Gintama! escrita por Kasu251


Capítulo 7
Memórias de um samurai -Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Peço imensa desculpa pela demora, mas tive que estudar e tive outras complicações.
Mas finalmente está aqui a continuação do capitulo anterior.
Espero que gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/409968/chapter/7

O samurai vagabundo fez um olhar de peixe morto e disse cutucando o nariz. “Sakata Karasu. Prazer em conhecer-vos.”

“O prazer é todo nosso. O meu nome é Tokegawa Hideo e este cara sério é o Yoshida Shouyou.”

“Desculpem lá. Parece que cortei alguém que perseguiam.” Desculpou-se o moreno de olhos vermelhos.

“Não há problema. Ele era apenas um espião que tínhamos de eliminar.” Explicou Tokegawa no seu tom descontraído.

“Ele fica demasiado á vontade com pessoas suspeitas.” Pensou Shouyou com uma gota de suor na parte traseira da cabeça.

“Bem. Vocês parecem estar esfomeados. Que tal almoçarem no meu restaurante?” Ofereceu Karasu.

“Não sei se podemos aceitar. Nós estamos no meio de uma missão.”

“Nós aceitamos!” Gritou Tokegawa, interrompendo Shouyou.

“Não sejas precipitado!” Repreendeu o samurai de cabelo castanho.

“Mas eu estou cheio de fome. E os superiores não vão suspeitar de nada já que uma missão de perseguição pode demorar bastante tempo.” Protestou o Taiyo com um fio de baba a sair-lhe do canto da boca.

“Parece que não tem outro jeito. Ok, aceitamos a oferta.” Cedeu Shouyou derrotado pela lógica de seu amigo e também pela fome que sentia.

______________________________x________________________________

Um pouco depois, o trio samurai encontrava-se à frente de um humilde restaurante de madeira já envelhecida, cada um com dois cestos cheios de morangos.

“Porque tivemos de parar para apanhar morangos?” Preguntou Shouyou.

“Para acalmar a fera.” Respondeu Karasu com um certo medo na sua face. E com razão, pois assim que abriu a porta corrediça do restaurante, uma faca de cozinha voou a poucos centímetros da sua cabeça, cortando uns poucos fios de cabelo.

“Karasu! Seu idiota!” Gritou uma bela e jovem mulher de cabelo longo e prateado e olhos castanhos, que usava um kimono rosa com morangos estampados e que parecia estar gravida de uns 8 meses. “O que estiveste a fazer até agora? Não te vejo há dois dias! Eu já estava a ficar preocupada!”

“Não te zangue, Yamiko. Isso pode fazer mal ao bebê.” Falou Karasu, tentando acalmar a albina. “Eu saí para passear e fui atacado por alguns Amanto, depois acabei por adormecer.” Uma aura negra começou a rodear a Yamiko. Então o moreno levantou os cestos com morangos e disse. “Por favor perdoa-me!”

De repente a expressão de Yamiko sofreu uma mudança drástica, de uma cara enfurecida e capaz de tentar matar alguém, para uma cara doce, tímida e corada. “Bem… parece que a culpa não foi tua. E já que te deste ao trabalho de colher todos esses morangos. Eu perdôo-te querido.” Respondeu ela, encarando os morangos com uma expressão de desejo.

“Boa tarde minha senhora.” Cumprimentou Tokegawa, trazendo Yamiko de volta à realidade.

“Karasu? Quem são estes dois?”

“São apenas dois clientes que encontrei.” Respondeu Karasu. Que depois agarrou a cintura da albina e disse. “Shouyou, Hideo. Apresento-vos a minha bela esposa, Sakata Yamiko.”

“É um prazer conhecer-vos.” Cumprimentou Yamiko, fazendo uma pequena reverência. “O que vão querer?”

“Eu vou querer uma…” Tokegawa não pode continuar, pois uma bala passou rento à sua face, fazendo um pequeno arranhão. Todos os presentes olharam para fora do restaurante, onde estava um enorme exercito Amanto. “Parece que os amigos daquele espião nos seguiram.”

“Vamos!” Gritou Shouyou desembainhando a sua espada, seguido de Tokegawa que fazia o mesmo.

