Two Pieces escrita por Olavih


Capítulo 16
Hora de dizer adeus


Notas iniciais do capítulo

Eaí povo do meu coração? Como estão? Espero que estejam bem haha. Bom, como eu disse, a fic estava precisando dar uma agitada certo? E aqui está ela. Não se deixem levar pelo título, a coisa tá mais feia do que um simples adeus Rafamilla. Não, não, o buraco é mais embaixo. Bom, esse capítulo tá meio vago e tals, mas logo teremos explicações. Dá pra entender de boa, só que a história do pai da Kamilla em si só vai ser revelada daqui a alguns capítulos. Espero que gostem do capítulo. Não revisei, se tiver algum erro avise-me.



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Quarta feira. Eu geralmente diria que quarta é um dia sem graça e ruim. Bem, aquele dia era ruim. Mas não era sem graça. Era triste. E melancólico. Era o dia que Rafael iria embora. Eu confesso que também achava um drama muito grande esse que estou fazendo. Mas só de pensar em ficar sem aqueles braços, aquele sorriso matinal e aqueles beijos fazia com que meu coração quisesse sair pela boca. Abri meus olhos contra a vontade e decidi fazer o dia começar. Afinal, eu deveria aproveitar meu Rafael tanto quanto podia certo?

Após a higiene matinal, Geovanna e eu fomos até a cantina. Conversávamos animadas sobre qualquer assunto que vinha em nossas mentes doentias quando atravessamos as portas daquele refeitório. Escolhemos nossas comidas e nos sentamos à mesa.

—Onde está Rafael? — pergunto ao perceber sua ausência.

—Bom dia Kamilla, tudo bem com você? Eu estou bem, obrigado por perguntar. — ironizou Juliano e todos riem.

—Essa menina está tão apaixonada que nem lembra mais o que é educação. — Marcelo continuou.

—Bom dia galera, vão parar com a zoação agora ou eu vou ter que ajudar? — perguntei com meu jeito delicado.

—Tudo bem estressadinha. Enfim, Rafael está com a Elisa. Não me pergunte por quê. Ele apenas se levantou e falou que ia lá. — Marcelo deu de ombros e nós continuamos a comer.

—Sabe o que eu fiquei com vontade de comer agora? — indaga Joyce. Todos negamos e ela continua. — pão de mel.

—Huum, eu amo pão de mel. —eu disse sentindo minha boca salivar. — pode me dizer que mundo injusto é esse que não serve pão de mel no café da manhã?

—Kamilla. — chamou Juliano. Voltei meus olhos de encontro aos seus. — aposto que você não tem coragem de subir nessa mesa e gritar: “que mundo injusto é esse que não serve pão de mel no café da manhã?”. — ele sorriu.

—E o que eu ganho?

—Pão de mel. — ele riu. Apertamos as mãos. Rapidamente subi em cima da mesa atraindo o olhar de todos para mim. Sem perder tempo, gritei.

—Que mundo injusto é esse que não serve pão de mel no café da manhã? — e todos riram. Já estavam acostumados a minhas loucuras matinais.

—Bom dia alunos. — a voz de Elisa saiu pelos auto falantes da sala. — por favor, a senhorita Kamilla Campos, compareça a minha sala, obrigada. — ouvi risadas de todos novamente.

—Poxa vida, — resmunguei. — não se pode nem protestar em paz! — desci da mesa e ia andando, quando me virei e apontei para Juliano. — me deve um pão de mel. — eles riram e eu deixei a cantina.

Assim que virei o corredor avistei Rafael saindo da sala da diretora. Estava com uma blusa preta cheia de palavras desconexas, calça jeans e tênis esportivo, os cabelos bagunçados e molhados. Abriu um sorriso assim que me viu.

—E aí? — perguntou se aproximando e me dando um selinho.

—E aí. Você não apareceu na cantina, o que houve?

—Estava apenas conversando com a Elisa. Um agente de condicional vem daqui a pouco pra verificar o serviço. — ele sorri. Sustentei meu sorriso apenas para não demonstrar meus sentimentos.

—Huum, interessante. — disse sorrindo. Ele sorriu malicioso e passou o braço ao redor da minha cintura, beijando meu pescoço. Derreti-me em seus braços e logo senti seus lábios nos meus. Um beijo doce se começou, calmo e lento até que ouvimos um pigarreio atrás de nós.

—Achei que havia te chamado há uns dez minutos Kamilla. — era a diretora, da porta de sua sala exibindo uma expressão de poucos amigos. Abri um sorriso sapeca e me soltei de Rafael.

—Mil perdões majestade, apenas estava experimentando o lado bom da vida. — ri. Separei-me de Rafael com a promessa de vê-lo mais tarde e um selinho. Elisa revirou os olhos.

—Vamos, eu não tenho o dia todo.

Entrei em sua sala e me sentei naquela cadeira desconfortável.

