Armagedom escrita por Rodrigo Lemes


Capítulo 1
O início do fim


Notas iniciais do capítulo

Bom gente, esse é o primeiro capítulo, portanto não terá nada muito excepcional (exceto o desenvolvimento dos personagens, rs).



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Parte I – Charlie Manson

O início do fim do mundo começou para Charlie quando um pitbull de sessenta quilos o perseguiu até o ponto de ônibus mais próximo. Indignado com o azar em pleno primeiro dia de aula, o garoto de apenas catorze anos jogou a mochila no chão e praguejou algumas palavras em grego, uma linguagem que ele sabia pronunciar bem.

Charlie não era o tipo de garoto interessante e legal, muito pelo contrário, vivia com seus fones de ouvido e livros na antiga escola, para não ter que se socializar muito. Durante sua vida toda, nunca teve muitos amigos além de seu irmão e tios. Logo aos seis anos, seus pais morreram num acidente de carro, o que o deixou muito deprimido.

Foram longos anos de terapia intensiva com psicólogos e psiquiatras, anos melancólicos e sem cor que pareciam nunca acabar. Porém, algumas coisas o motivaram a viver, embora tudo não passasse de esperanças.

Assim que seu irmão mais velho Tom completou 25 anos, ambos decidiram voltar para Times City, uma cidadezinha pequena do Canadá, que só recebe destaque por ficar perto de Toronto e ter muitos imigrantes americanos. Deixar a Grécia e o conforto de morar com os tios era algo a se pensar, porém, voltar as suas raízes sempre era bom.
Assim que desceu do ônibus escolar, Charlie percebeu que nunca deveria ter se mudado para a Grécia. Lá as pessoas não costumavam comemorar o natal e comer biscoitos com leite no café da manhã, o que pra ele era algo deprimente. Ao entrar na escola, reconheceu boa parte dos adolescentes, e muitos eram seus amigos na infância. Não deveriam lembrar-se dele, mas ver que ninguém o reconheceu era algo deprimente.

O dia parecia tristonho. As copas dos pinheiros começaram a ficar molhadas com os flocos de neve que começavam a cair há pouco. O céu desaparecera coberto pelas nuvens, deixando assim o azul ser substituído pelo cinza. As pessoas andavam na rua com seus agasalhos e roupas de marca, como se faltar no trabalho ou na faculdade fosse alguns dos motivos para ir ao inferno.

Nada parecia chamar atenção de Charlie, que vivia em seu próprio mundo, olhando de uma janela as pessoas. Quando ouviu bater o sinal, foi em direção a sua sala, porém algo o chamou atenção. Era Silena. Silena Bouvier!

Silena Bouvier era uma menina de descendência nativa e europeia, tinha a pele morena clara e cabelos tão negros como a noite. Seus olhos tinham cor de chocolate, e seus lábios tinham cor de vermelho sangue. Esse batom custou caro, pensou Charlie.

Não hesitou. Ele poderia até chegar atrasado à aula, mas ele estava diante da sua melhor amiga na infância... Ou melhor, a sua única amiga.  Assim que chegou perto de Silena, ele percebeu que ela estava vestida com um casaco preto, camisa branca, e saia xadrez. O típico uniforme de estudantes do colegial, que mesmo não sendo obrigatório, ela gostava de usar desde criança. De uma forma ou de outra, estava mais bem vestida que Charlie, que só usava uma regata, casaco preto, jeans rasgados, e all star.

Quando ele se aproximou de Silena, ficou corado, porém logo começou a abrir um dialogo.
– Hã, é, oi... Tudo bem? – Perguntou Charlie, coçando a cabeça de nervosismo.
– Não acredito que é você! Não pode ser! Charlie?! – Respondeu Silena, muito entusiasmada com os olhos brilhando.
– É... Sou eu sim!
– Não acredito!

Ela o abraçou por pelo menos um minuto, mas logo depois percebeu que Charlie estava muito acanhado, então o soltou.