Os dois samurais Jouishishi começaram a enfrentar os inúmeros Amanto sem demonstrar qualquer medo ou hesitação. Mas enquanto eles lutavam, Karasu limitou-se a deitar-se na grama, apoiando a sua cabeça na sua mão direita e bocejando enquanto assistia a batalha.

“O que raio estás a fazer?” Gritou Shouyou, enquanto se abaixava para se desviar de um ataque inimigo.

“Estou sem motivação.” Respondeu ele, com olhos de peixe morto e cutucando o nariz.

“Mas que tipo de samurai és tu?” Repreendeu de novo, o samurai de cabelo castanho, fazendo sua espada perfurar o peito do inimigo.

“Devo confessar que sou um pouco sádico. Mas não se preocupem, acho que ainda estou do vosso lado.” Respondeu o moreno.

“Ele já me está a irritar.” Falou Shouyou, bloqueando a espada de outro adversário.

“A sério? A mim, ele parece ser bastante divertido.” Disse Tokegawa que, sem muito esforço, eliminava inimigo atrás de inimigo.

Enquanto a batalha decorria, um Amanto gigante, que devia medir mais de 2 metros e que se assemelhava a um javali, aproximou-se de Karasu. O que os separava era apenas uma linha marcada na terra e que parecia rodear todo o restaurante.

O samurai vagabundo levantou-se rapidamente, levou a mão até á pega da sua espada e disse com um ar sério. “Desculpe. Eu sou o dono deste estabelecimento e não é permitido a entrada a vermes como você. Portanto… Não te atrevas a dar mais um passo.”

O Amanto não se intimidou e continuou o seu caminho, o que foi um grande erro, pois no momento em que pisou a linha, a sua cabeça fora cortada impiedosamente.

Karasu encarou o cadáver do Amanto e disse friamente. “Eu avisei-te.”

E com isto entrou também no campo de batalha e começou a cortar Amantos sem parar. Os outros dois samurais ficaram completamente impressionados com a performance do samurai que tinham acabado de conhecer. Ele era mais rápido que Shouyou e tinha uma força semelhante à de Tokegawa, a forma como ele derrotava os seus inimigos era simplesmente incrível, podia-se até dizer que ele lutava de uma forma “demoníaca”.

Os Amantos já estavam a começar a temer os três samurais que enfrentavam. Mas a batalha recebeu uma reviravolta quando um Amanto que demonstrava uma certa autoridade chegou numa plataforma voadura donde lançava balas de canhão. Mas quando Karasu viu o seu novo adversário apenas sorriu confiante, como se tivesse um plano.

“Hideo! Agacha-te e junta as mãos!” Ordenou o samurai vagabundo.

“Certo!” Falou Tokegawa, fazendo o que Karasu dissera e percebendo o seu plano.

Então o moreno saltou para as mãos do Taiyo que, com a sua enorme força, o atirou pelos ares. Karasu, com a sua espada ensanguentada, perfurou a plataforma voadora, causando uma grande explosão.

No momento que a plataforma em chamas se despenhou, o Amanto que a conduzia apareceu de entre a fumaça e caiu, devido à espada de Karasu que perfurava o seu coração.

“Então. Mais alguém quer?” Falou o moreno saindo de entre as chamas e a fumaça e recuperando a sua espada.

Nesse momento todo o exército Amanto partiu em debandada.

“Ufa! Já não aguentava mais.” Disse Tokegawa deitando-se sobre a grama, devido ao cansaço e à fome.

“Ele é incrível.” Murmurou Shouyou encarando Karasu, que não tinha um único ferimento de batalha.

______________________________x________________________________

Mais tarde, os três samurais descansavam dentro do restaurante enquanto Yamiko cozinhava.

“Karasu-san? Posso fazer uma pergunta?” Perguntou Shouyou.

“Claro. O que é?”

“O que o lendário Corvo da Ruína está a fazer num lugar como este?”

Karasu ficou sério de repente e disse. “Então tu percebeste.”

“Sim. Eu sabia que já tinha ouvido o teu nome antes, mas finalmente percebi quem eras enquanto lutavas lá fora. Cabelo negro como a sua alma, olhos vermelhos como o sangue derramado pelos seus inimigos, o homem cuja mera presença é considerada um mau-pressagio. Um dos melhores samurais a serviço do Shogun. Sakata Karasu, o Corvo da Ruina.” Respondeu Shouyou. “Mas como um grande samurai como você acabou num lugar tão humilde como este?”

