Lado Negro escrita por Srta Cipriano


Capítulo 3
Um aviso do anjo da morte




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Nathan Miller

Eu havia acabado de chegar no meu apartamento, joguei as chaves em cima da mesinha da sala e me atirei no sofá de couro branco. Eu tinha muitas coisas para pensar, minha cabeça estava uma bagunça, e eu ainda tinha que me preocupar em encontrar aquela maldita descendente de Lúcifer. Não sabia, nem imaginava como conseguiram esconder a criança por tanto tempo sem que os arcanjos soubessem de seu paradeiro. Recebi a missão a alguns anos atrás de encontra-la, só assim teria meu posto de arcanjo novamente, por ora sou considerado um dos muitos anjos celestiais. Ando disfarçado por várias cidades de vários países pelo mundo a procura de uma Angnel específica, Angnel seria o sobrenome dos primeiros descendentes do anjo caído, o que teria de tornar mais fácil encontra-la pois se ela fosse um anjo caído poderia sentir sua aura, mas não, tudo tem que se complicar, só ainda não descobri o motivo por não conseguir detecta-la assim como consigo com outros anjos – caídos ou não.

Decidi que iria no café O’learys, praticamente todos os alunos da Emerald College (a escola onde estou agora) o frequentam pois fica a uma quadra da escola e a duas do meu apartamento. Quem sabe lá não encontro quem procuro, porque tudo aponta para essa escola, para essa cidade... E eu não sei do que os arcanjos são capazes de fazer se eu fracassar dessa vez. Novamente.

Peguei as chaves da minha moto e saí.


Agora entendia porque as pessoas frequentam tanto esse lugar, ele é incrível. Além da área das mesas e da bancada, havia um pequeno palco do outro lado para caber instrumentos e em média uma banda com cinco pessoas e no canto esquerdo havia um espaço com mesas de sinuca e jogos de carta – o que era ótimo, afinal preciso tirar dinheiro de algum lugar. Pelas paredes haviam guitarras e violões autografados, tinha até do Elvis Presley. Nas paredes tinham capas de Cd's e variados pôster de bandas, jogos e modelos.

Me sentei em uma das banquetas altas do balcão de madeira escura e olhei um dos cardápios que haviam espalhados sobre o mesmo.

– Vai querer o que? – olhei para minha frente e havia uma garota loira dos olhos azuis mais lindos que já havia visto parada do outro lado do balcão.

– Eu ainda não decidi... – eu a olhei bem e a reconheci. – Você é aquela garota da aula de teatro não é?

– Sim, e você é o pichador de armários – ela ergueu levemente os cantos da boca.

– É assim que estão me chamando?

– Não, é assim que eu estou te chamando.

– E você andou pensando muito em como me chamar?

– O que? Não, eu... – ela se enrolou com as palavras e suas bochechas ficaram levemente rosadas o que me fez rir. – Não tem graça!

– Não se culpe, é difícil não pensar em mim. – Eu sorri me divertindo com a situação e ela me encarou, séria.

– Você vai pedir ou veio aqui só para fazer piadinhas com a minha cara? - perguntou impaciente.

– Acredite, se eu soubesse que você trabalhava aqui teria vindo muito antes. – Pisquei para ela e ri baixinho.

– Você é sempre tão idiota assim? – ela se debruçou no balcão me encarando de perto.

Eu me ergui aproximando meu rosto do dela.

– E você sempre foi tão provocante assim?

Ela bufou e nós nos afastamos, e então ela me encarou esperando que fizesse o pedido, agora que havia reparado o quanto seus olhos eram claros, eram quase como gelo, como se fossem quebrar a qualquer momento, ela parecia tão doce mas eu a definiria como sexy. Seus cabelos compridos e levemente ondulados sobre os ombros em contraste com seu rosto de boneca, e uma parte de seus seios amostra na camisa social branca com o símbolo pequeno do O’learys costurado de um lado... Credo, espero que isso não tenha parecido tão meloso.

– Afe, esquece! Quando quiser pedir é só chamar o Matt – ela apontou para um cara de cabelos loiros. – Quem sabe dele você não dê em cima.