– Nossa! Você mudou muito Charlie. Está mais alto, magro, e seus olhos parecem ter ficado claros. – Disse Silena, que parecia muito animada em reencontrar o amigo. Não estava o achando muito bonito, pois Charlie tinha o rosto coberto de acme e o cabelo seboso como quem não lava a cabeça há dias. Mesmo assim, não deixou de elogiar o velho amigo.
– Hã, é... você mudou bastante também. – Elogiou o garoto, ainda sem graça.
– Sim, sim... Agora é uma honra te ver, mais preciso ir logo, Phil está me esperando lá fora, e não quero me atrasar. – E assim Silena saiu correndo, como se estivesse atrasada.

Silena parecia muito diferente, pensará Charlie. Ela sempre foi generosa, mas pelo o que se lembrava, não era tão, tão bonita há ponto de deixa-lo tão acanhado como naquela hora.

O restante do dia de Charlie foi completamente chato, e mais nada o chamou atenção, tirando um professor baixinho e barrigudo de educação física. Seu nome era Antônio, e ele parecia ser o tipo de pessoa rabugenta que faz piadas para os outros rirem.

Outra coisa despertou seu interesse foi uma menina ruiva, que não conseguia lembrar o nome, embora o parecesse muito familiar. Ela era baixinha, assim como o professor Antônio, porém bem menor. Seus olhos eram claros e azuis como o oceano, e sua pele era branca como neve, de modo com que ela parecesse um sorvete de flocos por conta das sardas.

Quando o por do sol já caia, Charlie ficou mais uma vez olhando para a janela. E pensou várias vezes do porque o mundo era assim, e fechou os olhos, ditando uma prese em voz baixa:
– Querido Deus, sei que não sou uma pessoa religiosa. Não sei também quem é você, da onde veio, e nem se você sempre esteve comigo. Mas acredito muito em ti, embora não siga nenhuma religião.

Acredito no Deus que existe dentre de cada um, que nos dá força para continuar a lutar. Mas acho que você já me deu força demais, agora eu quero motivos. Motivos pra sair da rotina, e enfim, viver. Amém.

Após terminar a sua “oração”, coisa que Charlie sempre faz quando está se sentindo só, percebeu que estava acontecendo uma confusão no portão da escola. Achou que aquilo era só objeto de sua miopia, então pegou seus óculos do bolso e pode ver melhor o que estava acontecendo. Parecia um homem humanoide, e bom... Havia sangue. Muito sangue.

As sirenes não paravam de tocar, com tiros e balas, e antes mesmo dele raciocinar, uma criatura estranha, alta, corpulenta e peluda se pôs em sua frente. Seus pelos eram negros, e os olhos hipnotizantes como os de cobra amarelos. Media pouco mais de 2,00m de altura e seu rosto lembrava o de um canino.

Aquilo só poderia ser um demônio, pensou Charlie. Ou um lobisomem, embora ele não acreditasse naquelas coisas... Mas estava parado. Zonzo. Seu cérebro ficou punido de raciocínio e suas mãos estavam gélidas. Não expressava nenhuma reação.

E num instante, quando estava completamente desacordado, sentiu um vulto o jogando pela janela, antes que os monstros o atacassem. Era uma pessoa muito mais baixa que ele, encapuzada de vermelho, o que fazia com que a identificação dela parecesse impossível.

Charlie desacordou, deixando sua mente presa em seu próprio universo. E deixou seu destino nas mãos da estranha pessoa que lhe salvará.

Parte II – Silena Bouvier

Silena estava muito assustada com tudo que vinha acontecendo, e encontrou várias daquelas bestas comendo pessoas na rua. A pequena cidade de Times City, conhecida pela tranquilidade e lazer que oferecia a seus moradores estava repleta de caos e desordem, de modo com que tudo aquilo parecesse um banho de sangue.

Ela estaria bem pior caso não tivesse Phil, seu namorado, lhe protegendo. Ele era três anos mais velha que ela, e iniciou a faculdade há pouco tempo, e no fundo era um cara legal e “bonitão”. Tinha olhos escuros, cabelos claros, e uma barba mal feita. Possuía pouco mais de 1,80m e músculos bem definidos, o que faria qualquer nerd chorar pela mamãe. Seu porte físico era, de fato, muito avantajado e isso se devia ao fato dele jogar no time de futebol da cidade.

