Broken Flower escrita por Fleur dHiver


Capítulo 26
Ele Voltou para Casa


Notas iniciais do capítulo

Rufem os tambores que BF chegou!!
Como vocês estão muchachas? Espero que bem nessa tarde solar ;D
O título já é alto explicativo então nem vou me alongar.
Só queria lembra-los que na luta contra o Danzou o Sasuke feriu a Karin para acertar o outro. Lembram disso? Ele a atravessou com o chidori na parte central do colo, ok? ok
Grandes trechos em itálico são lembranças.
Espero que gostem, uma boa leitura a todos;*



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“Sai em uma missão médica. Não sei quando volto.

O Almoço/jantar está na geladeira.

Ass. Sakura”

 Essas foram as palavras que o saudaram. Nada mais, nada menos. Sasuke ficou observando por um tempo o pequeno bilhete amarelo colado a porta da geladeira até arranca-lo e subir para um banho. Estava cansado, exausto melhor dizendo. Tinha dado o máximo de si para terminar sua missão o mais depressa possível, queria estar em casa logo, ou melhor achava que precisava.

Aquela noite, as palavras, a preocupação a tempos inexistente. Tudo pareceu como um sinal, uma possibilidade. Sakura estava pronta para começar de novo e ele também, do lado certo dessa vez pronto para mostrar isso. Mas...

A casa vazia, não queria dizer nada. Imprevistos acontecem, eles eram ninjas. Foi uma decepção, não podia negar isso. Não tinha considerado essa possibilidade, pois fazia tanto tempo que Sakura não pegava mais missões que ele esquecia que ela ainda estava na ativa e não apenas responsável pelo hospital.

Não conseguia nem mesmo lembrar quando foi a última missão que ela saiu. Um pouco ante dele pedi-la em casamento, talvez, algo nessa época. Desde então todo serviço dela era na Vila, jamais se oporia ao trabalho de Sakura, porém o momento não tinha sido dos melhoras. Não lhe restava o que fazer a não ser esperar.

Largou a mochila de viagem em cima da cama, sem se preocupar em desfaze-la agora. Foi caminhando em direção ao banheiro, retirando seu uniforme ninja no caminho. Podia ver aquela situação por outra perspectiva, o que pretendia dizer, poderia ser mostrado dependendo do tempo que ela levaria para voltar e isso era um ponto mais que positivo, visto que ele não era dos mais eloquentes.

Quando a água gelada bateu em suas costas ele suspirou, fechou os olhos e permitiu-se relaxar, esquecer toda a tensão que carregava nos últimos tempos. Sua vida parecia finalmente estar entrando nos eixos e, se a mensagem foi compreendida com clareza, em todos os âmbitos possíveis, nada para trás.

Desligou o registro, passando as mãos pelos cabelos e tirando o excesso de água. As toalhas que Sasuke costumava usar ficavam a direita, mas hoje ele decidiu usar a da esquerda. Secou-se com ela, foi até o closet pegar apenas uma calça, quando voltou para quarto deitou na cama, pegando no sono logo em seguida.

O cansaço o levou a dormir até a noite, sem intervalos, nem mesmo a fome o despertou. No entanto ainda não era o suficiente para as velhas questões. Acordou no meio da noite, sobressaltado, a respiração acelerada, coçou os olhos observando o resto do colchão vazio, isso não serviu para tranquiliza-lo.

Saiu do quarto e foi para a cozinha, pensou em pegar algo que Sakura tinha deixado pronto, mas ao todo era uma refeição pesada para o horário, pegou um dos onigiris e foi para o jardim dos fundos começar a sua meditação. O céu noturno brilhava com seus diversos pontinhos luminosos, mas a lua não estava a vista, Sasuke ficou observando a negrume por um tempo antes de fechar os olhos e controlar sua respiração.

Pela fresta da janela as cortinas balançavam com o vento noturno. Com os dedos ele afastou as mechas da frente do rosto dela, passando as mãos pelos cabelos macios, jogando-os para trás sempre que insistiam em voltar a tapar o rosto dela.

Ela estava com os olhos fechados, mas sabia que não dormia, parte do dorso nu descoberto, deitado de bruços e ele espremido no canto contra a parede na minúscula cama de solteiro.

— E então?

Os lábios rosados tremiam para tentar segurar o sorriso que teimava em querer aparecer. Os olhos dela se abriram, inconfundíveis, quentes e profundamente verdes.

— Eu quero, eu aceito...

A voz dela foi um sussurro no meio da noite, um sussurro que ele ouviu com clareza. Parou de mexer nos cabelos dela, descendo as mãos para a pele exposta, abraçando e puxando para junto de si, seus lábios descendo e roçando no pequeno nariz até encontrar os lábios rosados e aveludados, pronto para perder-se neles.

