Death Note: Os Sucessores - 2 Temporada escrita por Nael


Capítulo 26
Cap. 25: Os Dias Perdidos - Parte 3: Jogo de Xadrez II


Notas iniciais do capítulo

E se tudo o que você pensa que sabe estiver errado? O pior dos inimigos pode se tornar o melhor dos aliados.

"Você me dilacerou, me espalhou por aí
Na poeira da ação do tempo

E isso não é caso de luxúria, você vê
Não é matéria de "eu versus você"
Está tudo bem o jeito que você me quer da sua maneira
Mas no final é sempre eu sozinha

Estou perdendo meu jogo favorito
Você está perdendo sua mente de novo
Estou te perdendo, perdendo meu jogo favorito"

Música: My Favourite Game - The Cardigans

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TRAILER

Sophie acordou com sua cama totalmente bagunçada e com uma tremenda dor de cabeça. A bebida tinha feito efeito, mas ela ainda conseguia se lembrar perfeitamente da conversa com Near. Estava massageando as laterais da cabeça quando ouviu uma batida na porta.

– Entre. – ela disse e Watari apareceu sorridente.

– Você não cansa de me surpreender Sophie. – ele sorriu.

– Você ainda não viu nada. – ela levantou cambaleando e caminhou até a cadeira em frente aos monitores. – E então?

– Está tudo pronto. Os seus dois pedidos. – ele suspirou.

– Certo. Então me traga um café bem forte e algum chocolate. Tenho que botar meu cérebro no lugar.

– Entendido. – ele saiu.

Sophie ligou as diversas telas e começou a ver como andava os preparativos para seu anuncio. Tudo atendia as exigências de Kira, até mesmo a cor do fundo estava em vermelho borgonha para satisfazê-la. Enquanto acertava os detalhes, testava o áudio e treinava seu último discurso o alerta de invasão do sistema apareceu na tela. Mas ela sabia do que tratava então pegou o headset e atendeu a chamada sem o filtro de voz. Não tinha mais importância.

– Sim?

– Você é uma pessoa muito audaciosa L. – ela ouviu a voz de Maisy. – Ou um tanto irresponsável. Sabe, eu devia acabar com todos os seus policiais agora por conta do seu ataque frustrado.

– Mas aí você não teria nada para me chantagear. – ela rebateu e pode ouvir o trincar de dentes do outro lado da linha.

– De fato. Você foi um tanto esperta, mas a única coisa que conseguiu com isso foi me fazer matar alguns dos meus seguidores. Mesmo que tenha tido certo tempo para interrogá-los sei que eles não disseram nada e aceitaram a morte com imenso prazer. Você não tem nada Sophie. – Scott certamente lhe contou meu codinome. – Entretanto eu não sou o tipo de pessoa que perdoa por isso agora eu tenho mais uma exigência.

– Qual é?

– Eu vou dizer exatamente o que você deve falar no seu pronunciamento. Então anote rápido. – Quanta infantilidade. Não basta me derrotar, ela quer que eu me humilhe. Sophie ficou sentada na cadeira ouvindo cada uma de suas palavras. – E aí? Anotou?

– Não é preciso. Decorei cada vírgula. – houve um silêncio onde podia se perceber a irritação de Maisy. – Quer que eu repita para você? – a morena provocou.

– Não. Prefiro ouvir juntamente com a sua morte. E nem tente mais nenhum truque até porque você não tem tempo para isso. – ela riu. – Te vejo amanha Sophie. – ela desligou. Sophie pensou em responder porque afinal gostava de dar a última palavra e revidar, mas por segurança dessa vez preferiu o silêncio.

Watari entrou no quarto com o café da manhã embora já fosse horário de almoço. Enquanto Sophie lhe contava sua última conversa com Kira e pedia para ele fazer as adaptações necessárias, ele apenas assentia desanimado.

– Qual o problema? – ela perguntou. – Você não parece o mesmo de sempre.

– É que... Bom, agora não terei mais ninguém para provar minhas tortas. – ele tentou não ser sentimental. Sabia que Sophie odiaria isso.

– Vai dar tudo certo. E você poderia abrir uma confeitaria, é o melhor cozinheiro que conheço. – ela sorriu. – Isso me lembra do jeito como nos conhecemos. Foi logo após o incêndio no meu prédio, eu estava no hospital tentando dizer que sabia que o incêndio tinha sido criminal e havia visto o causador dele, mas ninguém dá ouvidos a uma criança que acabou de perder os pais. Daí você apareceu com uma fatia de bolo.

