Cupcake escrita por Coralino


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Heeey /õ/ novo capítulo pra vocês ~



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Um trailer tentava camuflar aquela coisa horrenda. Não era como as crianças, aquilo realmente estava lá. Um vento forte soprou meus ouvidos e eu tentei manter meus olhos abertos para entender o que estava olhando.

Uma mulher. Uma árvore. Cordas, galhos queimados, um balde de ferro, marcas de tortura.

A mulher vestia um vestido da época, um pingente encontrava-se em seu pescoço em meio às cordas que a pendurava no galho da árvore. A árvore estava sem folhas. O balde de prata estava derrubado. A mulher estava com um pequeno sorriso no rosto e os olhos fechados.

O trailer velho pouco ao lado da árvore estava queimado também, assim como todo o chão que deveria possuir uma bela grama verde.

Tapei minha boca num súbito movimento, encolhendo meu corpo. A música do circo ficou mais alta. Uma melodia que deveria transferir felicidade, mas no caso só trazia mais medo e desespero. Olhei para os lados buscando por ajuda, parecia estar totalmente só, até as crianças se foram.

Aos poucos a melodia se tornou ruídos, até que num estrondo todas as luzes se apagaram e os brinquedos desligaram, até a música cessou.

Agora só o céu permitia que eu enxergasse algo. E todo o meu desespero pareceu sair pela minha boca.

Ah, eu estava vomitando.

Quando consegui voltar a minha respiração normal ouvi um grito. Um grito rouco e baixo que estava tão perto que achei que fosse ao meu lado.

Dei-me conta de que um poste acendeu um bem longe da mulher que encontrei. Pouco atrás do poste foi possível ler.

Casa dos Espelhos.

A ponta de a minha sobrancelha tremeu involuntariamente. Balancei a cabeça negativamente. Vou ignorar. Não ouvi nada.

O grito repetiu-se me convidando mais uma vez.

E se for Molly? Talvez outra criança.

Tenho que fingir que não ouvi nada.

E se for Liz?

Quando percebi já estava entrando naquilo. Ouvi uma risada histérica, com o coração acelerado mais uma vez virei no caminho dos espelhos à direita. Aquele lugar estava bem escuro, mas com aquelas lâmpadas nas paredes ameaçando desligar-se a qualquer momento conseguia enxergar o caminho.

Antes de me pergunta-se onde estavam os espelhos dei um grito involuntário me vendo em um. Recuperando-me do susto virei à direita novamente até ser chutado pro meio daquela sala de espelhos. Quando cai no chão, me virei rapidamente tentando ver quem me chutou.

Como esperado, não consegui ver o desgraçado. Sinto-me como se estivessem brincando comigo, estão se divertindo com minha situação ridícula.

–Chega, aparece seu desgraçado! – Gritei, me arrependendo no exato instante desejei silenciosamente que ninguém aparecesse, por favor, ninguém.

A risada se repetiu. Preciso sair daqui agora. Parece que ele estava esperando que eu desejasse isso, ouvi uma porta se fechando.

–Filho da...

Levantei-me e comecei a correr cegamente, aquele lugar parecia ser enorme, não conseguia ver o fim. Com uma das luzes na parede avistei uma escada larga com um carpete vermelho, com apenas extinto eu resolvi que iria subi-la, mas no andar de cima só encontrei as mesmas coisas, os malditos espelhos e as lâmpadas fracas.

Gritei rouco como último recurso.

–Freguês 2? – A garota chamou.

Comecei a correr em direção a voz falhada da garota, até sentir minha cabeça chocando-se com um dos vidros, cai no chão um pouco tonto. Senti o sangue da minha testa escorrendo e cacos de vidro presos nos meus braços. Mas valeu apena, pois Moly me olhava com um sorriso bobo de alívio no rosto. Alívio?

–Ainda bem que te encontrei. – Ela sussurrou. – Ele está aqui.

É ela não deu a mínima pro meu estado e ainda parecia agir como se eu fosse de muita ajuda, mas no momento até a companhia de um inútil como eu ajudaria a não perder a sanidade.

–Está machucada? – Perguntei ficando de joelhos. Ela balançou a cabeça em um não. Ela estava toda suja, com a ponta do vestido infantil rasgada. – Quem está aqui Molly?

Ela não precisou responder a voz da serra elétrica respondeu por ela.

A garota surgiu das sombras com uma expressão séria. Em sua coxa escorria sangue provocado por um buraco, de uma bala imagino.

Minha mão procurou por Molly sem que eu desgrudasse o olhar da Brooke. Ela parecia estar esperando que corrêssemos para que pudesse nos perseguir, quando senti o ombro de Molly a garota pulou em nossa direção, e como um animal derrubou Molly.

Ouvi a serra elétrica gritando novamente, e quando percebi o sangue já jorrava em todas as direções.

Minhas pupilas dilataram e eu comecei a chutar Brooke, mas ela não desgrudava de Molly, então eu me abaixei e peguei um dos cacos de vidro, estacando ele na nuca de Brooke.

Moly ainda consciente pareceu aproveitar a oportunidade e ativou seu rifle, atirando na boca de Brooke.

A garota gêmea caiu ao lado de Molly. Então ouvi ‘’freguesa 3 faleceu’’. Ela estava com lágrimas nos olhos, de certo modo seu rosto me entristeceu.

Ouvi um grito horrível de um garoto quebrando o silêncio. Um grito distante e desesperador.

Molly tossiu mais uma vez, quando olhei para a pequena ela sorriu.

–Obrigado por tentar me salvar. – Ela me disse baixinho.

Senti lágrimas brotarem do meu rosto.

–Eu sinto tanto pelo que eu fiz com Sam. – Ela confessou de forma madura. – Eu queria ter brincando mais vezes com ele, eu chamava ele de irmão. Mas ele sempre odiou ser chamado de irmão. Ele dizia ‘’fique longe de mim’’ de modo engraçado, então eu ficava dando risadas. Ele acabava sorrindo.

Ela tossiu novamente cansada. Evitei olhar pra sua barriga.

–Fique calma. – Disse simplesmente.

–Meus pais sempre me batiam. – Ela disse com lágrimas nos olhos. – Sempre que Sam fazia algo errado eu dizia que fui eu que fiz. Ele odiava isso em mim. – Ela olhou pra mim e fechou os olhos. – Eu fico feliz de ter ido comprar Cupcakes escondido com ele no final da rua, foi muito divertido.

Então ela simplesmente não disse mais nada.

–Molly? – Chamei com um sorriso triste no rosto.

Sei que ela não iria responder. ‘’Freguesa 7 faleceu’’

Então com as pernas fracas me levantei e caminhei até encontrar a saída daquela casa. Quando sai encarei o mesmo poste que vi quando entrei, ele brilhava clareando tudo em sua volta. O observei incapaz de chorar novamente.


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Notas finais do capítulo

Eu pessoalmente gostei desse capítulo, quero saber de vocês, gostaram? xD Até mais ~



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