Parei meu carro no estacionamento do restaurante, quando estava entrando...

- Bella? – me virei ao ouvir a voz conhecida, eu paralisei.

– O... O que você faz por aqui? – gaguejei.

- Que modos são esses, é assim que você trata seu velho amigo?

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- Ah, me desculpe, só fiquei surpresa em vê-lo por aqui, Marcus. – falei aflita, ele por aqui não podia ser boa coisa – Você não estava morando em NY?

- Então você não recebeu meus emails? Minha dúzia de mensagens e quem sabe até mensagens de texto. – questionou desafiador.

- Troquei meu número de celular, e por ser nova aqui ainda não tenho um serviço de internet. – menti.

- Você sempre mentiu muito mal, Bella. Mas respondendo sua pergunta anterior, eu estava sim morando em NY, mas como você sabe eu não resisto ficar longe de você por muito tempo. Resolvi segui-lá até esse fim de mundo. A propósito, você tem um belo apartamento. E seu namorado parece ser bem bacana, pena que você não vai ficar com ele por muito tempo.

- Isso é uma ameaça? Saiba que eu não tenho medo de você. E como você sabe onde eu moro, está me seguindo por acaso? – ele riu.

- Muitas perguntas, sabe o tempo responderá elas por si só. Até mais. – ele virou e saiu cantarolando. Minhas pernas bambearam. Não era possível que ele tivesse me seguido, já não bastava toda a confusão que ele havia causado em NY?

- Bella? – deu um pulo ao ouvir a voz atrás de mim – Está tudo bem amor? Você está meio pálida. Passando mal?

- Não Edward, pode ficar tranqüilo. Tudo vai ficar bem...

- Tem certeza, você não me parece bem. Quer ir pra casa? – fiz um gesto em negativa – Ok. Vamos entrar então.

- Vamos.

Em silêncio, nós entramos e o garçom nos dirigiu a uma mesa confortável, eu ainda permanecia muda e tentava assimilar os fatos de que eu estava, novamente, correndo perigo. Marcus não era uma pessoa normal, isso era um fato. Era manipulador, perigoso. Dessa vez o que me preocupava era o fato de que mais pessoas corriam perigo, pessoas que eu amava e que não poderia defender. Era mais fácil encarar tudo sozinha e longe.

- Bella, é sério. Levanta e vamos pra casa

- Para Edward! – disse ríspida quando ele se levantou da mesa e me puxou pelo braço. Ele me encarou confuso e me soltou. Se sentou novamente e questionou com um olhar que eu pude ler como se ele estivesse sofrendo.

- não me diga que estamos em crise Bella. Estava tudo tão bem, nós estávamos tão bem e eu... – eu o silenciei com um beijo.

- Me desculpe a grosseria. – eu disse olhando aqueles olhos verdes, dei um selinho nele – é só que, eu estou um pouco nervosa com algumas coisas.

- Que coisas, minha Bella? – eu não poderia contar, correr o risco dele ir atrás de um psicopata feito o Marcus, eu não poderia suportar se alguma coisa acontecesse.

- Nada de importante. – ele fez uma careta em desgosto a minha resposta vaga – e como foi seu dia hoje?

- Bom. – ficou pensativo por um instante – Eu fiz alguma coisa pra você?

- Não, porque?

- Só pra saber.

O resto do almoço se estendeu num silêncio horroroso, saber que Edward estava bravo comigo, nesse exato momento, era ruim. Ele queria saber o que estava acontecendo e eu não podia contar, era esse o problema com Marcus, ele levava discórdia pra onde quer que fosse. Eu precisava resolver esse problema sozinha, e se ninguém ficasse sabendo disso, ótimo. Ninguém a não ser Jake. Meu celular tocou quebrando o silêncio.

- Bella, me diz que eu estou louco. Mas eu tenho certeza que eu acabei de ver o Marcus na porta do seu prédio. – Jake falou assim que atendi, engoli em seco – Não, você infelizmente não está louco Jake. – Edward que não prestava atenção em mim deixou de olhar a comida e me encarou com uma sobrancelha erguida.

- Bella, e agora? – Jake estava aflito no outro lado da linha, ele sabia de toda a história – Você tem que ir a polícia.

- Depois nos falamos, Jake. Estou almoçando com Edward. – eu disse e ele entendeu.

- Bella, você tem que contar a ele. Você sabe. – eu bufei.

- Já disse que depois nos falamos, Jake. Vocês vão hoje a noite?

- Claro, claro. – ele disse frustrado – eu e Leah resolvemos nos mudar pra cá, sabe como é. O pai dela doente, enfim. Além do mais, nós não temos mais ninguém em NY. Vamos vender a padaria por lá e eu vou abrir uma mecânica, graças a Deus. Eu não agüentava mais aquele lugar, eu cheirava a farinha Bella. – eu ri – E agora que nós vamos ter o bebê, a Leah resolveu parar de trabalhar.

- Eu fico feliz com a notícia, Jake.