– Eu me lembro perfeitamente. Near já estava atrás daquele incendiário há um tempo e quando ouvi o que você dizia supus que poderia se tratar da mesma pessoa. Eu também aprendi com Near que não devemos fechar nossos olhos nem tapar nossos ouvidos para nenhuma hipótese, por mais que ela seja absurda. E uma criança é a fonte mais confiável que existe.

– Porque elas nunca mentem. – ela completou. – Eu te agradeço Watari. Se não fosse você eu não teria feito justiça aos meus pais. Lawliet, Near, eu... Todos carregamos o titulo de maior detetive do mundo, mas por trás de cada L sempre existiu um Watari alguém que torna sempre possível nossas ações. Você é importante quanto qualquer um de nós, sem falar que é a única pessoa que fica ao meu lado incondicionalmente. – ela pareceu se abater talvez se lembrando de Scott.

– Você me colocou em situações mais que inusitadas. Eu me diverti muito com você. Fico orgulhoso de ver como cresceu. E por isso mesmo tenho que perguntar... – ele fez uma pausa. – Você tem certeza de que esse é o melhor caminho a se seguir?

– Não. Na verdade é o pior, mas é o único que me resta.

– Mas Sophie poderíamos tentar contornar essa situação. Você sempre escapou das armadilhas mais difíceis.

– É. Mas não se pode vencer todas William. – ela disse seu verdadeiro nome. – Scott se foi, Annie está revoltada e nem mesmo Near e Lissana conseguem encontrar outra solução. Os policiais e agentes disseram que estavam nessa investigação arriscando suas vidas, mas eu não quero mais sangue em minhas mãos. Eu não suportaria isso. Eles podem dizer que eu sou fraca e talvez eu realmente seja, mas... Eu estou apenas tentando fazer o que acho certo. Eu nunca virei às costas para nada e não farei isso agora, mesmo que todos se afastem de mim. – Watari a ouvi de boca aberta e apesar da profundidade das suas palavras ela não mudava sua expressão ou alterava a sua voz. – Então já que estou no limite do meu tempo tenho apenas um único pedido.

– Qual?

– Ao menos você Will não me deixe também. Você é o único em quem confio incondicionalmente. – apesar de continuar imutável seus olhos pareciam diferentes, pareciam brilhar. Garotas sempre são garotas. Até mesmo L têm seus momentos porque não importa o quão magnífica sejam suas mentes, humanos são humanos.

– Não é necessário pedir. – ele sorriu esticando dois papéis retangulares para ela. – Aqui estão os bilhetes. – ela os pegou.

– Obrigado Watari.. – ele se retirou enquanto ela continuava resolvendo seus casos.

– Certo. Então sigam até o prédio. O criminoso estará lá com toda certeza. – ela fechava mais um caso. Fechou a pasta amarela com os arquivos e a colocou na pilha do lado esquerdo. Suspirou.

– Isso está ficando tedioso. – ela abraçou as pernas roendo a unha do polegar. – E se... – ela encarou o monitor e sorriu. Colocou o headset e fez a chamada. Depois de cinco minutos foi atendida.

– Sophie, o que quer? – Maisy perguntou irritada.

– Aceito seu convite. – respondeu simplesmente.

– Hã?

– O jogo de xadrez que me propôs meses atrás. Nunca tivemos a oportunidade de jogar, não é mesmo?

– Está tentando me passar pra trás? Acha que ainda pode escapar dessa?

– Não acho. Quero apenas me encontrar e jogar com você cara a cara. – houve um silencio.

– Aguarde um instante. – ela esperou e ouviu chiados, pareciam conversas, mas que não conseguia distinguir. – Annabeth Taufer.

– O que? C-Como... Scott. – Sophie cuspiu a última palavra.

– Sim. Ele desenhou o rosto da sua amiguinha ruiva e Misa Amane acabou de me dar o nome. Então... Se levar a polícia ou qualquer outra pessoa que seja ao parque eu solto um alerta e ela morre.

– Entendi. Nos encontramos às 20 horas quando é menos movimentado.

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– Ela está planejando alguma coisa. – disse Scott observando a garota que andava entre as mesas de xadrez. – Mantenha a guarda alta.

