The Cassandra Curse [cancelada] escrita por Marie Caroline


Capítulo 12
– Capítulo 11 –


Notas iniciais do capítulo

Gente, muito obrigada de coração pelos comentários. Fico mega feliz que todas tenham voltado mesmo depois de tanto tempo! Miiiil beijos a cada uma *______*
Enfim, aqui vai outro :)



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Quando eu tinha treze anos, tive uma conversa com minha mãe sobre garotos. Ela dissera que eu nunca deveria colocar um garoto como centro da minha vida ou o considerar como minha única fonte de felicidade. Ela disse também que uma pessoa deve ser por si só inteira e que não há como amar outra pessoa se em primeiro lugar ela não amar a si própria.

Eu estava pensando nisso enquanto ia para casa de ônibus logo após ter deixado Jacob na praia. Sentia-me meio boba agora por ter chorado e gritado com ele daquela maneira, mas sabia que tinha sido necessário. Jacob tinha mesmo muito com o que lidar; e eu não queria fazer parte do triângulo estranho dele com Bella e Edward.

E essa era a pior parte, na verdade. Se Jacob estivesse apaixonado por outra garota, que também gostasse dele e que fosse desimpedida, então eu não veria problema algum. Que fossem felizes os dois juntos! Mas não era o caso. Bella tinha um namorado. Um namorado vampiro. Um namorado vampiro que ia transformar ela também em vampiro.

E ela claramente queria isso. Ele queria passar o resto da eternidade com Edward. E então por que Jacob simplesmente não desistia? Por que ele se sujeitava a esse papel? Por que ele não a deixava para lá e ia viver sua vida?

Eu não sabia as respostas. Não conseguia entender que tipo de amor é esse que deixa você sofrendo sozinho, completamente cego e incapaz de dar as costas.

Eu nunca havia amado ninguém, mas algo me dizia que a coisa deveria ser mais fácil. Não, talvez não exatamente fácil, mas pelo menos deveria fazer sentido. Jacob amar Bella não fazia sentido. Não dentro dessas circunstâncias. Não quando ela fazia promessas de eternidade para Edward para depois demonstrar sentir ciúmes de Jacob. Não sabia se ela estava fazendo isso inconscientemente ou não, mas ao que parecia ela estava jogando com os dois. Não, não com os dois. Apenas com Jacob. Por que no fim das contas era ele quem se dava mal no final.

Quando cheguei à minha casa só o que eu queria era ficar sozinha. Tia Jane tentou me fazer sair do quarto, porém eu disse que estava com dor de cabeça para ela me deixar em paz.

Dentro do meu guarda-roupa havia uma caixa de papelão que eu nunca havia dado o trabalho de abrir depois que nos mudamos para cá. Dentro dela estavam várias fotos, cartões de Natal e todo o tipo de coisa. Hoje, porém, eu quis abri-la.

Abri o guarda-roupa, peguei a caixa e a depositei com cuidado no chão em frente a minha cama, sentando-me com as pernas cruzadas. Tomei fôlego antes de abri-la, pois sabia que o conteúdo me traria mais uma dose da dor que nunca realmente me deixava.

O primeiro objeto da pilha era uma moldura com a foto dos meus pais abraçados comigo no meio deles sorrindo com a cabeça erguida. Nós estávamos em um parque; a grama verde fazia contraste com nossos rostos felizes. Mamãe vestia uma camiseta branca simples e um short jeans. Papai estava com o mesmo suéter azul que ele adorava. E eu ria. Claro que eu estava rindo. Eu tinha apenas seis anos, naquela época minhas visões não me assustavam.

Eu queria poder me sentir daquela maneira novamente. Queria poder ser inocente de novo.

Limpando uma lágrima quente que escorregava pela minha bochecha, continuei a tirar as coisas da caixa. Havia muitas fotos minhas de quando era pequena. Reparando bem nelas em ordem crescente dava para ver a mudança de atitude. Um bebê risonho. Uma criança travessa. Uma pré-adolescente de cara feia. E uma adolescente excessivamente pálida que fazia um esforço débil para tentar sorrir.

Espalhei as fotos em ordem de data pelo chão e fiquei um bom tempo observando-as antes de pegar na caixa meu antigo urso de pelúcia amarelo. Ele estava com uma aparência meio triste, ali jogado no meio de tantas lembranças. Quer dizer, eu sabia que na verdade o urso era o mesmo. Mas talvez fosse eu que me sentisse triste. Esquecida.

