Ice Prince Passion escrita por Annie ONeal


Capítulo 13
A Gota D'Água


Notas iniciais do capítulo

E está aí, com um pouco de atraso, eu sei, desculpem >
Esse ficou grandinho para os meus padrões, mas já passamos da metade da história, já estava na hora né?
Curtam ;]

Allen's POV



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  As emoções de Yell pareciam ligar e desligar com um interruptor: mudanças súbitas e totais. Eu tinha visto ele desmoronar rapidamente no quarto de Lucy, e depois de me contar tudo, ele não demorou nada a voltar ao normal. O que quer que esse normal fosse.

  Mas isso já fazia mais de uma semana e ele não voltara a mostrar esse lado emocional desde então. Eu sentia falta. Os jogos de submissão e poder tinham voltado, e estavam piores do que nunca. Naquela manhã, eu estava especialmente cansado disso, e as coisas pioraram quando eu me estiquei para o lado e tudo que meus braços sentiram foi o vazio e os lençóis frios.

  Por que ele não podia ficar? Ao menos um dia, eu queria acordar com ele do lado. Acordar sozinho fazia eu me sentir... Usado. Deuses, pareço uma menininha carente. Me levantei determinado a resolver aquilo. Ia conversar com ele, ia pedir uma explicação... Mesmo que eu sentisse que se houvesse uma, eu não ia gostar dela.

  Saí do meu quarto silenciosamente e com cuidado, por que ainda não tinha superado o ataque do Manfred ali, eu sempre esperava que ele estivesse ali de novo. Mas ele não estava, e o corredor estava vazio. Suspirei aliviado e fui andando pelo palácio, pensando, ensaiando o que dizer.

  Quando ergui o olhar distraído, notei Wine. Ela parecia me rondar, e ao mesmo tempo nunca estar perto nos momentos críticos, mas de algum modo saber deles depois. Ela parecia um tanto incerta, não tinha o olhar confiante de sempre. Ela se aproximou e colocando algumas mechas do cabelo escuro atrás da orelha me olhou.

  - Podemos conversar? – Eu não fazia ideia do que ela poderia querer comigo, eu já tinha deixado bem claro que as coisas tinham cegado ao fim entre a gente. Mas de qualquer forma, concordei. Fomos para um dos jardins suspensos, estava tudo calmo e no chão, um tapete de neve branca recém caída. As flores de inverno estavam lindas, os tons de azul, roxo e branco, e se não fosse pela companhia eu acharia tudo muito romântico.

  - O que é? – Ela ignorou o tom defensivo da minha pergunta e se sentou em um dos bancos de pedra perto da fonte. Fez um sinal para que eu me juntasse a ela e depois de alguns segundos fui. Eu queria ir embora o quanto antes, mas senti que a conversa ia demorar.

  - Eu sei. – Ela disse simplesmente.

  - Sabe do que? – Por que isso era muito vago, ela sabia de muitas coisas. Sabia demais, devo dizer.

  - De você. Não precisa mais esconder. Não de mim. – Eu não tinha certeza do que ela estava falando, havia muitas coisas sobre mim que eu mantinha a sete chaves, mas ela sabia da maior parte. O que ela poderia não saber? Ela já sabia sobre eu e Yell, mesmo que fingisse não saber, e eu me sentia grato por ela manter a boca fechada. Sabia que provavelmente havia uma razão pra isso, ela ganhava alguma coisa mantendo esse segredo afinal, ela nunca fazia nada simplesmente por ser legal.

  - Esconder o que Wine? Eu não escondo nada de você. – Nem tem como né. Ela me olhou com atenção e um brilho diferente acendeu seu olhar.

  - Espera. Então você não notou?

  - Notou o que? – Ela me deixava confusa a cada segundo. Ela suspirou e pareceu mais aliviada.

  - Notou que você é diferente. – Fiquei quieto, não estava gostando nada do rumo da conversa. – Eu não sei muito sobre você agora, você está diferente do garoto com quem eu cresci, você cresceu. Posso não conhecer mais você como costumava mas sei de algumas coisas. Você tem sonhos. Sonhos que te perturbam por que você não sabe o que eles significam.

  Me levantei do banco em total choque. De todas as coisas, como ela podia saber isso?? Nem Yell, que dormia comigo toda noite sabia isso. Ela estava passando dos limites, existe uma coisa chamada privacidade.

  - Wine-... – Eu queria advertir ela dos limites que ela estava passando, mas ela não me deixou falar.

  - Eu sei o que eles significam, eu posso te ajudar. Você faz truques que não sabe explicar e se sente mais à vontade com velas acesas. – Meu coração estava acelerado e eu suava frio. Me sentia vulnerável e fraco, e não do mesmo jeito quer era com Yell.

  - Chega Wine! Você está blefando, querendo me atingir, meu Deus, você nunca está satisfeita?!

  - Eu não estou blefando. – Ela parecia ofendida. – Estou tentando abrir seus olhos. Qual foi a última vez que você usou uma magia de gelo? Controlou a neve?

  Movimentei minha mão em direção à neve do chão pronto para fazer uma bola de neve mágica e jogar na cara dela, mas poucos flocos levitaram até mim. Eu sempre tivera mais dificuldade, era preciso estar calmo e concentrado e no momento eu não estava nem calmo e muito menos concentrado.

  Fiquei ainda mais irritado com o olhar superior de “eu não disse?” que ela tinha agora. Ela apontou para o chão e quando olhei, a neve ao meu redor tinha derretido. Assustado, me afastei daquele ponto, voltando a sentir o frio em minhas pernas. Não era a primeira vez que aquilo acontecia, mas tinha sido igualmente assustador e confuso. Olhei para Wine com raiva, como se fosse culpa dela.