Eles estavam numa moto Honda amarela, presente de aniversário que o pai de Phil dera a ele. A gasolina já acabava, e eles tentavam ir pra outro lugar a máxima velocidade, enquanto Silena demonstrava enorme preocupação com seu pai. O Sr. Bouvier era o chefe de policia da cidade, um homem muito carrancudo, porém de bom coração.

Ele não pode ter morrido, pensará Silena. Vai ficar tudo bem.
– Há algo de errado você? – Perguntou Phil, em tom sério.
– Meu pai não entende o telefone de jeito nenhum.
– Ah, o meu também não. Mas vamos ficar tranquilos, os policiais logo, logo darão um jeito de contornar essa situação. Nunca vi lobos tão ferozes. – Phil tentava tranquiliza-la, mas isso parecia ir em vão, pois nem ele mesmo se encontrava tranquilo.

Quando ainda faltavam poucos quilômetros para atravessarem a ponte central que daria acesso a Toronto, foram parados por um grupo de policiais. Silena perguntou a um deles se seu pai estava bem, mas não obteve uma resposta concreta. Era só “sim”, “não” e “tá bom”.

Eles tiveram que contornar a situação, e quando já se afastavam do lugar onde ficava os policiais, ouviram vários tiros, vindo logo da mesma direção. A moto parou por conta da falta de gasolina, e a única coisa que Phil pediu foi para que ela não se mexesse.

Os tiros cessaram, porém ouviram-se gritos de dor, como quando uma mulher está prestes a dar a luz, ou algo muito pior, como bater o dedinho na madeira da porta.
– Amor... é... – Gaguejava Silena, preocupada.
– Oi?
– E se esses lobos nos atacarem, o que faremos?
– Não sei. Vamos lutar, ué. Pra que serve o amor? – Phil parecia confiante, e no fundo era uma pessoa muito boa. O tipo de gente que faria você rir independentemente da situação, sem precisar ser um palhaço babaca o tempo todo.

A noite já caia, e com o céu escuro e estrelado, ambos ficaram sentados embaixo de uma árvore, aquecidos com cobertores e comendo biscoitos de chocolate.
Quando o perigo parecia algo distante e Silena já caia no sono, Phil ouviu um barulho, e logo tratou de acordá-la:
– Vamos! Eles estão vindo!
– Eles quem...? – Perguntou Silena, ainda sonolenta.

Não bastou muito tempo para que a garota de olhos com cor de chocolate despertasse por completo. Assim que se virou para trás, deparou com a mesma criatura humanoide que aterrorizara Charlie, porém ela era um pouco diferente. Sua pelagem era cinza, e parecia ter uma estatura um pouco mais baixa, com a mesma altura de Phil.

Os olhos desta vez eram cinzentos e ainda mais psicóticos que os de antes, e ela já não andava mais sobre quatro patas, mas sim sobre duas pernas, como os humanos.

A criatura chegou lentamente perto deles, e Phil sacou um bastão de Beisebol da sua mochila como arma. Não parecia algo plausível, mas era a única coisa que poderia ferir aquele monstro. Seus olhos sanguinários estavam grudados em Silena, e quando ela praguejou para tentar atacar a garota, Phil interviu, agarrando-a pela barriga e lançando ladeira a baixo, para perto de um rio.

A noite estava escura, e tudo parecia difícil de enxergar. O chão coberto de neve ficava cada vez mais gélido, porém o humanoide não parecia sentir nenhuma diferença, dor, ou algo do tipo. Phil estava lutando há poucos minutos com ele, e percebeu que se fosse pela  força física nunca venceria. Optou então pela sua breve inteligência, que não era muito uma virtude sua, e atacou os olhos do lobo com pedaços de madeira quebrados do seu taco.

A criatura sangrava e relinchava, e então Phil saiu mancando e cheio de arranhões da então batalha. Parecia muito ferido, prestes a desmaiar, porém Silena o assegurou:
– Vamos, aguente! Você vai ficar bem... Pegarei um pouco de ervas medicinais na floresta, eu conheço algumas... E bom... Você vai melhorar.

