-Como eu ia dizendo... Tudo começou quando eu conheci uma bruxa, chamada Elizabeth. Ela era incrível, dominava seus poderes muito bem e era muito poderosa...

-Espera ai, a Rainha Elizabeth?

-Já vou chegar lá, não se afobe. – Ele olhou o chão e novamente para mim. – Então, ela começou a atrair animais imortais de todo quanto é tipo de raça. Lobisomens, Sereias, inclusive vampiros. Meu povo estava sendo atacado por eles e a situação estava descontrolável. Então, pedi para que Elizabeth fizesse o feitiço de bloquear o lugar das criaturas imortais, transformando-as em humanos para que facilitasse o meu reinado e que eu tivesse mais controle com os meus soldados.

-Todos então lá de fora eram ou são seres imortais... E ela foi tão boazinha assim que fez tudo isso de graça? – olhei-o incrédulo.

-Não. Em troca disso, ela queria o poder no trono comigo. A rainha Beatriz, minha ex-esposa, havia falecido e ela queria assumir o lugar dela imediatamente.

-Ela ainda é uma bruxa por acaso?

-Sim, nisso ela me trapaceou.

-E ela vai fazer alguma coisa com Elena ou com o bebê? – franzi a testa.

-Por enquanto não.

-Por enquanto?! Como assim?!

-Ela... – ele suspirou. – Eu não devia falar isso a você.

-Fale! Por favor! – tentei me soltar, mas o imbecil atrás de mim me segurou.

-Ela vai jogar o seu bebê de um penhasco quando ele nascer. – ele sussurrou e abaixou o olhar.

-O quê?! Mas por quê?!

-Ela faz isso com todas as grávidas pelo trauma que teve há muito tempo atrás, quando perdeu seu bebê na hora do parto. Então ela se acha no direito de não deixar nenhuma mãe ter a felicidade de um filho. Henry, por exemplo, foi fruto do meu casamento com minha ex-esposa. Ela tem poder sobre mim e eu tenho que obedecê-la.

-Eu não vou deixar que ela faça isso! Nem que isso custe a minha vida! – alterei a voz.

    Vejo o rei Artur mandar os soldadinhos largarem os chicotes e me desamarrarem, assim como entregar minhas roupas e irem embora. Somente ali vejo o tal homem que me apunhalou na cabeça. Coloco minha roupa, sentindo a camisa colar pelo sangue, trinco os dentes ao sentir arder.

-Desculpa por isso... – ele falou.

-Poderíamos ter uma conversa mais calma, seria mais fácil. É só uma sugestão para a nossa próxima conversa...

-Sabe... Eu vejo futuro em você.

-Como o que? Encrenqueiro?

-Não. Não sei ao certo, mas você tem uma alma pura por dentro dessa atitude fria.

-Pois é. Você também... Alguém já lhe contou isso?

            Ele sorri.

-Não, Damon. Eu vou ajudá-lo no que precisar, pode contar comigo.

-Vamos nos dar a mão agora? Ou talvez nos beijarmos como um gesto de afeto? – ironizei, dando um meio sorriso. Ele ri somente.

   E assim se passaram alguns longos meses. Eu ajudando meu caro colega com a sua paixão, e treinando  arduamente todos os dias. A cada dia que passava, eu enxergava coisas diferentes, parecia que estavam mudando a todo o momento. Mas, algo dentro de mim não mudara desde o primeiro minuto: Meu amor por Elena. Pensava nela 24h por dia, sonhava com ela e quando olhava para o jardim, imaginava a sua silhueta olhando para mim sorrindo, a me ver treinar, como fazia.

    Até que um dia, eu resolvi ir atrás de Elena. Assim, de repente, me deu essa vontade louca. Não fazia a menor ideia de onde ficava a pensão Pentsburg. Então perguntei para o rei, que iria me emprestar um cavalo às escondidas. Ele realmente mudou bastante depois da nossa pacífica conversa com os chicotes... Talvez sente falta de ter um amigo, ou, de fugir um pouco das regras. Cavalguei rapidamente, seguindo as orientações do rei. Pegar a esquerda, ir em frente e depois pegar a segunda direita e novamente a esquerda; e então, eu estaria lá. Com Elena, talvez felizes para sempre. Ouço um grito ecoar alto pelos enormes campos. Paro o cavalo, ouvindo de quem era a voz. Ouço outro grito: Elena.