Broken Flower escrita por Fleur dHiver


Capítulo 28
Todos os caminhos levam a Suna


Notas iniciais do capítulo

Podem acreditar que é atualização de BF faltando dois dias para o ano acabar. ;x
Não podia deixar 2016 passar com a última postagem de BF sendo em setembro, além do que tinha prometido aparecer em dezembro. A ideia era ser no começo do ano, mas as coisas não saíram como o planejado. ;x
Capítulo dedicado a linda da Bella21 pela sua maravilhosa recomendação. É sempre um prazer encontra-la pelas minhas fanfics. Obrigada pelo carinho;*
Enfim, espero que gostem do capítulo e uma boa leitura a todos;*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/409045/chapter/28

O barulho era ensurdecedor. A força das pancadas era tanta que a casa toda parecia vibrar a cada nova porrada dada na porta. Foi com esse barulho que Suigetsu tinha acordado e agora se perguntava como a estrutura de mogno ainda não tinha partido com toda aquela agressão, ou melhor como a casa ainda se mantinha de pé.

— Karin!

A voz grave soou pelos quatro cômodos da residência. Apesar de não ser o nome dele que era chamado, Suigetsu empalideceu. A voz de Sasuke estava tão dura e diferente do usual. Não estava contida, isenta de qualquer emoção, muito pelo contrário. Como suas batidas, seu tom era de pura fúria.

Talvez Sakura tivesse contado, revelado o que fizeram. Aquela brincadeira maldita que ele sempre soube que não era bem uma brincadeira. Como queria matar Karin, tinha sido tão estupido em participar daquilo. Enquanto Sasuke gritava por ela, ele próprio queria ir atrás e escalpela-la. Claro que não se isentava da culpa, mesmo sabendo que não era por diversão em grupo, ele participou, na época achava que seria engraçado rir do casal, mas depois do tempo passado com Sakura ele se arrependia amargamente.

— Karin! Se você não abrir essa porta eu vou coloca-la abaixo — o lamurio do corredor atraiu sua atenção. Juugo estava a porta do seu quarto, as mãos na cabeça atormentado. Mas foi Karin, mais a frente, quem tinha feito o barulho. Tremia da cabeça aos pés, escorada na parede do corredor.

Suigetsu estava vendo a hora de Juugo ter um surto e sair destruindo tudo a sua frente e toda aquela cena que já deve ter acordado a pacata vizinhança só ficaria pior. Soltou um longo suspiro e mesmo temendo a irá de Sasuke deu o primeiro o passo em direção a porta. Fosse o que fosse não dava mais para adiar.

— Sasuke, eu posso... — mas o Uchiha não estava interessado em Suigetsu, assim que a porta foi aberta passou por ele como um trovão, empurrando-o para o lado e adentrando a residência.

— Onde ela está? — Bradou, olhando o aposento vazio e escuro. Caminhou em direção ao corredor dos quartos, mas antes que o cruzasse a avistou escorada a parede. — Você!

Juugo foi mais rápido e se interpôs entre Sasuke e Karin. O sharingan ativado a expressão de poucos amigos. Ele teve a certeza que, naquele momento, Sasuke seria capaz de matar Karin. Temeu por ela e por ele e por onde mais essa história seria capaz de chegar.  

— O que você fez, sua estupida? — Esbravejo sobre o agarre de Juugo que o arrastava para longe de Karin.

— Sasuke, você precisa se acalmar — Karin ainda tremia escorada a parede, Suigetsu estava parado no meio da sala fitando de um ao outro e Juugo tentava a muito custo trazer a razão ao seu companheiro.

— Me acalmar? Não! — o tom dele trovejava, deixando todos no recinto alvoraçados — Eu preciso saber o que ela disse a Sakura. — Juugo soltou o ar com pesar. Então era isso, ele já deveria imaginar. Fitou Suigetsu que desviou o olhar, atentando-se em Karin que observava Sasuke com os olhos esbugalhados.

Na-nada... — mesmo temendo toda a raiva que via transparecendo nos olhos dele, ela encontrou sua voz — você sabe como ela é... — o rugido de Sasuke fez com que ela tremesse ainda mais, tateando a parede e se esgueirando em direção a porta do quarto. O Uchiha se soltou dos braços de Juugo em um solavanco, deslizando pelo corredor escuro.

