Toc toc.

–Jake, está ai? – Perguntou Liz. – Ei, abra a porta. Jake?

Ela não esperou mais nem um estante escutou a porta sendo chutada com força.

–Eu já vou abrir. – Resmunguei pra que ela parasse.

No momento que abri ela deu um passo para trás. Era Inverno. Estava coberta de roupas quentes e cachecol. Seu cabelo curto estava solto, e seus lábios tremiam. Ela inclinou sua cabeça olhando através de mim. Encarou alguns copos quebrados e muito refrigerante.

Ela empurrou meu braço que estava apoiado na porta e entrou.

–Vim ver como você está.

–Eu estou bem. – Respondi friamente.

Liz olhou para os cacos de vidro no chão e voltou a olhar pra mim.

–Olha aqui, eu não... – Antes que eu terminasse de falar ela me abraçou. Estremeci. Meu corpo todo implorava pra que eu a afastasse e ordenasse que ela saísse da minha casa, mas não consegui fazer nada. Nem uma lágrima escorreu do meu rosto.

Pelo contrário, Liz é que estava chorando. Enquanto ela soluçava a fiz sentar no sofá e fui para cozinha. Voltei com uma caneca de café e a entreguei.

Ela olhou para a caneca e pegou delicadamente.

–Você ainda vai pra escola? – Perguntei.

–Sim. – Ela respondeu depois de tomar alguns goles de café.

–Como todos eles reagiram? – Disse me referindo aos estudantes e professores.

Ela me olhou mais uma vez de um jeito preocupante.

–Pode me contar, eu não vou ficar triste. – Disse virando o rosto.

–Estão te culpando por tudo. Algumas pessoas disseram ter te visto em cima do telhado na hora. O que pareceu é que você o empurrou... – Ela disse baixinho.

–Já era de se esperar.

–Só consegui provar para polícia sua inocência. Mesmo com a polícia informando os alunos a verdade, eles insistiram em te culpar.

Sentei ao lado dela e nós dois ficamos em silêncio por um tempo.

–---x----

Abri meus olhos nervosamente, notei que estava caído na grama ao lado do poste. Liz estava de joelhos sacudindo meus ombros nervosamente. Lágrimas caiam do seu rosto pálido.

Levantei-me junto a ela.

–Achei que estivesse morto. – Ela disse cruzando os braços.

–Eu estou bem... – Parei de falar e coloquei minhas duas mãos no rosto dela, limpando suas lágrimas.

–Você está todo cortado.

–Você está pálida.

Liz se aproximou do meu rosto e disse:

–Temos que irrita-los. – Sua voz estava abafada – Os culpados de tudo isso. Você tem que... – Ela parou de falar depois disso.

Olhei pra ela em pânico.

–Liz?!

Então ela cuspiu sangue na minha camisa, caindo no chão.

O mundo estremeceu, meus olhos se moveram sozinhos em direção à imagem que estava atrás dela. O garoto olhava pra mim com o rosto torto, antes sério, agora sorrindo. A espada não tremia dessa vez, a espada com detalhes dourados, que agora estava manchada de sangue.

Sua risada aumentou. Uma risada irritante, que me fez levantar com veias pulsando em minha testa. A risada dele cessou por um momento, como uma criança tentando pensar se a devia ou não rir do pai.

–Artie! – Gritei com as mãos trêmulas.

–Aqui, não é assim que funciona. Não dá pra ser fraco. – Ele disse ajeitando os óculos agora quebrados. – Eu sou fraco demais pra ir pelo lado bonzinho. Não vê? Tenho que matar todos vocês pra ganhar isso! Vou mata-los se for necessário! Afinal, não me separei da Amy pra morrer, me separei pra ganhar essa merda!

Logo houve um grito. Um grito agonizante de uma garota, a única garota nesse momento estava saudável. A serra elétrica rugiu em reposta, Artie virou em direção ao grito e correu.

Olhei pra Liz, e no mesmo momento uma voz sussurrou. ‘’Freguesa 2 faleceu’’

Fechei os olhos virando meu rosto. E nesse momento eu prefiri não expor como me senti.

‘’Temos que irrita-los’’ Disse Liz na minha cabeça.

Corri na direção que Artie corria.

Eu não queria mata-lo nesse momento. Na verdade, naquela direção tinha outra coisa que eu precisava.

–--x----

Ele não me notou correndo atrás dele, apenas corri ignorando o barulho. Ultrapassei-o antes que ele chegasse ao local. Do lado de fora do trailer Amy estava lutando com James. Ela esquivava-se com facilidade de seus movimentos, em sua mão estava uma espécie de lança.

Ouvi os passos de Artie se aproximando e acelerei os meus.

Tudo estava bem para o lado de Amy, James parecia até um pouco tenso. Mas em um movimento arriscado ele a chutou acertando em cheio sua barriga.

Ela caiu no chão soltando a lança. James levantou a serra para o alto. Ah, eu realmente podia ter impedido isso.

‘’Freguesa 5 faleceu’’.

–Amy! – Gritou o garoto ao meu lado correndo em direção á eles.

Por de trás do trailer eu avistei novamente a mulher enforcada. Algo me dizia que aquilo era importante, pois então eu levantei o balde de ferro e fiquei em pé em cima dele.

‘’Temos que irrita-los’’.

Agora cara a cara com a moça notei que ela tinha mais ou menos 25 anos, morreu sorrindo. Tirei um caco de vidro da minha roupa e comecei a cortar a corda. Minha mão pingava sangue e senti meus dedos sendo perfurados pela lâmina.

O grito de Artie tomava conta do lugar. Lágrimas atrasadas brotaram do meu rosto, lembrando-se de Liz caída no chão e culpando-me pelo assassinato de Amy.

Logo a corda arrebentou e a moça caiu na grama queimada do local.

Uma ventania levantou meus cabelos e eu desci do balde. ‘’Temos que irrita-los’’

Virei meu rosto rapidamente e me arrependi, pois nesse instante encarei James cortando o corpo de Artie com um sorriso estampado no rosto.

‘’Freguês 6 faleceu.’’ Artie estava morto também agora.

Fiquei de joelhos ao lado da moça. E levantei o caco de vidro mais uma vez, mas antes que cortasse o rosto da mulher morta alguém segurou meu braço.

Virei rapidamente em pânico, uma garotinha de cabelos loiros com tranças me olhava. Seu rosto sério e sombrio. E então começou a chover.

Extintivamente me levantei e afastei a mão dela, segurando no braço dela do mesmo jeito que ela fez comigo. E então eu entendi a razão de tudo aquilo.