Ice Prince Passion escrita por Annie ONeal


Capítulo 14
Depois da Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Muuuuuito obrigada a todos os cometários! Isso me inspira e motiva gente, vlw msm xD
Todo mundo comentando que não fazia ideia sobre o Allen, que bom! E eu achando que tinha deixado muito na cara... Mais um cap pra vcs o/

Yell's POV



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  Olhei chocado enquanto os três guardas o forçavam a se ajoelhar e o amarravam. Eu ainda estava confuso. O que tinha acontecido? Quem tinha atacado quem? Wine estava caída no chão, parecia tanto em choque quanto eu. Os guardas tinham vindo atraídos pela gritaria dela, e.... Era outra daquelas experiências que eu me sentia fora do corpo. Não parecia que eu estava mesmo lá.

  Vi os guardas congelarem suas mãos para impedi-lo de usar os poderes, não que ele parecesse muito inclinado a fazê-lo. Passaram com ele e eu sabia exatamente para onde iam. Uma audiência de emergência com o meu pai para decidir o que fazer com ele. Ainda em transe, os segui. Não conseguia sentir nada, estava atordoado demais. Allen estava muito pálido, e tinha ido sem abrir a boca.

  Um claro sinal de que ele estava tão chocado com tudo quanto o resto de nós, os culpados geralmente se acabavam de tanto gritar e xingar. Fui atrás deles e notei que Wine tinha se levantado e recuperado a compostura e vinha junto. Olhei pra ela por cima do ombro.

  - Está satisfeita? – Sibilei.

  - Não fale sobre o que não sabe, alteza. – Ela disse alteza como se fosse um xingamento. Eu sentia como se fosse. Eu devia fazer alguma coisa? Intervir? Antes que eu pudesse clarear os pensamentos chegamos à sala do meu pai. Os guardas abriram a porta sem a menor cerimônia e jogaram Allen no chão. Meu pai ergueu os olhos.

  - Temos um problema?

  - Sim, senhor. Um espião da Guilda de Fogo infiltrado entre os guardas, vossa alteza! – Rei Eli suspirou.

  - Espião? – Ele olhou para Allen como se não acreditasse. Eu também não queria acreditar.

  - Não! É tudo um engano, alteza! E-Eu não fazia idéia!

  - Como alguém pode não saber o que é? – Olhei para Wine. Ela sabia de tudo, e se dizia tão apaixonada, não ia ajuda-lo? Ela matinha a cabeça baixa e os lábios comprimidos. Mas que vadia covarde. Meu pai se virou para o chefe da segurança. – Lou! O que significa isso?

  - Eu não sei, senhor, ele veio diretamente dos dormitórios de treinamento... Não sei como um membro do Fogo pode ter se infiltrado lá! – Lou olhou para Allen com um ar decepcionado.

  - Eu juro meu rei, eu não fazia ideia do que era capaz, eu juro que nunca-...

  - Chega. Quero saber de uma fonte externa o que exatamente aconteceu. – Senti os olhos do meu pai sobre mim, de repente eu não era mais tão invisível. – Yell, você viu tudo de fora não é? Pode me dizer o que houve? Ele atacou esta dama?

  - Eu... Eu não vi, pai. – Confessei. Me senti tentado a mentir para livrar Allen, mas estava confuso, e se ele fosse mesmo um espião? E se eu estivesse a passo de morrer por ter me envolvido demais com ele?? O rei suspirou e eu podia ver o que ele sentia... Nem pra confirmar alguma coisa eu servia.

  - Eu não a ataquei... Não de proposito foi um acidente! – Allen tentava se defender como podia, mas as coisas não estavam a seu favor.

  - Ei, eu conheço esse guarda... – Um dos guardas se manifestou. Era o mesmo da semana anterior, o que tinha quase me impedido de sair da festa. Aquele que era puro músculo. Por que ele tinha esse sorrisinho sacana no rosto? – Não é o guarda particular do príncipe?

  Ah, não. As coisas podiam mesmo ficar piores. Meu pai me puxou para perto, e pela primeira vez senti algo que lembrava a proteção paterna que eu tanto procurara. Mas agora parecia algo sufocante.

  - Ele é? – Ele se levantou e se pôs entre mim e Allen. – O que você estava planejando? Ia raptar meu filho? Ia manipulá-lo para conseguir informações para mandar para sua guilda?

  - Não! Eu jamais faria algo assim!

  - Chega disso, se ele não vai falar levem-no para o calabouço. Consigam a verdade, façam que ele diga quais eram seus planos e.... Usem os métodos que forem precisos. – Os guardas assentiram e agarraram Allen, levando-o. Meu pai se virou para mim como se me visse pela primeira vez. Passou os braços por mim como que para checar se eu estava inteiro.

  - Você está bem filho? Ele te machucou? Te ameaçou? – Era muita coisa para assimilar tão de repente. Meu pai de repente voltara a ser como era... Se preocupar comigo... Fazia muito tempo desde que ele tinha me chamado de filho. Senti os olhos arderem, as pisquei rapidamente afastando as lágrimas que certamente acabariam com o momento. Se eu chorasse, meu pai certamente ia me achar um fraco.

