Heavenly Hell escrita por Ju Benning


Capítulo 25
Dead Line


Notas iniciais do capítulo

"'Volteeei, Hunters! Mais um capítulo pra vocês, espero que gostem e me deixem saber, tá?!
Falando nisso, muito obrigada pelos comentários, favoritações e acompanhamentos



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Catarina retomou a consciência, mas percebeu que não estava no seu corpo e apenas sabia que não estava morta de fato, pela linha tênue e dourada que parecia lhe ligar ao seu corpo inerte, que Noite carregava. Era claro que o veneno fazia seu efeito e isso a mantinha desacordada.

Ela supôs que àquilo que as pessoas se referiam quando falavam em experiência de quase morte.

O sangue na adaga, obviamente, e para a Feiticeira: infelizmente, não era seu.

Catarina não estava em pânico, tinha certeza de que sairia bem do incidente pelo simples fato de ser prevenida... então, a única coisa que precisava agora era achar mais alguém que se encontrava fora de seu corpo. Porém de forma mais definitiva.

A Feiticeira, que não podia ser vista por nenhum dos vivos, mas sorriu pra todos e beijou o rosto de Noite, gostaria de poder dizer pra ele que estava tudo bem. Mas não tinha tempo. Tornou seu olhar para o corpo de Dean imóvel e se lembrando muito bem do que tinha acontecido, sabia que o que o Caçador tinha feito era suicídio e ele fez pela segurança dela. Algo assim não se deixa passar.

Se afastando de seu próprio corpo saiu à busca do espírito de Dean, que devia estar perdido em algum lugar por ali.

—- Dean!? – Ela chamou por ele e não demorou a obter resposta.

—- Na cachoeira, Catarina. – A voz de Dean era pesarosa.

Apesar da distância, espíritos se locomovem mais rapidamente do que os vivos e logo estavam juntos.

—- Caçador. – Ela o abraçou pelo pescoço – O que foi que você fez? – Catarina desmanchou o abraço e segurou o rosto dele entre as mãos – Devia ter saído correndo e me deixado lá... –

—- Cala a boca. – Dean a interrompeu, porém não foi rude – Estávamos juntos naquilo, não ia abandonar você. Eu entrei lá porque quis! – Sorriu aberto – E eu falei que no fim do dia você ia me agradecer por estar lá. – Dean demorou alguns segundos se gabando até que seu sorriso se desmanchou – Mas... você está aqui comigo... não me diga que também... –

—- Não. Você fez um bom trabalho. – Ela riu – Eu estou desacordada, mas não vão demorar a me ajudar. Por isso eu devo ter pouco tempo pra falar o que eu vim falar com você. – O pegando pela mão, os dois se sentaram a beira do rio.

—- Eu também acho que tenho pouco tempo, até que Tessa dê as caras por aqui com aquele papo de seguir em frente e ir para a luz... – Apesar de não se arrepender de nada do que tinha feito, estar morto era uma droga.

—- Ninguém virá buscar você Dean. – Catarina falou sem olhá-lo nos olhos – Pelo menos não até que me responda... –

—- Responder o que? – Ele a olhou e nunca a havia visto daquele jeito. Catarina estava de cabeça baixa, olhar perdido, respiração fora de compasso, molhando os pés na água. Uma figura completamente vulnerável – Catarina... – Dean virou o roto dela pra si.

—- Preciso que volte comigo... – Ela falou engolindo em seco.

—- Quer me trazer de volta à vida? – Dean não podia negar que havia gostado de ouvir aquilo.

—- Eu sei que eu disse é perigoso e que provavelmente vão haver sequelas, mas... eu preciso pedir isso a você. Olha, o fato de que está ciente do que vai acontecer melhora as coisas, vai ser meio assustador, mas não resista. É só não resistir e aí você volta e eu tenho certeza que... – Catarina não parava de falar por um segundo, estava nervosa.

—- Feiticeira. – Dean a interrompeu – Eu entendi o que quer dizer, mas eu não sei se quero correr o risco de ficar paralisado ou demente... –

—- Eu estou disposta a fazer umas coisas extras pra te assegurar, que eu não estava muito disposta antes... – Ela mudou de posição se voltando pra ele – Tenho quase certeza que posso anular os danos físicos. Mas, por favor, diga que sim! –

—- Ok... e os danos aqui? – Dean perguntou tocando a própria cabeça.

—- Dean! – Catarina se impacientou – Você já é maluco! Ora, confie em mim! Eu sei que é difícil e tal que você tem os dois pés atrás comigo... mas, diga que sim! –

O Caçador ficou em silêncio por algum tempo.

—- Se você quiser me trazer de volta, simplesmente pode... porque está tão preocupada em ter a minha permissão? E outra, porque precisa tanto que eu volte? –

Catarina cerrou os olhos pra ele.