Eu oficialmente não estava falando com Jacob Black.

Durante os quatro dias que se seguiram depois de nossa briga, eu fugi dele na escola de todas as formas possíveis. Chegava em cima da hora para poder entrar direto para a sala de aula. Virava na direção oposta quando o via no corredor. Almoçava do lado de fora da cantina. E saía às pressas na hora de ir embora.

Ele até mandara um recado por intermédio de Kim, ao qual eu não dera importância.

“Ele mandou dizer que precisa falar com você e que não adianta continuar fugindo por que ele não vai desistir”

Mas eu estava decidida. Não iria mais falar com ele. Iria seguir o conselho de minha mãe: iria ser inteira por mim mesma. Não ia depender de alguém para ser feliz.

***

– Você precisa controlá-los! – disse a mulher com arrogância, seus cabelos muito ruivos balançando devido aos tremores de raiva que assaltavam seu corpo.

O rapaz apenas a ouvia de cabeça baixa, constrangido.

– Se continuarmos a atrair atenção, eles irão vir atrás de nós! É isso o que você quer? Que eles venham aqui e nos despedacem?

Fosse quem fosse “eles” deviam ser mesmo dignos de causar terror, pois o rapaz levantou a cabeça, os olhos temerosos.

– Tudo bem. Eu vou controlá-los, prometo.

A ruiva pareceu se acalmar um pouco. Ela se aproximou dele e piscou os olhos vermelhos.

– Ótimo. – Ela se inclinou para frente e beijou o rapaz. – Estou confiando em você, Riley.

Acordei bruscamente, sentindo imediatamente o suor frio ensopando a camisa larga que eu usava para dormir. Em algum ponto da noite, eu havia jogado as cobertas e o meu urso para o chão. Sentei-me, apoiando o cotovelo direito no colchão. O relógio em cima da mesinha ao lado da cama mostrava que era seis e meia da manhã. Respirando fundo para me acalmar, juntei as coisas do chão. Ainda conseguia ver claramente os rostos assustadores do meu sonho. Eles eram com certeza vampiros. Os olhos vermelhos… E o rapaz era Riley Biers. Aquele que a família andava procurando há semanas…

Sabia que precisava avisar alguém. Meu primeiro pensamento foi Jacob. Quase resisti a tentação de ligar para ele para ouvir sua voz que sempre me acalmava. Mas não. Ao invés peguei meu celular e mandei uma mensagem de texto para Edward Cullen.

Tive outra visão. Riley Biers está mesmo envolvido nos ataques. Mas não acho que esteja agindo sozinho. Havia uma mulher dando ordens a ele. Uma mulher ruiva.

Nem mesmo um minuto havia passado quando o número dele piscou na tela. Atendi-o.

– Uma mulher ruiva? – ele perguntou com a voz dura.

– Sim.

– Você tem certeza? O que mais viu? Conte-me em detalhes, por favor.

Então eu contei a ele exatamente tudo o que havia visto. A urgência dele estava me afetando. Era como se o perigo estivesse cada vez mais perto. Sentia como se meu coração fosse pular do peito a qualquer momento.

– Victória… Sim. Isso faz todo o sentido do mundo.

Eu não sabia se ele estava falando sozinho ou com ele mesmo agora.

– Hm. Victória? – murmurei confusa.

– Uma velha inimiga. – ele disse mais atento agora. – Escute, muito obrigado mesmo. Você não pode imaginar o quanto estou agradecido pela sua ajuda. Se houver algo que eu possa fazer por você…

– Não se preocupe. Fico feliz em ajudar.

Houve um momento de silêncio, então Edward pigarreou.

– Sinto muito pelo que houve com Bella.

Prendi a respiração.

– Ela… Ela contou a você?

– Sim. Posso não ouvir os pensamentos dela, mas Bella não é uma mentirosa muito boa.

Ele não pode ouvir os pensamentos dela? Estranho.

– De qualquer maneira, peço que você compreenda uma coisa – ele continuou. – Bella tem uma conexão muito forte com Jacob. Seja o que for que pareceu a você, quero esclarecer que ela está apenas preocupada com ele. Tenho certeza que você pode entender isso.

Trinquei o maxilar.

– Isso não importa mais. Resolvi que é mesmo melhor que eu fique longe dele.

Edward quase pareceu desapontado quando falou:

– É mesmo?

