Segunda Temporada De Finalmente Juntos escrita por Kriss Chan Dattebayo


Capítulo 37
Capítulo 37: Um Pedido Do Coração


Notas iniciais do capítulo

Estou aqui no aniversário de quase um ano da falta de atualização nesta fanfic.

Sinceramente, me questiono o porquê de ter demorado tanto tempo para trazer outro capítulo desta história. Não vou inventar a desculpa de que não estava escrevendo, que estava com o tão pouco aclamado bloqueio criativo. Não, eu não estava. Tanto que, em quase um ano sem aparecer com STFJ aqui e no Spirit, eu escrevi outras coisas. Eu escrevi outras histórias em outros universos e, não é por mal, mas eu cessei por um longo tempo com as histórias do universo de Naruto.

Mas também me senti mal por ter parado com esta história. Eu meio que não sabia o quanto poderia ter acabado com a mente de vocês por imaginarem mil e uma razões por eu ter simplesmente desaparecido desde novembro ou dezembro de 2017, que foi mais ou menos quando eu postei uma One por aqui. Eu não morri, gente. Estou viva! Graças ao nosso bom Deus.
Mas aqui temos a história. Aqui temos o capítulo que tanto aguardavam (ao menos eu espero que ainda haja uma boa alma lendo este breve rascunho de história). Meus reais motivos sobre o porquê da demora exacerbada em atualizar estão descritos nas notas finais, por isso, peço que leiam.

Boa leitura.



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*Naruto*

            Havia passado uma semana desde que chegamos em Berlim. Encarei a figura adormecida de Hinata sobre o leito daquele hospital. Fios monitoravam seus batimentos cardíacos, seus sinais vitais e muitos outros termos médicos que eu desconhecia. Suspirei encarando o copo de café já frio em minhas mãos. Hinata estava mais pálida que antes, mais magra também. Suas ações eram ligeiramente mais vagarosas e parecia que o mínimo esforço era o suficiente para provocar-lhe dor. Ela havia começado sucessivas sessões de radioterapia como um modo de ajudar na administração da droga experimental e no regresso de seu câncer.

            Era estranho ter que manter uma distância de seu corpo fragilizado. Ela estava praticamente em quarentena para que, assim, não houvesse a chance de uma doença oportunista lhe atacar. Era estranho ter que vê-la e ter que falar com ela por uma janelinha de vidro, sendo proibido até mesmo de acompanha-la durante os exames. Até tentei falar com Gaara, pedir que ele permitisse que eu entrasse no quarto uma vez ou outra, mas sua resposta era sempre negativa.

            Encostei minha cabeça na parede, deixando meu corpo escorregar até o chão e abandonei de vez o copo de café no chão. Encarei o teto branco daquele corredor tão silencioso que chegava a dar nos nervos. Eu não era acostumado aquele tipo de lugar. Eu detestava estar em hospitais, em grande parte eu era obrigado a ir ao médico quando mais novo. Minha mãe costumava me arrastar pelos cabelos prometendo me dar uma surra quando voltássemos para casa. Não preciso detalhar mais que isso, certo?

 ‒ Naruto... ‒ a voz de Hinata atraiu minha atenção, dispersando os pensamentos que se amontoavam em minha mente. Estava tão fraca e baixa que eu tive que esperar dois segundos para ter certeza que havia ouvido algo. Ergui meu rosto, fitando a janela de vidro que nos dividia. Ela sorriu franca. A bata hospitalar parecia um grande saco de estopa em si. As mãos estavam praticamente esqueléticas e eu me questionei se ela conseguia ver a situação em que estava naquele momento. ‒ Como você está? ‒ a pergunta de Hinata me pegou desprevenido. Quem deveria fazer aquela pergunta deveria ser eu. Eu deveria fazer aquela pergunta para ela. ‒ Tenho certeza que nem sequer foi dormir no hotel.