—Então, o que quer comigo? — perguntei assim que ela se sentou a minha frente.

—Eu preciso de um favor seu. — disse ela. Franzi o cenho e ela continuou. — parece que a nossa cozinheira não recebeu todo o dinheiro, embora eu ache isso impossível, mas eu não vou contestar. Queria te pedir para ir lá pagar o resto que ficou faltando, pois eu estou realmente ocupada hoje.

—Por que eu?

—Porque tecnicamente esse erro é seu. Afinal quem ficou de dar o dinheiro da comida foi você, que eu fiquei sabendo. — concordei com um aceno. Era verdade, eu havia me esquecido.

—Pois bem. Já que é isso, me dê o dinheiro. O táxi já está esperando?

—Está muito mal acostumada hein? Deveria deixar você ir de ônibus. — ela sorriu.

—Muito engraçada. Vai me dar o dinheiro ou não?

—Certo, está aqui. — ela me entregou as notas. — são quinhentos reais, e pelo amor de qualquer coisa, não vá perder esse dinheiro menina.

—Sim senhora mamãe.

***

—Você vem comigo? — perguntei a Rafael. Estávamos do lado de fora do colégio, esperando pelo táxi chamado por Elisa. Ele me abraçava e tinha o olhar perdido.

—Não posso. O agente vem daqui a pouco verificar o serviço.

—Ah! — exclamei. Encostei minha cabeça em seu peito e ouvi as batidas ritmadas de seu coração. Fechei os olhos. Não poderia ser dramática, não agora. Afinal, aquilo foi só um caso de duas semanas certo? Não era nada importante.

Aquele abraço me manteve aquecida até a hora que o táxi chegou. Rafael me deu um beijo na testa e abriu a porta do carro para mim. Entrei e sorri para ele, como se tudo estivesse bem e o carro partiu. Fiquei observando a paisagem com uma angústia no peito. Como se alguma coisa fosse dar errado. Apenas suspirei e ignorei aquilo.

Nós continuamos seguindo pelas ruas até que reparei que aquele não era o caminho.

—Hã... Moço? — chamei. — acho que o senhor errou o caminho.

—Na verdade senhorita acho que está certinho. — aquela voz... Olhei pelo retrovisor e reconheci imediatamente aqueles olhos frios. O carro parou bruscamente fazendo com que meu corpo fosse jogado contra o banco. Por conta do cinto, não cheguei a colidir com o tal. O motorista virou-se do banco e me encarou. Agora eu podia ver aquelas tatuagens na pele nua onde deveria haver cabelo, o sorriso cruel e aquelas maçãs altas. Ele estava mais gordo agora, algumas rugas ao redor dos olhos e na testa, mas era ele com certeza. Era o homem que matou meu pai.

Sufoquei um grito. Rapidamente tirei o cinto e saltei para fora do carro, não me dando o trabalho de pegar meu celular, ou fechar a porta. O medo agora tinha impulsionado minhas pernas que corriam velozes. Porém antes que conseguisse uma boa distância senti meu corpo sendo empurrado para baixo e um peso sobre mim. O ar escapou de meus pulmões e eu arfei desesperada. Mãos nada gentis agarraram meus ombros e me viraram. Lá estava ele novamente, sem sorriso nenhum no rosto, respirando com dificuldade.

—Você foi difícil de ser achada, sabia? — disse ele. — demorei alguns anos para te descobrir nesse fim de mundo.

—O que você está fazendo aqui? — perguntei.

—Precisamos conversar.

—Não, não precisamos. E sugiro que você vá embora antes que eu chame a polícia.

—E eu sugiro que me escute. Pois eu tenho algo que vai interessar você. — disse ele. Ele se levantou e eu também o fiz. Ficamos a uma distância considerável um do outro.

— Seja breve. — eu comentei. Ele sorriu torto.

—Bem, eu quero meu dinheiro de volta. — ele comentou e eu ri sem humor.

—Achei que essa “dívida” tivesse sido esquecida, já que você matou meu pai.

—É, mas não está. Seu pai foi bem esperto, te escondendo aqui. Sabia que você era pra morrer naquele incêndio? Nós tiramos seu pai de lá para isso. Em vez disso ele sacou tudo e te salvou. Mas, isso não nos deixa quites. Quero meu dinheiro. Quero meus dez mil reais.

Como assim não paga? —gritei. —Meu pai morreu naquele maldito incêndio e você vem me cobrar dez mil que com certeza não dá pra pagar nem um lote em Guapó?

—Não te interessa o que eu vou fazer com o dinheiro. — ele falou aumentando o tom de voz. — E dane-se, seu pai bem mereceu morrer. Eu quero o dinheiro. Até quarta feira que vem.

—E como eu vou arrumar esse dinheiro? Alguém já te falou que dinheiro não dá em árvore? — perguntei irônica.

