Metamorfose escrita por Cacau54


Capítulo 10
Capítulo 9 – Aprendizado


Notas iniciais do capítulo

Olá *-* Primeiramente eu quero agradecer a Marianas2, que deixou uma recomendação mais do que especial. Eu amei muito. Sério. Obrigada



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Aprendizado s.m. Ação ou efeito de aprender; aprendizagem; tirocínio.
Tempo que se leva para aprender.

Depois daquela bomba que o amigo de Isabella – sem querer – soltou em cima de mim, amigo esse que depois descobri chamar-se Mike Newton, não conversamos direito. Passamos o resto do dia cada um em seu canto e sem tocar no assunto em questão.

Até mesmo no avião voltando pra Portland o silêncio entre nós dois foi absurdo e incomodo, porém não vou forçar a barra, se ela não quer contar eu não ficarei insistindo e caso ela não queira se explicar, não importa, não pedirei explicações.

Agora estou aqui, em minha sacada, com um cigarro nos lábios. A curiosidade me corrói por dentro, quem diabos é Isabella Swan? Porque ela parece ter anos de experiência, sempre tem alguma frase bem elaborada que nos faz pensar na vida?

– Você deveria parar de fumar – sua voz soou atrás de mim, calma como sempre – Cigarros fazem mal.

– Muitas coisas fazem mal – murmurei irritado.

Ela não respondeu, apenas caminhou até chegar ao meu lado e arrancou o cigarro da minha boca jogando no lixo mais próximo. Bufei irritado. Quem ela pensa que é? Peguei a carteira de cigarros e coloquei outro na boca, mas ela fez a mesma coisa com o segundo, arrancou-o de mim e jogou no lixo.

Ficamos nessa brincadeira idiota por algum tempo, até que quando fiz menção de colocar o quinto cigarro na boca, ela praguejou e pegou a carteira inteira da minha mão e o isqueiro também, diga-se de passagem, saiu a passos duros do meu apartamento e alguns minutos depois voltou com as mãos vazias.

– Quem você pensa que é? – perguntei irritado ao constatar que ela se livrou das minhas coisas.

– Sou uma pessoa que se preocupa com você! – ela falou sem se exaltar, porém seus olhos demonstram uma raiva contida, desafiadora – E não ouse fumar enquanto eu estiver perto de você.

– E porque eu não faria isso? – a raiva tomando conta do meu ser – Porque eu devo parar de fumar?

– Primeiro porque essa porcaria apenas te dá à sensação de alivio, mas na verdade destrói seus órgãos – ela trincou os dentes – Se você quer estragar com a sua saúde, problema é seu, mas não quero ter a minha afetada por imbecilidade dos outros.

E essa é a primeira vez que escuto Isabella falar algum palavrão, estaria impressionado se a raiva não estivesse correndo por minhas veias.

– E se eu quiser estragar minha saúde? – as palavras saíram ríspidas – A vida já está estragada mesmo!

– Você é um fraco! – ela soltou irritada, enfim demonstrando algum sentimento negativo – Já pensou que as pessoas passam por coisas piores que você? Que tem pessoas tão ou mais sofredoras que você, dando a volta por cima e lutando para viver melhor!

As palavras dela me pegaram de surpresa e também o fato de Isabella estar exaltada e com os olhos geralmente serenos, tomados pela fúria. Acho que me ver com um cigarro na boca, foi à gota d’ água para ela que desde o inicio apenas quis me ajudar.

Trinquei os dentes, ela não é ninguém pra achar que pode vir aqui e me falar essas coisas. Apesar de ter me apegado a ela, de ter desenvolvido algum tipo de carinho e admiração, não posso admitir que alguém fale assim comigo.

– Você se acha a dona da verdade, não é mesmo? – minha pergunta a pegou de surpresa – Não interessa o quanto eu sofri e o quanto outras pessoas sofrem, cada um lida com a dor de uma forma, para cada um a dor é diferente, mas para todo mundo é insuportável, independente. Algo que pra você pode parecer insignificante, para a pessoa que está sentindo, é o fim do mundo. Então nunca, nunca, menospreze a dor de alguém.