‒ Claro que fui. ‒ menti tentando disfarçar com um sorriso. Reles engano meu ao achar que ela não notaria a mentira. Hinata me conhecia melhor que a mim mesmo, se alguém poderia ter certeza que eu estava mentindo ou dizendo a verdade, essa pessoa era ela. A vi sorri fracamente e colocar uma das mãos sobre o vidro. Pelo outro lado, repeti seu gesto, colocando minha mão junto a sua. A superfície lisa e gelada do vidro era a única coisa que me separava de Hinata naquele momento. E, oh! Como eu estava detestando aquela pequena barreira. ‒ Quem você acha que eu sou? Óbvio que fui tomar banho e trocar de roupas. Veja só! ‒ exclamei apontando diretamente para o casaco vermelho que eu usava sobre a camisa. ‒ Eu não estava com este casaco ontem, certo? ‒ a vi sorrir. ‒ É bom ver você sorrindo.

‒ É um grande esforço. Mas é meio impossível não rir com você. ‒ ela comentou soltando um suspiro e segurando o vidro com as duas mãos, como se colocasse esforço ao manter-se em pé. ‒ Tem notícias do Japão? Meu pai está bem?

‒ Estão todos bem. ‒ falei rapidamente. ‒ Não se preocupe com isso. Acho melhor você se sentar um pouco. ‒ ela acenou com a cabeça e aproximou-se da cama. Eu consegui ver o suor escorrer por sua testa e suas mãos tremerem rapidamente enquanto ela cobria o corpo fino com o lençol hospitalar. ‒ Vou pedir para um enfermeiro trazer algo para você comer. ‒ falei um pouco mais alto para que ela me ouvisse através do vidro. Ela sorriu, fechando os olhos e eu soube que ela já adormecia. ‒ Ficará tudo bem.

            Preferi não contar, mas as coisas no Japão não estão tão bem quanto eu fiz parecer. O pai dela não estava tão bem e digamos que a culpa disso é por Hiashi ser um grande cabeça dura que não obedece médicos. Se observarmos, ele e eu temos a aversão por hospital como um traço em comum. Em meu último telefonema com minha mãe, ela fizera questão de passar meia hora falando que Hiashi queria apressar a abertura de sua cova. O homem não deixava o trabalho de lado em nenhum momento e nem sequer obedecia às ordens médicas de descanso absoluto. Ela me dizia o quanto a tia Yumi estava quase pirando tentando manter Hiashi sobre a cama, mas o homem era turrão.

            Hinata provavelmente me odiaria por esconder tais informações dela, mas eu estava apenas tentando mantê-la bem. E fazer com que ela se preocupasse com o pai do outro lado do mundo, não era nem de longe a melhor opção.

*Hinata*

            Eu já deveria estar acostumada com aquela rotina. Não era a primeira vez em que eu tentava um novo tipo de tratamento. Não era a primeira vez que eu era espetada por agulhas diariamente, que passava de uma máquina para outra ou ouvia um médico diferente a cada minuto falando que eu ficaria bem quando na verdade ninguém sabia o que aconteceria comigo. A única certeza que tinham era que, talvez por um milagre, aquele tratamento poderia aumentar a minha já mínima expectativa de vida. Não que eu houvesse desistido mais uma vez antes de tentar, mas ao contrário do que todos pensavam, eu já havia passado da fase de negação muito tempo atrás.

            Resolvi que tentaria aquele tratamento por conta de meus pais e por conta de Naruto. Se não fosse por eles, eu nunca tentaria algo assim. Muito provavelmente eu acabaria esperando a minha hora chegar, como muitos faziam antigamente antes da descoberta de vários métodos científicos e médicos para combate de doenças. Enquanto Naruto havia ido pegar um copo de café, eu fiquei me questionando o quanto as coisas seriam diferentes se eles nunca houvessem descoberto que eu estava doente. Como seriam se eles nunca houvessem descoberto sobre minha leucemia. E por um lado, quis voltar no tempo, voltar para o momento antes que eu houvesse embarcado no avião que me levaria do Canadá ao Japão. Voltado para o segundo antes de Naruto descobrir sobre o grande X existente em minha vida. Voltado para antes que eu o visse preocupado, inquieto e aparentemente amedrontado com a ideia de me perder para sempre.