—Você deve ter herdado a habilidade do seu pai. — ele sorriu. Fechei minha mão em punhos apertados.

—Não ouse falar do meu pai. — sibilei. Ficamos um minuto em silêncio, até que eu resolvi falar. — eu não tenho como arrumar esse dinheiro.

—Claro que você tem. — ele sorriu. — e você sabe como. — franzi o cenho até que meu cérebro entendeu o que ele queria dizer. Rafael. Ele estava sugerindo que eu pegasse dinheiro com ele. Neguei com um aceno.

—Sem chance.

—Bom, eu sugiro que você aceite. Sabe como é, seria uma pensa se seu namoradinho sofresse algum terrível acidente, não acha? — ele ameaçou. Comecei a roer as unhas, pensando no que fazer. Eu sabia que ele não brincaria em serviço e eu precisava arrumar aquele dinheiro.

—Ele não é meu namorado. Aliás, eu e ele não temos nada.

—Não foi isso que eu vi na revista. — ele caminhou até o carro e saiu de lá com uma revista na mão. Jogou ela pra mim e eu a peguei no ar. —página vinte e oito. — abri na página indicada e lá estávamos nós, Rafael e eu, sorrindo para o fotógrafo daquele restaurante. Praguejei baixo.

—Eu não vou fazer isso. E se você quiser me matar agora, — abri os braços. — vá em frente. — ele me encarou os minutos passando em silêncio. Sacou uma arma e apontou para meu coração. Não hesitei. Continuei com os braços abertos esperando o tiro.

—Sugiro que vá inventando uma boa mentira á seu namorado. Tem apenas uma semana. — disse ele abaixando a arma. Entrou no carro e me deixou sozinha, no meio do nada.

***

Entrei no quarto exausta. Não havia chorado uma gota sequer e parecia que isso só piorava meu cansaço. Joguei-me na cama, esperando conforto. Não queria falar com ninguém e nem ver ninguém, apenas tinha que colocar o plano que havia bolado em prática. Sem perder tempo me levantei e tirei uma mochila de dentro do armário. Comecei a colocar roupas nela desesperadamente até que escuto três batidas na porta. Rapidamente escondo a mochila e grito um entre. Rafael passa pela porta sorrindo.

—Hey, você voltou. — ele diz animado. Meu coração falhou e por um momento fraquejei. Mas as palavras dele voltaram em minha mente: “Sabe como é, seria uma pensa se seu namoradinho sofresse algum terrível acidente, não acha?”. Cerrei os punhos e comecei o meu papel.

—Precisamos conversar.

—Huum. Essas são as duas palavras que eu mais odeio. Pois bem, diga. — ele não se aproximou.

—Eu quero acabar com o que temos. — disse sem rodeios. Ele franziu o cenho.

—Como assim Milla?

—Eu não quero mais você. Quer dizer, essas duas semanas foram legais, mas acabou. Você vai embora e não quero que você fique pensando que temos algum tipo de ligação, ou que somos um a metade do outro. Isso tem que acabar aqui.

—Mas... Mas tem alguma razão específica? Olha se for por conta do meu pai...

—Não é seu pai Rafael. É você. Sou eu. Somos nós. Esse “nós” que nunca deveria ter existido. — ele estava incrédulo, os olhos afundados na tristeza. Respirei fundo reunindo coragem.

—Quer dizer que você não gosta mais de mim?

—Se é que um dia gostei. Só estou tentando deixar tudo claro, entende? Não quero enganos e nem desavenças. Essa semana foi só curtição.

—Você é uma mentirosa Kamilla. — ele falou em um tom mais alto. — fingindo estar feliz ao meu lado ou até apaixonada. E todo esse tempo eu achei que você estivesse gostando...

—Que eu gostasse de você? Oh por favor, me poupe. Um garoto dramático e metido que veio de São Paulo já com problemas. Seria apenas um fardo pra mim.

Ele ficou em silêncio me encarando. Aquele silêncio era pior do que seus gritos. Queria ouvi-lo gritar e ficar extremamente bravo comigo, mas em vez disso ele apenas me encarava como se eu fosse a pior pessoa do mundo. E naquele momento era exatamente o que eu estava tentando ser.

—Espero que tenha se divertido Kamilla. Foi muito bom ter sido usado por você. — e saiu do quarto. Afundei minhas mãos sobre meus cabelos, sentindo as lágrimas virem até meus olhos.

—Não agora, não agora. — repeti e voltei a arrumar minha mala, sentindo-me completamente enojada de mim mesma.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Bom, já sabem o meu blá blá blá e espero não ter que repetir. Apenas 4 reviews, ou o próximo não sai na quarta que vem. Um bom natal pra vocês e um feliz 2014 seus lindos *--*. Obrigada a todos que comentaram e você fantasminha porque não vem me mostrar sua cara? Beijooos