  - Por que está fazendo isso?

  - Eu não estou fazendo nada, é isso que eu quero que você entenda! Você é deferente, Allen. Não pertence a esse lugar, não pertence ao Yell. – Ela se aproximou de mim e pegou minha mão. – Você é da Guilda de Fogo.

  Essas palavras tinham sido como um tapa. Me soltei da mão dela e me afastei, quase correndo.

  - Não. Do que está falando? – Tentei ignorar a neve derretida, as velas, o fósforo que acendeu sozinho... Mas tudo fazia sentido demais. Sentia uma espécie de calor dentro de mim, e estava fazendo de tudo para reprimir isso.

  - É o que você é, Allen. Eu sei que é difícil, especialmente vindo da onde a gente veio, criados cercados de neve e magos do gelo, mas-...

  - Não! Cala a boca! Você não sabe o que está falando! – Eu a deixei lá e voltei para dentro do palácio correndo. Minha mente dava voltas sem sair do lugar e eu corria cegamente pelos corredores. Precisava me acalmar! Parei e me encostei numa parede. Eu precisava me acalmar! Se o que Wine tinha dito fosse verdade, o que eu rezava para que não fosse, os poderes do fogo eram controlados pelas emoções, eu precisava me acalmar.

  - Ei, você está bem? – A voz carinhosa e preocupada que soou ao meu lado me encheu de paz, e eu me virei para o príncipe.

  - Não, Yell. Wine acabou de... – Minha voz foi sumindo conforme eu me dava conta de que não sabia se queria contar isso pra ele. Eu não sabia se ele me julgaria ou se afastaria quando soubesse quem eu realmente era. Eu tinha medo que tudo mudasse. - ...De me deixar bem irritado.

  - Sei. Também não suporto aquela garota. Mas deixa ela pra lá... Vem, eu estava procurando por você; - Ele pegou uma das minhas mãos e eu e senti um pouco melhor. Mas isso foi antes de ele me levar para um quarto qualquer e começar a me beijar. Não em entendam mal, eu amo o Yell, e ele beija bem demais, mas no momento eu estava confuso e não queria algo físico, só alguém pra me entender, conversar. E ele estava meio eufórico, então o afastei.

  - Yell, não. O que deu em você? – Ele suspirou e revirou os olhos.

  - Deixa de drama – Ele revirou os olhos. – Alyss está me deixando maluco. Preciso me distrair com alguma coisa... – Geralmente eu deixava, mas hoje as coisas não estavam indo muito bem. Como eu disse, queria ter uma conversinha com ele e achei que aquele era o momento certo.

  - Não. Olha, já chega disso tá? Estou cansado de você só me usar como um brinquedo só pra se divertir! Pra mim deu. – Um brilho perigoso passou pelo olhar dele, mas ele continuou impassível.

  - Abaixe esse tom pra falar comigo, lacaio. – Isso foi a gota d’água. O humor dele também não estava essas coisas então ele estava agindo como o príncipe mimado que era. E eu não estava com paciência para lidar com aquilo.

  - Ou o que? Vai mandar me prender? Por mais que você queira isso acredito que seja egoísta demais para perder seu brinquedo favorito. – Eu sabia que estava certo pela faísca de raiva que se refletiu nele. Eu já tinha tentado ser sensato e pedir com educação, mas ele sempre mudava de assunto.

  - Não acha que é muita pretensão achar que é meu favorito?

  - Ah, então agora além de dramático eu também sou pretencioso? Acabou de elogiar ou falta alguma coisa?

  - Também acho você precipitado e previsível.

  - E apesar disso é pra minha cama que você volta todas as noites, é comigo que você desabafa e é pra mim que você guarda seus piores joguinhos. Então não, não acho que seja pretensão minha dizer que sou seu favorito. – Não que eu estivesse orgulhoso disso, muito pelo contrário.

  Não deixei que ele falasse mais nada, eu estava cansado de discutir, e achava que tinha falado demais já. A última coisa que eu queria era magoar Yell, e pra não piorar as coisas resolvi sair dali bem rápido. Mal tinha virado dois corredores ouvi outra voz:

  - Ah, aí está você! – Wine. Eu não ia ter um minuto de paz, ia?

  - Me deixa, Wine! Estou falando sério! – Finalmente as portas do palácio. As empurrei e saí, sentindo o vento gelado em meu rosto. Ar, finalmente. Eu me sentia sufocado.

  - Você não pode ignorar o que é, Allen! Me deixa te ajudar!

  - Não! – Tudo estava acontecendo muito rápido, eu sentia aquele calor dentro de mim de novo. Fechei os olhos com força tentando me concentrar.

  - Não tem por que-... – Antes que ela falasse mais alguma coisa me virei pra ela, que queria gritar para que me deixasse em paz, ergui a mão para que ela se afastasse, mas labaredas vermelhas se desenrolaram como uma fita diretamente da minha palma.

  Wine cruzou as mãos criando uma barreira, também de fogo, para não ser atingida, mas a força do impacto a lançou para trás. Eu estava ofegante e cheio do mais genuíno terror. Olhei para minha mão estendida como se ela não fizesse parte de mim, e recolhi o braço fechando-a, aninhando-a junto a mim. Quando ergui os olhos, me deparei com uma visão pior.

  Yell devia ter me seguido e agora estava na porta principal, olhando pra mim aterrorizado e atrás dele, três guardas com armas em punho vinham diretamente em minha direção.                   

  


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Notas finais do capítulo

Foi frenético, eu sei, mas era pra ser rápido.
O que acharam?
Comentários deixam uma autora muito feliz!

Vejo vcs no próximo o/