Subimos e cada um fui para o seu quarto. Estava mesmo cansada, de tanto correr e chorar… Olhei para o relógio que estava na mesa-de-cabeceira. Já passava das duas da manhã. Mandei-me para cima da cama, lembrando-me de Mike, em como estaria ele, se Alexis e Leila ainda lá estavam, onde estaria Steve, de onde viria Mary e o que ela queria… Demasiadas coisas em que pensar às duas da manhã.

**

Acordei com os raios de sol a baterem na minha cara. Depois abri os olhos. Mas não fora só isso que me acordara, sentei-me depressa, ficando zonza. Quando voltei a abrir os olhos, olhei em volta e ali estavam elas, a olhar para mim com um sorriso na cara.

–Que horas são?- Perguntei, esfregando os olhos. Depois atei o meu cabelo no rabo-de-cavalo e cruzei as pernas. E só no fim disto tudo é que as olhei.

–São onze da manhã…Eli, onde raio te meteste ontem?!- Perguntou Alexis preocupada.- Encontraram o Mike desmaiado no quarto, e nem se lembrava bem do que se passou…!

–Como está ele?- Perguntei olhando logo para elas.

–Está bem. Esteve no hospital, mas já está em casa a descansar.

Assenti, aliviada. Elas olharam-se, sem perceber o que se passava.

–O sexo foi assim tão bom?- Brincou Leila.

–O sexo foi bom, mas não fui eu que o deixei assim!- Disse fazendo um sorriso envergonhado, que logo se foi.- Foi o Steve.

–Sim, ele disse que tinha andado a porrada com Mike, por causa de uma rapariga, mas que não se lembra de mais nada…-Disse Leila. Ainda bem que ele não se lembrava da minha mão e de ter voado. Suspirei.

–Hum…Eu e o Mike estávamos num dos quartos, quando o Steve aparece com um outro rapaz. Bom, o Mike perguntou se eles queriam ficar, para…

–Não! O Mike?!- Disse Alexis surpresa. As duas estavam com uma enorme cara de espanto que até era engraçada de ver.

–Sim. Depois percebeu que tinha feito asneira, mas quando o quis mandar embora, o Steve não quis ir, andaram a luta, o Mike acabou por desmaiar, o Steve tentou abusar de mim e eu em pânico sai de lá a correr!- Disse deixando escorrer uma lágrima que aprecei a limpar.

Elas as duas saltaram para cima da cama, e abraçaram-me. Eu dei-lhes um abraço, sorrindo.

–Oh amiga, lamento imenso…porque não nos disseste?!- Disse Alexis

–Porque entrei em pânico. Só queria sair dali!

–E vieste para casa sozinha?

–Sim.- Menti.- O meu telemóvel ficou lá com as outras coisas …

–Trouxemos. – Disse Alexis, piscando-me o olho.- A festa foi toda cancelada por causa do Mike e do Steve.

–O Steve vai pagar. Ele chegou a…

–Não. Fugi.- Disse levantando-me e indo para a casa de banho. Tomei um banho rápido, lavei os dentes, ajeitei o cabelo e sai. Elas ainda estavam lá.- Bom, meninas, obrigada por terem vindo até aqui e por se preocuparem comigo…

–Claro que sim sua doida!- Disse Leila. As duas abraçaram-me novamente.- Mas onde vais tu agora?

–Vou a casa do Mike, ver dele. Precisamos de falar.- Disse num suspiro.

Elas assentiram e saíram do quarto comigo. Quando chegamos à rua despedimo-nos e fui até casa de Mike. Como estaria ele? Estaria zangado por ter ido? O meu azar, neste momento, é que a casa dele não era longe da minha. Não tinha tempo para me preparar mentalmente…

Pus-me em frente à porta e suspirei. Toquei à campainha e quem me abriu foi a mãe dele.

Ela gostava muito de mim, dizia sempre que eu tinha posto o seu “menino” na ordem. Claro que gozei um pouquinho…Mike ainda era o menino da mamã, mas isso ainda o tornava mais amoroso. Ela era muito protectora com ele, daí ele ser o menino da mama, mas isto tudo porque o pai dele morreu na guerra, e ela quis agarrar-se há única coisa que sobrou dele, e faz isso mantendo Mike vivo, como recordação e mimando-o.

Ela amava-o muito, mesmo depois de tantos anos. Era bonito quando ela falava das recordações dos tempos em que estavam juntos e dos passeios que davam.

Quando a vi sorri-lhe logo, e assim que viu quem era deu-me um abraço. Ela não devia saber que fora por minha causa que ele tinha ido para ao hospital. Mike deu-me tempo e coragem para fugir de Steve e isso tinha de lhe agradecer, e muito.

