Segunda Temporada De Finalmente Juntos escrita por Kriss Chan Dattebayo


Capítulo 38
Capítulo 38: Hoje e para sempre


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta com mais um capítulo desta fanfic. E já é o antepenúltimo gente...

Espero que gostem. Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/410517/chapter/38

*Naruto*

 

             Encarava, pela pequena janela da porta, a figura de uma Hinata adormecida. Meu peito ainda estava dolorido da conversa que havíamos tido na noite anterior. Mina mente estava deturbada, inconstante e eu pouco raciocinava. Lógico que as noites não dormidas apenas permitiam que a sensação aumentasse e me levasse a um nível de pura exaustão. Voltei meus olhos para os corredores quase desertos na tentativa frustrada de mudar o rumo dos meus pensamentos.

                A figura de Gaara conversando com um médico loiro chamou minha atenção. Ele aparentava-se exausto e preocupado e eu, rapidamente, me questionei se a sua expressão de medo seria referida a algum exame de Hinata. Como se ele pudesse ler meus pensamentos, despediu-se do loiro entregando um envelope marrom para ele e caminhou em minha direção. Por algum motivo, meu peito se apertou na hora que ele parou na minha frente. Sua expressão era idêntica àquela que eu recebi das pessoas quando a polícia apareceu na porta da minha casa logo após a morte do meu pai. Era a mesma expressão anuviada e que dizia com todas as letras “sinto muito”.

‒ Naruto... ‒ ele começou. Eu conhecia aquele tom dos médicos. Conhecia aquele tom porque eu conhecia bem Hinata. ‒ Os resultados dos exames da Hinata chegaram e... Bem... Melhor conversamos em um outro lugar.

                Acenei para o ruivo e voltei meus olhos pela última vez na direção da Hyuuga adormecida antes de acompanhar Gaara até uma sala dois corredores à frente. Ele suspirou quando atravessou o cômodo simples e sentou em uma cadeira alta apontando para a cadeira a sua frente em um convite para que eu sentasse. Fiz o que pedira e esperei que ele falasse algo.

‒ A tomografia mostrou que Hinata está com um edema cerebral comprimindo seu cérebro. ‒ as palavras de Gaara pareceram russo para mim. Meu olhar se perdeu sobre a mesa escura daquela sala. ‒ Este edema é a causa dos desmaios constantes que ela teve. Poderíamos tentar uma craniotomia descompressiva, mas é uma cirurgia com riscos de complicações e como o corpo da Hinata está fragilizado devido as quimioterapias, os riscos apenas aumentariam.

‒ Então é apenas cessar com as quimioterapias, certo? ‒ eu comentei já preocupado com aquela situação. ‒ Fazer a cirurgia quando o corpo dela estiver mais forte e depois recomeçar o tratamento, certo? ‒ eu esperava conseguir alguma resposta positiva vinda de Gaara, mas a única coisa que eu recebia em troca era mesmo olhar de pena. ‒ Faça alguma coisa! Você é um médico, certo?

‒ Até nós médicos não podemos operar milagres, Naruto... ‒ ele murmurou baixo, mas não o suficiente para que eu não o ouvisse. ‒ O melhor que pode fazer agora por Hinata é permanecer ao lado dela o máximo que puder. Se fosse você, entraria em contato com a sua mãe e a família dela. ‒ Gaara parecia recitar um discurso já há muito tempo decorado. Eu tinha certeza que eu não era o primeiro e nem seria o último a quem ele seria obrigado a dar aquela notícia. ‒ Ela não tem muito tempo de sobra. Logo, devido ao edema, suas funções começaram a parar. Seu cérebro ficará sem oxigenação e ela pode vir a ter falência dos órgãos ou uma parada cardíaca. ‒ Gaara estava com as mãos sobre a mesa e eu podia ver o modo como ele mesmo tentava se controlar ao dizer aquelas coisas. Ele apertava tanto suas mãos que eu conseguia ver os nós brancos dos dedos aparecerem em minha vista. ‒ Eu queria não estar dando uma notícia assim para você, Naruto. Eu realmente não queria isso. Sinto muito.

‒ Gaara... ‒ sussurrei. Sentia o nó preso na garganta e os olhos arderem, mas eu não choraria ali na frente do ruivo. ‒ Será que eu poderia...

 

[...]

 

*Hinata*

 

                Abri os olhos ao sentir uma mão apertando a minha. O rosto era deforme e eu demorei alguns segundos para reconhecer a face bronzeada levemente cansada e os cabelos loiros desgrenhados. Eu achava que estava tendo outro daqueles sonhos. Os sonhos em que eu estou em minha casa e sou acordada por um Naruto descabelado com um café da manhã maravilhoso. Neste e em outros sonhos, uma ou outra criança surgia. Sorri bobamente para o Naruto em meu sonho mais uma vez.

‒ Hinata... ‒ mas havia algo diferente dos outros sonhos. Aquela voz... Era tão, mas tão real. Apertei meus olhos e encarei o ambiente. Não era o meu quarto. Não era minha cama. E não havia nenhuma criança ou bandeja de café da manhã. O que eu via era apenas um quarto de hospital, uma cama hospitalar e uma cadeira de rodas ao lado da cama. Mas a figura do Naruto, que obviamente, não era o Naruto dos meus sonhos. Era tão real quanto as paredes brancas. ‒ Ei... Como está se sentindo?

‒ Na... Naruto? ‒ questionei. A minha voz mais fraca do que eu imaginava me surpreendera. Tentei erguer o tronco com muito esforço antes que Naruto me ajudasse a me colocar sentada sobre a cama. ‒ Mas... O que está fazendo aqui? Pensei que Gaara houvesse dito que eu ficaria nesta quarentena durante o tratamento, então o que está fazendo aqui dentro?

