Eu estava começando a me arrepender de ter concordado sair com Embry.

Eu me sentia assim, por que, em primeiro lugar, assim que contara a tia Jane sobre o encontro ela entrara em frenesi e começara a falar muito rapidamente sobre quais roupas eu devia usar e como devia agir. Eu deveria ter apenas dito que ia sair com algumas amigas, teria causado menos comoção... Em segundo, eu não queria ir.

Quer dizer, eu sei que tinha que me divertir – precisava, na verdade. Mas a perspectiva de ficar algumas horas sozinha com um garoto sem ter exatamente o que falar me causava extrema ansiedade.

Tia Jane estava no meio da sua falação sobre encontros e garotos enquanto cozinhava o jantar quando Lucas apareceu na cozinha.

– Espere um pouco, deixe-me ver se entendi: Cass arranjou um encontro nessa cidade primeiroque eu?

Ele se aproximou de mim com o dedo indicador apontado para mim, uma falsa expressão de seriedade em seu rosto.

– Mocinha, você tem apenas quinze anos. Se você pensa que vai começar a ter encontros, está muito enganada.

Revirei os olhos, embora meu sorriso estivesse me traindo.

– Deixe a Cass – disse tia Jane – Essa é uma ocasião especial.

Lucas bufou.

– Sei... E quem é o cara de sorte?

– Ele é lá da escola. O nome dele é Embry.

– Hmm. Eu quero dar uma palavrinha com ele antes de vocês saírem.

– Pare com isso, Lucas! – disse tia Jane, rindo ao mexer nas panelas.

Embryhavia dito que me pegaria às 19:00, então uma hora antes eu tomara banho e vestira algo casual. Minha calça jeans mais nova, uma blusa rosa e uma jaqueta jeans. Para melhorar a aparência pálida, passei blush e umglosslabial. Nada muito exagerado, mas também diferente do casaco enorme que eu usava diariamente.

Antes de descer para a sala, olhei-me no espelho e dei meu melhor sorriso, dizendo a mim mesma que o deixaria lá a noite toda.

Quando Embry bateu na porta eu corri para atender para me certificar que tia Jane não viesse interrogá-lo.

– Oi! – disse, assim que o encontrei.

Ele piscou os olhos no que supus que fosse uma tentativa de ser charmoso. Devo admitir que ele era sim muito bonito, porém não era exatamente uma beleza que fosse apelativa para mim. Acho que eu só considerava alguém realmente bonito a partir do momento que conhecesse a pessoa melhor. Bem, hoje à noite eu estaria dando essa chance a Embry.

– Tudo bem, Cass?

– Sim, tudo ótimo.

–Não vai apresentar seu amigo, Cassandra? – disse tia Jane aparecendo atrás de mim. Ela não esperou que eu os apresentasse. – Olá, Embry, tudo bem? Sou Jane.

Eles apertaram as mãos enquanto eu reprimia uma careta.

– E eu sou o primo dela, Lucas. – Lucas se enfiou no portal do hall já atravancado de gente. – E já vou avisando sou super protetor, então sem gracinhas senão...

– Ai, meu Deus – eu disse totalmente constrangida enquanto Embry segurava o riso. – Chega. Tchau, tia. Tchau, Lucas. A gente precisa ir agora.

– Ah, tudo bem – Jane disse, toda boba. – Divirtam-se!

– Prazer em conhecê-los. – Embry sorriu.

Embry foi à frente e, antes de virar as costas, eu vi Lucas fazer imitações como se estivesse abraçando e beijando alguém.

– Cale a boca! – sussurrei. Lucas comprimiu a boca com a mão para não rir alto e fechou a porta.

– Sua família parece legal – disseEmbryquando eu o alcancei na estradinha que levava à rua. O clima estava ameno. A lua estava enorme no céu e por um momento eu tive que segurar o riso, porque eu estava saindo com um lobisomem em uma noite de lua cheia... É claro que isso aqui era diferente da ficção, os lobosQuileutesse transformavam na hora que queriam. Jacob havia me prometido que um dia eu o veria transformado...

Lembrei-me de que provavelmente devia responder algo paraEmbry.

– Ah, sim. Eles são ótimos.

Ele pensou por um segundo.

– Sinto muito por... seus pais.