A voz de Silena parecia cada vez mais distante dos ouvidos de Phil, que agora estava cada vez mais inconciente.
– Por favor... – Foi tudo o que ele disse, antes de desmaiar.

Phil, mesmo ferido, não tinha grandes chances de morrer naquele instante. Pelo menos não ali, nos colos de Silena, que ficava se culpando a noite inteira por ser inútil. Ele tinha dificuldades pra respirar, e bom... Se eles não recorressem a um médico dentro de algumas horas, a morte parecia ficar óbvia.

Seus cabelos escuros ficavam agora brancos sob a neve. Seus olhos cor de chocolate não eram mais doces, e sim amargos de dor.  Queria saber porque aquelas criaturas estavam lhe atacando, e porque logo seu namorado ficaria ferido, sendo que há outras sete bilhões de pessoas no mundo.

Assim que notou alguns movimentos ao norte da floresta, ela voltou para ver como Phil estava. Ele piorava cada vez mais, vomitando sangue, tendo hemorragias, e outras mil doenças que você só encontraria numa enciclopédia.

Ao voltar, deparou-se que a mesma criatura que o feriu estava de bruços, sobre ele, com a boca ensanguentada. Horrível. Não, não! Pensara Silena. Não pode ser!

Logo, o monstro virou seus então olhos cinzentos para a garota, que sem tempo para lamentar, partiu correndo para a escuridão da noite dando valor a sua própria vida.

Parte III – Alice Ivanov.
Alice estava achando, diferentemente das outras pessoas, que o apocalipse estava sendo algo completamente divertido. Ela conseguiu salvar algumas pessoas da escola, entre elas Charlie, o garoto depressivo e estranho.
– Só te salvei porque você é bobinho e bonitinho. – Disse Alice, para o então desacordado Charlie.

Ela se virou, e então seguiu para o sótão, onde se encontravam alguns sobreviventes. Pelo menos 70% da cidade faleceu, e ela não via a hora daquela madrugada acabar. Estavam todos escondidos no andar de cima do colégio, onde os lobos pareciam não ter muita inteligência pra chegar lá.

Alice reuniu ao total, contanto com Charlie, quatro sobreviventes nada interessantes. A primeira a ser resgatada foi à enfermeira da escola, uma bela loira chamada Elizabeth, que aparentemente não serviria para nada, a não ser ficar se exibindo seu corpo escultural para os rapazes. O segundo, e não menos importante, foi o professor baixinho e chato Antônio. Ele tinha um sotaque nativo falso e insuportável, e a única coisa que sabia fazer era dar cantadas em cima de Elizabeth. Já o terceiro, foi Dog, um “maluco doidão” que tinha nome de cachorro. Deveria ter pelo menos vinte anos, tinha cabelos castanhos claros sebosos, e uma barbicha horrível no queixo, que junto com sua magreza o faria uma cópia perfeita do Salsicha (personagem do Scooby Doo).

Porque eu fui salvar eles, pensou Alice. São três imprestáveis que estavam correndo de lobisomens famintos, que se comessem eles provavelmente teriam uma grande indigestão.
Piadas à parte, Alice era a única que sabia o que realmente acontecia. Ela era filha do melhor caçador de Times City, e sabia muito bem matar lobos, porque era o sustento dela. Vivia competindo com o irmão de Charlie, Tom, porém quase sempre perdia por ser mais nova e não ter tanta experiência.
– E então, quando você vai se revelar, chapeuzinho vermelho? – Perguntou o treinador Antônio, sarcástico.
– Ora, eu fiz um grande favor de manter um bunda mole como você vivo. – Disse Alice, verdadeiramente – Então não me decepcione. Eu matei três deles por causa de você...

Sobre a identidade de Alice, ela vestia um capuz vermelho sob a cabeça que lhe tampava toda a face, deixando assim somente sua boca e algumas sardas a mostra. Os longos cabelos ruivos que caiam sobre seu ombro também mereciam destaque.