—- Eu odeio quando você fica me julgando com esses olhinhos verdes, mas vou ser completamente franca! – Ela virou o rosto pra o outro lado e ficou outro tempo em silêncio até que conseguir engolir o orgulho e falar – Eu estou pedindo sua permissão pra te proteger! Se você souber, não vai resistir e isso diminui as consequências possíveis! E não venha estranhar o fato de eu estar protegendo você, seu idiota! Porque se Miguel não chegou perto do seu corpinho foi única e exclusivamente graças a mim! – Ela estava irritada de um jeito engraçado – E... – Ela pigarreou – Eu preciso que você volte primeiro e principalmente porque não quero e não vou conseguir nunca me sentir responsável por Sam perder você! Eu sei o quanto ele te ama e sei o quanto eu já ferrei com os sentimentos dele! Segundo eu não quero me sentir responsável pela sua morte, já que você se jogou nos braços dela pra me proteger! – Catarina foi teatral ao falar e isso fez Dean rir – Terceiro, você é um guerreiro honrado e eu tenho fascinação por criaturas assim, já que honra não é o meu forte. – Dean riu aberto mais uma vez, mas Catarina não o acompanhou e mordendo o canto direito da boca e voltou a tremer, exatamente como fez antes de entrar no Relicário.

—- O que foi? – Ele segurou mais uma vez na mão dela.

—- Tem um quarto motivo... eu odeio admitir isso... mas eu preciso de você porque não sei se eu sou capaz de matar o Diabo sozinha. – Ela deu de ombros.

—- Do que você está falando? Honestamente, eu não consigo concordar com isso. Eu morri, você quase morreu pra pegar a merda da Espada e agora você olha pra mim e me diz que não consegue? – Ele parecia indignado.

—- Não fala assim... – Ela disse num tom baixo, mas estava séria – Quando ocorreu o acidente com o meu pai, e Belzebu o matou envenenado, minha mãe me renegou e me levou ao tribunal. Ela queria que eu fosse condenada à morte. E eu tinha seis anos... – Catarina continha o choro, mas a mágoa era palpável -- Darian, que era só meu primo naquele tempo, me ajudou a sair da masmorra e a única criatura que acolheu até que Darian me livrasse da acusação, foi Lúcifer. – Ela deu de ombros – É verdade que a nossa relação não é saudável, mas no fim das contas... –

—- Ele é importante pra você... – Dean completou a frase dela e Catarina confirmou com a cabeça.

—- Mas eu preciso pará-lo. De alguma forma, eu preciso. Porque mesmo que ele esqueça essa birra recente, eu sei que virá o Apocalipse... ou eu o paro ou ele vai destruir todos vocês. – Ela deu de ombros mais uma vez – Só que eu sei que eu vou fraquejar e quando isso acontecer eu preciso de alguém que eu nunca tenha conseguido enganar de cara limpa... eu me joguei em cima de você, e nós acabamos transando principalmente porque você estava começando a perceber que eu era eu e não Melissa... depois disso, você nunca confiou em Kathe e, caramba, mesmo que você me deseje com certa intensidade... preciso dizer que acabou comigo naquela tortura e se Sam não tivesse interferido, muitas coisas poderiam ter acontecido, eu ia ter falado muita coisa. – Ela apertou a mão dele e fez um gesto engraçado com a cabeça.

—- Onde quer chegar com isso, Catarina? – Dean preferiu não demonstrar o quanto estava orgulhoso das coisas que ela tinha falado e preferiu ainda mais calar a respeito da parte do desejo.

—- Eu venho manipulando Noite por milênios, no fim das contas ele sempre faz o que eu quero... Posso mandar Castiel pra o Céu quando eu quiser! Crowley é quase um vassalo, está em pânico pela possibilidade de perder a cabeça. – Ela franziu o cenho -- Sammy e a Mel... você sabe no fundo que é apenas piedade e que esse sentimento em mim não dura muito! – Ela engoliu em seco – Quando eu fraquejar, preciso de alguém que me enfrente, que resista às minhas artimanhas... e me faça ficar no caminho certo. –

—- E quem garante que eu vou resistir as suas artimanhas? – Foi a vez de Dean falar sem olhar pra ela – Mesmo que eu estivesse desconfiando que não era a Mel, você conseguiu me “neutralizar”. –

Ela riu.

—- É diferente. Era o corpo dela, da Mel... isso fez você relaxar o tanto que eu precisava pra te “neutralizar” – Catarina ainda ria, principalmente do “neutralizar” – Depois disso, não se esqueça que eu posso ver na sua mente. E eu sei que todas as vezes que você me vê, em sonho ou na vida real, está resistindo a mim. Pelo Sam, pela Mel, pela sua honra... e é disso que eu preciso. Vou precisar da sua honra emprestada. – Ela o fez olhar pra si e apertou a mão dele – Preciso que volte. –

Catarina percebeu que seu tempo no lado dos mortos estava no fim, quando parou de sentir a mão de Dean e a linha dourada que a ligava ao seu corpo passou a brilhar mais intensamente.