— Chega de mentiras! — Ela tentou fechar a porta do aposento, porém ele foi mais rápido e a barrou, forçando a porta a abrir. Karin correu para os fundos, escorando-se a parede próxima a janela.

— Eu já disse que não fiz nada! Ela é louca! — Com duas passadas, Sasuke já estava bem perto dela, socou a parede ao lado da cabeça dela ao ouvir aquelas palavras – a última coisa que queria era Karin falando qualquer coisa sobre Sakura – e ela estremeceu, começando a chorar. — Vai mesmo me atacar? Depois de tudo... — tentou traze-lo a razão, ergueu uma das mãos, mas ele a impediu de fazer o que sempre fazia.

— Sakura acredita que nós temos um caso — ela fungou, fugindo do olhar profundo, tentando soltar a sua mão. — Por que? — A voz dele era enganosamente calma, ela podia ver a raiva turbulenta que ele tentava esconder.

— Ela não entende, nunca entendeu... — outro soco na parede e o suspiro descontente de Sasuke, que Karin não ousasse testa-lo, não àquela altura dos fatos.

— Ela estava certa... o tempo todo... — ela ofegou perante aquelas palavras. Os lábios tremeram ligeiramente, fitando o pesar que caiu sobre o semblante dele.

— Eu não entendo... — mas ele não a ouvia, continuava a devagar em sua própria linha de pensamentos.

— Não era mero ciúme da parte dela, tinha uma razão. Eu deveria...

— E por que isso importa agora? — Esbravejou Karin, descrente de estar vendo aquela expressão pesarosa, ouvindo aquelas palavras. Não era amor, ele não a amava, era culpa, assim como por ela. — Você pode dizer que não, mas sempre soube que eu a provocava. Não é possível que não soubesse. — Sasuke fechou os olhos, a expressão endurecendo outra vez.

— Ela não iria embora por uma mera provocação. Você fez ou falou algo a mais. — massageando as têmporas e se afastando do ponto em que Karin estava.

— Isso não fazia diferença antes. Você não dava importância ao que ela falava, ao que ela ouvia, mal a ouvia. — Karin foi na direção dele, enquanto o Uchiha voltava em direção a porta do quarto. — Você não esteve com ela na noite de núpcias, saiu do seu próprio casamento — a voz estridente dela pareceu ter tomado todo o quarto, ecoado em seus quatro cantos — Por que faz agora? O que importa agora? — O grito dela o trouxe de volta.

— Importa tudo! Eu a mantive por perto por... — nem ele sabia. Existem diversas formas de se remediar a culpa, não precisava ser como foi — Não faz mais diferença. Eu não imaginava que você pudesse fazer algo contra ela, não que chegaria a esse ponto.

— Eu não fiz nada!

— Não minta para mim! — O grito dele a fez recuar e se sobressaltar outra vez. — Eu quero que você suma. Se me encontrar pela Vila retroceda, passe pela outra calçada. Não olhe para mim, não fale comigo. E que Deus me ajude se você chegar perto da Sakura outra vez — ela soltou uma arfada alta, fitando-o cheio de incredulidade. A respiração descompassada e o coração a mil.

— O que? Não! Não... você não pode fazer isso comigo — estava histérica, desnorteada por aquelas palavras que ele tinha proferido —, depois do que fez a mim. Você...

— Chega! Chega! Eu não aguento mais essa história. — Juugo e Suigetsu observavam, aturdidos, a discussão da porta do quarto e quando Sasuke veio em direção a eles, deram passagem, Karin veio logo atrás.

— Você não se importa de verdade com nenhuma de nós duas. Eu não entendo porque só ela mereceu um pedido de casamento. Por que? Por que? — Tentou puxa-lo pela camisa, mas Sasuke encolheu o ombro, repelindo o toque com o braço. Ela berrava a plenos pulmões — Você pode ter tentado ataca-la diversas vezes, mas foi a mim que acertou. O meu coração é que foi transpassado. Não o dela! — Sasuke se virou como uma fera pronta para dar o bote.