Ela saiu revirando os olhos e foi atender um outro garoto. Logo esse tal de Matt veio até mim com uma caderneta em mãos e ele tinha uma caneta posta atrás da orelha.

– Má ideia – falou e eu o olhei sem entender, ele apenas direcionou um discreto olhar para a garota que eu havia falado a poucos instantes.

– Porque? – ergui uma sobrancelha.

– Complicada demais... - sorriu de canto.

Eu apenas dei um pequeno sorriso e a olhei pelo canto do olho. Me levantei e saí, sem ao menos ter comprado algo. Fui pegar minha moto que havia deixado no estacionamento ao lado do bar, um lugar comum cheio de carros e cercado por um muro com um grande portão de ferro aberto para os veículos saírem.

De longe pude avistar uma garota escorada na minha moto de cabelos escurosvestindo um short rasgado curto e uma blusa do 'Iron Maiden' amarrada no canto. E eu me perguntava o que ela fazia aqui.

– O que você quer Elisabeth? – perguntei quando já estava pero dela.

– Me chame de Lisa, sabe que não gosto do meu nome, e respondendo sua pergunta: estava com saudades suas gato – ela sorriu provocante e tirou seus óculos escuros revelando um par de olhos verdes. Eu sabia que não era isso, ela estar aqui não significava coisa boa.

– Fala logo, não tenho o dia todo! - exclamei impaciente.

– Credo, já experimentou tomar suco de maracujá? – ela mexeu no meu cabelo mas eu logo afastei sua mão. – Ajuda a controlar a raiva...

– Eles mandaram você não foi? Os arcanjos. – Ela me olhou ofendida e com certa preocupação. – O que você ta escondendo?

Lisa suspirou e se afastou me fitando e depois olhou ao redor, provavelmente para ter certeza que não havia ninguém. Ela me puxou pelo braço para um canto mais vazio.

– Ninguém me mandou. Sabe que não gosto dos arcanjos, espero que não me ouçam. Mas eu estive escutando uma conversa entre eles – ela sussurrava e a preocupação era aparente em sua voz –, eles disseram que se você não concluir logo sua missão...

Ela não precisava terminar a frase para eu saber do que se tratava, se eu não encontrasse a garota logo e a entregasse para eles, arrancariam minhas asas e tinha certeza que isso não demoraria muito a acontecer, e é o que eu mais temo que aconteça, não existem anjos sem asas e eu não estou nem um pouco afim de perdê-las. Porém tenho certeza que dessa vez vou encontrar essa Angnel, sinto que esteja muito perto e farei de tudo para consegui-la em minhas mão, só falta a parte mais difícil: descobrir quem ela exatamente é.


Eu já estava de volta ao meu apartamento, fui obrigado a trazer a Lisa junto depois de ela ter praticamente se atirado na frente da minha moto, ela nem devia estar aqui. É um anjo da morte, mas se não tiver permissão não pode simplesmente descer a terra, ainda mais depois de ter bisbilhotado os assuntos dos arcanjos e vir me contar, vai completamente contra todas as regras postas.

Estávamos na cozinha e ela me contava mais detalhes, volta e meia me perguntava se eu tinha certeza que a garota que procuro esteja mesmo em alguma canto de Portland, mas estranhamente eu tinha certeza que ela estava perto.

– Mas e aí – Lisa se sentou no balcão e me encarou – já sabe como pretende prender a Angnel quando descobrir, hãn... Sabe, quem é... – deu de ombros

– Isso não é problema seu – respondi já me irritando com esse assunto –, eu sei que você quer me ajudar, mas eu não preciso de ajuda e você já está se arriscando demais ao vir aqui, não que isso seja tão ruim, mas não quero que se meta em encrenca por minha culpa, então volte e finja que não aconteceu nada e por favor, não comente com ninguém sobre isso.

– Ah claro! Porque eu realmente falaria que estou cometendo essas coisas... – ela disse irônica. – Não se preocupe, tô vazando, até mais lindo. – Ela me deu um beijo na bochecha e saiu pela porta, provavelmente não voltaria a vê-la tão cedo. Pelo menos eu acho.


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