–Eu sabia que vinhas!- Disse dando-me passagem para entrar.

–Olá Senhora West. Como é que ele está?- Perguntei engolindo um seco.

–Está bem, foi só uma pancadita!- Disse sorrindo.- Podes subir querida, ele acordou à pouco tempo.- Eu assenti e subi até ao seu quarto.

Entrei e vi que ele não estava lá dentro, quando vi a porta da casa de banho a abrir-se e ele saiu com uma toalha em volta da cintura. Mordi o lábio, já com arrepios, mas voltei a concentrar-me dele.

Quando o olhei vi que tinha uma gaze na cabeça. Olhei-o nos olhos, já com estes molhados. Assim que viu que estava quase a chorar, correu para mim e abraçou-me com força.

–Oh Eleanor! Ainda que estás bem!- Disse sem me largar.

–Isso digo eu!- Disse sem o querer largar.- Lamento imenso ter ido e ter-te deixado lá, assim!- Disse, agora a chorar.

–Shhh meu amor…- Disse obrigando-me a olhar para ele.- Nada disso, eu é que fui estúpido, não sei onde tinha a cabeço quando disse aquilo!- Disse limpando as minhas lágrimas.

–Estás mesmo bem?- Perguntei, parando de chorar. Ele assentiu e sorriu.

–Ia agora a tua casa, saber se estavas bem. Entrei em pânico ontem… Ninguém sabia de ti, nem a Alexis nem a Leila. Estavam todos preocupados, onde te meteste?

–Eu corri para o meio da floresta. Depois fui dar a casa, não sei bem como e lá cheguei!

–Não fomos lá, porque não queríamos preocupar os teus pais, sem saber exactamente o que…

–Mike, já passou. Estamos os dois bem e isso é que interessa.- Disse sorrindo-lhe. Ele assentiu e beijou-me.

–Depois da noite maravilhosa de ontem…Nem acredito que isto tudo aconteceu!- Disse num suspiro.

–Eh, verdade mesmo!- Disse dando-lhe um beijo mais apaixonado.

E quando dei por mim, estava deitada na cama de Mike, com ele por cima de mim.

As suas mãos a passaram pelo meu corpo, os seus beijos no meu pescoço… Cada beijo, cada gemido que dava… Ele sabia que também queria isto.

Puxou-me para cima, sentando-me. Tirou a camisola e o sutiã quase num só. Sorri para a habilidade dele e ele retribuiu.

Quando me ia a beijar impedi-o. Ele ficou a olhar para mim espantado. Levantei-me e ele pôs-se de joelhos em cima da cama. Olhei para ele e sozinha, tirei as calças e as cuecas, ficando nua só para ele. Ele ficou de olhos arregalados. Cheguei-me mais ao pé dele e puxei-lhe a toalha que mandei para o chão.

Ele riu e puxou-me para si, ditando-se em cima de mim. No segundo a seguir, já estava dentro de mim, dando-me o mesmo prazer que da primeira vez. Cada estocada, cada gemido… Tudo fazia de mim agora uma nova mulher.

Quando não aguentamos mais, viemo-nos ao mesmo tempo, com cuidado para não fazer muito barulho. Ficámos deitados durante um pouco. Ele passava a mão pelas minhas costas e eu pelo peito dele.

Assim é que gostava de passar o resto da minha vida, agarrada a ele. Neste momento, era o único sítio que queria estar.

**

Segunda-feira…O pior dia da semana, que estranhamente passou a correr. Steve não foi às aulas, talvez com vergonha do que fizera.

À tarde, Mike tinha treinos, o que calhou bem. Disse a Alexis e a Leila que ia estudar para casa e fiquei com a tarde só para mim, e aproveitei para ir falar com Mary.

Tinha de descobrir tudo, o que ela queria de mim, nestes anos todos…! Pus os fones dos ouvidos e fui até á paragem para apanhar um autocarro até ao centro da cidade.

Quando lá cheguei, fui até ao hotel dela. Assim que entrei vi Mary a apanhar o elevador por cima, chamei-a antes que entrasse.

–Mary!

Ela olhou virou-se logo e sorriu ao ver-me. Fez-me sinal para que a seguisse. Quando chegamos sentei-me no sofá, enquanto ela trazia dois copos de água da cozinha. Olhei para ela de sobrolho franzido.

–Ainda bem que vieste.

–Sabias que viria, eu quero saber a verdade.

–Eu sei que queres, mas…

–Mary diz-me de uma vez que raio se passa. Quem és tu, e quem sou eu…!

–Eu vou-te contar Eleanor. Tu és a Chosen One. Tu és a escolhida.

