Cupcake escrita por Coralino


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

YAAY último capítulo, vou postar esse seguido de um extra >w< assim encerramos a história por aqui .. agradeço a todos que tenham lido!



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Abri os olhos e respirei como se não respirasse há dias, senti a chuva úmida caindo em minha pele e senti a mão da garota que segurava meu braço. A garota me olhava com uma expressão melancólica.

Senti como se estivesse acordado depois de ter sonhado, todo o sonho passou pela minha mente mais uma vez. A garota qual segurava meu braço era Marie. A mesma garota que perdeu a mãe e todos que conhecia apenas numa noite, sobrando apenas o garoto, Edgar.

Olhei para o lado lembrando ainda estar no circo, pouco distante estava James me encarando de modo sombrio, algo que já havia me acostumado e já estava farto, cansado de seu olhar seco e psicopata, ele matou grande parte dos jogadores.

–Ele viu tudo Ed. – Diz Marie com a voz abafada pela chuva.

Olhei em volta procurando com quem ela falava e avistei um adulto se aproximando com passos rápidos. Ele usava um jaleco e estava com um saco na cabeça.

–Os mataremos de uma vez, da próxima vez não cometeremos o mesmo erro. Foi uma má ideia coloca-lo no jogo. – Disse o homem de modo sério. Ele caminhou até ficar próximo a mim, reconheci a voz dele logo em seguida. O mesmo homem que me atendeu no restaurante, no dia do encontro que tive com Liz.

Senti minha cabeça pulsando, não duraria muito tempo naquele estado.

–Eu não quero mais isso. – Disse Marie por fim afastando meu braço.

Ela era pequena, mas estava agindo de modo maduro, diferente da Marie que vi nas lembranças dela.

–O que? – Disse Ed confuso. – Sempre fizemos isso junto, foi o que sempre queríamos ter feito certo?

Antes que Marie respondesse Edgar sentiu a lâmina da serra elétrica em suas costas, em um rápido movimento James agitou a cerra rasgando parte das costas do homem alto. Edgar cambaleou pra frente e Marie arregalou os olhos.

O jovem James segurava a serra elétrica com apenas com a mão direita, com um sorriso discreto no rosto. Seu cabelo cobria um de seus olhos e havia sangue escorrendo de seu ombro.

–Não! – Marie gritou entrando em pânico e correndo até Edgar.

–Você matou minha irmã. – James disse.

–Mas você... – Comecei a dizer com um nó na garganta.

–Não falei com você fracassado. – O garoto respondeu.

Edgar que estava apoiado em Marie olhou para o garoto, desta vez ele havia tirado o saco da cabeça, e seu rosto estava totalmente exposto. Um rosto deformado por queimaduras, seus olhos eram avermelhados como se estivesse a efeito de drogas.

Marie olhava hesitante para seu rosto. Nas lembranças de Marie Edgar não havia queimado o rosto.

–Você matou minha irmã e todos os outros jogadores! Isso tudo é culpa sua! – Ele disse apontando a serra para Edgar.

Os olhos do homem tremia devido ao que parecia ser medo. Marie o fez abaixar um pouco e ficou na ponta dos pés, e cochichou algo em seus ouvidos. O homem estremeceu, seus olhos pararam de tremer e ele ficou agitado como se estivesse sendo esfaqueado enquanto a garota cochichava.

James olhou pra mim por um segundo de modo duvidoso, apenas dei um passo para trás e ele fez o mesmo.

Quando a garota parou ele levantou e saiu andando em direção ao nada, para fora do circo onde estávamos.

Olhei para Marie e ela estava com o rosto avermelhado, uma lágrima brotou de seu olho e ela olhou para mim.

Ela de alguma forma me faz lembrar-se da Liz.

Senti minha cabeça pesando e quando me dei conta estava me aproximando de Marie. Todo o meu corpo estava arrepiado e senti lágrimas brotarem do meu olho, minhas mãos pela primeira vez não estava trêmula. Eu estava segurando algo, mas não consegui desviar o olhar que se prendia na pequena garota loira.

Ouvi o grito de alguém. James estava gritando.

Freguês três faleceu.

Quando cheguei perto de Marie ela levantou a mão em minha direção para que eu parasse e uma espécie de lâmina passou por sua cintura rapidamente. Parei de andar e a garota loira caiu no chão fechando os olhos.

Freguesa 00 faleceu.

– O que eu estava fazendo? O que eu fiz? – Disse olhando pra Marie caída.

Olhei para minha mão e estava segurando uma espécie de lâmina. Algo me dizia que esta lâmina não pertencia a esse mundo. A pesada arma tinha um cabo negro e uma única e extensa lâmina prateada.

James estava morto ao lado de Marie.

– Eu os matei? – Disse soltando a foice. Nesse mesmo instante ela desapareceu.

Não importa mais. Nada mais é importante pra mim. Nada mais faz sentido algum.

Sentei-me na grama molhada.

Ainda está chovendo.

Ainda me lembro de cada morte.

Queria que Liz estivesse comigo nesse momento. Ela iria comemorar afirmando pra si mesma e pra mim que ganhamos o jogo juntos como pretendíamos. Ela choraria de alegria enquanto eu ficaria apenas feliz em vê-la feliz.

Qualquer um além de mim merecia ter ganhado isso.

Senti a grama se desfazendo, e em um movimento rápido eu cai no nada.