“Bem… Se já ouviste falar de mim, já deves ter ouvido falar sobre o meu esquadrão.”

“Estás a falar das forças especiais samurai, que estão ao comando direto do Shogun e onde os seus membros são treinados desde criança?” Supôs Shouyou.

“Isso mesmo.” Confirmou Karasu. “Eu fazia parte desse esquadrão à cerca de três anos atrás. Mas um dia descobri como eles arranjavam novos membros, primeiro eles procuram crianças promissoras ou então pais habilidosos que possam dar origem a crianças promissoras. Depois eliminam os pais das crianças e incendeiam as suas casas, levando a crianças para um complexo secreto onde sofrem uma espécie de lavagem mental que traz à luz os seus instintos assassinos, fazendo com que eles pensem apenas em lutar e matar possíveis ameaças para o Shogun, impossibilitando que tenham uma vida normal e tranquila. O Shogun não queria criar um exército normal, ele queria criar um exército de demónios sem sentimentos.”

“Aquele maldito!” Gritou Tokegawa com uma expressão de completo odio, uma expressão que Shouyou nunca tinha visto antes em Tokegawa. “Será que ele não sabe o quão grande é o sofrimento e a solidão de uma criança quando é tratada como uma arma. Esse Shogun é igual a “Ele”.”

“Sim. Sem dúvida que é terrível.” Concordou Karasu. “Foi por isso que eu decidi trair o Shogun, mas não sem antes destruir o complexo e libertar as crianças.”

“Karasu-san. Você é sem dúvida alguma, um grande homem. Você me emocionou.” Falou Tokegawa em lágrimas exageradamente dramáticas.

“Bom. Parece que ele voltou ao normal.” Pensou Shouyou observando o amigo.

“Atenção! O almoço está pronto.” Anunciou Yamiko carregando uma bandeja com quatro tigelas de arroz e alguns dangos como sobremesa. “Desculpem a pouca variedade. É que desde que a guerra começou, temos que guardar provisões.”

“Não faz mal.” Falou Shouyou. “Uma refeição simples faz parte da dieta de um samurai.”

Então Yamiko serviu as tigelas de arroz pelos três samurais e sentou-se à mesa. Mas antes que todos começassem a comer, Karasu encheu a sua tigela de feijões vermelhos.

“Karasu-san? Porque está a colocar feijões vermelhos no arroz?” Perguntou Shouyou.

“Porque eu amo coisas doces.” Respondeu o moreno com convicção. “Quanto mais doce melhor! Pois o açúcar é uma bênção dos deuses!”

“Acho que existem limites para o quão doce pode ser algo!” Opinou Shouyou.

“Parece bom. Vou experimentar. “Disse Tokegawa, também com uma tigela de feijões vermelhos com arroz, mas tinha uma pequena diferença, a sua refeição estava coberta de Wasabi.

“Oi! Não estragues esta maravilhosa refeição com essa pasta verde!” Reclamou Karasu.

“Do que estás a falar? Wasabi é um Todo-Poderoso condimento universal que funciona com toda e qualquer coisa!” Disse Tokegawa com fogo nos olhos.

“Algumas pessoas têm paladares mesmo estranhos.” Falou Karasu enquanto comia a sua açucarada refeição.

“Olha quem fala!” Comentou Shouyou.

Então Yamiko deixo escapar uma pequena risada durante aquela cena.

“O que tem assim tanta piada?” Perguntou o moreno de olhos vermelhos.

“É que vocês os três parecem um trio de comediantes. Um samurai idiota e preguiçoso, outro com uma grande força e ideias fora do normal e até têm um tsukkomi*.

“A Yamiko é sempre tão sincera.” Disse Karasu, sem dar a perceber se era uma qualidade ou um defeito.

“Espera aí!” Interrompeu Shouyou. “Eu sou o tsukkomi*?”

“Sim. Pensava que sabias.” Respondeu Tokegawa enquanto comia.

“Porque é que as coisas acabam sempre assim?” Falou Shouyou, um pouco deprimido.