—- Caçador, meu tempo acabou aqui, eu preciso que me responda. – A voz dela se tornou distante e sua imagem antes nítida pra Dean, foi ficando cada vez mais translúcida.

—- Venha me buscar, Feiticeira. Estarei bem aqui esperando. – Ele falou apenas poucos segundos antes dela desaparecer.

Xx

Ver aquela cena à sua frente fazia Sam ter vontade de acordar à todo custo. Acordar e perceber que aquilo era um pesadelo daqueles piores e desesperadores, pois, com certeza se sentia tão mal ou até pior que no dia que seu irmão foi morto por cães do inferno.

Sam andou até Noite, Castiel e Crowley; e o que eram poucos metros se tornaram milhas de distância.

—- O que aconteceu? – Ele se forçou a dizer quando finalmente chegou perto dos outros.

—- Aconteceu o que eu sempre soube que aconteceria quando essa maluca e o imbecil do seu irmão resolveram brincar de dupla! – Crowley falou com os dentes trincados.

Sam pegou Catarina do colo de Noite.

—- Eles estão mortos? – Kevin perguntou com certo receio de se conseguiria ouvir a resposta, enquanto Melissa continuava paralisada, seus olhos vidrados em Dean.

—- Ela não. – Noite respondeu, quando foi tomar o lugar de Crowley e passou a apoiar Dean junto com Castiel – Você lá já viu vaso ruim quebrar, Sam? – Não havia maldade no comentário.

—- E Dean? – Ele perguntou engolindo em seco.

—- Não tivemos tempo de checar devidamente. – Castiel interveio antes que Noite abrisse a boca.

—- Mas e o sangue na adaga dela? – Kevin questionou, pegando a arma da bainha.

—- Não é dela esse sangue. É humano... – Noite observou – Acredito que seja do seu irmão, Sam, mas nós não estávamos lá quando aconteceu, só vamos saber de algo quando ela acordar. –

—- E porque não ele? – Foi a primeira vez que Melissa se pronunciou.

—- Porque nós não... – Castiel começou mais uma vez sua explicação, mas foi interrompido por Crowley.

—- Porque Dean está morto. – O choque se espalhou por aqueles que não estavam cientes ainda do acontecido, mas antes que parassem para sofrer o momento ele continuou – Antes do luto coletivo, se mexam pra salvar a vida dela! Sinto muito, mas salvar a Feiticeira é bem mais importante do que chorar agora! – Crowley despejou

—- O que houve com ela? – Sam perguntou engolindo em seco e prendendo o choro.

—- Catarina usou a espada de Lúcifer pra matar o demônio que enfrentaram. Eu acho que pouco antes de morrer ele a perfurou com as garras nojentas dele, envenenando-a assim como fez com o pai dela. – Noite falou – Eu não sei onde isso está, mas sei perfeitamente que depois da morte do pai Catarina estudou diversos venenos e como proceder nos diversos casos de contaminação. Se acharmos isso, ótimo. – Ele deu de ombros – Se não, o veneno vai progredir até o ponto de tornar irreversível o quadro inanimado... e aí, eu vou ter de usar isso. – Ele completou tomando a adaga da mão de Kevin – Não vou deixa-la ficar assim pra sempre. – Noite respirou fundo.

Sam jogou a cabeça pra trás, segurando Catarina nos braços. E Kevin pareceu imergir num pensamento muito distante.

—- Nós temos isso ou não? – Melissa soava nervosa e não conseguia tirar os olhos do corpo inerte de Dean.

—- Não faço a mínima ideia. – Kevin falou preocupado.

— Mas nós não vamos perder os dois, não vamos... nem que eu venda a minha alma pra isso. – Sam falou de maxilar trincado, mas pensativos, essa assunto de venenos não lhe parecia estranho.

Crowley zombou.

—- Acredite, a alma do seu irmão vai voltar pra o inferno e eu não acredito que ninguém vá querer trocar a dele pela sua! Ele é um ótimo torturador no fim das contas! – Crowley falou dando de ombros – E eu garanto que a sua alma não tem um décimo do valor que a dela tem... aliás, eu nem sei se dá pra reviver a Feiticeira. – Ele ponderou de maneira engraçada – E honestamente eu prefiro acreditar que não precisaremos pensar nisso! –

—- E nós não precisamos... – Kevin sorriu abertamente – Pelo menos ela nós vamos salvar! Sam, eu tenho certeza que esse estudo de venenos está no livro que ela deixou pra você hoje de manhã! Só sou capaz de decifrar poucas palavras, mas “veneno” é com certeza uma delas! –

—- Claro que sim! – Sam se deu conta dos últimos textos que a princípio não fizeram o mínimo sentido pra ele, nem com o líquido. Mas agora que sabia do que se tratava, era óbvio o uso. – Vem comigo, Kevin; e Noite também. Acho que não temos muito tempo. –

—- Esperaremos notícias aqui. – Castiel deitou o corpo de caçador junto com Noite, para que este seguisse com Sam.

