Dean havia levado um bom tempo até dormir finalmente.

O mistério que envolvia Melissa o intrigava de uma maneira que nunca havia sentido antes. Era realmente algo interessante, diferente de tudo que já vira antes em todas as suas caçadas.

Afinal, em nenhuma das outras havia uma garota como aquela e olhe que ele já havia conhecido várias.

O Sol já havia nascido quando Dean fechou os olhos e pareceu que haviam sido apenas cinco minutos, quando alguém abriu a porta de seu quarto. Dean estava pronto para xingar Sam ou Bobby, quando uma voz bem mais doce entrou por seus ouvidos.

—- Bom dia, Dean! -- Ela não parecia completamente confortável por acordá-lo -- Mil desculpas por te acordar. -- Melissa disse ainda na porta, quando Dean, sem ainda estar acordado por completo, sentou-se na cama.

—- Não é de todo ruim ser acordado por você. -- Ele disse ainda sonolento, só depois percebendo que falara demais.

—- Bem... obrigada! Eu acho... -- Ela ficou enrubesceu, mas sorria -- Bobby pediu pra eu te acordar. O café da manhã está pronto e eu acho que ele quer te pedir alguma coisa. -- Melissa deu de ombros.

—- Tudo bem, não tem problema. Eu só vou levar alguns minutos até acordar de verdade. -- Ele disse levantando os olhos para Melissa.

—- Quem bom que não está com raiva, eu não sei você, mas eu fico muito irritada quando alguém me acorda... -- Ela riu encostada ao arco da porta.

—- Um pouco. -- Ele admitiu com um meio sorriso -- Mas com você não há problema algum. -- Dean se levantou, esticando um pouco o corpo.

Melissa perdeu alguns segundo olhando os movimentos dele.

—- Bem, eu vou deixar você terminar de acordar, te espero na cozinha. --

—- Ei, Mel! -- Dean chamou.

Melissa voltou a olhá-lo.

—- Como está se sentindo hoje? --

—- Estou me sentindo um pouco anestesiada hoje... -- Ela fitou o chão por um momento -- E me sentindo um pouco melhor por estar no caminho para entender tudo o que aconteceu. --

—- Que bom que se sente assim. -- Dean sorriu.

Melisso retribuiu o gesto e saiu pelo corredor em direção à cozinha.

xx

—- Desde quando temos café da manhã assim aqui? -- Dean perguntou quando se juntou aos outros e viu a mesa posta com ovos, bacon, panquecas, café e outras delícias.

—- Desde que nós temos uma cozinheira entre nós. -- Sam riu se servindo.

—- Foi você Mel? -- Perguntou Dean.

—- Eu costumava fazer o café lá no Rancho e eu acho que isso é o mínimo depois do que fizeram por mim. -- Ela respondeu se sentando com eles -- Bobby Singer, seu café vai esfriar! -- Exclamou de onde estava.

—- Onde ele está? -- Sam perguntou.

—- Eu não sei... saímos cedo hoje, ele me levou pra comprar algumas roupas, já que vocês explodiram as minhas junto com a casa -- Melissa falou tomando um gole de café -- e no caminho ele falou com alguém sobre a coleção de raridades e o grimório, pelo que entendi a pessoa sabia de algo. Agora ele está numa ligação, espero que seja alguma notícia boa. --

—- Eu também, por que passei boa parte da noite ontem procurando na internet alguma informação sobre isso e não achei nada. -- Sam contou.

—- Estou me sentindo inútil aqui, fui o único que não fez, nem sabe de nada até agora! -- Dean brincou, enchendo o prato de bacon.

—- Nada a ver, Dean. -- Disse Melissa -- Você já fez demais ontem salvando a minha pele, merece um descanso. Por isso nem queria te acordar, por mim teria dormido até não querer mais! --

—- Dean! -- Bobby surgiu perto deles, parecia animado -- Pegue meu café e venha aqui. -- Bobby descansava o celular no ombro, o abafado barulho de alguém falando indicava que ele ainda falava com alguém.

—- O que? -- Dean não parecia muito disposto a largar seu prato de bacon.

