O Filho Do Fogo & A Filha Da Água escrita por Latoya Lua, Glau Souza VI


Capítulo 40
Capítulo 40


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!

Boa leitura!



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POV SAMANTHA

Natália tinha me levado ao quarto e pôs tudo a par da situação. Isso seria a ultima coisa que passaria pela minha cabeça. EU GRÁVIDA?

Ela mostrou o teste de gravidez e perguntou se era de minha vontade fazer para ver se eu realmente estou com uma criancinha dentro de mim. Eu entrei em choque. Estava paralisada. Só imaginava uma criança correndo pros meu braços, ou chorando, ou com cólica, ou pedindo comida, ou com a frauda suja... Cara, eu não nasci pra isso, eu não nasci pra ser mãe.

– Natália, eu não sei cuidar nem de mim – Foi o que eu consegui dizer.

– Sammy, uma criança é uma dádiva. Com certeza você ia ter que aprender várias coisas de como ser mãe porque com certeza você não faz a menor ideia - Eu tive que concordar - Mas com o tempo você pega o jeito Sammy, e você tem sua mãe, Nico e eu pra te ajudar. Eu sei várias coisas sobre bebês, acho super fofo aquelas perninhas grossas – Seu brilho nos olhos aumentava a cada palavra.

– Você fala isso porque não é você - Murmurei e ela riu - Tudo bem, vamos logo com isso – Peguei o teste e fui para o banheiro que tinha no quarto.

Fiz tudo que tinha pra fazer, saí do banheiro e entreguei o teste na mão de Natália e sentei ao seu lado na cama sem ter coragem de olhar aquele palitinho. Natália ficou observando até falar o que eu mais temia.

– Parabéns, mamãe.

Coloquei minhas mãos no rosto e desabei a chorar. Natália me abraçou e tentou me tranquilizar.

– Calma, vai ficar tudo bem Sammy, vamos te ajudar. Você não está sozinha. E pensa pelo lado bom, com você estando grávida, Zeus pode diminuir o tempo de castigo para que você vá para o acampamento, porque aqui não é seguro você estar grávida e não ter nem segurança para ir ao hospital fazer o pré-natal.

– Meus Deuses, é tanta coisa, tanta... – Eu me encolhia nos braços de Natália. Uma cena que eu nunca pensei que fosse acontecer – Eu não sirvo pra ser mãe.

– Mas vai servir – Disse Natália calma – Você vai aprender, você e Nico. Ah, e Annabeth também está grávida, então vocês duas vão se dar muito bem e trocar muitas ideias de mãe para mãe.

Nessa hora lembrei que todo esse tempo, eu perdi o contato com Percy, Annabeth, Grover, todos do acampamento. Eu estava com saudade.

Esperei mais um pouco até que meus soluços parassem. Levantei da cama e limpei minhas lágrimas.

– Pelo tamanho da sua barriga e levando em conta o tempo, você deve estar entre 3 e 4 semanas. Mas é pouco ainda – Olhei para minha barriga, realmente ela tinha uma elevação satisfatória, mais quase imperceptível - Bom, vamos contar ao Nico que ele será papai? – Natália me perguntou sorrindo. Eu assenti meio nervosa, não saberia que reação ele teria.

Saímos do quarto e descemos as escadas, com Natália a minha frente e eu logo atrás. Percorri a sala com os olhos e vi o Nico sentado, aparentemente nervoso no sofá.

Chegamos ao fim da escada e o vi se levantando e vindo em nossa direção. Natália se distanciou de mim, sorri ao vê-lo. Então ela deu a grande notícia.

– Parabéns, futuro papai.

Ele sorriu largamente, uma coisa rara de ser ver e me abraçou com força. Retribuí o abraço e outra coisa que eu não esperava, ele começou a chorar. Eu sentia seus soluços contra meu corpo e suas lágrimas molhando meu rosto.

Ouvi o barulho da porta. Natália havia saído.

Sabe aquele segundo que você para e vem tudo a tona na sua mente? Somos muito novos pra ser pais, responsabilidades, deveres a mil, uma criança é muito dependente e somos adolescentes e eu não sei trocar uma fralda. No fim eu nunca me dei bem com crianças, sei lá, já tive uma experiência muito ruim quando segurei meu primo menor, muuuuuito ruim do tipo nojenta, acho que vocês sabem o que os bebês fazem quando tomam muito leite. Então foi um tipo de trauma pra mim.