Melissa se sentou perto dele, observando a porcaria que estava o braço de Dean, havia sangue em todos os lugares e outros cortes também.

Ela não sabia o que pensar, ou fazer. Sabia que se sentia anestesiada. A sensação que tinha era diferente de todas as suas perdas anteriores, mas mesmo que fosse diferente não era e nem seria menos dolorosa. Na verdade, a única coisa que conseguia se lembrar, era de como era apaixonada por aqueles olhos verdes radiantes que nunca mais veria abertos.

Estava convencida de que a morte a perseguia e insistia em levar aqueles que ela amava e alguma coisa ela tinha de fazer, mas primeiro, prepararia as homenagens ao homem indescritivelmente maravilhoso que tinha em sua frente.

Xx

Quando Catarina voltou ao seu corpo, não foi muito agradável, pois estava vomitando. E aquela coisa preta, o veneno, tinha um gosto nojento. Indescritivelmente nojento.

Ela percebeu que tinha uma bandagem ao redor da barriga, onde havia sido perfurada e a julgar pelo cheiro que vinha dali, haviam usado as ervas corretas. Ela estava sentada na ponta da cama de Sam, estando apoiada em Noite que também fazia o sempre gostou de fazer: segurar os cabelos dela; na verdade ele trançava os fios pacientemente enquanto ela vomitava.

—- Acho que eu vou vomitar essa porcaria por pelo menos mil anos. – Ela disse segurando num dos joelhos de Noite pra se apoiar e se virou pra Sam – Achou meus relatórios de Estudo sobre Veneno no diário, Sammy? – Ela tentava rir, mas a ânsia de vômito ganhava no fim das contas.

—- Últimas páginas... – Ele falou respirando aliviado por ela estar acordada – Eu não fazia ideia de que demônios podiam ter veneno. – Ele abaixou-se perto dela, depois que ela passou mais de um minuto sem vomitar.

—- Agradeça a ele. Eu não fazia a mínima ideia de como entender aquela bagunça que você escreveu. Estou pensando inclusive em te comprar uma caligrafia. – Noite brincou olhando-a com um sorriso aberto.

—- Eu tinha certeza que ele ia conseguir caso precisasse. – Ela mexeu nos cabelos de Sam como que diz "bom garoto" .

—- Você me deu o diário pra abrir seu coração ou porque sabia que podia dar algo errado? – O tom de Sam mudou levemente.

—- Querido, tudo fica melhor quando podemos juntar o útil ao agradável. – Ela se levantou limpando a boca com magia, pra ter certeza que toda aquela porcaria sairia dali. – E de fato estava seriamente preocupada com o que poderíamos encontrar guardando a espada. – Ela o beijou rapidamente -- Onde está Dean? –

—- Catie... ele morreu. – Sam começou a falar com expressão mortificada, os olhos muito inchados como se houvesse passado uma eternidade chorando – Mas eu precisava acordar você antes que o quadro se tornasse irreversível. – Ele parecia sentido.

—- Eu sei... – Ela o abraçou muito e deixou que ele chorasse um pouco consigo – Eu preciso perguntar algo a você, Sam. – Ela ainda mexia nos cabelos dele.

—- Fala... –

—- Onde está o corpo do seu irmão? – Ela falava docemente, não queria começar uma discussão ali.

—- Melissa e Castiel estão fazendo uma pira e Crowley está em algum lugar, resmungando. – Sam respondeu – Eu não sei como a Mel está de pé... mas ela está sendo forte. Acho que eles virão chamar quando estiver tudo pronto. –

—- Pronto pra que? – Ela perguntou se levantando repentinamente, se segurando na armação da barraca. Estava livre das consequências graves do veneno, mas sabia muito bem, que seu estado de saúde definitivo, dependia de um certo repouso, que obviamente não iria existir.

—- Para a cremação, Catie. – Noite falou – Você tá bem? – Ele tinha o cenho franzido.

—- Ninguém vai cremar ninguém aqui. – Ela se exaltou.

—- Você prefere enterrar o Dean? – Sam estranhou ficando de pé.

Catarina tinha de pensar rápido, dizer que ia trazê-lo de volta à vida depois do drama com Bobby ia provavelmente implicar em vários empecilhos para os quais não tinha tempo. Sem falar que seria muito mais fácil depois que Dean estivesse de volta pra dizer que havia concordado com tudo aquilo.

