fosse dormir para sempre... – O ex-mestre de caster entra no quarto com um enorme e tranquilo sorriso- Se eu não tivesse feito alguma coisa você estaria ferrado...

– Como... Como eu ainda estou vivo...?- Perguntou Hokai confuso e olhando para a parte da mão decepada- Tenho certeza que não foi um sonho...

– Sim não foi um sonho, um cara realmente cortou sua mão que continha o selo de comando com uma adaga Azoth forçando uma troca de mestres, o loiro de cabelo comprido literalmente roubou o seu servo- Kazuma falou sentando em uma cadeira perto de Hokai- É claro que a honra de um cavaleiro não permitiria obedecer a outro mestre sem ser você após o pacto feito na convocação, mas ele fez uma ordem bem especifica “Fique completamente sob meu controle” ele fez Saber não ser mais ser seu servo e sim um escravo sem vontade própria... Ei... Que olhar vazio é esse?

– Só estou me perguntando... Kazuma-san... Por que... Por que você me salvou?- Indaga Õ no Hokai ainda um pouco sonolento.

– Ué? Eu simplesmente ia te deixar sagrando no chão agonizando até morrer? Eu simplesmente não posso deixar alguém morrer na minha frente e não fazer nada a respeito! Além disso a apunhalada de El Cid teria sido fatal se não fosse por essas estranhas feridas que você tem ao redor do corpo inclusive no peito, a área atingida pela espada- Respondeu Kazuma apontando para os milhares de cristais localizados ao redor do corpo de Hokai que se multiplicaram mais após o uso da tizona na forma perfeita.

– Meu maior sofrimento... Me salvou... – Hokai reflete nas palavras de Ruler em seu sonho, depois ele se ajoelha na cama e faz uma reverencia em direção a Kazuma- Kazuma-san eu... Realmente agradeço por ter me salvado!

– Que é isso... Tudo bem... Não precisa de tanta cerimônia...

– Mas... Eu ainda não entendo o porquê...- Hokai responde cerrando muito forte os punhos.

– Como assim? Eu não já te expliquei o por quê?- Indaga Kazuma.

– É que... Como você não pode me odiar? Eu... Eu... Eu matei sua serva... Você... VOCÊ DEVIA ME ODIAR POR ISSO!– Hokai responde ainda indignado ainda não aceitando sua salvação.

– Olha, não foi por querer foi? É claro eu posso lamentar por ela não está mais aqui... Posso lamentar nunca mais ver aquele doce sorriso inocente dela... Mas ainda lembro-me do calor dele... Posso lembrar-me daqueles lindos olhos dourados... Consigo visualiza-la tão bem que é como se ao esticar a mão eu acariciaria aquele rosto dela... E mesmo se eu esquecer... Mesmo se não conseguir mais lembrar nenhuma parte dela... O importante foi meu sentimento por ela e que ela esteve aqui e que vimos o mesmo céu... Ela morreu feliz sem nenhum arrependimento- Refletiu Kazuma com um sorriso firme- Seria um insulto sentir ódio de você agora... Afinal... Afinal... Afinal ela não é a primeira pessoa amada que eu perdi, posso não gostar disso, mas eu estou mais do que acostumado em perder pessoas que eu amo...

– Nossa... Você... Você deve ter passado por muita coisa triste... Seu motivo para entrar na guerra deve ser muito nobre... – Concluiu Hokai.

– Que nada- Riu Kazuma- Eu queria é ficar rico usando o poder do Graal.

– Mais que coisa mesquinha... Quero dizer... Não me entenda mal, mas...

– Eu sei, eu sei... No começo da guerra eu era simplesmente um pirralho... Agora eu vejo... Agora eu vejo que cresci e o quanto eu era criança antes- Sorriu Kazuma- E você...? Qual é seu desejo para fazer a essa bugiganga onipotente?

– Eu quero... Eu queria na verdade... Eu queria curar minha família da maldição dos cristais enoquianos...

– Eu já li um pouquinho a respeito, quero dizer, eu fui OBRIGADO a ler um pouco a respeito... Mas como assim “queria” você não quer mais?- Retruca Kazuma.

– E claro que eu ainda quero... Mas... Não posso... É impossível... Um sonho inalcançável, que devia... Eu devia ter acordado mais cedo... – Respondeu Õ no Hokai- É... Eu devia ter acordado quando eu me dei conta... E não simplesmente ignorar que estava acordado a muito tempo do sonho...

