Faz duas horas que eu sai daquele escritório. Como meu professor havia me dado o dia todo de folga para o teste, quando sai fui direto para uma sorveteria, tomar um Sunday de chocolate para acalmar os nervos. Só sorvete e chocolate conseguem me acalmar. Depois vim pra casa e fiquei assistindo filmes esperando as meninas e os meninos chegarem pra fazermos alguma coisa.

Tinha acabado de assistir Agora E Para Sempre, e só pra constar que eu chorei muito com esse filme, quando a porta abre. Matheus, Gabriel, Emily e Laura entram com duas caixas de pizza, refrigerantes, chocolates e doces Fini.

– Por acaso nós vamos hibernar aqui? Porque com essa quantidade de comida, ou nós vamos hibernar aqui ou vocês querem comer tudo isso e depois sair rolando e explodir igual à Dona Redonda da novela.

– Quem? – Perguntou Matheus confuso. Laura e Gabriel foram em direção a cozinha para pegar pratos e copos para nós. Emily se sentou ao meu lado no sofá e Matheus se sentou no chão encostado no sofá.

– Esquece Matheus. Mas alguém pode me explicar o porquê de toda essa comida?

– Bom, temos duas noticias boas. – Fala Laura vindo com Gabriel ao seu encalço cheio de pratos e copos. Ela se senta ao meu lado no sofá, e ficamos nós três no sofá e os meninos no chão.

– Quais são? – Perguntei mais que curiosa.

– A Em passou na prova super difícil dela hoje e eu finalmente estou solteira novamente! – Falou Laura. Ela estava em um relacionamento a três meses, mas de uns tempos pra cá, o cara começou a ficar muito grudento e ela quis terminar.

– Nossa, parabéns Em, parabéns Laura. – Eu falei.

– E o teste Nat? Como foi? – Matheus perguntou.

– Não sei, eu fiz e o diretor falou que para uma atriz iniciante, eu era muito boa. E que tinha gostado da minha química com o Leonardo. – Falei pensativa. Laura e Emily trocaram um olhar.

– Para tudo! Quem é esse Leonardo, hein dona Natalie? – Laura falou.

– Sua burra, nem começa, o Leonardo é o ator que vai fazer o papel masculino principal do filme, tivemos que fazer uma cena juntos. É aquele cara da cafeteria, que caiu em cima de mim, sabe?

– Aquele gato, lindo, maravilhoso, tudo de bom? – Emily quase grita. Os meninos estão no chão olhando para nós sem entender nada, coitados.

– Sim.

– Meu Deus, você é muito sortuda cara. Quem me dera eu pudesse trabalhar com ele. – Fala Laura no modo meio pervertida, meio sonhadora.

– Gente, eu não recebi o papel ainda! Se acalmem, por favor, e se eu receber o papel, eu vou estar lá pra trabalhar, não pra ficar paquerando. Agora, por favor, vamos mudar de assunto.

Ficamos conversando até duas da manhã, quando decidimos que tínhamos que ir dormir, se não ninguém acordava amanhã.

* * *

Acordei às sete da manhã com o meu despertador tocando Radioactive, do Imagine Dragons. Levantei, fiz minha higiene matinal e me troquei. Quando saio vejo Laura na cozinha fazendo café e cappuccino para mim, porque eu sou a única que odeia café nessa casa, e Emily no sofá com sua habitual tigela com cereal, enquanto assistia alguma coisa na TV.

– Bom dia! – Falei.

– Bom dia! – Falam as duas.

– Eai, quais são os planos para hoje? – Pergunto, porque toda sexta eles tem algum plano.

– Os meninos querem ir a uma balada que abriu recentemente. – Fala Emily.

– Porque os meninos só querem ir em balada, hein? – Eu pergunto enquanto vou pegar minha xicara de cappuccino. – A gente podia ir naquele barzinho que tem aqui perto.

– Eles falam que balada é melhor porque da pra pegar mais gente do que em bar. – Falou Laura revirando os olhos.

– Aaah não neh, eles vão ir pra balada, vão arrastar a gente, pegar não sei quantas mulheres, e ainda vão querer deixar a gente bêbada para não reclamarmos. – Falei enquanto ia até a porta.

– Aonde você vai? – Me perguntou Emily.

– Eu vou lá nos meninos, falar que a gente vai pra um barzinho porque nenhuma de nós está afim de ir pra balada para eles embebedarem a gente. – Eu disse enquanto abria a porta. – Alguém quer ir comigo?

– Eu! – Falaram as duas enquanto vinham até mim.

Saímos de casa e fomos até a porta dos meninos. Entramos sem bater mesmo, na cozinha estava Matheus fazendo café, Gabriel e Miguel estavam no sofá vendo as noticias do futebol.

– Bom dia! – Fala Laura e Emily.

– Bom dia pra vocês que não batem na porta! – Falou Gabriel, sempre engraçado neh?

– Só estamos repetindo a gentileza que você faz de não bater na porta do nosso apartamento. – Falo. – Bom dia Matheus, bom dia Miguel! – Miguel e Matheus me respondem

– Eu não ganho bom dia? – Fala Gabriel.

– Só por causa da sua gracinha, vai ficar sem bom dia. – Falo indo em direção ao balcão da cozinha e me sentando.

– Mal-educada. – Ele murmura.

– Eu ouvi isso! – Eu falo. Ele me mostra a língua.

– Mas ao que devemos a maravilhosa presença de vocês aqui a essas horas da manhã? – Fala Matheus se sentando ao meu lado e me abraçando de lado. Somos quase irmãos, nós conhecemos ainda crianças na nossa cidade e fomos criados juntos desde pequenos.

– Nós viemos falar pra vocês que todos nós vamos aquele barzinho hoje à noite, ao invés de ir à balada que abriu. – Fala Emily, sempre direta.

– OQUE? – Grita Gabriel. – Não comecem, vai! A gente vai à balada e não tem discussão!

– Esquece Gabriel! Ou vão vocês sozinhos ou vocês vão com a gente para o barzinho. – Fala Laura.

– Ta bom então, eu, o Matheus e o Miguel vamos para a balada enquanto vocês vão no barzinho, não é caras? – Ele fala olhando Miguel e Matheus que pareciam não querer ir à balada também. – Não é? – Ele fala ficando meio irritado.

– Na verdade, eu to a fim de ir com as meninas. – Fala Matheus. Miguel concorda com a cabeça.

– Vocês vão mesmo me abandonar? – Fala Gabriel com cara de choro. Eu me seguro para não rir. Os meninos assentem. – Tudo bem então, vamos nessa droga de bar.

Eu e as meninas nos entre olhamos e depois gritamos:

– CHUPA!!! – Matheus e Miguel riem, enquanto Gabriel nos mostra a língua. Não sei porque, mas estou sentindo que hoje promete.