Depois de algum tempo, todos terminaram de comer e Yamiko levou a loiça suja para a cozinha.

“Karasu-san? Queres fazer parte do exército Jouishishi?” Perguntou Tokegawa repentinamente.

“Não.”

“Essa foi rápida de mais!” Comentou Shouyou.

“Eu não me interesso por quem governa este país. Desde que consiga proteger a minha família e este restaurante estarei feliz.” Explicou Karasu.

“Karasu! Seu idiota!” Gritou Yamiko, atirando uma concha de sopa, com uma força excessiva, que acertou em cheio na cabeça de Karasu e o atirou contra o chão, causando-lhe um enorme inchaço na cabeça. “Continuas com essa promessa que fizeste com o velho? Eu já te disse que me consigo safar sozinha, não te esqueças que eu também fui uma samurai!” Depois desse discurso de raiva, Yamiko continuou com um tom de voz suave e quase maternal. “Por isso não te preocupes comigo e com o bebé. Tu podes ser uma grande ajuda para está guerra e nós acreditamos que vais voltar são e salvo.”

“Yamiko.” Disse o samurai vagabundo levantando-se. “Tudo bem! Eu serei um Jouishishi!”

“Eles são um casal divertido.” Comentou Tokegawa.

“Suponho.” Disse Shouyou com uma gota de suor na parte traseira da cabeça.

______________________________x________________________________

Um mês depois, Tokegawa, Shouyou e Karasu estavam a voltar do campo de batalha para visitar mais uma vez Yamiko.

“Estou estafado.” Falou o moreno enquanto se espreguiçava. “Esta última missão foi mesmo cansativa.”

“Tens razão.” Concordou o Taiyo.

“A quem se ocorre a ideia de mandar um esquadrão de 10 homens para destruir duas naves de combate.” Reclamou o samurai de cabelo castanho.

“Mas pelo menos vamos poder descansar um pouco nesta semana de descanso que eles nos deram depois do nosso esplêndido trabalho.” Recordou Tokegawa.

“Já estou a ver o restaurante!” Exclamou Karasu apontando para o seu objetivo. “Vamos!”

E com isso os três samurais correram para o restaurante, onde foram atendidos pela bela mulher de cabelos prateados.

Karasu abraçou a sua esposa, que não via há bastante tempo e esta retribuiu com um apaixonado beijo. Mas este belo momento dos dois foi interrompido pelo roncar da barriga de Tokegawa.

“Desculpem lá.”

“Não faz mal.” Respondeu Yamiko com um amigável sorriso. “Vocês devem estar com fome. Vou buscar alguns dangos que fiz.”

Mas poucos minutos depois de Yamiko ter entrado no restaurante, ouviram-se sons de pratos a partirem-se e os três samurais, preocupados, entraram rapidamente no restaurante.

“O que aconteceu?” Perguntou Karasu extremamente preocupado.

“Pa-parece q-que as águas a-arrebentaram.” Respondeu Yamiko.

“O quê?!” Gritaram os três samurais.

______________________________x________________________________

Mais tarde, Yamiko estava deitada na sua cama sofrendo pelas dores das contrações, enquanto os homens continuavam em pânico.

“Acalmem-se!” Gritou a albina no meio das dores. “Agora temos de nos focar em encontrar um médico!”

“Ela tem razão!” Disse Karasu. “Eu vou procurar um.”

“Espera!” Falou Shouyou agarrando a manga do moreno. “Tu és o pai. Tens de estar aqui para apoiar a tua esposa.”

“Eu vou encontrar um médico.” Decidiu Tokegawa.

“Estamos a contar contigo.” Disse Karasu.

“Vou voltar rápido.” E com isto, Tokegawa saiu a correr.

Uma hora depois, o Taiyo ainda não tinha aparecido.

“Isso Querida. Inspira e expira.” Karasu tentava acalmar Yamiko para que tudo corresse bem.

“Onde raio se meteu o Hideo? Ele está a demorar demasiado.” Reclamou Shouyou.

“Eu encontrei um médico!” Gritou Tokegawa partindo a parede do quarto com um pontapé e trazendo um homem às costas. “Rápido! Aquela é a paciente!”

“Mas para que foi essa entrada?” Perguntou Shouyou.