Então eu não sirvo, eu não sirvo pra tudo isso, eu não tenho cuidado, não sou carinhosa, e não vou ter paciência ouvindo um bebê chorar e ter que adivinhar se ele está com fome ou com cólica. É muita coisa, meus deuses.

Fechei os olhos e respirei fundo.

– Eu não quero ter esse filho – Eu murmurei baixo. Ele me olhou assustado.

– Como é? Está louca? – Ele tinha pânico na voz.

– Nico, pensa, somos adolescentes, e não sabemos cuidar de nós mesmos. Eu... Eu não quero.

– A gente aprende Samantha, poxa, você não pode estar pensando em abortar essa criança. Isso é loucura. Foi nós que fizemos e a gente vai ter que cuidar – Ele soltou num fôlego só. Me olhava desdém.

– Mais eu...

– Não fale que você não serve pra ser mãe. Ele é o nosso filho. Você não é a durona e quer por tudo a prova sempre? Bom, me mostre se você é capaz disso também – Ele disse se afastando de mim.

– EU TENHO 15 ANOS NICO, SABE O QUE É ISSO? – Gritei batendo o pé no chão.

– Sei, e eu tenho 16. Mas não importa quantos anos a gente tenha, nós podemos pegar o jeito. Pra tudo tem sua primeira vez. E é a mesma coisa com virar pai e mãe. A gente vai aprendendo.

Não consegui falar mais nada, fiquei paralisada.

– Mesmo nós não estando preparados, temos 9 meses pra aprender algumas coisas, como fazer mamadeira e aprender a trocar uma fralda – Ele continuou a dizer sorrindo e se aproximando novamente.

Sentei no sofá. Ele se ajoelhou na minha frente e começou a mexer nos meus cabelos.

– Para tudo tem sua primeira vez, primeiros passos, primeiras palavras, primeiro romance, beijo, namoro, transa... Enfim, essas ultimas experiências espero que ele demore bastante pra ter – Tive que rir com isso.

– Igual a gente demorou não foi? – O encarei com uma sobrancelha arqueada.

– Éhhh - Ele passou a mão em seus cabelos negros nervosamente - Digamos que foi um deslize, uma garota dessa aparecendo na sua frente num dia entediante, digamos que alegra um pouco as coisas e assim você consegue ter vários pensamentos perversos...

Dei um tapa em seu ombro e ele riu.

– Mas eu não quero mais você pensando nisso, ok? Vamos ter esse filho sim, e vamos cuidar dele juntos ta?

Tive que assentir. Afinal, acho que Nico fará um bom papel de pai. Aquele papai choroso e manhoso.

Afe, já estou tendo pensamentos melosos? Começou... Ninguém merece.

Ele colocou a mão em minha barriga e acariciou de vagar.

– Essa pessoinha que está aqui dentro é fruto meu e seu, eu vou proteger vocês com a minha vida, não vou deixar que nada machuque as pessoinhas que eu mais amo – Meu sorriso não se desfazia.

– Já com pensamentos paternos? – Perguntei.

– E também você não estava querendo mais fazer amor, era um caso para se questionar que algo estava errado.

– Como assim Di Ângelo? – Perguntei fazendo careta. Ele riu e sentou ao meu lado no sofá me puxando por cima dele.

– Estamos a muito tempo sem isso, eu estou com saudade – Ele disse fazendo bico. Comecei a beija-lo no rosto e ele começou a passar a mão por minhas pernas subindo até encostar na ponta da camisola. Eu parei e olhei pra ele. Ele fez uma careta fofa e eu comecei a rir.

– Mas não agora, quero falar com Percy - Saí de cima dele e corri para o banheiro com Nico correndo atrás de mim. Ele fechou a porta depois que entrou – Mande uma mensagem de Íris para o Percy? Faz tempo que eu não falo com ele – Nico bufou e tirou uns dracmas do bolso – Sempre anda com esse tipo de moedas? – Perguntei.

– Nunca se sabe quando é preciso – Ele me respondeu ligando o chuveirinho bem pouco, colocando ele em uma posição que jogasse a água para o lado, como um chafariz e mirou na luz. Quando observei bem, um pequeno arco-íris se formou. Então Nico jogou um dos dracmas no arco-íris.

– Óh deusa, aceite esta oferenda e mostre-me Percy Jackson.