– Sim – respondi sem entender por que ele se importaria se eu me relacionasse ou não com Jacob.

– Bem, é uma pena. Ele parece se importar com você.

Fiquei em silêncio sem saber exatamente como responder a isso.

– Tudo bem – ele disse. – Obrigado novamente. Qualquer coisa é só ligar.

– Ok – murmurei.

Eu acabei chegando cedo na escola. Despedi-me de tia Jane e fiquei algum tempo na calçada vendo o carro dela desaparecer na esquina. O céu acima de mim estava cinza para variar. O cheiro da chuva da noite passava ainda preenchia o ar e, de alguma forma, isso era reconfortante. Eu realmente havia me acostumado a morar em Forks. O estranho era que eu devia estar apavorada com tudo o que acontecia aqui. Vampiros, lobisomens. Era loucura.

Eu não entendi muito bem o que aconteceu em seguida.

Ouvi uma buzina e o som de pneus queimando no asfalto. Era como se o tempo tivesse se acelerado. Eu não consegui distinguir o que estava acontecendo, tudo era um borrão de cores em excesso. Senti algo se chocando em meu corpo e de repente eu estava com o nariz enterrado na grama.

Então tudo parou.

Levantei a cabeça e vi Jacob por cima de mim, os olhos arregalados de medo. Ainda em alta velocidade, o caminhão seguia rua acima.

Só aí entendi.

O caminhão teria me atropelado se não fosse por ele…

Jacob Black havia salvado a minha vida.

– Você está bem? – a voz dele estava alta demais aos meus ouvidos.

Agora que havia entendido que poderia ter sido atropelada, o choque tomava o meu corpo.

– Cass? – ele perguntou mais alto ainda.

– Sim… – sussurrei.

Engoli em seco, minha respiração era superficial e eu sentia como se tivesse acabado de correr uma maratona. Tentei me levantar, porém Jacob se objetou:

– Não. Espera. Você pode estar ferida.

– Eu não estou – disse sinceramente. A única coisa errada comigo era o choque.

Ouvi burburinhos ao longe e, de repente, fiquei com medo de que alguém tivesse visto. Levantei a cabeça e olhei para os lados; felizmente quase não havia ninguém, já que estava realmente cedo. Suspirei de alívio, porém apenas durou por um momento. Mesmo tendo poucas pessoas aqui, com certeza até o segundo período todos já saberiam.

– Tudo bem. – Jacob me ajudou a me por de pé. Suas mãos estavam nos lados da minha cintura e eu tentei não pensar em como isso me fazia sentir. Percebi que suas mãos tremiam e me perguntei o porquê. – Devagar agora. Isso.

Olhei nos olhos escuros dele e encontrei ali preocupação, cuidado e… algo mais que eu não consegui identificar. Só sabia que ninguém nunca havia olhado para mim daquele jeito e aquilo estava me deixando nervosa. Porém era um nervosismo totalmente diferente daquele que estava sentindo com o quase atropelamento. Eu mantinha os meus olhos bem no rosto dele. Talvez fosse a adrenalina no meu corpo falando, mas por um momento eu pensei em me inclinar um pouco para frente e beijá-lo. Então eu me lembrei de que isso provavelmente era uma má ideia.

– Você me salvou.

– É o que parece. – Ele ergueu os ombros, minimizando a importância do fato de que havia sido ele a me salvar. Então sua expressão ficou meio zangada. – O que você estava pensando? Parada no meio da rua daquele jeito, você poderia ter sido morta!

Agora era difícil lembrar o que eu estava fazendo no meio da rua, mas não importava. Por que eu estava perto demais dele e isso era proibido.

– Olha… Obrigada, de verdade. Se não fosse por você…

As feições dele se suavizaram.

– Eu nunca deixaria você se machucar.

Desviei os olhos dos dele.

– Cass… desculpe-me por aquele dia…

Eu não o deixei terminar.

– Não. Para. É sério.

– Oh, por favor. A gente precisa conversar sobre isso. Quanto tempo vai ficar sem falar comigo?

– Eu só estou seguindo o conselho da sua melhor amiga – eu disse friamente.

Jacob bufou, porém, não falou mais nada. Um carro passou veloz na rua fazendo meus cabelos voarem para trás. O que tinha de errado com as pessoas para correr desse jeito em uma área escolar?

– Eu sinto muito mesmo. – Jacob mordeu o lábio inferior.

– É eu também.