‒ Ele... ‒ Naruto resmungou baixinho enquanto sentava ao meu lado na cama. Sua mão segurou a minha e meu coração instantaneamente acelerou. Há dias que eu ansiava pelo toque quente de suas mãos, pelo calor que emanava de seu corpo. Há dias que eu apenas desejava sua companhia tão próxima como agora. ‒ Ele me deixou levar você para um passeio breve. Tem um lugar aqui perto que eu queria que você conhecesse. E ele disse que isso poderia ajudar na sua recuperação. ‒ estranhei, mas apenas confirmei com a cabeça. Se Gaara, meu médico, dizia que um passeio não faria mal, então qual mal havia nisto? ‒ Vou chamar uma enfermeira para ajudar você a se trocar e irmos, está bem?

                Confirmei com um breve aceno e vi Naruto sair pela porta segundos depois. Suspirei encarando minhas mãos. Eu estava levemente inchada devido a quimioterapia. Meu corpo estava cansado e, muito provavelmente, se eu passasse as mãos sobre meus cabelos, os fios iriam escorrer aos tufos entre meus dedos. Uma enfermeira de cabelos longos e castanhos entrou na sala com um sorriso fraco nos lábios. Ela resmungou algo em alemão que eu não conseguia entender com meu curso básico feito na época da faculdade. A enfermeira me ajudou a trocar a bata hospitalar alaranjada por um vestido simples vermelho e sapatilhas. Sorri para ela quando ela me deixou na cadeira e saiu para avisar a Naruto que eu estava pronta.

‒ Espero que este passeio seja realmente interessante. ‒ eu sussurrei com um sorriso nos lábios. Naruto sorriu na minha direção e me guiou pelos corredores do hospital. ‒ Está tudo tão silencioso. ‒ resmunguei enquanto era carregada para fora. ‒ Onde iremos?

                Naruto apenas murmurou um “espere e verá” e continuou nos levando pelas calçadas. Observei as ruas da cidade. Tudo parecia tão limpo, tão organizado. Eu conseguia ver gente esperando ônibus, outros caminhando rumo ao metrô, conseguia ver também crianças correndo em um parque infantil à esquerda do hospital e alguns idosos sentados em bancos com jornais sobre o colo, provavelmente lendo algo sobre esportes ou notícias. Berlim parecia uma boa cidade para se morar e não me surpreendi por Gaara ter escolhido este local para viver.

                Meus olhos fixaram-se em uma igreja em reforma que durante a Idade Média deveria ter sido muito bonita. A entrada não era tão sinuosa e, a primeira noção, pensei que ali funcionasse um museu ou algo do tipo, mas não. Era realmente uma igreja. Encarei a face de Naruto perguntando-me o porquê de o loiro querer me levar em uma igreja justo quando Gaara nos permitiu sair da quarentena. Eu estava prestes a deixar a pergunta escapar por meus lábios quando perdi a voz. O interior era deslumbrante, tanto ou mais ainda que o exterior. Havia afrescos sendo reformados por toda a catedral. O piso parecia estar sendo trocado nas laterais dos bancos. Encarei o alta, abismada com a simplicidade, mas ao mesmo tempo, a beleza descomunal. Naruto nos guiou até próximo dele, parando a cadeira poucos centímetros das escadarias que davam até o centro da igreja. Ele deu a volta e ajoelhou-se a minha frente. Sua mão segurou a minha contra seus dedos e seus olhos me encaravam de um jeito que eu jurava nunca ter sido encarada antes.

‒ Não menti quando disse que meu sonho era casar com você. ‒ sussurrou. Sua voz parecia arrastada e tristonha. De certo modo, eu meio que sabia o que aquilo queria dizer, mas acho que eu não conseguiria dizer em voz alta. Eu não conseguia perguntar para ele, não ali, não naquele momento. ‒ E eu ficaria muito feliz se você me desse essa honra. ‒ os meus olhos já lacrimejavam. Meu coração parecia querer sair do peito e meus lábios estavam trêmulos. ‒ Hinata... Casa comigo. Aqui e agora.

‒ Eu... ‒ minha voz não queria sair, mas tudo o que eu diria não precisava de tal eloquência. ‒ Eu aceito.

                Seus lábios repuxaram em um sorriso mínimo quando sua mão deixou a minha e, gentilmente, puxou minha cabeça contra a sua. Nossas testas unidas. Nossas respirações mescladas. O cheiro de sua colônia totalmente reconhecível. Meus lábios foram tomados ligeiramente. A sensação de falta de ar foi tão real e tão momentânea que eu sequer fizera questão de respirar. Quando o beijo cessou, Naruto ajudou-me a ficar em pé e caminhamos, passo a passo, rumo ao topo do altar. Só agora eu notara um padre no altar. Ele sorria para nós enquanto dava sua benção. Nós não conseguíamos entender nada do que ele dizia em alemão, mas assim que ele sorriu mais alegremente entendemos qual deveria ser nosso papel. Naruto segurou as minhas mãos entre as suas. Novamente nossas testas foram unidas. Ele sussurrou um “eu te amo” apenas alto o suficiente para que eu ouvisse e eu respondi com a mesma frase. Sorri. Não era o casamento que eu imaginava quando eu tinha sete anos de idade e nem sequer conseguia olhar para Naruto sem corar. Não havia vestidos de noiva. Não havia buquês. Não havia pessoas conhecidas na igreja jogando arroz sobre nossas cabeças. Só havia nós dois e isso era o que mais importava naquele momento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Em breve trarei o penúltimo capítulo. Espero ver vocês em breve. Beijos e abraços.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Segunda Temporada De Finalmente Juntos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.