Uma imagem se formou na água e começou a rodear um lugar, e eu conhecia esse lugar, era o acampamento. Quando ela parou numa figura, que estava dormindo, meu irmão no caso, dormindo.

– Percy? – Eu o chamei, sem resposta – PERCY JACKSON! – Ele levou um baita susto e caiu da cama. Eu e Nico gargalhamos até não aguentar mais.

– Sammy, maninha, é você! Você está bem? – Ele perguntou tentando se levantar novamente, mas estava sorrindo, parece que já esqueceu do susto.

– Bom, eu fui esquecida pelo meu irmão não é? Quase um mês e nada.

– Me perdoe, treinamento, investigações, Annabeth... – Ele disse abaixando a voz.

– Ela ta te tratando bem? Ou melhor, você está tratando ela bem? – Nico perguntou brincalhão.

– Porque está vermelho desse jeito caveira ambulante? Andou levando tapas de alguém?

Nico se engasgou e me olhou quase que pedindo socorro.

– Não comecem com essas criancices. Percy, como está Annabeth, Grover? – Eu disse desviando do assunto. Nico suspirou.

– Estão todos bem, Grover tem falado mais de você ultimamente, me disse que algo deve estar errado. Eu estava com intenção de te mandar uma Mensagem de Íris ontem, mas Annabeth me pediu uns favores... – Ele fez cara de tédio. Engoli seco pensando em Grover. Sátiros pressentem isso, droga.

– O que tem eu? Ouvi meu nome ai... – Annabeth sentou na cama ao lado de Percy e olhou para nós, Percy engoliu seco – Sammy, Nico, como estão? – Ela perguntou sorrindo.

– Estamos bem, e você barrigudinha? – Nico perguntou rindo levantando a cabeça para tentar olhar sua barriga.

– Estamos todos bem – Ela acariciou a barriga e Percy sorriu – Estou de 7 semanas – A barriga de Annabeth estava mais visível que a minha, ainda bem – Você está na casa da sua mãe né Sammy?

– Sim.

– Imaginei, e está bem confortável ai né? Pelo comprimento da sua roupa – Ela perguntou com sorriso pervertido. Olhei para baixo e vi que esqueci de tirar a camisola, que é drasticamente decotada e curta. Corei mortalmente junto com Percy e Nico fazendo ela rir da desgraça - Mas como que os monstros não entram ai?

– Natália... – Nico disse e na mesma hora, Annie e Percy arregalaram os olhos – Calma gente, ela ta de boa, ela se redmiu, não quer mais isso de ser deusa e nem “empregada” do meu pai.

– Isso é o que ela diz, só está esperando a hora certa pra dar o bote – Annie disse desconfiada.

– Pensa Annie, ela está a quase 1 mês conosco, ela já teve VÁRIAS horas certas não acha?

Annie não me respondeu e ficou pensativa.

– Mas e aquele mascarado que atacou a Annie? Já sabem quem foi? – Nico perguntou.

– Não, ainda não, mas temos suspeitas de que pode não ter sido homem exatamente – Percy disse.

– Como assim? – Eu e Nico perguntamos num unisom.

– Eu vi cabelos castanhos, mas depois que fiquei mais calma eu tentei me lembrar da forma do cabelo, e foi quando eu lembrei, era um cabelo preso num rabo de cavalo – Annie disse nos encarando.

– Não acredito – Eu consegui dizer – Olhos castanhos, cabelos castanhos...

– Natália – Todos disseram juntos.

– Mas ela está tão bem conosco, nos ajudou tantas vezes, vai ajudar a gente agora que... – Nico falava mais prendeu a língua.

– Agora que o que Nico? – Percy perguntou desconfiado.

Eu respirei fundo.

– Annie, digamos que estamos juntas nesse papo de gravidez.

– COMO É QUE É? – Os dois disseram juntos. A ligação começou a falhar e eu ouvia os dois reclamando andando pra lá e pra cá, mas eu não entendia nada do que eles falavam.

“Seu tempo acabou, por favor, coloque mais um dracma.”

– Devo colocar? – Nico me perguntou fazendo bico. Eu sorri e assenti e ele jogou mais um dracma. E tudo voltou ao normal.

– Ei pessoas, se acalmem, nós só ficamos sabendo hoje, por isso ligamos – Tentei dizer.

– Sammy, você só tem 15 anos, como pode não se cuidar? – Annie perguntou mais calma. Percy ainda reclamava andando pra lá e pra cá, mais Annie logo o puxou e o mandou calar a boca. Nico tentou segurar a risada vendo a cena. Sem sucesso.