            Só então me lembrei do dia em que soube que o tio Minato havia morrido. Lembrei-me de como minha mãe havia me telefonado informando sobre o ocorrido. Lembrei-me de como ela dissera o quão inconsolável estava minha madrinha. Lembrei-me do modo como minha mãe descrevera o estado de Naruto, o modo como ele simplesmente não falou com ninguém durante todo o velório, como ele ficou distante durante o enterro, rejeitando qualquer um que chegasse perto de si para oferecer seus mais sinceros sentimentos. Questionei se Naruto acabaria tendo que passar por tudo aquilo novamente e me senti realmente uma vilã. Ergui-me da cama com uma certa dificuldade e caminhei até a porta. Encarei o vidro e vislumbrei Naruto sentado no chão, as costas coladas a porta do quarto. Sorri e sentei-me com as costas unidas a porta. Estávamos um ao lado do outro, separados por uma fina porta de madeira com menos que quinze centímetros de espessura.

‒ Naruto. ‒ chamei seu nome de modo que eu pude ouvi-lo resmungar um “hm” do outro lado. ‒ Sabe que pode me contar, certo? ‒ o questionei e não ouvi resposta, mas o conhecia bem o suficiente para saber que ele se perguntava sobre o que eu estava falando. Soltei um mínimo sorriso ao imaginar a careta de dúvida em sua face. ‒ Você pode me dizer se algo está te afligindo.

‒ Meu pai me disse isso uma vez. ‒ Naruto resmungou baixo. Sua voz era grave e rouca e, mesmo que eu não estivesse vendo seu rosto naquele segundo, sabia que ele estava chorando. E por um segundo quis que aquela porta não existisse e que não houvesse nenhuma barreira material contra nós dois. Queria abraça-lo, nem que fosse apenas uma única vez. ‒ Que eu e minha mãe temos os mesmos modos de agir. Que nós dois guardamos as coisas para nós, mantemos um sorriso na frente dos outros, mas quando sozinhos, desabamos. ‒ eu o ouvia atentamente. ‒ Eu o respondi com uma pérola, dizendo que falar sobre o que estou sentindo não vai mudar se alguma coisa ruim aconteceu. ‒ ouvi uma risada baixa. ‒ Eu esperava que ele viesse com uma resposta inteligente e tal, mas ele apenas confirmou dizendo que realmente não mudaria nada. Mas disse que se eu deveria me lembrar de uma coisa. Deveria me lembrar que, mesmo que seja difícil ultrapassar um problema, que eu soubesse que o estaria enfrentando por um motivo. Normalmente é isso que importa já que nascemos por uma razão. E disse que um dia eu entenderia o porquê de me sentir mal.

            Eu queria poder responder algo, mas não havia o que dizer. Era a lembrança de Naruto sobre seu pai. Era uma coisa que ele lhe dissera, que lhe ensinara e que, de algum modo, ficou em sua mente agora. Eu estava ali apenas como uma ouvinte.

‒ Ele me disse isso quando havia completado oito meses que eu você havia terminado comigo. ‒ disse e eu abaixei a cabeça mesmo sabendo que Naruto não podia me ver. ‒ E foi nesse dia que ele saiu para trabalhar de carro e voltou em um caixão. ‒ arregalei levemente o olhar. ‒ Foi a minha última conversa com ele, mas não me arrependo de a última coisa que eu lhe disse ter sido “Até”, como se eu o veria novamente pela manhã. Não me arrependo por não ter me despedido naquela noite porque, como ele disse naquele dia, em alguma hora eu entenderia o porquê de estar passando por uma situação complicada. Você terminou comigo naquele tempo por causa da leucemia, certo?

‒ Sim. ‒ não havia outra coisa a ser dita como resposta. E eu não tinha mais o porquê de prolongar aquela afirmação. ‒ Foi por causa da leucemia.

‒ Eu não lhe culpo, Hinata. ‒ ele riu baixinho e suspirou. ‒ Eu não tinha maturidade para tentar ver o porquê de você ter terminado comigo por telefone. Eu imaginei milhares de coisas, mas nenhuma como essa.

‒ Eu não queria ver você sofrer. ‒ falei segurando o choro que já brigava comigo para escorregar garganta a fora. ‒ Quando eu soube do tio Minato, eu queria ligar para você. Queria falar com você. Queria ver seu rosto e abraçar você mais que tudo, mas eu sabia que se fizesse isso acabaria fraquejando. Sabia que se eu fizesse isso, acabaria piorando tudo e acabando com a chance de você ter um futuro de verdade com alguém. Então não consegui ligar.