— E é por causa dela que você está aqui — o grito dele a silenciou, obrigando-a a engolir essa verdade que odiava. — Lembra-se disso? Foi ela quem salvou você, foi ela quem permitiu que não morresse e não estou vendo nenhum um pingo de gratidão da sua parte. Por que eu tenho que continuar a tolera-la? Por que eu tenho que continuar a pagar por isso?

— Você não me tolera! É mentira isso, não é tolerar... é... você... — ele a estava destruindo. Virou-se de costas para Sasuke, cruzando os braços em frente ao corpo.

— Eu sinto muito ter acertado você para conseguir matar o Danzou — ela não queria ouvir aquele pedido de desculpa, não naquele tom indiferente, aquele tom fatigado. Poderiam ser as palavras que sempre sonhou saindo da boca dele, mas o momento estava errado. — Sinto muito por ter feito tão pouco de você e eu sinto muito não ter percebido o que estava fazendo ao permitir que continuasse na minha vida... por ter feito você achar que a Sakura não importa — Karin se virou para fita-lo.

— Não.

— Eu não sei que tipos de mentira você andou contando, mas eu vou buscar a Sakura e quando ela voltar você vai pedir desculpa a ela por tudo que disse, por tudo que inventou.

— Eu não vou precisar sumir, não é? — Ela junto as mãos em frente ao corpo, tremula. — Você só falou aquilo por...

— Vai. Isso não mudou. Eu quero distância de você. — O tom duro e inflexível doeu mais do que se ele a tivesse batido nela, mas do que o golpe que a marca ela carregava em seu corpo, que Sasuke a perfurasse uma segunda vez a repetir aquelas palavras.

Karin desabou no chão acarpetado, mas ele não permaneceu no cômodo para ver o estrago que tinha feito. Já tinha cruzado o batente, tomando o caminho para sua própria casa. Arrumaria sua mochila de viagem e partiria ainda hoje. Naruto não disse, mas sabia que ela estava em Suna, esperava que estivesse lá. O maldito do Kazekage tinha oferecido abrigo, para onde mais ela iria no estado em que estava?

— Sasuke. Sasuke... — o Uchiha diminuiu o ritmo das passadas ao avistar Juugo vindo em sua direção. Soltou um suspiro passando as mãos pelos cabelos.

— Eu sinto muito ter feito você e Suigetsu presenciarem aquela discussão... — Juugo levantou uma mão, impedindo que continuasse.

— Eu quem devo pedir desculpas a você. — Sasuke parou de andar, fitando o grandalhão com uma das sobrancelhas erguida em surpresa — Eu... eu não me orgulho do que vou dizer — dava para perceber que a confissão o embaraçava e o enchia de culpa. — Há alguns meses a Karin veio falar comigo e com o Suigetsu sobre querer fazer as pazes com a Sakura. — Sasuke cruzou os braços em frente ao corpo, atento as palavras. Juugo engoliu em seco, mantendo a vista baixa, incapaz de encara-lo naquele momento. — Ela disse que queria fazer uma brincadeira, uma última provocação e enterrar todos os maus entendidos, que tinha aceito que você fez uma escolha. Ela queria que a gente confirmasse que você tinha pedido outra em casamento antes de Sakura. — Sasuke se agitou, mas Juugo continuou a falar:

— Eu sei, eu sei. Quando ela disse eu não quis participar, mas ela falou que não era por mal e que logo desfaria o mal entendido. Seria só uma provocação que ela queria ter uma amizade como a de Ino com a sua esposa. Elas vivem alfinetando uma a outra, mas ainda são amigas. — Juugo abaixou a cabeça envergonhado. — Eu gosto tanto das duas. Eu queria desesperadamente que elas se dessem bem para que todos nós pudéssemos ficar bem juntos e eu faria qualquer coisa por isso. Karin jurava que era o que ela mais queria também então... — ele puxou o ar, respirando fundo.

— Você topou e disse a Sakura o que Karin queria... — Juugo acenou com a cabeça, ainda abaixada.