–Chosen One? Escolhida para quê?

–Para acabar com todos os demónios na terra. Tu e esse teu poder, vão fazer com que voltemos a ter paz.

–Voltemos?- Perguntei confusa

–Sim, voltemos. Não só a minha raça está em perigo, mas como a tua também.

–Espera…raças? – Perguntei confusa- Que tipo de raças?

–Eleanor acredita no que te vou dizer, por favor!

–Mary, a minha mão brilha!- Disse-lhe mais sarcástica.- Ela assentiu

–A minha raça já foi igual á tua, humana. Eu era como tu.

–Eras?- Era … já não era então…?

–Era. Mas adoeci, e a minha mãe, para me proteger, pediu ao meu criador que me transformasse.

–Transformasse? – Perguntei confusa e chocada.

–Em vampira. É isso que sou Eleanor.

–Vampiros?- Perguntei chocada. Ela negou.

–Nós não nos chamamos assim. Somos Criaturas.

–Criaturas?- Ela assentiu.- Mas que se alimentam de sangue?

–São as únicas. Somos apelidados de demónios pelos humanos, mas na verdade temos mantido um equilíbrio bastante razoável, entre todos.

–Ok…- Disse levantando-me, e andando para trás e para a frente.

Vampiros? Isso existia mesmo? Sempre pensei que era só nas histórias de terror, contos e fantasias.

Isto só podia ser uma brincadeira. Faltava 1 mês para o Halloween, era isso!

Mas por outro lado, tinha uma mão que brilhava! Isso era normal? Não! Por muito que a Alexis me tentasse dizer que fazia parte de mim, mais ninguém tinha uma mão que brilhasse. Ah, sim! Era a Chosen One.

Nada disto fazia sentido nenhum! Nunca fez, mas agora muito menos, os vampiros simplesmente não existem. Tinha de haver outra explicação para isto, tinha de haver…

–Vampiros não existem.- Sussurrei. Mary suspirou.

–Existem sim, Eleanor. Há um colégio com miúdos da tua idade que tiveram uma segunda oportunidade!

–Uma segunda oportunidade? Alimentando-se do sangue de outros!- Disse mais nervosa.- Eles continuam mortos…

–Verdade, mas não escolhemos que fosse assim…- Sussurrou.

–Eu sei, mas ontem tinha só uma mão que brilhava, hoje continuou com isso, mais um colégio de vampiros…!

–Eu sei que é difícil, já estive no teu lugar, mas a mim não me explicaram nada. Limitaram-se a dar-me a tal segunda oportunidade. O resto? Tive de descobrir sozinha! E vê o lado positivo…!

–Lado positivo? Há um?- Perguntou ironicamente.

–Há. Já sabes o que eu, já não lidas com o desconhecido.

–Chosen One…- Sussurrei.- Sou a escolhida, por isso não há mais como eu que te posso ajudar pois não?

–Não. Só mesmo tu, Eleanor.

Voltei a sentar-me e olhei para ela. Engoli um seco e assenti.

Bom, pelo menos não era eu a vampira...Olhei para ela de olhos arregalados.

–Que foi?- Perguntou preocupada.

–Eu não sou vampira.- Esclareci.

–Não, não és nem tens de ser.- Esclareceu docemente.

–Tá, então. Depois disto tudo é suposto eu fazer o quê mesmo?

–Ires comigo para o colégio.- Disse logo, com esperanças.

Comecei a dar gargalhadas pequenas, pensando que ela estava a brincar, mas com os nervos por ver o ar de sério dela, as minhas pequenas gargalhas tornara-se num riso pegado.

Ela queria mesmo que fosse com ela? Que largasse tudo? Todos aqueles que amava, a terra onde nasci, onde tenho tudo por que sou a escolhida para não sei o quê?!

Quando parei, inspirei fundo e olhei para ela. Abri a boca duas vezes, mas não saiu nada, apenas ar. Não sabia mesmo o que dizer depois daquela revelação.

–Para um colégio de vampiros? Para quê?!

–Saberes mais sobre ti, eles e treinares…!

–Preciso de ir…- Disse pegando na minha mala e indo até á porta.

–Espera!- Pediu. Olhei para ela, suspirando.- Ainda te vejo?

–Não sei.- Disse saindo porta fora.

Sai do hotel quase a correr.

Só podia ser uma anedota, Halloween mesmo!

Á uns minutos atrás a minha vida era quase-normal, agora está toda do avesso!

Ainda era inacreditável…acabaram de me informar que a minha mão brilhante e com poderes serve para salvar a raça dos vampiros e pelos vistos a minha…E até tinha de estudar com eles! Sim, brilhante!

Que raio ia mesmo fazer agora?