– Nem precisa me avisar. – retrucou Maisy fechando o casaco enquanto o irmão se escondia entre as árvores onde tinha uma boa visão do lugar. – Vou escolher uma mesa próxima. Se eu fizer o sinal atire com os sedativos nela.

– Podíamos matá-la aqui e agora. Tem Annie como refém faça-a falar seu verdadeiro nome.

– Não. Quero que L morra em transmissão mundial. E em todo caso eu não trouxe o caderno.

– Ora. Não há problema, eu não trouxe apenas uma pistola com sedativo. – ele sorriu.

– Não. Para L a morte apenas não basta. Quero ver ela se rastejar no chão e que todos saibam que morreu pelas mãos de Kira. Então não toque nela sem minha permissão. – Scott olhou catatônico a garota que parecia alucinada e totalmente ameaçadora. – L é minha.

E dito isso saiu para o pátio circular se encontrado com Sophie no momento exato que o relógio bateu oito horas. Elas se sentaram na mesa que Maisy escolheu, na pedra clara o tabuleiro havia sido pintado com tinta azul marinho e vermelho cereja.

Sophie colocou os pés sobre o banco dobrando uma das pernas e abraçando o joelho. Maisy já a havia visto se sentar daquele jeito na escola. Ela, aliás, tinha uma certa dificuldade para se sentar normalmente.

– Desculpe-me. Receio não ter trazido as peças. Sai às presas. – a morena começou colocando o polegar na boca esboçando um sorriso.

– Não é um problema. – Maisy parecia irritada e desconfiada ao mesmo tempo que tentava passar indiferença.

– Ah! Eu não sei. Assim é mais complicado.

– Eu tenho uma ótima memória.

– Mas assim não poderemos interagir porque corre o risco de perdemos o foco.

– Como eu disse... – ela colocou a mão dentro do bolso interno do casaco, tirou um pequeno saco marrom e despejou seu conteúdo na mesa. – Não é problema.

– Ora. Você pensa em tudo. – Sophie sorria enquanto olhava as peças cintilantes de xadrez. Pegou um dos reis. – Se importa se eu jogar com as pretas?

– De maneira algumas. – elas colocaram as peças em suas devidas posições. – Bom. Brancas vão primeiro. – disse Maisy começando o jogo parecendo um pouco mais relaxada.

– Eu estive pensando em muitas coisas ultimamente. Gostaria que ouvisse uma delas. – ela disse encarando o tabuleiro e fazendo seu movimento.

Está tão desesperada assim? Me chamou aqui para negociar L?

– Não. Como disse quero que escute o que eu tenho a dizer. Só isso.

– Se é assim por que não disse por telefone?

– Porque temi que assim mais pessoas pudessem ouvir. – ela pegou um de seus peões. Maisy não deu importância a isso e continuou o jogo em silêncio, era a deixa para Sophie continuar. – Coloquei tudo num grande tabuleiro de xadrez. Esse é o jogo mais eficiente para se fazer tal coisa. Pelo menos ao meu ver.

– E?

– Eu sou rei e estou em xeque caminhando para a armadilha que me fará perder o jogo. – ela perdeu sua torre para Maisy que derrubou a peça satisfeita e sorrindo.

– Sim.

– Annie, Watari e os policiais são minhas peças. Cada um ocupando sua determinada casa e fazendo seu papel. – ela levantou o Bispo em frente aos olhos. – Sedo assim, como o Rei eu comando o jogo e os manipulo como bem entender para me proteger.

– Quer ensinar um padre a rezar Sophie? – ela a encarou e a garota moveu a peça. – Eu conheço bem as regras do xadrez. – ela capturou o bispo negro com seu cavalo.

– Então deixe-me explicar melhor. – ela voltou a encarar o tabuleiro. – Se Kira perdesse como da última vez seria novamente considerado maligno, mas agora que você vai vencer será vangloriada como a verdadeira justiça. Por isso as peças brancas. – ela apontou para seu lado do tabuleiro. – E L terá seu nome jogado na lama.

O que diabos ela está tentando fazer? Acha que vai me persuadir a mudar de ideia? Está tentando me levar para seu lado? Ora que ridículo. Há uma diferença entre se humilhar, ainda mais sobre ameaça, e se rebaixar a esse nível. Estou desapontada L.

