Lado Negro escrita por Srta Cipriano


Capítulo 4
Outro daqueles pesadelos




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Allyson Angnel

Eu ainda estava pensando naquele idiota completamente sem noção, se não me engano seu nome era Nathan, como alguém pode ser tão... tão ele. É tão convencido, tão metido, ele me irrita com esse jeito, mas confesso que ele é lindo, achei isso assim que o vi hoje pela manhã na escola, aquele corpo, o rosto bem desenhado, os olhos... Como alguém pode ser tão perfeito? Affe, ele deve causar esse efeito em várias garotas e eu não quero ser uma delas, vai saber nas confusões que ele se mete ou no que ele apronta. Definitivamente não é o tipo que eu quero, ou muito menos que o Peter aceite. Afinal, quem confiaria naquele olhar malicioso, naquele garoto tão misterioso?

– E ai gatinha! – fui tirada de meus pensamento pela Jennifer, que chegara exatamente na hora que eu saia pela porta do O’learys. Era o fim do meu expediente.

– Oi. – Sorri e nós duas seguimos para o carro da Jen.

– Quando seu carro vai ficar pronto afinal?

– Vou poder pegar amanhã – levantei as mãos para cima como se dissesse graças a Deus.

Depois de um longo silêncio no carro finalmente chegamos na minha casa e Jen parou.

– Você é má Ally! – ela riu pelo nariz e eu a olhei completamente desentendida. – Ué, você não me falou nada do Nathan o caminho todo...

– O que? Nathan? – eu não sabia onde ela queria chegar com isso.

– Novo aluno gato, pichador de muros, e um clima no O’lerays com minha melhor amiga... – ela sorriu convencida jogando os cabelos para trás. – Tenho minhas fontes meu amor, e a da última foi o Matt.

Eu apenas revirei os olhos e encarei qualquer canto a minha frente, é isso que dá os garotos serem afim da Jen, tudo que ela pergunta eles respondem, tudo que ela quer, eles fazem. Posso até estar exagerando, mas que ela sabe de tudo que rola, isso ela sabe, esse é um dos bons motivos em ser a melhor amiga da Jen.

Eu a fitei séria.

– E o que você está querendo dizer com esse assunto, Jennifer Campbell? – ergui uma das sobrancelhas.

– Ah, sei lá! Depois do Caleb você nunca mais namorou ninguém...

– Esse assunto de novo não, por favor! – bufei e bati a cabeça no banco, abri a porta do carro e estava prestes a sair, porém a Jen segurou meu braço.

– O que está fazendo? – ela me olhou, o arrependimento estava claro no seu olhar. – Foi mal aí, eu sei que esse assunto é delicado pra você, mas...

Eu a ignorei e saí do carro, logo batendo a porta, amanhã eu a desculpava. Pois sempre que eu me esquecia do Caleb algum bendito ser tinha que me lembrar dele, se eu não o fizesse sozinha. Ele fora um namorado e meu primeiro amor, ficamos juntos por pelo menos dois anos e descobri que ele me traía, nunca senti decepção tão grande. Acho que fiquei chorando por mais de uma semana até resolver seguir em frente e o ignorar, o que ficou mais fácil quando ele e sua família se mudaram da cidade. Depois disso prometi para mim mesma que não iria me envolver ou amar outro garoto como o amei.

Quando em fim entrei em casa, fui direto para meu quarto estudar um pouco sobre Romeu e Julieta, a história era fascinante, o modo como Shakespeare escrevia e relatava o amor que os dois sentiam me dava vontade de acreditar que um dia esse tipo de amor seria capaz de existir, mas ainda sim era quase impossível comparar Romeu com qualquer outro garoto dos dias de hoje.

Depois de um bom tempo de leitura, entrei no banheiro e tomei um banho, quando saí vesti meu pijama de flanela, fiz um coque alto e desci. Encontrei Peter na sala de estar colocando copos e pratos na mesinha de frente para o sofá e havia uma caixa de pizza sobre a mesma, o cheiro da calabresa já pairava no ar. Sem dizer nada me sentei no tapete felpudo de frente para ele, que servia refrigerante para nós.

– Preguiça de fazer a janta? – disse sorrindo e pegando uma fatia da pizza já cortada.

– Dia muito puxado no trabalho... – ele fez um movimento circular com os ombros e bocejou.

– Você só fica sentado em uma cadeira de frente para uma mesa o dia todo – eu ri e continuei a comer. Ele trabalhava para um jornal.

– Ah, já trouxe seu carro da oficina – ele disse de boca cheia e eu sorri, era bom não ficar dependendo de caronas.

Depois de jantarmos, ajudei Peter a arrumar as coisas e fui para o quarto. Escovei os dentes e me deitei, logo peguei no sono, tendo outro daqueles pesadelos.

Eu andava em cima do asfalto em meio a uma noite abafada, o suor escorria pela minha pele, o céu estava como um manto negro com um ponto brilhante, a lua, que era a única luz que eu enxergava, as árvores bruxuleavam a minha volta como se as sombras de seus galhos quisessem me agarrar, eu sentia que estava sendo observada, sentia que estava em perigo.... Até que uma brisa suave me fez arrepiar, vi algo brilhante a distância, apressei os passos e parecia a silhueta de uma pessoa, mais perto e mais perto, era um homem, porém não conseguia o distinguir, só uma aura brilhante em branco a sua volta, como algo poderoso, algo que me fazia sentir segura, então esquivei, parei e encarei aquela luminosidade, eu queria correr e ver de quem se tratava, mas uma força sobrenatural me impedia, de repente me arrepiei e o alerta de perigo voltou, olhei para os lados e voltei a olhar para frente, não havia mais ninguém ali, só a imensa escuridão de uma reta que parecia nunca mais terminar, e então escutei um grito vinda do meio da floresta, uma voz feminina, meu corpo todo estremeceu e senti cheiro de sangue... E então acordei.

Ao abrir os olhos, os raios fracos do sol invadiam meu quarto pois havia esquecido de fechar as cortinas na noite anterior. Eu bocejei, sentia muito sono, mas infelizmente tinha que levantar. Me pus pra fora da cama e depois de ir ao banheiro fazer minhas higienes, vesti um short branco curto e desfiado nas beiradas, uma regata de renda verde-água amarrada na lateral e uma sapatilha.

Tomei café e me despedi de Peter peguei meu carro, como era bom tê-lo, e antes de sair mandei uma mensagem para Jennifer dizendo que não precisava mais vir me buscar e que eu não estava brava com ela pelo dia anterior. Quando cheguei na escola estacionei meu carro no estacionamento para alunos e fui para meu armário, guardei meus livros e no momento que me virei para ir para a sala dei de cara com o Nathan.

– Bom dia loirinha – ele me olhou de cima abaixo e sorriu, eu revirei os olhos. – De mau humor logo de manhã?

– Será que eu posso passar ou ta difícil? – o olhei arqueando as sobrancelhas e ele abriu caminho.

– Até a aula de teatro – disse enquanto eu me afastava. Como conseguia ser tão sínico?


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