A meditação o acalmou, mas não esvaziou sua mente. Correu, viu o sol nascer, se exercitou e depois de um banhou resolveu levar o relatório de sua missão a Hokage. Não tinha mais o que fazer de qualquer forma. Antes passou os olhos pelo o que Karin e Juugo tinham escrito, certificando-se de que tudo estava correto, juntou-o com a sua parte.

Ainda era cedo e as ruas não estavam abarrotadas de gente, apenas uma pessoa ou outra, enquanto o comércio já começava a abrir as suas portas. Não foi sem surpresa que avistou Naruto caminhando despreocupado àquela hora da manhã.

— Dobe.

O chamado o sobressaltou e Sasuke parou de caminhar antes de se aproximar do amigo, estranhando o susto que seu antigo companheiro tinha levado.

— Teme! Eu... nossa, teme! É você! — Naruto sorriu, coçando a cabeça, mas não era o sorriso idiota e comum dele, era apreensivo e nervoso. Sasuke franziu o cenho.

— Está tudo bem? — a pergunta surpreendeu Naruto que deu uma risada nervosa, cruzando os braços em frente ao corpo.

— Sim, comigo tá. O que faz na Vila? Achei que estava em missão. — Sasuke ficou em silêncio apenas encarando Naruto, tentando entender os sinais controversos que seu amigo emanava.

— Eu estava. Cheguei ontem — ao ouvir isso Naruto tropeçou, Sasuke tratou de acompanhar as passada dele — Naruto?

— Eu achei que você, quer dizer, sua missão... — os lábios estavam secos, engoliu em seco. Sabia que estava sendo patético, mas isso era fora do plano. Só Sasuke só deveria voltar no final da semana. — viu algo de diferente?

— O que eu poderia ver?

— Não sei, muitas coisas... talvez... talvez... — Sua esposa fugindo. Encarou os olhos negros do amigo e logo desviou, dando outra risada nervosa, aquela deveria ser a terceira em menos de cinco minutos. — Sakura...

— Está falando da missão? — Naruto o encarou sem responder ao questionamento.  — Eu vi o bilhete na geladeira. Sabe quando ela partiu? — tentou relaxar, apesar de ser obvio que seu comportamento não era como o normal e Sasuke já tenha percebido isso, as coisas estavam acontecendo como Sakura disse. Ele acreditou nela e acreditaria nele...

— Ontem, ontem pela manhã. Era isso que eu queria saber, se você a viu. Muita coincidência você chega no dia que ela... partiu. — passou a mão pela nuca, arrepiando os cabelos claros.

Hum. Não, não a vi. — Franziu o cenho tentando lembrar de algo que possa ter passado despercebido ao seu retorno a Vila. — Nem rastro de equipe médica. O caminho estava vazio. Enfim, sabe quando ela volta? — Naruto o encarou por um momento e então baixou a cabeça respondendo com um aceno negativo. — O que você tem? Problemas com o pai da Hinata oura vez?

— Não... sim, você sabe. Estou ansioso, o bebê... — ele achou uma ideia muito ruim falar sobre seu filho agora, encarou Sasuke e desviou o olhar — e é melhor eu ir, a Hina me espera para... enfim, ela me espera. — O Uzumaki podia sentir o olhar de Sasuke queimando em sua pele, mas não se virou para se despedir ou tentar arrumar as coisas só pioraria.

Nem ao menos pode se despedir de Naruto, mas enquanto via o Uzumaki virar a esquina pensava que não ter os pais de Sakura por perto não era de um todo ruim. De todos os problemas que ele já enfrentava ter que lidar com sogros não era algo que desejasse. Mas ela deveria sentir falta deles, nunca parou para pensar sobre isso antes.

(...)

Comeu mais um biscoitinho, observando o relógio da cozinha, daqui a pouco ela estaria atrasada para a consulta. Onde estava Naruto? Deveria ser só um lamen, pegou a bolsa em cima do sofá e foi para o hall calçar os seus sapatos. Ela sabia que comer lamen a essa hora da manhã, não era algo normal, mas era seu marido e ela entendia suas esquesitices, ainda mais quando ele dizia que só isso o acalmaria para ver o bebê.

E ele já estava uma pilha, mal dormiu, Hinata o queria calmo, mas não deveria demorar tanto assim. Levou as mãos a maçaneta, mas a porta abriu de repente, Naruto a segurou os olhos azuis sempre gentis, aflitos.

— Ele voltou! Sasuke voltou. — A Hyuuga o abraçou de volta assim que recobrou o equilíbrio passando as mãos pelas costas de seu marido. — Nós nos encontramos e eu falei um monte de idiotice, eu não vou conseguir...