— Eu já sei há um tempo que tudo aquilo foi uma armação da Karin, eu tentei obriga-la a dizer a verdade, mas ela não me ouvia. Tentei falar algumas vezes com a Sakura também, mas algo sempre acontecia nesses momentos e acabava ficando para depois... não me empenhei como deveria. Não queria admitir, me sentia tão culpado que fugia. Não me esforcei o suficiente para desmentir. Eu poderia... eu deveria... — a culpa de Juugo era palpável e a raiva de Sasuke só aumentava — eu deveria saber que era tudo uma armação... — Juugo ergueu os olhos, fitando o antigo companheiro de time. — Sakura ainda acha que você pediu Karin em casamento antes de pedir a ela. — Sasuke fechou os olhos com força, soltando outro longo suspiro.

— Karin lhe disse exatamente o que falou a Sakura? — Juugo negou com um aceno de cabeça, ainda mais infeliz por não poder ajudar nem nisso. — Tudo bem, agora eu preciso ir Juugo.

— Sasuke... — o Uchiha voltou a fitar o antigo companheiro de time. — Eu também preciso me afastar? Eu também preciso sumir?

— Não. Não precisa. Mas se quando a Sakura voltar e não o quiser por perto eu apoiarei a decisão dela.

— Tudo bem, eu entendo. Eu aceito — Sasuke aquiesceu e voltou a seguir se caminho, dessa vez só.

Sua cabeça estava cheia, em partes, Karin estava certa. Ele sabia. Claro, ele não sabia tudo, nem agora ele sabia a profundidade das coisas que ela disse a Sakura, tirando a confissão de Juugo. Sempre existiu uma animosidade entre elas, não precisava de muito, Sakura não gostava de Karin por perto desde sempre e isso não importava para ele. Tinha feito uma escolha e deveria ser o suficiente para ela.

Sentia-se culpado por ter tentado matá-la e quase tido êxito, não tinha razão para afasta-la, tira-la do time. Sakura teria que lidar com isso. Quando as acusações vieram ele enxergou apenas o ciúmes, quando ela pediu o divórcio e Sasuke questionou mais uma vez Karin ela disse que não tinha feito nada e o recriminou por ter passado as núpcias em uma missão. Alegando que isso tinha alimentado a insegurança de Sakura e que era ele quem as estava virando uma contra outra.

O que deveria ser um dia “especial” para o casal ele passou fora. Passou com seu time, fazia sentido Sakura continuar a achar que tinha algo com Karin por tudo isso. Ela enxergou a lógica de Karin. Ele acreditava que ela era tão agradecida por tê-lo por perto que não faria nada contra Sakura. Porque era isso que ela dizia:

 

“Ela não gosta de mim, sempre vai inventar coisas, ter suspeitas, ver tudo em tons vermelhos”

“Eu não fiz nada, estou com Suigetsu agora” — Ela estava? Pensando bem nunca os viu em um encontro sequer.

“Depois de tudo suas suspeitas me ofendem. Eu daria minha vida por você e ainda acha que sou eu que estou induzindo sua esposa?”

 

Também não a garantias que tenham sido apenas Karin. A carta de Gaara ainda queimava em seu bolso e ele insinuava que tinha um caso com a ex-companheira de time. Não fazia ideia do tempo em que Sakura tinha aquilo em mãos, só suspeitas. Não sabia se houveram outras, com toda certeza aquela briga em que Sakura disse com todas as letras que não queria Karin em sua casa tinha ocorrido depois do recebimento desse maldito papel.

Ao chegar em casa ele foi direto para o quarto, preparar sua mochila para uma viagem até Suna. Sakura precisava estar lá, não queria pensar que estava errado e que ela pudesse estar em outro lugar. Colocaria aquela Vila abaixo junto com o líder deles até encontrá-la. Ninguém o impediria de falar com sua esposa.

Poderia não ter se importado com ela no começo, poderia ter se mantido fechado e arredio por um longo tempo, mas agora as coisas eram diferentes. Agora tudo era diferente e ele ousava pensar que com ela tudo sempre foi diferente, ele só gostava de ir contra ao certo. Trilhava sempre o pior caminho. Recusando-se a aceitar o amor. Durante muito tempo achou que suas ações com ambas – Sakura e Karin – tinha sido pautada pela culpa, agora podia ver com clareza que esse pensamento só se aplicava a uma delas.