– A esperança é a ultima que morre! – Kazuma falou com um sorriso no rosto.

– Então os meus outros sentimentos já estão mortos... Por que ela já morreu a muito tempo...

– Meu deus como você é emo... Digo... O cálice pode reviver figuras lendárias, qualquer desejo, se isso não é algo impossível e inalcançável eu não sei, mas de nada... Eu vou perguntar de novo mais de forma diferente... Hokai... Por que você luta?

– Eu luto... Eu luto... Eu luto pela felicidade dos meus parentes... Eu quero acabar com a maldição da minha família... Eu não quero ver... Eu não quero ver mais ninguém triste... NÃO QUERO QUE MAIS NINGUEM SOFRA, FARIA QUALQUER COISA... NEM QUE... NEM QUE PARA ISSO EU SUJE AS MÃOS DE SANGUE!– Falou Hokai com tamanho fervor e com uma lagrima descendo a face cheia de cristais.

– É isso aí! Agora entende? Está preparado para se levantar e voltar a lutar? Pois eu te ajudarei nessa luta!- Falou confiantemente Kazuma.

– Sim eu levantarei e lutarei... Perai... O que?! Como assim você vai me ajudar?- Hokai pergunta bastante confuso- Kazuma-san eu agradeço por tudo que você fez por mim... Mas... Que motivos você teria em me ajudar? O que você ganharia com isso?

– O primeiro de tudo é que você me ajudou a salvar o Lyon, lembra? Você conseguiu usando sua linguagem enoseiláoque localizar a Assassin que havia sequestrado ele! Estou te devendo um favor!- Kazuma falou- Além disso... Você... Você me lembra o jeito que eu era quando pequeno...

– Kazuma-san... Eu te agradeço MUITO!- Hokai volta a se ajoelhar e reverenciar o mago dos ventos.

– Cara... Para de fazer isso sério não estamos no Japão... – Pediu educadamente Kazuma quase perdendo a paciência- Certo... Somos aliados... Isso é ótimo... Se não fosse o fato de não termos servos... Não da para vencer a guerra sem ter um servo... Tem alguma dica do que podemos fazer?

– A Ruler disse para mim antes de morrer... Que a rosa negra que se localizava no tumulo de Az Yamani era a chave para vencer a guerra... Minha teoria é que talvez seja alguma dica para conseguir os comandos do juiz da guerra, geralmente um juiz pode passar o controle para outra pessoa falando alguma passagem bíblica caso tenha ocorrido algum acidente, se eu estiver certo tem uma maneira de você conseguir os poderes de um juiz e manipular os selos de comando, podemos fazer isso para fazer Saber se voltar para nosso lado ou coisa do tipo... – O mago enoquiano refletiu- Será que tem alguma passagem bíblica que envolve uma rosa negra?

– Bem ler a bíblia nunca foi meu estilo... Eu vou até a rosa ver com meus próprios olhos, pode não parecer mais só muito bom em objetos mágicos! Fui treinado por um dos mais altos lordes da torre do relógio! Ter o controle dos selos de comando nos dará poder de virar a mesa hehehe- Concluiu Kazuma.

– Eu vou com você- Hokai com certa dificuldade conseguiu levantar da cama mais não conseguia andar direito e quase caiu, Kazuma conseguiu agarrar ele antes dele cair e botou ele novamente na cama.

– Nananinanão, você fica aqui! Quase morreu hoje, não estar em condições de andar livremente no mundo dos mortais- Brincou Kazuma- Fique aqui cuidando do Lyon, meu pai tem milhares de bíblias antigas e livros de magia velhos pra caramba ai na estante perto da cama fique estudando pra ver se sabe se é natural uma rosa negra ou alguma passagem bíblica.

– Obrigado Kazuma-san! Boa sorte! Vou dar o meu melhor- Hokai novamente se ajoelha na cama reverenciando Kazuma.

– JÁ TE DISSE PARA PARAR DE FAZER ISSO!

Quinto dia da guerra, cemitério Florentina na zona norte de Snow City,01:28.

A madrugada estava nublada. Nem era possível ver as estrelas nem mesmo a lua. Apenas a tímida neve. Ela era soberana desse céu nublado. Um branco sempre puro, uma beleza que causa alegria, mas também sofrimento. O cemitério era só algumas quadras depois da igreja e Kazuma facilmente não se perdeu, mas o caminho fora realmente longo. Foi uma escolha de ele seguir o caminho mais difícil, com aquele selo de comando na mão havia um motivo para não ser ignorado pelos outros mestres restantes. Sem a proteção da igreja ele estava indefeso.