– Certo. Eu aceito isso. É realmente irritante, deprimente e me faz querer vomitar, mas eu aceito que perdi. – ela tirou mais uma peça de Maisy. – Porém, para isso meu adversário deve estar a minha altura.

Maisy se irritou e começou a jogar na ofensiva. Capturando logo os cavalos dela. Agora cada movimento de ambos os lados levava à uma armadilha. Sophie reparou que a garota se sentiu ofendida, mas essa não era sua intenção.

– Então... – ela também pegou o cavalo de Maisy. – Eu fiquei pensando: “Há algo errado. Eu admito quando alguém é melhor do que eu. Então por que não consigo fazer isso com relação a essa situação.”

– Xeque. – Maisy pegou sua rainha. Sophie moveu seu Rei. – É bem óbvio. – ela encarou os olhos gelados da adversária que continuavam inexpressivos. – Você perdeu suas peças e está encurralada. Está claro que seu adversário é mil vezes melhor do que você.

– Acha mesmo isso? Pensei que se daria mais crédito. – ela cruzou as mãos e apoiou o queixo nelas fitando Maisy.

– Hã?

– Sua dedução está errada! Só há um motivo para eu me senti assim... Na verdade uma teoria. – ela voltou a jogar e Maisy fez o mesmo. Restava poucas peças agora. – Eu comecei a pensar o seguinte. – ela levantou sua torre chamando a atenção de Maisy novamente e então a abaixou duas casas a frete do Rei. – “E se Maisy Takeshi não for o Rei desse jogo?”.

A garota a encarou catatônica e depois voltou sua atenção para o tabuleiro. Olhou de um lado para o outro e volta e meia para Sophie. Pegou o Rei tentou movê-lo para que a torre nem o bispo o capturassem, mas foi impedida pela mão de Sophie que segurou a sua quando tentou colocá-lo na casa ao lado.

– E se Kira for um mero peão. – ela soltou a mão da garota e apontou seu peão no canto do tabuleiro. Se ela fizesse aquele movimento seu Rei também seria pego. – A propósito é xeque matte. – Maisy colocou o Rei de volta para o lugar.

M-Mas o que ela está fazendo?

– Pode ganhar quantos jogos quiser. Eu ganhei essa guerra.

– Será mesmo? – Sophie se aproximou apoiando os cotovelos na mesa. – Vou terminar o meu raciocínio e dizer a minha conclusão. – ela colocou a mão sobre o queixo pensativa. – Maisy Takeshi é um mero peão, contudo como pode ver não se deve subestimar os peões. Eles podem ser fatais. Mas então vem a pergunta: Quem é o Rei?

E-Ela é louca. Está desesperada porque sabe que vai morrer. Sim... Sim é isso.

– E se o Rei só está ganhando o jogo graças a um peão que mais cedo ou mais tarde será sacrificado em seu bem.

– Do que diabos está falando?

Sophie se levantou na cadeira inclinando seu corpo para perto de Maisy até poder falar em seu ouvido.

– Você não é Kira, não no sentido filosófico da palavra. Pode ter o Death Note e matar criminosos, mas não é aquele que constrói a utopia de Light Yagami. Assim como os Shingamis você não passa de uma marionete Maisy. – ela se levantou e encarou a garota que também se colocou de pé. – Acontece que eu não aceito perder para alguém que é tão idiota a ponto de só conseguir pensar que para vencer tem que usar alguém suficientemente esperta como você. Alguém que deixa um peão acreditar que é o Rei e então descartá-lo logo depois. Isso é deplorável.

– Eu não sou um peão!

– Sim. Você é. E a pessoa que está fazendo tudo isso embora seja esperta o bastante para te colocar na linha de frente não me satisfaz. Não está a minha altura já que coube a você fazer todo o trabalho duro, colocar sua cabeça a prêmio e me enfrentar tantas vezes. – ela contornou a mesa e encarou a garota que estava sem palavras. – Eu não morrerei para depois você cair também. Se Kira tiver que reinar que seja por suas mãos. Você é minha adversária, você é a grade jogadora que pôde me tirar do tédio é quem está a minha altura. Eu só morrerei pelas suas mãos eu só perderei para você e apenas você, Maisy Takeshi. – ela se virou e começou a andar. – Se for do contrário aí sim não haverá humilhação maior... Para nós duas.

– Espere. – Maisy gritou um pouco depois e ela se virou. – Você trapaceou. Esse peão não estava aí. – Sophie olhou para o tabuleiro e sorriu de canto.