—- Ele pode não estar morto. – Ela improvisou.

—- Catarina, ele está morto. O Sangue na sua adaga era dele, não sei como, mas foi a sua arma que o matou. – Noite foi incisivo.

—- Eu tenho certeza também, Catie. – Sam suspirou – Mas não se sinta culpada, por favor. –

Catarina repensou o que faria, pelo jeito todos já estavam muito certos do estado de saúde de Dean. Por tanto, certa de que sua nova estratégia daria certo mais rapidamente, falou:

—- Não me peça pra não me sentir culpada! – E essa parte do que dizia não era nenhum pouco mentira – Não existe como não me sentir assim, meu bem. – Ofegou, atuando como sabia fazer muito bem – Por tanto, me deixe fazer ao menos a cerimônia de cremação completa pra ele, como uma maneira de eu me redimir. –

Noite a olhava desconfiado.

—- No que isso implica? – Sam a olhava de um jeito que a fez perceber que estava no caminho certo.

—- É uma cremação mais longa... primeiro organiza-se a pira e colocamos as ervas aromáticas, depois o corpo descansa, para que se garanta que o espírito tenha se desligado do corpo completamente e não vá sentir nada durante a cremação. – Ela nunca tinha inventado nada assim, até porque não existia nenhum rito como aquele – Amanhã quando o Sol nascer, acendemos a pira... é uma analogia... – Ela sentia vergonha do que falava, já tivera ideias melhores na vida.

—- Ótimo, então, se isso vai lhe fazer se sentir melhor... não vejo porque não. – Sam a abraçou com todo o cuidado para não magoar a ferida horrorosa que ela trazia na barriga – Eu vou avisar aos outros. – Falou assim que a soltou, saindo da barraca.

—- Nunca ouvi falar desse ritual, Catarina. – Noite falou assim que Sam estava a uma distância segura -- Você não tem consciência mesmo, não é? --

—- Ora que descuido, Balto. Algo tão nobre. – Ela soou mais irônica do que pretendia.

—- Você não tem um pingo de vergonha de mentir pra o Sam? – Ele a pegou pelo braço -- Ele está perdidamente apaixonado por você e a culpa é sua, ele perdeu Bobby e o irmão, e culpa, de uma forma ou de outra, é sua! -- Acusou.

—- O problema não é ele! Na verdade eu vou trazer Dean de volta em grandes partes por Sam! – Catarina ainda atuava, agora um pouco mais empenhada, Noite era mais esperto – Eu não falei nada porque não estou é com um pingo de paciência pra lidar com os chiliques de Melissa agora. – Ela respirou fundo – Não brigue comigo, fique do meu lado como sempre ficou... eu preciso de Dean inteiro e eu vou conseguir. Meu amigo. – Ela o abraçou e com sua melhor voz de convencimento, pediu:

— Fique do meu lado. –

Noite respirou fundo e acabou retribuindo o abraço.

—- Tudo bem. Mas se algo der errado, a responsabilidade é toda sua. – Ele a beliscou de leve.

—- Não vai dar nada errado, eu garanto. – Ela engoliu em seco ao falar e isso pois Noite de alerta, não gostou daquele nervosismo. Esperava que ela não estivesse aprontando nada irresponsável além dos “padrões Catarina”.

Xx

—- Por que essas coisas acontecem, Castiel? – Melissa perguntou mexendo nos cabelos de Dean, já deitado sobre pouca madeira – Por que pessoas como Dean sofrem tanto e morrem... e pessoas de moral questionável sobrevivem? –

—- Eu não sei, Melissa. Acredito que essa decisão de quem morre e quem vive não cabe a mim, ou a outros anjos, tomar ou até mesmo entender... – Ele estava ao lado dela – São definições que vem de cima. – Castiel tocou a mão dela – Mas não tenha rancor por Catarina ter sobrevivido. A escolha dele ir hoje junto conosco foi sugestão minha e decisão dele, ela nunca quis que Dean fosse, temia pela segurança dele. E mais do que isso, Catarina ia entrar no Relicário sozinha, a decisão de não deixa-la fazer isso foi dele igualmente. A Feiticeira não teve nenhuma culpa na morte de Dean. – Castiel a olhou de canto.

—- E por que o sangue na adaga dela era dele? Eu não entendo. Eu vi muito pouco, Castiel. Eu não entendo também porque ele faria tudo isso? – Melissa mantinha a cabeça baixa e não olhava o anjo – Eles se detestavam e agora... e agora isso, essa proximidade... por que? – Ela finalmente levantou a cabeça.