O cemitério parecia deserto, as luzes não estavam ligadas por motivos de não estar no horário de serviço. Kazuma aproximava cada vez da lapide de Az Yamani com uma lanterna iluminando seu caminho. Mas, havia uma figura sim na frente do tumulo, mas Kazuma não precisava manter a guarda, era uma ex-mestra, se tratava de Brianna. Os dois nunca se enfrentaram de verdade, não havia nenhum ressentimento. Na verdade se tratava de nada mais nada menos que a aluna favorita de seu pai, ambos se conheciam por meio de relatos.

– O que você faz a essa hora acordada e em um cemitério senhorita Brianna MayFlower?- Pergunta Kazuma.

– Eu poderia fazer a mesma pergunta “senhor” Kazuma Yagami... - Brianna de forma fria ainda olhando fixamente para a tumba onde se localizava além de um lindo buquê de tulipas deixadas por Ruler, uma simples rosa, mas com uma evidente coloração escura como a noite.

– Enquanto eu estiver com um selo de comando eu ainda estou na guerra não é? É claro como água que estou aqui pelo mistério acerca da flor...

– Entendo... Mesmo sem servo os selos de comando voltaram para você... Já li relatos sobre isso, é o motivo para os mestres matarem outros mestres e não apenas o servo, é também por isso que quando perdem um servo os ex-mestres recebem proteção da igreja, porque a chance do graal ainda achar ele em condições de lutar e devolve os selos para fazer pacto outro servo sobrando ou coisa do tipo né...?

– Parece que sim... Você poderia, por favor... Por favor, poderia compartilhar as informações que obteve da rosa negra? Eu sei que não somos ligados nem nada do tipo e que não há motivos para me ajudar... - Kazuma pediu um pouco constrangido enquanto a ex-mestra de Lancer olhava para ele fixamente.

– Estranho... Você não parece como meu professor disse que você era... – Brianna sorriu- Parece que você cresceu... Sim, eu vou te ajudar em respeito a meu professor...

– Muito obrigado! De verdade...

– Uma rosa negra pode ser obtida por meio de reações químicas artificias ou até facilmente por magia e alquimia só que... Só que não nenhum traço magico nem nada feito pelo homem... Isso me intrigou e pesquisando um pouco mais, adentrando uma área que eu não domino tão bem assim que é a botânica descobri uma rara rosa negra que cresce em uma pequena aldeia chamada Halfet na Turquia... – Brianna afirma- O engraçado é que ela só tomam essa coloração no inverno como esse e também que só podem ser plantadas naquelas terras... A pergunta é como isso foi parar aqui... Tão longe...

Algo cresce dentro de Kazuma. Ele sentiu seu coração disparar de alegria. Seu sorriso cresceu muito tanto que Brianna estava considerando a possibilidade dele ter alguma deficiência mental ou coisa assim. Todas as peças se encaixaram, o selo de comando, o porquê da rosa ser a chave para a guerra, como vencer Dante e ajudar Hokai. Ele começou a olhar ao redor.

– Da Hungria até a Turquia, um dos maiores impérios da humanidade, alguém que fez isso não morreria tão facilmente... Você está aqui não está?...Seu covarde... Você entrou na reality marble ligada a seu império na antiguidade bem na hora H não é? Você deseja vingança? Você deseja o graal eu posso te dar tudo isso... - Kazuma começou a falar para o nada.

– Do que você está falando? Está falando com quem seu doido?!- Brianna olhava sem nada entender. Então ela olhou espantada para a visão. Do próprio ar surgiu um garoto de cabelos castanhos, baixo, de aparência asiática, com uma espada torta banhada em puro poder e montado em um cavalo amarronzado com olhos cor de sangue e que era guiado sem uso de uma sela.

– Sua besta familiar permite você sugar prana da própria terra como na lenda não é? A onde seu cavalo pisar não crescerá mais nada... Então que tal? Quer fazer um pacto comigo Rider?

– Então poderei desfrutar de provenção de mana de um mago de verdade, vingar minha querida amiga e lutar com aquele loirinho metido de novo? Pode contar comigo meu novo mestre... – Átila sorriu maldosamente apertando a mão de Kazuma- É oficial estamos na guerra novamente.