– É disso que estou falando. Só alguém assim pode me derrotar. – ela falou baixo, mas Maisy ouviu mesmo assim. Ela olhou satisfeita para a garota. – Acontece que sempre existem peões escondidos prestes a atacar. – ela voltou às costas para ela. – Não é mesmo Steve? – ela gritou alto enquanto sumia numa curva.

Scott saiu de seu esconderijo e foi até Maisy que parecia abalada.

– Está tudo bem? – ela não respondeu então ele olhou para o tabuleiro. – Não se importe com isso. Ela trapaceou, não aceita perder.

– Não. – ela fechou o punho. – Mesmo sem o peão ela venceria em quatro movimentos. Fui caindo direitinho no seu jogo. O que aconteceu comigo? – ela se sentou passando as mãos nos cabelo.

– Que seja, vamos embora.

– Scott... – ela pegou os dois reis e os colocou frente a frente no tabuleiro. – E se... Ela tiver alguma razão?... Se...

– Maisy você não esta cogitando o que falou, não é mesmo?

– Eu acho que você, Sayu e Misa Amane são os únicos em quem eu posso realmente confiar, os únicos que me deram provas incontestáveis de sua lealdade.

– Ela adora fazer essas coisas para mexer com o emocional das pessoas. Só há uma coisa que ela joga melhor do que xadrez, poker. – ele se aproximou e a abraçou fechando seus olhos. – Mas obrigado por confiar em mim. Sabe que pode contar comigo pra qualquer coisa, estarei sempre ao seu lado. Eu, você e Misa... Somos uma família.

– Sayu... – ela o afastou um pouco. – Tem a tia Sayu também.

– É mesmo. –eEle respondeu indiferente.

– Somos os últimos Yagami. Tudo o que restou de Kira. Temos que ficar juntos.

– Sim. Isso mesmo. – ele a abraçou de novo. No final ela é só uma órfã que quer sua família de volta. É... Kira e L têm mais em comum do que eu pensava.


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Notas finais do capítulo

"Ele corria à minha frente. Seu cabelo cor de caramelo estava totalmente bagunçado. Logo o cabelo que era sua marca registrada logo depois de seu vício. Eu também estava em péssimo estado, mas aquilo não importava mais, continue correndo um pouco atrás. Porque era isso. Eu sempre ficava para trás eu tinha que assegura que ele ficasse a salvo, que fosse o primeiro.

— Isso é loucura. Estamos ferrados. – eu admito que fiquei desesperado.

— E daí? – Mello se virou rapidamente me encarando. – Já estamos estamos mortos. O que mais pode nos ferrar?

— Que tal aquilo? – apontei para frente e paramos subitamente quase caindo um sobre o outro. A nossa frente se erguia impotente o infeliz que fez com que ambos morrêssemos.

— Aonde estão indo? – ele perguntou encostado no vão da única porta de saída dali. – Aqui não é lugar para crianças.

— Ryuuzaki. – Mello o olhou esboçando um sorriso estranho. – Você não sabia que crianças fazem tudo para serem notadas? Parece que finalmente ganhamos sua atenção.

— De fato. – ele se aproximou de nós. – O que estão fazendo no Mundo dos Shinigamis?

— Achou mesmo que só você descobriria como atravessar dimensões? Não me insulte dessa maneira L. – ele parecia furioso, parecia até que estava falando com Near e não Ryuuzaki.

— Oh! Não. Pelo contrário. – ele colocou a mão no queixo. – Você entendeu errado, deixe eu me explicar melhor. Eu vim aqui por causa de Light Yagami e do Shinigami Ryuk. E vocês?

— Mentira. – falei. – Não nos trate como crianças. Podemos não ser tão perfeitos como Near, mas não somos idiotas. – ele sorriu pra mim.

— Sim. É uma mentira, mas tem que se ganhar a confiança do Rei de alguma maneira. Até porque seria mesmo preocupante se Light conseguisse voltar ao Mundo dos Humanos. Eu apenas juntei o útil ao agradável.

— Você é engraçado Ryuuzaki. – Mello tirou um papel prateado de dentro da jaqueta. Era a sua última barra de chocolate que ele comia minimamente. – Queria ter te encontrado sem ser nessa situação. – ele andou até perto dele mordendo um pedaço do chocolate. – Misa Amane tem o poder e Sayu Yagami o conhecimento. E por isso você está aqui. O Mundo dos Shinigamis é o único que mantém contato direto com o dos Humanos. A única maneira para um ser que não pertence aquele mundo chegar lá é através daqui.