Crowley, que rondava o lugar, entediado com aquela conversa, respondeu pelo anjo:

—- Porque Catarina é mais velha, mais madura, mais bonita e menos chata que você. –

Melissa o olhou com indignação e deixou o queixo cair.

—- O que é que ele está fazendo aqui afinal de contas? – A garota olhou para Castiel raivosa – Ele não vai ficar quando a pira for acesa, vai? –

—- Não dê ouvidos a ele. – Castiel fuzilou o demônio com o olhar – Não é nada disso, nem acredito que Dean e Catarina se gostem mesmo, acho que ganharam respeito mútuo, acredito que eles apenas tenham aprendido a reconhecer as qualidades um do outro. – Castiel abraçou Melissa apertado e deixou que ela chorasse com ele.

—- Até pode ser... – Crowley pronunciou-se mais uma vez – Só não sei as qualidades reconhecidas pelo Esquilo são as mais nobres. – Sua voz era carregada de ironia e ele cantarolava a frase.

—- Porque alguém já não mandou ele embora? – Sam falou assim que chegou perto dos outros – Ninguém está com ânimo pra esse tipo de insinuação agora. – Ele fitou Crowley que ergueu as mãos, resmungou algo como “Alce...” e voltou ao silêncio anterior – Er, Catie acordou e está bem. – Contou.

—- Ela parou de vomitar? – Kevin se alegrou e ficou de pé.

—- Parou. – Sam sorriu um pouco também – Ela pediu pra fazer uma cerimônia de cremação completa pra Dean. Isso implicará em mais tempo, mas acho que ele merece. – Ele falava vagarosamente, tentando não voltar a chorar.

—- Como assim? – Melissa perguntou franzindo o cenho.

—- Que pira pobre... – A voz de Catarina se fez presente entre os outros – Iam mesmo queimar o corpo dele com menos de sete toras de madeira? – Ela se curvou com certa dificuldade para contar.

—- Era o que tínhamos... – A garota respondeu entredentes – E o que diabos você quer com cerimônia de cremação completa? Nós não estamos no seu mundo... –

—- Me redimir com Sam e com o próprio Dean. – Ela falava mansa, mas já em seu teatro – Não vejo porque não fazer por ele o melhor que podemos, independente de onde estejamos, criança – Não houve muito carinho na expressão – E mesmo que você seja contra, o irmão dele já decidiu... você não tem poder quanto a isso... porque pelo que eu sei, vocês nem estavam tão bem definidos como casal nos últimos dias. Isso graças a você mesma e mais ninguém. –

Aquilo doeu um pouco ao ouvir.

—- Tudo bem. A escolha não é minha, mas porque o teor do meu relacionamento com ele lhe interessa? Pelo amor, ele está morto! Qual a droga da necessidade de falar nisso? – Melissa respirou fundo pra se conter -- E quer saber? Se esse ritual é algo especial, então que seja feito. É algo que sem dúvida ele merecia. – Ela deu um nó nos cabelos e fez menção de sair de onde estava – Já se fosse você no lugar dele, te enterraria numa cova rasa. – Ela cruzou os braços e deu as costas.

—- Não enterraria não. – Catarina respondeu de onde estava – Eu ainda sou o que resta da sua família, querida prima. –

—- Talvez... – Melissa parou mais uma vez engolindo em seco o tom mais ameno.

—- Vocês duas querem fazer o favor de pararem com isso? – Sam interveio.

—- Tudo bem... – Catarina mantinha o tom manso enquanto sustentava sua historinha de ritual especial, fazendo uma linda pira para Dean – Mas como sua prima preciso dizer que estava fazendo um péssimo trabalho com o corpo do seu amado... –

—- Não começa, Catarina. – Noite repreendeu.

—- O que diabos há de errado? – Melissa se deixou atingir pelo comentário.

—- Ele está coberto de sangue e poeira... Céus. – Catarina disse parando atrás da cabeça de Dean e pôs a mão no ombro dele – Sabe, é uma questão de delicadeza, carinho, amor... normalmente os entes queridos limpam o corpo e trocam suas roupas antes de queimá-los. – O olhar dela pareceu viajar muito tempo no passado. – normalmente as mulheres faziam isso por quem amavam, fossem filhos, maridos ou amigos... os rapazes também não se saiam tão mal assim. – Ponderou

—- Você já fez isso pra alguém? – Sam indagou de onde estava.

—- Já. – Ela suspirou balançando a cabeça.

—- Podemos fazer isso agora, então... – Castiel sugeriu.

—- Não, não precisa... – Catarina falou por instinto e pela sensibilização da lembrança, tornou-se menos maliciosa nos comentários – Me desculpem, não é costume por aqui desde os gregos, romanos, sei lá... – Ela pareceu aparar uma lágrima rapidamente – É comum pra mim, dou valor a essas coisas. –

—- Você está bem, Catie? – Castiel perguntou.