Reparei que Jacob continuava com a aparência muito cansada. Eu quis perguntar se havia algo que eu pudesse fazer por ele, mas mordi a língua.

O pátio da escola começou a ficar cheio e eu ouvi o sinal tocar.

– Eu tenho que ir – murmurei. – Você vai ficar para a aula?

Ele apenas assentiu.

– Ok… hm. Obrigada novamente.

Então eu dei as costas.

Eu não consegui prestar muita atenção às aulas daquela manhã. Estava tão absorta em pensamentos, que as horas pareciam passar por mim e não eu por elas. Sentia-me sufocada pela força dos eventos que haviam acontecido. A história com Jacob, os vampiros, minha última visão… tudo isso estava ficando pesado demais e eu sentia que estava perdendo o foco.

Era estranho, mas eu tinha a sensação de que a vida era mais simples. Quer dizer, apesar das visões e tudo o mais antes eu pelo menos conseguia driblar as dificuldades. Porém, desde que viera para cá e descobrira que as histórias de monstros eram verdadeiras, era como se eu tivesse perdido o controle de tudo. Eu precisava de um pouco de normalidade.

Eu sentei com Kim e Jared no almoço, mesmo preferindo ficar sozinha. Kim havia me abordado no meio do corredor, toda esganiçada e preocupada por que aparentemente alguém havia dito a ela que a garota nova quase havia sido atropelada na hora da entrada. Eu tentei tranquilizá-la dizendo que não havia sido nada demais, porém na hora do almoço ela ainda estava falando sobre isso.

– Imagina o que poderia ter acontecido, Cass! Que horror.

Mas depois de vinte minutos dizendo que eu não estava machucada, eu havia desistido de tentar argumentar.

– Então, Jacob salvou você, não? – disse Jared com um sorriso.

Assenti.

– E mesmo assim você não o perdoou?

Eu senti meu rosto queimar. Porcaria de lobos que podiam ler mentes…

Eu grunhi algo inteligível e comecei a comer meu sanduíche de queijo.

Ouvi vozes animadas falando alto atrás de mim e logo descobri a origem delas. Os amigos de Jacob, que também faziam parte da matilha, sentaram na nossa mesa e, depois de cumprimentar Kim e Jared, me olharam com antecipação.

– Hã. Essa é a Cass – a Kim me apresentou.

– A gente sabe quem ela é – disse Jared um tanto quanto intenso.

– Eu sou o Seth – o mais novo deles se apresentou, sorrindo gentilmente.

– Oi – murmurei um pouco constrangida devido a todos os olhos da mesa estar concentrados em mim.

E assim se passou o almoço. Embry continuava fazendo várias perguntas sobre mim e ocasionalmente fazia um elogio, ao que eu apenas acenava com um sorriso tímido. Jared e Kim pareciam ter entrado em sua própria bolha, então a conversava fluía entre Embry e seus comentários e Seth, que estava mesmo era ocupado com seu lanche.

Quando o sinal tocou, levantei-me preparada para dizer “até logo” e Embry logo se adiantou.

– Então, você é nova aqui eu aposto que ainda não teve a oportunidade de passear pela cidade.

– Hmm, eu fui à praia.

– Legal, mas que tal fazer algo mais divertido? Tipo hoje à noite. Comigo.

– Tipo um...

– Um encontro – ele confirmou todo sorriso.

– Oh.

Oh.

Eu tive que pensar nisso por um segundo. Eu nunca em toda a minha vida havia sido chamada por um encontro. Eu não sabia bem o que dizer, embora uma parte do meu cérebro estivesse dizendo que eu deveria estar lisonjeada. Ainda assim, outra parte bem maior estava se perguntando o que Jacob poderia pensar nisso.

Mas por que eu deveria me importar? Não era como se algo fosse acontecer entre nós... E eu merecia uma distração, não é mesmo? Sem contar que isso definitivamente iria fazer tia Jane feliz... E não era esse o objetivo desde o começo?

Eu devo ter ficado algum tempo debatendo isso internamente, pois Embry pigarreou em seguida.

– Se tiver ocupada...

– Ah, não estou não.

Respirei fundo e senti meu coração pular pela boca, não por nervosismo em relação a Embry, mas pelo o que eu poderia estar desencadeando com isso.

Mesmo assim, levantei a cabeça e sorri.

– Eu acho que isso pode ser legal.


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Notas finais do capítulo

SPOILER: Jake vai pirar no próximo! :O
Comeeeeentem!
Beijos :D