— Sim. – ele legou o polegar ate os lábios. – Isso mesmo.

— Então temos um problema. – ele se virou de costas indiferente. – Você está aqui para salvá-las? Porque nós viemos arrastá-las pro inferno.

— É. Isso pode ser um problema. Mesmo agora que Light voltou e as coisas deveriam ficar em ordem por um tempo, eu não tenho descanso. Mas isso me entristece Mello. Ter que confrontar meus aprendizes.

— Uma hora eles tem que superar os mestre, não acha?

— Falando assim... Você me lembra o B.

— Beyond? – murmurei baixo.

— É. Acontece que ao contrário dele você parece ter uma vantagem Mello. – ele me encarou. – Eu fico me perguntando por que alguém como você se sujeita a ser a sombra e até a morrer por Mello?

— Você não fez muitos amigos na vida não é L? Eu não espero que você compreenda.

— É mesmo. O único amigo que eu fiz causou minha morte. Mas então... – ele se aproximou me olhando, não, parecia me analisar e Mello trincou os dentes. – Matt... Sempre o último, sempre abaixo de Mello. Por que alguém se contentaria com isso?

— Quer mesmo saber?

— Sim, por favor, me conte.

— Porque eu queria te desafia. Eu queria te superar. Eu queria mostrar que Near não era o melhor. Acontece que eu não seria capaz de fazer isso, então eu resolvi garantir a vitória da única pessoa que poderia, a única que entendia. Eu queria que Mello fosse o primeiro.

— Entretanto Near estava sempre lá para interferir nos nossos planos. – Mello falou cruzando os braços. – Mas agora não há Near, há você Ryuuzaki. E então como vai ser?

— Você quer começar uma guerra Mello?

— Aí depende. De que guerra estamos falando? Aquela entre nossas dimensões ou esta que está quase declarando ao Matt e a mim? – vi que o homem sorriu.

— E se eu lhes propor uma terceira opção? – ele se afastou nos virando as costas. – E se ao invés disso nos uníssemos contra um inimigo em comum?

— Hirakis e Kages trabalhando juntos? Você não aprendeu nada com Kira? – falei um tanto debochado, admito. Ele se virou e nos olhou sério.

—Ah! Sim. Aprendi. Acontece que ambos os lados vão acabar perdendo se Ryuk seguir com esse plano. Eu não pensei realmente que ele fosse ser um problema, mas agora não lhe resta mais saída a não ser declarar guerra ao Rei e tentar destruir todos nós. E acreditem os Shinigamis tem poder suficiente para isso. – ele colocou as mãos nos bolsos. – Se trabalharmos juntos poderemos reverter isso e manter não somente nós mesmos a salvo como todos os mundos.

Ficamos em silêncio. Eu olhei para Mello, mas não sabia dizer o que ele estava pensando. Tinha aquele olhar peculiar que significava tanto rancor, medo e ódio. Dei um passo na direção de Ryuuzaki, mas Mello me impediu de prosseguir esticando o braço.

— O que está fazendo?

— Ele tem razão. Você sabe que tem.

— Desde quando você tem senso de justiça?

— Desde quando você perdeu qualquer senso e está se tornando um idiota. Isso não é mais um competição com Near. Aceite o fato. – falei um tanto ríspido. – Eu não pretendo ser mandando para aquele lugar de novo.

Mello pareceu refletir quando disse isso me olhando profundamente.

— Certo. Mas fique avisado Ryuuzaki. – ele se virou para o homem. – Esconda algo de nós, trame por nossas costas ou tente nos enganar e eu abro a boca pro Rei dos Shinigamis.

— O mesmo para vocês. – ele saiu do rumo da porta. – Afinal Kages não tem permissão de entrarem aqui. Se forem pegos estarão encrencados.

Mello passou bufando por ele então coube a mim dizer.

— Guarde sua falsa preocupação L. Não seremos pegos. – sorri.

E assim voltáramos a correr, nos escondendo na escuridão e nos mesclando a sombra. Porque isso era tudo o que somos. A escuridão, a sombra, os excluídos à margem das regras. Somos Kages. As criaturas sombrias do Purgatório."



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