—- Na verdade não. – Ela respondeu sincera – Mas tenho que terminar isso aqui. – Ela continuou a fazer a pira, que cresceu, mudou de cor, ganhou muitas ervas aromáticas e Catarina continuou alheia. Mais esquisita do que alguém já havia visto antes.

—- Ficou linda. – Castiel falou pesaroso.

—- Obrigada. – Melissa falou se aproximando dela – E desculpa qualquer coisa idiota que eu tenha dito. Eu estou mal, sabe? – Ela encheu os olhos de lágrimas.

Catarina a abraçou.

—- Não se preocupe... descanse até o Sol nascer... – Ela olhou a menina condescendida naquele momento, no fundo sabia a dor que Melissa sentia – Vai estar tudo bem pela manhã. – Melissa tentou sorrir, mas as lágrimas ganhavam a disputa. Kevin levou ela consigo e Castiel os acompanhou de cabeça baixa.

—- Catie, eu acho que vou ficar aqui... eu não quero deixar meu irmão sozinho. – Sam falou colocando o braço ao redor dela, que retribuiu o gesto.

—- Ele não vai estar só, eu prometo. Nada de ruim mais vai acontecer, Sammy. Confie em mim. – Ela tocou seu rosto, gostaria de varrer aqueles sentimentos dele, mas seria mais saudável que ele mesmo se livrasse deles ao seu tempo – Vá descansar, não deve ter sido fácil me curar. --

—- Eu não sei... – Ele resistiu.

—- Venha comigo, levarei você até a barraca. -- Ela insistiu.

—- Vamos. – Ele cedeu, havia mesmo sido cansativo.

 

—- Gostou de ler o diário? -- Ela perguntou mantendo-se de pé dentro da barraca, um tanto distante, não queria que ele entendesse nada errado, queria guiá-lo para se livrar daquele sentimento que não tinha nada para lhe dar.

—- Li algumas coisas bem perturbadoras... -- Ele ponderou.

Catarina respirou fundo e depois de algum tempo em silêncio pegou seu diário de capa preta e abriu em uma determinada página.

—- Se você não entendeu o que me fez ficar tão mal com a pira de Dean, acho que não chegou a ler isso aqui... – Ela o entregou o objeto com uma página marcada – Acho que não precisarei mais explicar muita coisa sobre a minha esquisitice de agora há pouco, depois que ler isso... –

Sam franziu o cenho por um tempo e então pegou o livro da mão dela. Começando a ler aquele texto de letra trêmula.

“É difícil de escrever, porque é igualmente difícil viver agora... coisas simples como suspirar e sorrir, coisas que eu fazia constantemente ao lado dele, agora perderam totalmente o sentido. Estou escrevendo aqui hoje, porque sei muito bem que este pode ser meu último momento de lucidez.

Eu perdi a minha fortaleza, onde o barco das minhas alegrias e qualidades se prendiam e agora eu estou à deriva, à deriva e começando a afundar no mar de sofrimento e loucura que será minha existência sem ele.

Darian, descanse em paz, meu Feiticeiro do Coração Azul, pois sua morte será vingada, eu arrancarei o coração de quem tirou você de mim .

Nosso povo pede e eu preciso disso pra diminuir a asfixia de não ter você comigo agora, me protegendo de todos os pesadelos à noite e me ensinando todos os valores bons que, agora, debilmente resistem... na verdade a cada cinza que cai da pira, minha sanidade e bondade se despedaçam. Isso me destrói por dentro de maneira suficiente para que eu prove aquilo que sempre soube: Tudo que eu tinha de bom, emprestei de você, que tinha tanto a oferecer...

Mais do que meu parceiro, amante e aliado; você foi meu mentor, meu melhor amigo e mais que tudo isso: meu salvador.

A circunstância da sua morte, mesmo nesse último momento de lucidez, é pra mim um borrão. Nada além do desespero de te perder vem à minha mente. Darian, apesar da literalidade na cor do seu coração, o título que lhe pertencia: “Coração Azul”, era primeiramente por sua pureza de espírito e clareza de pensamento.

Hoje eu tirei todos da Fortaleza, ficamos só eu e você, pena que você não abriu os olhos pra ver finalmente como esse lugar é quando está vazio... mas seus olhos fechados não foram a pior parte, porque você parecia descansar. Lindo como sempre foi.

A pior parte foi ter de olhar todas as feridas que lhe deixaram, foi ter de limpar o sangue que eu nunca quis ver cair, foi ter de te vestir com a roupa que eu mais gostava, só pra te olhar pela última vez. E nessa última vez você não sorriu, não sorriu porque hoje comigo eu tive só seu corpo, quando era seu espírito que eu amava sobretudo.