  - Está tudo bem, pai. – Fiz minha melhor expressão de indiferença afastando-me dele. Ele pareceu satisfeito.

  - Eu sabia que você podia se cuidar. Agora vá para seu quarto, você deve estar exausto. – Pela primeira vez me senti feliz em obedecer. Eu realmente estava exausto. No entanto assim que saí da sala dele, me deparei com Wine, esperando por mim.

  - Por que você não fez nada?! – Ela quase gritou. Desviei dela fazendo meu melhor para ignorá-la mas ela me seguiu. Pelos céus. – Você poderia ter impedido que ele fosse levado! Sabe o que vão fazer com ele lá? Claro que não, você é só um principezinho metido, não faz ideia do que acontece nos calabouços!

  - Por que você não fez nada? – Repliquei sem me virar. – Você foi a dama em perigo atacada, podia ter defendido ele, afinal, ele perdeu a cabeça por culpa sua. Se diz tão apaixonada e disposta a lutar por ele mas não abriu a boca não é?

  - Você é um hipócrita. – E ela estava certa, eu também não tinha feito nada; só eu não tinha escolha, era o príncipe e tinha uma imagem a manter. Mas e se ele realmente não soubesse? Wine não tinha sido nada carinhosa ou cuidadosa em dar a notícia, ou ele não teria reagido daquela forma.

  - É, Wine eu sou. Mas foi você que fez ele perder o controle e não se deu ao trabalho de defendê-lo depois não é? – Ela baixou os olhos, apesar da fúria que eu ainda sentia emanar dela. – Ah, você está se sentindo culpada? Ótimo, a culpa foi toda sua mesmo.

  - E você, não estava todo chegado nele? Como pôde não tomar nenhuma atitude? Não sente nada não é? Eu sabia. – Estava me esforçando para não sentir.

  - Ele era meu guarda, Wine, nada mais que isso. Agora com licença, tenho que descansar. – Entrei no meu quarto e fechei a porta. De repente senti toda a pressão emocional do dia tomar conta de mim. Alyss mais cedo com toda a ladainha do casamento. Brigar com o Allen, ele dizer todas aquelas coisas, que apesar de serem verdade, eu não fazia ideia que afetavam tanto ele. E depois aquilo...

  O quê, em nome de todos os Deuses, fora aquilo?? Por que ele não me contara? Ele realmente não sabia? Como poderia NÃO saber?!

  Ele tinha sido tão carinhoso, tão compreensivo comigo o tempo todo, e eu não podia deixar de pensar que se ele quisesse me matar tinha tido oportunidades suficientes. E depois, ele tinha me salvado quando caí da janela... Se a Guida do Fogo me queria morto, ele podia apenas ter me deixado lá para sangrar até a morte. Mas...

  Tudo confuso demais. Eu me sentia sufocado e frustrado, e tudo que eu queria era quebrar alguma coisa. Havia uma jarra de vidro com água na mesa perto da janela e eu ergui a mão e congelei a agua em poucos segundos fazendo a jarra trincar e finalmente quebrar.

  Olhei os cacos no chão, não, aquilo não tinha feito eu me sentir melhor, mas eu estava superficialmente mais calmo. Ouvi uma batida contida na porta, e quando eu a abri, qual não foi minha surpresa ao ver minha mãe ali. Ela tinha um olhar preocupado.

  - Você está bem Yell? – Eu não consegui responder por que de repente os braços dela estavam ao meu redor e eu estava envolvido numa nuvem do perfume mais doce do mundo, numa abraço quentinho que fazia eu me sentir intocável.

  Ficamos assim por alguns momentos e quando ela me soltou, algum tempo depois, não deixou que eu me afastasse muito, fez um carinho com as costas da mão em meu rosto e me olhou com toda a ternura que eu não vira pelos últimos 7 anos.

  - Seu pai acabou de me dizer que seu guarda pessoal era um espião e eu... Fiquei tão preocupada.

  - Está tudo bem. – Eu disse, mesmo que não estivesse. Minha mãe me puxou para seus braços de novo e eu deixei, me sentindo depois de tanto tempo, em casa.

  Eu acreditava na inocência de Allen cada vez mais, mas ao mesmo tempo as coisas de repente tinham voltado a ser como eram. Como eram pra ser. Mas... A que preço? Eu era covarde o suficiente para permitir que ele sofresse só para acabar com meu próprio sofrimento? Eu tinha medo de salvá-lo e tudo voltar a ser como antes talvez pior quando meus pais soubessem o quanto estávamos envolvidos. Tinha medo que ele me odiasse por não tê-lo salvado. Acima de tudo, eu tinha medo de olhar no espelho e descobrir quem eu realmente era.

  Mas por que eu tinha que salvá-lo? Por que eu me importava tanto se ele me odiava ou não? Talvez admitir minha verdadeira personalidade fosse difícil por que eu a desprezava. Eu era aquele ser sombrio. Eu aprendera a não me importar. A não me apegar. Allen teria conseguido fazer eu mudar...? Só o tempo diria. E tempo, era algo que ele não tinha. Não mais.                 


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Notas finais do capítulo

Próximo cap vai ser meio pesado então talvez eu atrase um pouco... Mas vou me esforçar!

Comentários motivam, gente! o/