A mulher na minha frente ficou com a face tomada por surpresa, os lábios carnudos e sedutores abertos e os olhos incrivelmente verdes um pouco arregalados. Aos poucos sua expressão foi mudando e ela arqueou uma sobrancelha, para ficar me investigando com seus olhos sábios.

E, mais uma vez, ela me surpreende ao me abrir um sorriso.

– Muito bem! – ela disse assentindo – Gostei de ver. Para um Edward Cullen mau humorado, ranzinza e egoísta que conheci na primeira vez, você está bem melhor agora.

– O que isso significa? – perguntei confuso.

– Que estou orgulhosa – ela abriu um grande sorriso – Mas quero, mesmo, que pare de fumar.

Fechei minha expressão, mas ela está me olhando de uma forma implorativa, soltei um suspiro resignado. Porque essa mulher tem que ser tão persuasiva? Ou sou um cara que cede muito fácil pra ela?

– Tudo bem vou tentar, mas não prometo que conseguirei – murmurei.

– Ótimo! – ela disse animada e logo sua expressão ficou séria – Edward, sobre o que o Mike falou... – antes que ela terminasse, eu interrompi.

– Não quero saber – falei simplesmente – Você não me contou sobre isso, tudo bem, quero apenas aproveitar o resto do tempo que você tem por aqui... Pode ser?

– Claro.

Ela continuou me encarando por algum tempo, com o cenho franzido, mas não disse nada. Na realidade, nem mesmo eu não sei por que disse isso, apenas sei que essa é a verdade... Eu quero apenas aproveitar o tempo que ainda tenho com essa mulher maluca, mesmo que depois eu tenha que ficar reconstruindo o muro de pedras ao redor do coração.

Voltar a ser o mesmo mau humorado e ranzinza que eu era, como ela mesma disse. Talvez, eu conseguisse convencê-la de que aqui é melhor. Mas vou deixar pra pensar nisso mais tarde, por hora quero apenas aproveitar todo o ambiente, a puxei para meus braços e grudei nossos lábios em um beijo lascivo, cheio de desejo.

E quando menos percebi já estamos em meu quarto arrancando nossas roupas com rapidez sem desencostar os lábios do corpo do outro, hora eu beijo seu pescoço, hora ela morde meu ombro e assim vamos, até que nos misturamos como se fossemos um e uma leve camada de suor aparecer em nossos corpos.

Quatro dias. Foi esse o tempo que passou desde nosso desentendimento por causa do cigarro, quatro longos e prazerosos dias com Isabella Swan, claro que eu tenho que dividi-la com o hospital, mas não me importo muito com isso. O bom é que sei que terei ela comigo, no final do dia ou no começo dele, os horários dela sempre são confusos.

Essa mulher toda é confusa, na realidade, então o que esperar de seus horários e manias? E o pior é que ela está deixando a minha vida confusa também.

– Edward seu canastrão pode vir aqui me ajudar! – ela gritou da sala, com a voz divertida.

– Eu não sei porque vou ajuda-la a fazer isso com o meu apartamento – falei me encaminhando para a sala, onde ela me espera com os móveis afastados e devidamente encapados, com lonas e pedaços de papelão espalhados pelo chão para a tinta não sujar tudo – Não acredito nisso!

– Qual é Edward, para de reclamar – ela gargalhou da minha careta – Esse seu apartamento está precisando de mais cor, mais vida!

Resmunguei qualquer coisa, mas me encaminhei para perto dela e peguei um rolo de passar na parede. Aos poucos fomos deixando à parede branca, claro que Isabella está mais preocupada em fazer festa do que realmente pintar alguma coisa e em determinado momento ela passou seu pincel em meu rosto e eu com um sorriso maldoso passei o rolo desde o seu queixo até o topo de sua cabeça, sujando até seu cabelo.

Ela me olhou com espanto e logo deu uma risadinha sacana, molhou o pincel e sem tirar o excesso de tinta do mesmo o atirou em mim, respingando tinta azul marinho para todos os lados. Semicerrei os olhos para a mesma e coloquei o rolo inteiro dentro da lata de tinta verde e fazendo a mesma coisa que ela, novamente a tinta respingou para todos os lados.