– Eu sei, nos descuidamos uma vez, que foi a nossa primeira vez, e deu no que deu, por isso o Nico está com essa cara, acabamos de saber, nem minha mãe sabe ainda.

– Ah, aquele dia no acampamento das caçadoras? – Percy perguntou indignado.

– Você vai ser titio também – Nico disse desviando da pergunta.

– Ai meu pai – Percy murmurou enquanto passava as mãos desesperadas pelo rosto.

– Isso também – Eu concluí. No fim, todos rimos.

– Pera gente - Annie disse chamando nossa atenção - Vocês são filhos de Poseidon e Hades, essa criança vai nascer com sangue de dois dos três Grandes.

– Vai ser forte! - Nico comentou vitorioso.

– Nico, sem palhaçada, é serio, isso pode ser perigoso, Sammantha e o bebê podem estar correndo sérios riscos - Ela completou.

– Será que você pode pedir para nosso pai falar com Zeus para que diminua nosso castigo? – Perguntei.

– É o certo a fazer, e acho melhor você aqui no acampamento também, perto de mim pra não fazer mais burradas – Ele respondeu olhando mortalmente para Nico.

– Mais você estava lá quando a gente fez – Eu comentei fazendo Annie rir da vergonha de Percy.

– Será que o filho de vocês vai puxar a inteligência da Annabeth, ou vai ser marcha lenta como o Percy? - Nico perguntou se divertindo com a reação dos dois.

– Ok Sammy, agora o caso é você fazer exames para checagem do bebê e acompanhar para ver se está tudo bem – Annie disse olhando minha barriga e ignorando a comparação de Nico.

– Tudo bem. Minha mãe trabalha em um hospital, ela me ajuda. E minha barriga não está grande. Natália disse que eu devo estar com umas 3 ou 4 semanas no máximo.

– Como ela sabe? – Annie perguntou mais uma vez desconfiada.

– Eu não sei, ela simplesmente disse.

– Muito bem, vou conversar com nosso pai o mais rápido possível Sammy – Percy disse. Assenti – Enquanto a você rolinho primavera, cuide bem da minha irmã – Percy ameaçou estreitando os olhos. Eu tive que rir.

– Não adianta me xingar Percy, estamos no mesmo barco agora – Disse Nico, o que fez Percy assentir e rir mais uma vez envergonhado aceitando a posição.

– Se cuida maninha – Ele disse baixinho.

– Se cuidem também, os dois. E falem pro Grover que ele estava certo – Disse sorrindo.

– Pode deixar, depois conversamos mais Sammy, se cuidem... Ah, e parabéns a vocês! – Annie disse sorrindo.

– Hãm... Obrigado – Eu e Nico respondemos envergonhados - Até – Então ele passou a mão na névoa a dissipando.

– Bem, pelo menos podemos voltar mais rápido para o acampamento – Nico comentou.

– Pois é, uma vantagem não é? – Eu disse olhando para minha barriga

– Não pense assim... – Nico disse com tristeza.

– Uma pessoa com o poder dos mares e das trevas? Pode isso Percival? – Eu disse brincalhona. Ele riu e concordou.

– Mas é o que a Annie disse, você está correndo perigo agora. Ainda mais com uma traidora aqui dentro.

– Não se preocupe, vai ter a hora certa da gente agir, por enquanto deixa como está - Desferi um selinho nele que sorriu - Ok, estou com fome e quero comer torta de limão – Eu disse feliz batendo palmas.

– Ah não, a pior parte da gravidez, os desejos – Ele disse se levantando.

– Ah amor, vai, to com vontade, faz pra mim? Seu filho vai nascer com cara de torta – Eu disse rindo.

– Eu peço pra sua mãe comprar uma em algum lugar – Ele disse entrando no corredor não ligando muito pra mim.

NÃO! QUERO CASEIRA! – Gritei o fazendo parar. Ele me olhou com pavor nos olhos.

– Nossa, ok, ok, é pra já meu amor, vou dar um jeito de procurar a receita na internet... Eu me viro – Ele disse afobado e voltou depositando um beijo em meus lábios – Te amo.

– Eu sei – Ele riu, me deu mais um beijo e desceu para cozinha as pressas.

"Não, definitivamente não tem como arranjar um namorado melhor." Pensei passando instintivamente a mão na minha barriga.


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