Então eu confesso que quando acendi o fogo, eu não te olhei queimar, na verdade, eu fechei meus olhos e recordei da primeira vez que nos vimos, eu era só uma criança, uma pirralha encantada por você e pelo seu sorriso. Esse gesto era tudo que eu queria ver agora e que infelizmente eu não verei nunca mais.

Espero que de onde você esteja, possa ver que o nosso povo chora a sua morte, porque ninguém fez, ou fará, mais por eles do que você. E dito isso, peço profundas desculpas porque não conseguirei seguir seus passos, eu terei você comigo pelo resto da eternidade, porque amor como o que eu lhe tenho, nem a poderosa morte pode apagar. Mas seus passos, meu amor, eu não tenho condições de seguir, não sem sua voz me dizendo pra onde ir, ou sua mão pra me guiar quando a minha perturbação pessoal se sobressaísse dentre os outros sentidos.

Sem você eu fico sem rumo. Nunca imaginei te perder um dia. Pra mim, nós dois eramos sinônimos de: Eternidade.

Mas, como você mesmo me dizia: “O que é a eternidade? Seja minha agora e estaremos juntos para sempre...”

Pois eu lhe digo agora e eu espero que me possa me ouvir: “Eu sou sua agora, como sempre fui.”

E mais uma vez, me perdoe o literalismo, mas tomei seu coração pra mim, ele bate agora, imitando a sua vida. Eu vou precisar ao menos te ouvir pra poder dormir hoje a noite e nas outras cruéis que se seguirão, porque você sabe, o inverno chega hoje... já chegou na verdade e quem me esquenta agora é a sua pira e não seu corpo.

Sinto sua falta agora, ou seja, pra sempre.”

Sam fechou o livro e encarou Catarina, encolhida no canto da barraca improvisada.

—- Realmente, não precisa mais explicar nada... – Ele tinha o cenho franzido.

—- Preciso te dizer uma coisa, Sam... – Ela engoliu em seco, sem olhá-lo diretamente.

—- Pode falar, Catie. – Ele respirava pesado.

—- Desculpe por toda a confusão que causei.--

Sam a fitou por um tempo, quase como se soubesse que se desculpava por tê-lo feito se apaixonar e isso doía demais, porque ele a amava como nunca havia amado alguém, só Jéssica, talvez.

—- Você está tão cansado... – Finalmente ela falou alguma coisa, quebrando o silêncio – Durma um pouco, vou cuidar de tudo até o Sol nascer, vai ficar tudo bem, eu garanto que você vai sorrir. –

—- Eu aprendi a não discordar de você... – Ele respondeu olhando-a no outro lado do lugar -- Mas não acho que vou sorrir por um bom tempo, meu irmão era tudo para mim. Nem acho que eu vá dormir... --

—- Posso fazer isso pra você, Sam. E terá o mais lindo dos sonhos... – Ela mexia nos cabelos dele e passava as unhas por seu braço.

—- Por favor. – Ele abriu o melhor sorriso que pode, mas mesmo assim, não chegava nem perto de parecer feliz.

Catarina se aproximou dele e tocou sua cabeça, havia delicadeza e afeto, mas nada muito além disso, ela cantarolou uma bela canção, que levou Sam ao sono profundo rapidamente.

Faria o que pretendia e traria Dean o mais limpo possível, nem que arranjasse uma maneira de arrastar pra si toda a carga sombria que ameaçasse marcar a alma do Caçador. Pois mesmo que aquilo fosse nocivo pra si mesma, ainda mais fraca como estava, sabia que Sam teria o irmão, ela devia isso a ele para se redimir de toda a merda que havia feito com ele, e juntos os Winchester fariam bom uso da Espada de Lúcifer.

A Feiticeira chegou à beira do rio carregando magicamente consigo o corpo de Dean. Ela o repousou no chão e passou um tempo ofegando e esperando a dor em sua ferida passasse.

—- Espero que esteja pronto, Caçador. – Ela falou finalmente – Estou indo buscar você... –

A mulher não podia ouvi-lo, nem vê-lo, mas Dean estava ao seu lado. Preocupado com a saúde dela no momento e como a dele ficaria, mas principalmente fascinado com algo que não sabia o que era...

—- Como disse, eu estou bem aqui, Feiticeira. – Ele olhou as mãos dela, e ficou feliz por ver que estavam firmes – Pronto pra começar a jogar. --


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Notas finais do capítulo

E aí, pessoas?? Se abram comigo, adoooro ler os pensamentos de vocês!

P.s.: Eu perguntei no cap passado se vcs queriam mais pedaços do diário de Catie e os detalhes do que aconteceu no Relicário. Eu não esqueci a segunda parte não, tá? Só me estendi mais do que pretendia, daí essa parte ficou pra o próximo cap.

Bjs, até o próximo cap.



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