“Pensei que seria mais emocionante.”

Shouyou limitou-se a ficar calado, com uma gota de suor na parte traseira da cabeça.

Depois de algumas dolorosas horas, Yamiko finalmente deu à luz.

“Parabéns Sakata-san. Você deu à luz um saudável menino.” Felicitou o médico entregando o bebé de olhos vermelhos-acastanhados e de cabelo prateado que se assemelhava a uma permanente natural, à agora aliviada mãe.

“Ele é tão bonito.” Disse Yamiko observando cheia de felicidade o recém-nascido filho.

“Sim. Mas os olhos dele parecem-se um pouco com os de um peixe morto.” Reparou Karasu.

“Eu tenho a certeza que quando crescer, se vão tornar em olhos sedutores.” Falou a albina brincando com as pequenas mãos do seu filho. “Agora, só nos falta dar o nome.”

“Tens razão.” Concordo o moreno. “Mas qual seria um bom nome?”

Durante alguns minutos todos ficaram em silêncio, pensando num bom nome, até que Tokegawa disse repentinamente. “Que tal Gintoki?”

“Como te ocorreu?” Perguntou Shouyou.

“Foi o primeiro nome que me veio à cabeça quando vi o cabelo dele.”

“Isso não é um pouco vago de mais?” Falou Shouyou com uma gota de suor na parte traseira da cabeça.

“Sakata Gintoki.” Murmurou Yamiko observando o seu filho. “Sim. Gostei do nome.”

“É sem dúvida um bom nome.” Concordou Karasu.

“Boa! Agora vamos festejar!” Gritou o Taiyo já segurando três garrafas de sake.

______________________________x________________________________

5 Meses depois, Shouyou e Tokegawa, como tiveram uma missão perto, decidiram visitar a família Sakata, que não viam há de um mês. Mas depararam-se com algo horrível, o restaurante estava completamente em chamas. Os dois samurais correram logo para o local que estava cheio de soldados do Shogun.

“Senhor.” Falou um soldado a outro que parecia exercer um cargo mais elevado. “Tanto o homem como a mulher morreram no incêndio.”

“E o objetivo?” Perguntou o superior.

“Já foi levado pelo primeiro esquadrão.”

“O que aconteceu aqui?” Perguntou Shouyou.

“Foi-nos ordenado, pelo Shogun-sama, matarmos um traidor e a sua família que viviam neste lugar.” Respondeu o superior.

“O quê? Nós, humanos, devíamos unir-nos neste tempo de guerra e não matarmo-nos uns aos outros.” Reclamou Shouyou completamente revoltado.

“Não importa se estamos em guerra ou não. Os inimigos do Shogun devem ser eliminados” Falou o superior. “Ou será que o exército Jouishishi deseja opor-se contra o Xogunato?”

Shouyou sabia que se começassem um confronto entre os dois exércitos, não teriam hipótese contra os Amanto. Mas o que ele menos esperava aconteceu. Um extremamente forte soco de Tokegawa, projetou o soldado para longe.

“Seu bastardo imprestável.” Disse o Taiyo completamente imerso numa aura de puro ódio. “Vocês mataram uma família por um motivo tão egoísta como esse?”

Tokegawa pisou o peito do soldado com tanta força que o fez cuspir sangue depois deu-lhe um potente pontapé que jugou de novo o soldado. Shouyou nunca tinha visto o amigo agir assim, nem mesmo com inimigo.

“Pessoas como vocês deviam simplesmente morrer.” Declarou o samurai de sangue frio sacando a espada que levava às costas para matar a pessoa que torturava com uma expressão demoníaca. Mas quando Tokegawa partiu para o ataque, Shouyou colocou-se no meio seu trajeto, obrigando o Taiyo a parar o ataque rapidamente, apenas cortando franja de Shouyou, revelando dois olhos confiantes de que não iria ser cortado pelo amigo. “Sai da frente Shouyou!” Gritou ele cheio de raiva.

“Não podes matar estes soldados!” Falou Shouyou continuando a bloquear o caminho do amigo. “Se os matares, não só tu, mas todos os nossos camaradas Jouishishi serão tratados com criminosos e atacados pelo Shogun.”

