Criminal Love escrita por Nicole Horan


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Desculpa a demora. Mas finalmente, aí está. Com um pouco mais de palavras pra compensar... :) x



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Na manhã seguinte, Melanie, Bob e eu, nos arrumamos para sair. Íamos ao Posto da cidade para conferir os resultados do exame de sangue e da cena do crime. Coisa que eu gosto de fazer, mas ok. No caminho, Melanie se sentou no banco do passageiro, ao meu lado. Mas nenhum de nós comentou nada sobre o acontecimento da noite passada, e nem contamos para Bob. Pelo menos eu ainda não tinha contado. Não nos olhávamos, e muito menos nos falávamos. Nada de bancar o casalzinho apaixonado de histórias românticas e melosas. Bleh.

Eu não sabia se ela tinha gostado, pois sua reação foi meio estranha. Antes mesmo de o beijo terminar, Melanie nos separou e me encarou por alguns segundos sem dizer nada. Sem ter nenhuma expressão. No momento me passou pela cabeça de que ela iria me chamar de todos os palavrões possíveis, ou que sairia correndo. Mas não. Ela simplesmente levantou-se da cadeira, e levantou a mão na altura do meu rosto. O acariciou, e logo depois deu um tapa.

Enfim, estávamos quase chegando ao Posto quando Bob avistou uma loja de rosquinhas. Não tínhamos visto uma há muito tempo e ele quase se jogou da janela quando viu a loja. Fez questão de fazer com que eu parasse para comprar rosquinhas e então me deixou no carro com Melanie. Como eu sabia que o clima não estava bom, desci do carro e depois percebi que ela vinha logo atrás de mim.

Bob era o quinto da fila para pedir as rosquinhas. Então resolvi me sentar em um banco que tinha formato de rosquinha. Aí percebi que tudo ali lembrava um mundo rosa e açucarado. Melanie sentou-se ao meu lado e esperamos Bob ser atendido. Enquanto isso, ela disse:

-Você sempre “foge” das pessoas depois de beijá-las?

-Não. Mas é que você deixa tudo mais difícil, Melanie. –logo sem seguida, levantei-me. Não estava nem um pouco a fim de conversar com ela. Fiquei ao lado de Bob esperando ele ser atendido. Quando olhei para trás depois de mais ou menos cinco minutos, lá estava Melanie. Do lado de fora da loja, encostada no carro com um cigarro em mãos.

Finalmente a moça chamou a atenção de Bob, o cumprimentou e perguntou seu pedido. Percebi que ele havia ficado um pouco bobo em relação à moça, até gaguejou.  Ela tinha cabelo loiro e olhos azuis. Era magra e alta. Bem diferente de Bob. Mas é como dizem, aparência não conta nada quando o que se sente é verdadeiro e forte.

E quando ele finalmente terminou de fazer o pedido, ela riu e se virou. Disse que iria entregar as rosquinhas logo, logo. Que se ele quisesse, ele poderia esperar no carro que ela levaria até lá. Hum... Pois foi isso que ele fez. Voltamos para o carro e Melanie continuou encostada nele, fumando. Sem dizer uma só palavra para nenhum de nós. Ligamos o rádio, e tocava uma música bem conhecida. Porém eu não conseguia lembrar o nome. Foi quando Melanie abaixou a mão do rosto, jogou o cigarro no chão e pisou. Entrou no carro e sentou-se no banco ao lado do motorista, novamente.

-É “Love Of My Life” do Queen – ela disse colocando os pés sob o porta-malas.

-Claro! É mesmo... –Bob confirmou. E eu apenas a olhei. O cheiro forte de cigarro exalando.

Ficamos ouvindo e analisando cada pedaço da música. Bom, pelo menos eu prestava atenção em cada palavra.  “Love of my life, you've hurt me. You've broken my heart and now you leave me.” E logo depois: “You'll remember when this is blown over, and everything's all by the way…”

Perdido em meus próprios pensamentos, eis que alguém surge batendo na porta do carro.  Foi quando finalmente a moça da rosquinha chegou e entregou o pacote para Bob. Nós ainda não sabíamos, mas havia um papel rosa com o nome da moça e o telefone. Bob passou a viagem comendo suas rosquinhas e dizendo o quanto Rosa era encantadora e o quanto foi gentil da parte dela ter colocado mais três rosquinhas.