—- Venha logo. -- Bobby disse agitado voltando por onde havia vindo -- E traga meu café! --

Dean revirou os olhos com raiva e levou a xícara de má vontade.

Xx

—- Você não achou nadinha na internet? -- Melissa puxou assunto com Sam, ele realmente parecia ser o tipo que dava um ótimo melhor amigo.

—- Nem pista. Grimório, símbolos, Catarina... nada. --

—- Que droga. -- A garota apertou as têmporas -- Preciso de alguma coisa para passar o tempo e não pensar em nada, se é que me entende... -- Pensou ela.

—- Não acho que haja muito a se fazer aqui mas, vá em frente. Vou insistir na internet. --

—- Sammy... posso te chamar assim, né? -- Sam concordou -- Será que você podia procurar algo a respeito disto aqui? --Ela perguntou mostrando a pulseira em seu braço.

—- Posso. Algum motivo especial? --

—- Não, nada. -- Ela desconversou -- É só que meu pai insistia muito pra eu não tirar do braço e como há muita coisa a ser esclarecida, pensei que talvez pudesse ter alguma importância... --

Sam ergueu as sobrancelhas.

—- Boa ideia. Vou procurar algo sobre essa pulseira também. --

—- Obrigada. -- Ela sorriu -- Sam, você acha que tem algum problema se eu lavar o Impala? Ele tá meio sujinho e ia ser legal pra passar o tempo. --

—- É, nem sei como isso é possível, mas ele está sim. -- Sam riu -- Por mim não tem problema nenhum. Fique à vontade. --

—- Ok. -- Ela sorriu -- Vou deixar você com seu computador e vou me distrair. Tchau. --

Sam acenou para ela, que saiu em sua animação forçada pra o lado de fora da casa.

Xx

—- O que foi? -- Dean perguntou quando deixou a xícara em cima de uma mesa próxima aonde Bobby ainda falava no celular.

—- Você tem certeza disso? -- Bobby sorria enquanto conversava -- Tudo bem. Muito obrigada. Você nem sabe o quanto ajudou. -- Ele finalmente desligou.

—- Estou esperando uma explicação. -- Disse Dean com os braços cruzados sobre o peito.

—- Encontrei a coleção de raridades. -- Exclamou.

—- Aquela que você queimou? -- Dean se interessou tomando da xícara que era para ser de Bobby -- Sobrou alguma coisa? --

—- Esse é o ponto. Haviam muitos livros de magia neste lugar e alguns dele não sofreram nada mesmo com o incêndio. Nós só temos que torcer para o das feiticeiras estar entre eles. --

—- Ainda fica no mesmo lugar? --

—- Sim. -- Bobby confirmou.

—- Ótimo. Vamos ainda hoje pra lá, então! -- Dean animou-se.

—- Eu e Sam vamos. -- Bobby interferiu -- Eu, porque vou reconhecer o livro e Sam porque ele é bom com essas coisas de encontrar. --

Dean estranhou.

—- Porque eu e Melissa temos de ficar? --

—- Não quero que ela se exponha muito até termos pelo menos uma ideia do que está acontecendo -- Bobby suspirou -- e também não vou deixá-la sozinha aqui. Sem falar que você vai ser bem mais eficiente como guarda costas do que um velho como eu. --

—- Bobby... -- Dean apertou os olhos -- Não sei se... --

—- Dean, você tocou a porta do abrigo e ela magicamente abriu, você salvou essa garota. Você é mais forte e melhor caçador do que eu e Sam juntos. Não confio em mais ninguém para protegê-la, a não ser você. Por favor. -- Pediu Bobby.

Ficar sozinho com Melissa era, ao mesmo tempo, uma ótima e uma péssima ideia. Ótima porque ela era simpática, linda, inteligente e atraente e era péssima pelo mesmo motivo. Afinal, aquela garota tinha só dezessete anos.

Mas ele não podia dizer que Bobby estava errado, nem muito menos negar um pedido dele

—- Tudo bem. -- Ele concordou.

—- Obrigado, Dean. -- Bobby sorriu -- Vou chamar Sam, quero sair imediatamente se possível. --

Dean ficou sozinho no lugar e tomou o resto do café, tentando não pensar nos prós e contras de bancar o guarda costas.