Colocado dentro da bolsa todos os itens que necessitaria para essa viagem, Sasuke se preparava para sair de uma vez, quando parou mais uma vez para observar o closet. A caixa que deveria ter recebido em algum momento daquele intenso casamento ainda estava sobre a plataforma no canto de Sakura. Abriu a caixinha e tirou o chocalho de prata, guardando-o em seu bolso.

Estava pronto para buscar a esposa.

Sua caminhada para a saída da Vila foi curta. Antes mesmo que chegasse aos portões notou a figura sentada no banco há alguns metros da saída. Naruto esperou que Sasuke estivesse bem perto do local em que estava para se levantar e parear com o melhor amigo. Ombro a ombro eles continuaram a caminhar.

— Não acho que você deva ir hoje — tentou tocar no ombro do Uchiha, mas esse rechaçou o contato. — Sasuke, volte para a sua casa, se acalme e amanhã você vai atrás dela. Eu posso enviar uma mensagem...

— Então ela está mesmo em Suna? — Naruto desviou o olhar fitando o caminho a frente.

— Talvez.

Sasuke estreitou os olhos, agarrando o Uzumaki pela gola da camisa e o puxando para junto de si.

— O que mais você está me escondendo? — A voz dele saiu como um rosnado baixo e ameaçador. Sasuke já tinha ultrapassado os limites de sua paciência. Naruto o afastou de si com um empurrão.

— Nada, só que... Suna não é o ponto final, mas sim o inicial — um vinco surgiu na testa de Sasuke, confuso por aquela afirmação feita pela o Uzumaki.

— Como assim? O que você está dizendo? — Naruto suspirou perante o questionário, passando a mão pela nuca.

— Ela foi para Suna, mas não iria ficar lá. — Sasuke estava sério, sua cabeça trabalhando arduamente com mais aquela informação — Era apenas uma pausa para ela se esconder e formular uma estratégia. Pensar em um outro lugar para ir. Sakura sabia que mais cedo ou mais tarde você ia descobrir que a missão era uma mentira. Saiu daqui às pressas, não se planejou, Suna seria para isso.

— Para onde ela ia depois de Suna? — já tinha mandado o autocontrole para longe. O desespero era palpável em sua voz.

— Não faço ideia, nem ela faz. Acho que não me diria de qualquer forma, não diria a ninguém.

— Tudo isso para se esconder de mim...? — Naruto viu transpassar algo no semblante de Sasuke ao perguntar isso, mas antes que tomasse ciência do que ele já tinha desviado o olhar, virando-se para o lado contrário.

— Sasuke, ela quer ficar só. Ela precisa desse tempo, podemos fazer como eu disse e voltar, enviar uma mensagem...

— Não, eu não posso ficar! — Sasuke fitou o melhor amigo quase desesperado — Você está me dizendo que ela vai se enfiar sabe-se lá onde e quer que eu espere? Que eu me acalme? Não! Eu preciso sair agora, eu preciso chegar em Suna para ontem, Naruto. Você tem noção disso?

— Ela não te quer por perto! — O silêncio entre eles após essa sentença foi agourento, tenso. O Uzumaki umedeceu o lábio inferior, respirando fundo. —Você tem noção disso?

— Tenho.

— Então, Sasuke, a gente dá um jeito de trazer ela sem você ir. Eu mando uma mensagem para Sakura, para o Gaara... — ao ouvir aquele nome sua expressão endureceu outra vez.

— Não! Você não vai mandar mensagem nenhuma para ele. Eu vou.

— Sasuke...

— Eu preciso falar com ela, esclarecer as coisas.

— E se ela não quiser voltar? — Tinha voltado a caminhar, mas ao ouvir aquilo parou, outra vez, abaixando a cabeça.

— Então ela não volta — pela primeira vez naquela noite Sasuke lhe pareceu exausto, a ponto de cair e apagar por dois dias inteiros e Naruto teve pena do amigo como nunca antes sentiu — Mas eu preciso ir. — Não o segurou. Não o impediu. Observou Sasuke caminhar a passos decididos para fora de Konoha. Tendo a impressão de que talvez Sakura não estivesse tão certa quanto imaginava.