‒ Quando eu descobri pelo Hidan que você estava doente e que não havia contado para ninguém, a primeira coisa que eu fiz foi ficar irritado. ‒ riu ‒ Eu corri daquele local e fui atrás de você. E eu queria dizer que ficaria tudo bem, que eu estava ali por você. Queria dizer que você ficaria saudável e que por isso não precisava ter medo em me magoar. ‒ ele dizia as coisas pausadamente. ‒ Mas eu cometi outro erro. Eu cheguei lá lhe questionando e não lhe apoiando.

‒ Naruto... ‒ sussurrei. ‒ Não quero mentir para você. ‒ minha voz estava embargada, mas eu torcia para que ele não notasse a visível diferença ‒ Não tenho muita esperança no sucesso deste tratamento, então... Por favor... Prometa-me uma coisa. ‒ ele não respondeu, então tomei isso como um “continue”. ‒ Se esse tratamento não funcionar. Se o meu câncer não regredir, vá até a Hana. Marque um encontro em um bom restaurante com ela. Compre as melhores comidas, o melhor vinho. Depois saiam para dançar ou caminhar na praia. ‒ eu ouvi soluços, mas soube no mesmo momento que eles não eram meus. ‒ Não esqueça de beijá-la nessa noite e de dizer que gostaria de formar uma família com ela e com o Hiro. ‒ uma lágrima escorreu solitária por meu rosto e eu ergui o queixo para cima, torcendo para que outras não acompanhassem o caminho traçado por aquela solitária. ‒ Se case. Veja o Hiro crescer, veja ele encontrar o primeiro amor, veja ele sair de casa para ir para a faculdade com um grande sorriso no rosto. Veja ele se casar e lhe dar seus netos e seus netos lhe darem bisnetos. ‒ ri baixinho acompanhada de um Naruto soluçante. ‒ E quando chegar a sua hora de partir, quando você tiver mais de cem anos, ouviu? ‒ ouvi sua risada entre soluços. ‒ Então saiba que pode partir e eu estarei lá, do outro lado, esperando por você com um sorriso no rosto.


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Notas finais do capítulo

Bem, vamos a doce realidade. Eu parei essa fanfic por um longo ano não por um bloqueio criativo, como eu disse nas notas iniciais. Eu parei ela por um tempo porque eu realmente me questionei sobre o futuro dela. Eu já fui muitas vezes questionada por leitores sobre o futuro de Hinata nesta fanfic. Se ela ficaria viva ou se eu, como bela aprendiz de George R. R. Martin, acabaria matando a pobre coitada. Eu não vou dizer a resposta para esta pergunta, mas saibam de uma coisa: eu voltei porque eu finalmente decidi o que acontecerá com ela. Eu realmente estou certa do que virá a acontecer com nossa Hinata. Mas peço, encarecidamente, que não me perguntem, pois eu sou uma pessoa que não suporta ler spoiler e ouvir spoilers. Tanto que eu ainda não cheguei a assistir o filme dos Vingadores, mas estou detestando por todos estarem contando o que há no filme.

Segundo, mas não menos importante, eu acredito que todos vocês devem saber que eu tinha uma pessoa que me ajudava bastante com os capítulos, betando eles e tal. Eu a conhecia no Nyah, enquanto procurava um beta. Lembro que ela me ajudou muito e até quando eu perdi o prazo de renovação do beta, ela ainda se dispôs a continuar me ajudando com esta história. Infelizmente, em quase um ano sem pôr os pés nesta história, acabei perdendo o contato com ela. Por isso, os capítulos não serão betados daqui em diante e, desde já, peço desculpas por algum erro. Estou disponível a arrumar caso alguém me informe.

Era isso, gente. Acredito que já me prolonguei mais que o suficiente. Espero que ainda leiam esta história. Desejo um bom retorno a quem já acompanha e boas vindas a quem virá agora. Beijos e até logo. Prometo, de verdade, não passar mais um ano para atualizar.



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