Pós ouvir o discurso do seu amigo e sensei, Tokegawa recuperou a razão e caiu de joelhos, com algumas lágrimas descendo da sua face. “Desculpa Shouyou. Mas eu não suporto a ideia deles terem morrido desta maneira.”

“Está tudo bem. Agora vamos.” Disse o samurai de cabelos castanhos estendendo a mão para o seu amigo e ajudando-o a levantar-se.

“Alto!” Gritou um dos soldados que agora os rodeavam. “Vocês os dois estão presos por agressão a um oficial do Shogun!”

“Se vocês tentarem alguma coisa, vão acabar como aquele cara!” Falou Tokegawa de uma forma tão assustadora que afugentou todos os soldados.

______________________________x________________________________

Alguns dias depois, Tokegawa e Shouyou reuniram-se nos destroços queimados do que era o restaurante dos Sakata.

“Então o que me querias dizer?” Perguntou o Taiyo tentado fazer a sua expressão descontraída de sempre, apesar das sua olheiras e dos seus tristes olhos.

“Vou deixar o campo de batalha.” Disse Shouyou decidido.

“O quê?” Falou Tokegawa surpreendido.

“Está guerra criou imensos órfãos, portanto vou abrir uma escola onde lhes irei ensinar o caminho do samurai. Não para os tornar num exército, mas sim para os ajudar a sobreviver neste injusto mundo.”

Aquelas palavras comoveram imensamente Tokegawa. “ Concordo completamente contigo, Shouyou! Tens todo o meu apoio.”

“Muito obrigado.” Agradeceu Shouyou feliz por ver que o amigo estava a voltar ao normal.”

______________________________x________________________________

8 Anos depois, Tokegawa, que dormia numa árvore, acordou vendo o seu velho amigo Shouyou carregar uma criança que se assemelhava bastante ao pequeno bebé dos Sakata que eles pensavam que tinha morrido, o que o surpreendeu um pouco.

“Há quanto tempo. Hideo.” Cumprimentou Shouyou pousando a criança que carregava às costas no chão.

“Oi Shouyou!” Respondeu Tokegawa saltando do ramo onde dormira. “Então este é que é o demónio devorador de corpos?”

“Sim. Encontrei-o na proximidade do lago Toya.” Confirmou Shouyou, depois virou-se para o seu mais recente discípulo e disse. “Este aqui, é um grande amigo meu, o seu nome é Tokegawa Hideo.”

“Então rapaz? Como te chamas?” Perguntou Tokegawa esfregando a cabeça do garoto.

“Não me lembro. A minha primeira lembrança é de ter acordado a uns meses atrás numa plantação de arroz, com uma pequena ferida na minha cabeça e alguns homens mortos à minha volta.” Respondeu o garoto com um ar deprimido.

“Isso é um problema.” Disse o Taiyo cruzando os braços. “Se vais ser um samurai, vais precisar de um bom nome.”

“Tens alguma ideia?” Perguntou Shouyou.

“O que achas de Sakata Gintoki?” Falou Tokegawa com um grande sorriso.

______________________________x________________________________

“Acorda de uma vez velho!” Falou o samurai de permanente natural, que carregava o velho samurai Amanto pelas ruas do Distrito Kabuki. “Está a sujar-me de baba.”

Tokegawa acordou do seu sonho sobre o passado e perguntou. “O que faço aqui?”

“Encontrei-te deitado na porta de um bar.” Respondeu Gintoki. “Parece que hoje bebeste mais que o normal. Está tudo bem?”

“Sim.” Respondeu o Taiyo. “É que hoje é o aniversário da morte de um casal amigo meu.”

“Devias gostar bastante deles.”

“Sim, eles eram bastante divertidos. Ias gostar de os conhecer.” Falou Tokegawa antes de adormecer novamente.

“Sinceramente.” Suspirou Gintoki. “Hás vezes és igual a uma criança.”

(N/a: Tsukkomi é o personagem sério do animes de comédia e das duplas de comediantes manzai que completa as piadas dos outros personagens. Em Gintama, o tsukkomi é o Shinpachi.)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então gostaram da Yamiko e do Karasu?
Talvez um dia escreva uma fic para contar como eles se conheceram.
Bem... Até à próxima!