E então, seguimos viagem até o Posto.

***

Quando chegamos ao Posto, várias pessoas corriam de um lado para o outro. Já estava anoitecendo quando chegamos lá, porém fomos bem recebidos. Carlos, o chefe do laboratório, nos encaminhou para sua sala particular. Até então, nunca tinha visto Carlos. Ele aparentava ter seus 47 anos, mas estava muito bem, devo dizer. Ele é negro, alto e um pouco careca. Mas seu corpo em boa forma é meio coberto pelo jaleco branco que ele usava.

Quando chegamos a sala particular de Carlos, ele começou dizendo para nos sentarmos em três cadeiras disponíveis na sala. Não era tão grande, mas também não era pequena. Havia várias prateleiras cheias de livros e uma estante com vários prêmios. As paredes eram todas brancas e a sala era bastante iluminada. Havia também uma mesa, obviamente, e uma janela grande atrás de sua cadeira. O que me lembrou meu Posto em Nova Iorque. A janela que dava vista para a rua. Saudades Posto Sete.

-Então, amigos. Fico feliz em dizer que nossa parte foi feita no caso até então – Carlos dizia se reclinando na cadeira e colocando os dedos sob os lábios.

- O que vocês descobriram? –Bob perguntou.

- Isso eu mostrarei daqui a pouco. Mas calma. Vamos conversar primeiro. –ele voltou de sua posição para apoiar seu cotovelo sob a mesa. Foi o momento em que ele ficou sério. – Não é a primeira vez que aparecem casos como este para analisarmos. Mas ficou um pouco mais difícil fazer qualquer tipo de análise porque estávamos diante de uma boneca.

-Claro – eu disse.

-Peço para que tomem cuidado com este caso. Ele não parece ser um dos mais fáceis, mas tarde mostrarei o porquê. –Carlos continuou. –Sei que tenho em frente bons profissionais, mas darei uma dica. Não se separem. Não deixem de ficar perto um do outro.

Melanie bufou.

-Mesmo que vocês não gostem de quem está ao lado, terão que conviver até o fim do caso. –ele mirou Melanie - Lembre-se que vocês estão juntos nessa. E agora mesmo, mais do que nunca, terão que ser unidos.

Um pouco de medo pairou sobre mim, porém o ignorei. Tentei fazer com que qualquer sentimento ou pressentimento que sentia fosse embora. Eu sabia que tínhamos que ser unidos, apesar de todas as diferenças. Estamos juntos nessa. Agora é pra valer.

Carlos se levantou da cadeira e disse para irmos com ele. Ele ia –finalmente- nos mostrar os resultados das pesquisas e análises.

Fomos para o laboratório agora. Era uma grande ala no Posto e era bastante iluminado, com várias salinhas com mesas para autópsia e outros serviços. Havia também armários, e uma luz especial sob a mesa.

 Carlos nos levou a uma sala onde o caso de Lily estava sendo resolvido. Bom, parte dele, na verdade. Então ele abriu a porta do laboratório e encontramos uma mulher sentada em uma cadeira ao lado da mesa, onde havia um corpo coberto com uma espécie de pano preto. Deduzi que era a boneca. Olhei para Bob e Melanie e eles me deram um sinal que também pensaram a mesma coisa.

-Quero que conheçam Charlotte. Minha assistente. – Carlos esticou a mão direita.

-Olá, podem me chamar de Charlie. –ela levantou-se, apertou nossas mãos e sorrimos.

-Bom... Agora Charlie vai explicar um pouco sobre o que descobrimos. –e então ele se afastou de nós e tirou o pano preto de cima do corpo. Comprovamos nosso pensamento. Era a boneca.