O caminho para Suna foi puxado. Essa era uma viagem que em média se levava uns três dias para completa-la. Nesse tempo os viajantes chegavam a Vila Oculta da Areia – ou ao menos ao cinturão de areia que cercava o local – descansados e se fossem ninjas com as suas reservas de chakra cheias para enfrentar qualquer adversidade. Porém Sasuke não dispunha desse tempo.

Qualquer segundo era valioso para ele e três dias era um luxo, quase uma miragem. Um dia era muito, quem dera ele pudesse ter saído de Konoha e em menos de duas horas já estar em Suna. Seria um balsamo para os seus nervos em frangalhos. A perspectiva de Sakura fora da Vila de Gaara ao invés de tranquiliza-lo apenas o perturbava mais e as chances dela não estar mais lá quando ele chegasse eram muitos. Esse pensamento era um animo e uma tortura.

Torturava-se com a ideia de não encontrá-la e ter perdido de vez seu paradeiro, o que o fazia ir com mais velocidade, mais vigor. Suas pausas foram religiosamente controladas e dormir era algo totalmente dispensável para ele. Poderia passar dois dias acordado sem problema e estava contando que conseguiria chegar a seu destino com um dia e meio de viagem.

Foi por muito pouco que não bateu o horário planejado, levou um dia e 15 horas para cruzar os portões da Vila Oculta da Areia, o sol e o mormaço reinando nas dunas quentes e poeirentas. Quase foi pego por uma tempestade de areia.

Ao entrar na Vila tirou o pano que cobria o rosto e tomou o caminho para o centro. Não fazia ideia de onde Sakura poderia estar, muito menos conhecida Suna, no entanto se tinha algo que poderia dizer sobre toda Vila Ninja era que o prédio do Hokage sempre se destacava dos demais e era em direção a esse prédio de destaque que ele trilhava seu caminho.

Porque se não sabia do paradeiro de sua esposa, tem quem soubesse e o maldito estava lá e que não fizesse joguinhos com ele. Porque depois de tudo ele queimaria aquele lugar sem dó nem piedade. Mas não foi preciso entrar no prédio, não foi preciso nem mesmo chegar perto dele. Gaara apareceu no meio do seu caminho, a expressão apática e comum toldando sua fisionomia.

— Sasuke, eu já esperava encontroá-la por aqui — a voz monótona, o enervou —, devo dizer que você até demorou para aparecer. — Sasuke respirou fundo, a vontade de acabar com aquele maldito não tinha procedentes. Mas sabia que como kage, deveria estar rodeados de ninjas para sua proteção e ele não tinha chakra para todos.

— Onde ela está? — Prático e direto, Gaara já esperava isso e deu até mesmo um ligeiro sorriso.

— Existem formas adequadas de se comporta perante autoridades. — Sasuke trincou os dentes, respirando fundo.

— Onde. Ela. Está? — Cada palavra saiu marcada, mal se continua para dizer.

— Ela não quer ver você — o tom comum deixado para trás, a frase foi dura e fria.

— Mas eu quero vê-la.

— Isso não vai ser possível. — Sasuke soltou uma bufada de ar, a raiva queimava tão forte em seu peito que respirar estava difícil, falar então... quase impossível, mas ele disse mesmo assim. Em um tom grave, profundo e cortante disse:

— E quem vai me impedir?

Página: Fleur D'Hiver


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A tensão explodiu, mais verdades sendo reveladas, eu disse a vocês que até o final todo os pontos seriam colados em xeque e viado, segura os corações que a Sakura aparece no próximo capítulo e quem sabe um fight daqueles para temperar esse momento GaaSasu
Espero que vocês tenham curtido o capítulo, eu peço desculpas pela demora. Desejo a todo mundo um felicíssimo ano novo. Muita felicidade, paz, prosperidade e amor no coração de vocês.
Capítulo passado marcou mais de 50 comentários, além dos que foram feitos espaçados em outros capítulos. Eu não tenho palavras para agradecer todo esse carinho e toda essa recepção de vocês. Foi lindo, eu amei tudo e estou me desdobrando para responder todo mundo. ♥
Não deixem de me dizer o que acharam e até a próxima.

Ps: Só aceito exigência de capítulo novo a partir do 10 de janeiro ashaushaushasuhasua