Dog, que parecia ser o menos pior do grupo (ou não), também começou a conversar sobre os lobos com Alice. Ela parecia ser especialista no assunto. Depois de alguns minutos de bate-papo, Dog fez uma pergunta chave:
– E então... Quem é você, e porque usa esse capuz?
– Meu nome não lhe interessa, mas uso isso para caçar ilegalmente na floresta os lobos. Os lenhadores me chamam de A garota da capa vermelha. – Foi tudo o que Alice revelou, remexendo os lábios e parecendo muito irritada com o resto das perguntas.

Assim que o sol caía, todo mundo também dormia, menos ela e o treinador Antônio, que não parava de encher o saco sobre uma história falsa de que ele matou uns lobos. Alice achou que tudo era verdade, exceto que o animal era uma barata, e não um lobo.

Então Alice ouviu alguns ruídos no telhado. Não sabia muito bem o que era, então pediu pro professor ficar de bico calado lá, enquanto ela ia verificar o ocorrido, enquanto subia as escadas rumo ao topo do prédio. Alice percebeu pelas janelas que o tempo já havia melhorado, a neve estava derretendo, e alguns raios tímidos de luz entravam pela janela. Assim que abriu a porta, a garota da capa vermelha se deparou com o maior lobisomem de todos os tempos. Ele media por volta de 2.50cm, ou mais, ou menos. Não importava. Ela era baixinha e batia praticamente no joelho dele.

Os lobos maiores sempre são a grande vantagem, pensou ela. São grandes demais para serem mortos por lâminas, porém perfeitos para minhas agulhas e flechas. Se eu conseguir acertar a nuca dele...

O monstro humanoide parecia querer farejar algo, como se fosse deficiente de visão. Seu olfato parecia ser muito fraco, e sua audição também, por isso ela manteve distância. Empunhou em suas pequenas e hábeis mãos uma flecha, e com a boca segurava uma faca. – Ataque duplo – Disse Alice. – Nunca falha.

Quando estava prestes a matar o lobisomem, algum som ecoou por trás da caixa d’ água, muito similar ao de um choro. O lobo não demorou mais que segundos para perceber o som, e logo pulou em cima  da caixa d’ água, a qual a ele pensava ser uma presa. Estava errado, porém uma garota de pelo menos dezesseis anos saiu dali, chorando. O demônio sentiu novamente, e quando viu que sua tática falhou, Alice falou milhares de palavrões baixinhos, indignada.

Se já não bastasse três idiotas, agora mais uma?! Mas eram vidas humanas, e bom.. Ela reconhecia a menina. Parecia ser da sua escola, e sim, era Silena Bouvier!

Assim que o lobisomem partiu para cima da presa, Alice não demorou a intervir, cortando a nuca do demônio. Dentro de cinco segundos, ele já estava completamente morto, com a cabeça decepada e as pernas peludas cheia de flechas, o que o deixaram imobilizado.
– Você é muito mal educada, patricinha. – Disse Alice, rudemente – Deveria agradecer, sabia?

Mas a realidade era que a menina já estava fraca demais para responder. As duas foram para dentro, onde Alice pode oferecer certo conforto para Silena, como comida e abrigo.

Quando foi verificar se Charlie já havia acordado, a menina do capuz vermelho deu alguns remédios para febre. Sua testa estava quente e suada, porém ele não parecia estar muito adoentado.
Silena chorava em um canto, por conta do namorado. Dog discutia com Antônio sobre comida vegetariana, e Elizabeth lia uma revista de moda antiga.

Foi quando o querido Charlie abriu os olhos, que todo mundo pareceu feliz, exceto Silena, que estava aérea e nem percebeu.

Assim que acordou, o garoto então deprimido, falou com seu hálito de dipirona:
– Ah.. onde estou? Quem é você?
– Oi, bobinho. – Disse Alice, com seu sorriso vermelho e irônico – Você está na escola, há salvo...
– Não me diga... que... Tudo é verdade? – Perguntava Charlie, ainda zonzo e duvidoso.
– Sim, meu querido. É.
Após alguns minutos, Alice não hesitou, e então revelou sua identidade, tirando o capuz.

– Eu sou Alice – disse a menina – A garota da capa vermelha.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem até o final, abraços!