-Por onde começo... –ela andou um pouco com uma das mãos na altura da costela. – Foram várias horas de pesquisas e ligações, e outros meios para descobrirmos uma coisa importantíssima. Esse líquido vermelho, não é tinta. É o sangue de Lily.

-Quer dizer que... –Melanie começou.

-Não, calma. Isso não é sangue suficiente para deixar uma pessoa “seca”. Digamos assim. –Charlie continuou – Lily não morreu. Mas esse é o sangue dela.

-Como vocês descobriram? –Bob perguntou.

-Essa eu respondo. Achamos um fio de cabelo humano dentre a peruca da boneca. Fizemos um exame de DNA e foi certinho. Combinamos com o sangue coletado e aí está. Bem fácil.

Eu assistia a explicação enquanto meus colegas faziam perguntas e mais perguntas, e iam anotando. Mas uma pergunta surgiu em minha cabeça.

-E enquanto o sangue que estava no chão? As pegadas? – eu disse.

-Bom, nossa equipe detectou três pessoas. Possivelmente homens por causa do número que calçam. Um era 42, outro 40 e por fim o número 44. – Charlie respondeu.

Bum! Uma bomba havia caído bem em cima de nós. Não que não era esperado, mas havia um homem por trás disso. E de uma coisa tínhamos certeza. Já que eu calço 40, Bob, 42, havia outra pessoa naquele quarto. Talvez o responsável por isso.

Resolvemos tomar um café com Carlos e Charlie. E é nessa hora que você pensa: “Mas e a menina? Deve estar sofrendo, talvez morrendo, e eles vão tomar café?!”. Não é por diversão, nem comemoração, não nos leve a mal. Resolvemos conversar sobre o caso e as pistas disponíveis. E bom, havia várias possibilidades de violência contra Lily para fazer com que ela tenha sangrado tanto. E isso não seria possível para um homem só. A não ser que ele seja bem forte... O que complica mais o caso. Já que vamos nos enfrentar.

Lembrei que havia certo tempo desde que me comuniquei com Cliff. Deixei Bob, Melanie, Carlos e Charlie sentados à mesa, e pedi para pegar o telefone da lanchonete do Posto e fazer a ligação para a casa dos White. Os tranqüilizei dizendo que logo, logo acharíamos sua filha e a levaríamos, sã e salva, para casa. Mas mesmo assim, pude ouvir o choro da Senhora White no fundo. Acho que mãe nenhuma espera receber tal notícia.

Quando estava voltando à mesa, Carlos e Charlie estavam se levantando. E quando cheguei, eles disseram que estavam de saída, pois tinha outro caso a solucionar. Mas que qualquer coisa, poderíamos ligar e pedir ajuda. Os agradeci e sentei-me novamente. Encarei Bob e Melanie e disse:

-Vocês ouviram Carlos. Temos que estar unidos. Temos várias pistas nas mãos, e temos tudo para encontrar Lily o mais rápido possível. Certo?

-Certo – eles responderam na mesma hora.

E então, seguimos estrada. Sem direção. Talvez procurando um hotel, mas nada. Paramos no meio da estrada e encostamos ao lado de uma árvore. A noite era fria e eu não conseguia fechar os olhos. As imagens em minha cabeça. A revolta de ver o corpo no chão, e ao mesmo tempo alívio, em saber que a luta não tinha terminado. Por outro lado, havia apenas começado.  Subi no capô de meu carro, e coloquei os braços sob minha cabeça. Quando vi, Melanie subiu também, porém ficou sentada. Observamos as estrelas sem dizer nada, enquanto Bob roncava e chamava Rosa, no banco de trás.


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Notas finais do capítulo

Enfim, é isso, minha gente. Obrigada por ler! Não esqueça de deixar sua review e seu comentário pelo Face Chat, se assim preferir. Ah, e me conte qual foi sua parte preferida. ATÉ O PRÓXIMO CAPÍTULOOO o/
♥ Thanks for ready this shit. ♥