- Sabe como é, nós vamos precisar estender um pouco mais a hospedagem. Se não houver problema, é claro. Talvez umas duas semanas, só até eu conseguir um apartamento. Na verdade só quem vai ficar é a Leah, eu preciso resolver as coisas por NY.

- Você tem mesmo que ir? – eu perguntei aflita, quase histérica. Já era ruim ter o Marcus por perto, sem Jake ao meu lado, me apoiando e ‘protegendo’ fazia a idéia se tornar cem vezes mais assustadora. Edward me olhava desconfiado.

- Hun, entendi – Jake murmurou do outro lado da linha – Fique tranqüila, Bells. Peço ao Quil, talvez ele possa ir no meu lugar, se eu explicar a situação. Ok?

- Ok – concordei agradecida – Jake, vou terminar meu almoço, te vejo em casa?

- Sim. Até lá, Bells.

Desliguei o celular e encarei Edward que ainda me olhava de canto de olho com a testa franzida e os lábio numa linha fina.

- Bella, - ele murmurou – eu não sei qual o problema, e obviamente você não confia em mim para contar – abri a boca para falar, mas ele continuou – eu só te peço que me prometa uma coisa, por favor, antes de tomar qualquer atitude precipitada, fale comigo.

- Mas, Edward...

- Prometa, Bella.

- Eu prometo.

- Certo. E por favor, se você for me deixar, me avise antes. Eu não acho que eu consiga viver muito mais tempo longe de você. – eu comecei a chorar.

- Eu nunca pensei em te deixar, pelo menos não agora que eu tenho certeza do que você sente por mim. Eu te amo, Edward. Isso nunca vai mudar. Eu só estou um pouco nervosa hoje, deve ser a TPM e a responsabilidade de cuidar da boutique de Alice.

- Ela te pediu isso?

- Pediu.

- Mas se você achar que não dá conta posso pedir pra ela que arranje outra pessoa. – ele sugeriu.

- Não, vai ser bom pra ocupar minha cabeça.

- Certo.

Terminamos de almoçar em silêncio. Edward pagou a conta e deixamos o restaurante, ele me levou até o meu carro.

- Você vai para a minha casa? – ele negou.

- Não, você talvez precise conversar com o Jacob. – ele me olhou ressentido.

- Edward, por favor... – eu pedi derrotada.

- Eu não estou fazendo uma crítica, meu amor. E além do mais, eu preciso dormir um pouco. Te busco às 20h.

- Tudo bem.

Segui para o meu apartamento com a sensação de estar sendo seguida, o que realmente devia estar acontecendo. Entrei na garagem do prédio o mais rápido possível, com medo demais e impaciente demais para esperar o elevador, subi correndo as escadas. Cheguei em casa ofegante, o que quase matou Jacob e Leah de susto. Ficamos conversando por longos minutos sobre um só assunto: Marcus.

- Eu ainda acho que isso é estupidez, Bells. – Jacob falou no meio de uma discussão acalorada entre os prós e contras de contar a Edward sobre isso.

- Bella tem razão, amor – Leah disse a Jacob – Quanto menos pessoas correrem risco, melhor. Edward poderia tomar uma decisão precipitada e idiota e se machucar. Eu também faria isso se estivesse no lugar dela.

- Vocês mulheres são mesmo esquisitas, sabia? – eu e Leah não pudemos deixar de sorrir – É claro que o melhor é ele ficar sabendo, ele merece saber, Bella. E você sabe que mais cedo ou mais tarde Marcus vai aparecer, e sabe-se lá o que ele vai dizer. Imagina a mentira que ele pode inventar. Você está disposta a perder o amor da sua vida, de novo? – meu coração vacilou uma batida respondendo a pergunta de Jacob. Não, eu não estou disposta e também não suportaria.

- Eu vou contar Jacob, me dê alguns meses. Eu prometo que conto, nós ainda não sabemos o que o Marcus quer. Às vezes, dessa vez é uma obsessão passageira.

- Dois meses, e nada mais do que isso. Se você não contar daqui exatos dois meses, eu mesmo conto.

- Eu prometo que vou contar Jake. Agora eu vou descansar. Edward vem nos buscar às 20h, e eu acho melhor dormimos um pouco, todos acordamos cedo demais hoje.

- Eu vou colocar meu relógio despertar às 18h, posso te acordar, Bella?

- Pode sim, Leah. – dei um abraço nela e em Jake – Obrigada por estarem aqui, eu realmente preciso de vocês nesse momento.

Eu me deitei mas não consegui dormir direito, os pensamentos sobre tudo o que eu já havia passado por conta da obsessão de Marcus invadiam a minha mente, e eu estremeci ao lembrar. Seria tão difícil assim ele me deixar em paz? Creio que sim. A única coisa que eu precisava agora era Edward, mas eu o havia magoado e sabia disso. Eu precisava contar a ele, eu sentia que precisava. Alguma coisa me dizia que essa história com Marcus ainda ia muito longe.