Ficamos brincando com isso por um tempo, até pararmos ofegantes e suados com sorrisinhos nos lábios. Desviei minha atenção para a parede em si e deixei minha boca escancarada, nossa pequena brincadeira acabou por deixar minha parede sofisticada e ao mesmo tempo alegre. Ao longo de sua extensão tem respingos de azul, verde, vermelho e alguns roxos. Deixando o fundo branco.

– Incrível – murmurei fascinado.

– Sim – ela assentiu – Agora pegue algumas roupas e vamos tomar um banho no meu apartamento, sem condições de você dormir por aqui hoje e eu estou quebrada, limpamos tudo isso amanhã.

– Sim, capitã! – bati continência e ela gargalhou.

Rapidamente peguei minhas roupas e saímos do meu apartamento trancando-o. Ela me deixou tomar banho primeiro como uma boa anfitriã, mesmo eu insistindo para que ela fosse primeiro. Assim que a água tomou meu corpo cheio de tinta, o chão do banheiro ficou colorido. Abusando um pouco da hospitalidade, me permiti ficar embaixo da água quente por minutos a mais do que as boas maneiras permite apenas para relaxar um pouco mais os músculos.

Respirei fundo e desliguei o chuveiro, vesti minhas roupas logo saindo do banheiro.

– Vou tomar banho agora – Isabella disse aproximando-se de mim e me deu um selinho demorado – Fique a vontade.

– Pode deixar.

E então ela entrou no banheiro, me deixando sozinho no corredor. Uma ideia absurda passou por minha cabeça, mas eu definitivamente preciso fazer isso e então entro em seu quarto. Um ambiente agradável, já estive aqui antes, obviamente, porém foi em situações diferentes onde a tensão sexual estava em alta e não dava pra ficar apreciando o ambiente.

Uma linda árvore de cerejeira desenhada na parede atrás da cama, com pássaros por toda a extensão. Um guarda-roupas branco, mediano. Uma escrivaninha com um notebook em meio a muitos papéis e livros, mas o que chamou minha atenção foi uma coisa virada de cabeça pra baixo, como se fosse uma foto.

Aproximei-me lentamente, uma parte do meu cérebro está me alertando que isso é invasão de privacidade e a outra está me instigando a continuar. Mas no meu caso, a curiosidade falou mais alto e então rapidamente minha mão alcançou o objeto que chamou minha atenção.

E o mundo parou. Eu estava certo, é realmente uma foto e estava mesmo virada com a parte de trás pra cima... Mas o surpreendente é o que está escrito:

“Eu não vou desistir de nós, Bella. Não importa quanto tempo leve!” – Ed.

Virei à foto lentamente, meu coração acelerado e a respiração descompassada, não pode ser. É apenas isso que minha mente consegue pensar. Não pode ser. Assim viro totalmente a foto vejo os dois garotos se olhando, de perfil para a câmera, com grandes sorrisos nos rostos.

E ai todas as lembranças me vem como uma avalanche, os risos, as brincadeiras, as promessas e o apelido. Apelido esse que fui eu quem dei a ela. Por ser uma abreviação de seu nome e principalmente por acha-la bela, minha Bella.

E quando ela passou pelo batente da porta com uma toalha em mãos secando os cabelos, não consegui expressar emoção alguma no rosto. Isabella percebeu a imagem em minhas mãos e sua boca abriu em surpresa.

– Era você – murmurei rouco – Esse tempo todo. Junto comigo!

– Edward... – ela sussurrou.

– Era você – repeti ainda incrédulo – Você ouviu toda a história, me fez relembrar tudo e não teve a capacidade de me contar que era você, ali, na minha frente!

A vida tem formas engraçadas de te ensinar as coisas, como por exemplo, confiar ou não nas pessoas. Estamos em constantes “becos sem saídas”, onde temos que fazer escolhas difíceis que pode mudar o rumo de nossas vidas, pra sempre.

Porque ela, a vida, é um constante aprendizado. E nesse momento, aprendi que não deveria ter me deixado levar por uma vizinha maluca que apareceu em minha porta fugindo da própria festa, que corre e pula na chuva, que conversa e ri com doentes em macas de hospitais.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que deixaram reviews no capítulo anterior



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