Meu coração doeu por um segundo e eu prendi a respiração.

– Como sabe...?

– Vi na mente de Jacob.

Nós chegamos até o carro dele.

– Você sabe, nós podemos ver os pensamentos uns dos outros.

– Ah, sim. Claro.

Nós entramos no carro. Enquanto Embry dirigia, eu tentei não ficar incomodada com o fato de que todos os membros da matilha sabiam de tudo o que eu havia contado a Jacob. Porque ele saber era uma coisa, mas todo mundo...

Não havia lugares legais para ir a Forks, então Embry sugeriu que fôssemos à Portland. Nós decidimos comer antes de irmos ao cinema.

Embry era mesmo divertido. Na viagem de carro, ele me contou várias histórias hilárias sobre ele e os garotos da reserva. Sobre como eles competiam por quase tudo, mas nunca brigavam de verdade. Eu simplesmente adorava o modo como eles se relacionavam. Os garotos da matilha eram como irmãos mesmo.

Ele estava no meio de uma história sobre uma peça que ele havia pregado em Quil no passado quando Embry freou o carro bruscamente. Apavorada, olhei para os lados procurando a causa da súbita parada do carro.

Jacob.

Parado bem na frente do carro, vestindo apenas uma bermuda surrada e uma carranca no rosto.

Ele estava furioso.

– Que diabos...? – Embry saiu do carro. – Que pensa que está fazendo, Jake?

Fiquei parada por alguns segundos sem saber o que fazer ou que pensar. O que ele estava fazendo aqui?

Os dois estavam discutindo agora e eu não entendia muito bem o que estava sendo dito. Então, saí do carro e me aproximei dos dois. Jacob estava com o corpo tremendo; as veias em seu pescoço estavam proeminentes, e eu me lembrei de como ele havia me dito que às vezes perdia o controle e se transformava.

– Jacob... O que está acontecendo? – perguntei com a voz abafada.

Ele olhou para mim, algo que eu não consegui identificar estava em seus olhos.

– Eu posso saber o que vocês estão fazendo?

Franzi a testa e balancei a cabeça em negativa.

– Eu é que devia perguntar isso.

Jacob bufou.

– Vocês não podem sair da cidade, não é seguro – ele disse.

Quando eu não expressei nenhuma reação, ele revirou os olhos.

– Vampiros. Lembra?

– Mas os ataques estão acontecendo em Seattle – falei.

– Não quer dizer nada – ele insistiu.

– Ah, pare com isso – Embry disse com a voz cheia de zombaria. – Eu sei muito bem porque não quer que eu saia com ela. Mas todos sabem que a Cass aqui já fez sua escolha.

Virei rapidamente o rosto para Embry.

Hã... O quê? Eu não fiz escolha nenhuma.

– Não fala sobre o que você não sabe – rosnou Jacob. Então ele se virou para mim. – É sério, Cass. Vai para casa.

Respirei fundo, tentando reunir algum argumento sério para acabar com essa confusão.

– Escute, eu não acho que exista perigo.

Jacob se preparou para retrucar e eu levantei um dedo, impedindo-o.

– E mesmo se tiver, Embry estará comigo.

Pela visão periférica vi Embry estufar o peito e dar um sorrisinho, o que eu não gostei muito.

– Ah, Embry estará com você, é? – disse Jacob sarcasticamente. – Ótimo, então está tudo resolvido. Não preciso me preocupar com nada, certo?

Eu estava começando a perder a paciência.

– Já chega, Jacob. Eu vou sair com Embry.

Por um momento Jacob e eu nos encaramos e, ao olhar em sua expressão, eu me senti horrível. Ele parecia péssimo. Toda a história com Bella, as noites que ele passava na floresta... Eu só queria poder fazer algo para deixá-lo feliz. Será que eu estava sendo egoísta? Será que eu estava certa em me afastar dele só porque eu não estaria satisfeita com apenas amizade? Será que eu não deveria colocar meus sentimentos de lado e apenas estar lá por ele como amiga?

Eu até poderia ter considerado pegar mais leve com Jacob, se ele não fosse pelo o que aconteceu em seguida.

Ele fez bico por alguns segundos, e então eu senti meus pés deixando o chão.

Jacob estava literalmente me carregando para longe de Embry.