Quando abri meus olhos estava sentado na mesma cadeira que estive no restaurante. Olhei para o lado e Liz estava lá. Estava deitada com a cabeça na mesa e os braços cobrindo o rosto. Senti um nó na garganta, a primeira coisa que fiz foi tirar seu braço do rosto, ela parecia estar dormindo. Toquei em seu pulso e percebi que ela não respirava. Liz estava morta.

Olhei em volta e todos os outros fregueses estavam sentados em outras mesas, dormindo como ela. Procurei por algo mais.

Edgar estava sentado em cima do balcão me encarando. Seu jaleco estava imundo, e seu rosto estava igual há poucos minutos atrás.

–Parabéns, você venceu. – Ele disse expondo um sorriso no rosto.

Levantei-me derrubando a mesa no chão em um estrondo, caminhei até ele e segurei na gola de sua camisa.

–Que merda está acontecendo? – Disse soltando a pergunta que ninguém me respondeu desde ter comido um cupcake.

Mas seu olhar parecia estar em outro lugar, um lugar mais distante do qualquer coisa que eu possa imaginar.

–Você ganhou o jogo. Você está livre pra viver sua vidinha. – Ele disse sorrindo mais uma vez.

–Vocês me tiraram esse direito há muito tempo! – Gritei.

–Na verdade, há alguns minutos atrás, é um efeito bem rápido, pode parecer dias pra você, mas foram minutos.

Comecei a gritar, outra coisa que queria fazer a um tempo, gritar alto e forte. Minha mão se moveu sozinha, socando o rosto do homem e o jogando pra trás.

Fiquei de joelhos, frustrado.

Ele estava do outro lado do balcão onde eu não o via.

–Você gostava muito daquela garota? – Ele perguntou sério.

–Você gostava muito da Marie? – Respondi.

–Eu a amo. – Ele Disse simplesmente.

Um tempo pareceu se passar até que ele disse algo.

–Você esteve esse tempo inteiro em conexão com a alma de Marie. Assim como os outros jogadores. Fizemos tudo isso para absorver suas almas.

–Por que não absorveram sem fazer todo esse jogo? – Perguntei irritado.

–É algo muito complexo. Esse é o fenômeno que adotamos para fortalecer a alma de vocês. Medo, coragem, bravura, pânico, raiva, tristeza. Todos esses sentimentos e outros foram fortalecidos enquanto estavam no jogo, desse modo às almas fortaleceram.

Ele deu uma pausa para que eu absorvesse as informações.

–Mas dessa vez cometemos um erro. Você. O garoto de alma fraca. Colocar-te no jogo como nunca fizemos antes, fez com que você fortalece a alma de modo diferente. Sua alma alterou tanto a alma de Marie que ela precisou ir até você pra te matar, mas não conseguimos fazer isso a tempo. Por que você ganhou a foice antes, com essa arma você se tornou invencível. No momento em que você viu as lembranças de Marie ela também viu as suas.

Ele parou de falar depois disso. Ficamos em silêncio até eu perguntar algo.

–Por que ela quis parar com o jogo?

–Por que você alterou a alma dela! – Ele disse bravo. – Você a fez mudar, a fez entender o mundo de outra maneira. Ela se sentiu culpada e egoísta pelo que estava fazendo.

–Por que vocês queriam nossas... Almas? – Disse evitando perder o ritmo de perguntas.

–Por que isso nos faz viver pra sempre. – Ele disse de modo mais calmo. – Marie já tinha absorvido algumas almas quando entrou na sua própria alma para te matar, por isso estava com a aparência de uma criança. Eternidade é geralmente o que uma bruxa deseja, mas dessa vez o desejo é meu. Um desejo egoísta eu sei, mas quero viver pra sempre junto a ela. Mas, claro que isso não é mais possível, você matou minha Marie.

Arregalei os olhos.

–Mas não se preocupe, eu também matei sua Liz, certo?

Não disse nada em resposta, ele seguiu com as explicações.

–Marie me obrigou a sair do jogo àquela hora, ela me hipnotizou pra que eu pudesse sair de sua alma, assim eu não morreria como o James morreu. É algo complexo demais pra vocês – Ele disse suspirando em seguida.

–Por que você me contou a verdade de tudo? – Disse me encolhendo.

–Por que não vou repetir o jogo nunca mais. – Ele disse nervoso. - Vá embora vencedor.

–Mas... – Comecei tentando persistir.

–Vá embora! – Ele respondeu gritando.

Levantei-me e sai do restaurante. Caminhei até minha casa e encontrei a porta aberta, eu a esqueci assim no encontro. Quando entrei não a fechei, apenas me joguei no sofá. Meu rosto fervia de raiva e frustração, incapaz de expor o que estava sentindo a alguém ou algo.

Peguei no sono. Depois de um tempo acordei suando frio.

–Francamente Jake, estava dormindo.

Uma voz doce soou pela minha sala. Uma voz que normalmente acharia irritante, mas dessa vez era como se fosse à coisa mais perfeita do mundo.

Meus olhos miraram a porta, e lá estava ela.

Seu cabelo castanho estava com uma mecha da cor branca e seu rosto estava rosado devido às lágrimas de emoção que deslizavam em suas bochechas.

–Marie não absorveu sua alma por completo. – Ela disse imitando uma voz grave. – Foi o que Edgar me disse.


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Notas finais do capítulo

Espero que o capítulo não tenha ficado cansativo .. tipo espero mesmo k.. quem gostou? õ/ até o extra (que será bem curtinho)



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