— Calma, o que disse a ele? Falou sobre a Sakura? — Naruto se desvencilhou dos braços dela, respondendo com um aceno negativo.

— Mas foi quase, eu fiquei nervoso.

— Ele percebeu?

— Sim, mas acha que é por causa de seu pai. — Naruto corou, mantendo a cabeça abaixada, mas Hinata apenas sorriu dando um beijo terno na bochecha do marido. — Ele acha que a Sakura saiu mesmo em missão

— Está tudo bem, é convincente, papai já te estressou bastante. Por ora talvez seja melhor evita-lo. Quer mandar algo a Sakura? — Naruto a encarou, acalmando-se com as caricias suaves de Hinata.

— Ela ainda não chegou em Suna, não vou conseguir falar com ela. Além do que ele, realmente agiu como ela disse... então...

— Naruto?

O chamado de Sasuke os pegou de surpresa, na verdade o pobre Uchiha se pegou surpreso com a cena. Naruto e Hinata estavam a porta de sua residência, semi-abraçados. Sasuke desviou o olhar, não queria invadir a privacidade do amigo, talvez não fosse uma boa hora para aparecer.

— Desculpa, eu só queria perguntar uma coisa. — Hinata fechou a porta as suas costas, parando ao lado do marido — Sabe me dizer se a Sakura queria morar na casa dos pais dela?

— O que? A casa dos pais dela? — O casal se encarou, confusos com o questionamento de Sasuke.

— É. Alguma vez ela mencionou que queria ficar lá ou que ainda queira? — Naruto coçou a cabeça, totalmente perdido, observou a rua a sua frente, tentando achar nexo ou a resposta que Sasuke buscava.

— Não, eu... não, acho que não. Não que eu me lembre. Mas vocês tem uma casa, quer dizer... — Fitou Hinata outra vez, mas essa apenas deu de ombros voltando a fitar Sasuke que olhava de um ao outro.

— Sim, nós temos. Obrigado, Naruto. Não quero atrapalhar. — Apertou o relatório em seus dedos, despedindo-se com um aceno de cabeça e deixando o casal confuso para trás.

— Você entendeu alguma coisa? — Perguntou Naruto enquanto Hinata observava Sasuke se distanciar deles.

— Eu... Naruto, acho que a Sakura pode estar errada.

(...)

Era estranho entrar em casa e não ouvir som algum, voltar e não encontrá-la. O pior é que o vazio era acompanhado de uma fragrância doce e característica. O cheiro de Sakura ainda estava impregnado nos aposentos, para onde ele ia era acompanhado de uma presença fantasma, como se assim que ele cruzasse um batente ou abrisse uma porta ela fosse aparecer. O odor era o sinal, sinal de que Sakura estava em casa, mas ela não estava e mesmo aquilo com o passar do tempo foi se tornando cada vez mais ínfimo.

— Deveria ter chamado a princesa para treinar com a gente. — Disse Suigetsu dando um gole de seu cantil d’água, secando o suor com a manga da blusa, ignorando completamente o olhar irritadiço que Karin lhe lançou após a fala. — Faz tempo que ela não aparece... — Juugo remexeu no lugar que estava, fitando Sasuke terminando de fazer sua série de aquecimento.

— É... mas não tinha como ela vir. — Não os encarou, arrumou a postura, mexendo os ombros e arrumando sua roupa. — Saiu em uma missão.

Hum. Não sabia que a princesa ainda pegava missões. — Sasuke o fitou irritado, não tinha cabimento ele estar questionando ou se incomodando com aquelas coisas, não devia satisfações a Suigetsu. Porém seu estado de espirito foi totalmente ignorada.  — Quando foi que ela saiu? Quando volta?

— Nada disso é da sua conta. Vamos lutar logo! — Suigetsu deu uma risadinha pelo tom autoritário e antes que revidasse, Karin se enfiou entre os dois, pulando na frente de Sakura.

— Espera ai! Se ela não está em casa significa que nós vamos poder

— Não.

Sasuke a cortou e Karin que estava toda sorridente o fitou abismada, jogou os braços para cima, incrédula.

— Mas foi ela que me proibiu de ir lá. — Sasuke soltou um longo suspiro, fitando um ponto qualquer no gramado. — Tudo bem, é sua esposa — a palavra saiu quase como um grunhido — e maridos fazem as vontades das esposas, mas ela não está aqui! Então...

— Então isso não muda nada.  

— Sasuke! Você só pode estar brincando.

— Eu não brinco.

— Sasuke, sou eu... foi ela que partiu para cima de mim... — nenhuma das palavras dela estavam tendo o efeito desejado nele. — você não vê que isso é um absurdo? Nós somos companheiros de time, treinamos juntos, as vezes saímos em missão e eu nunca mais vou poder pôr os pés na sua casa? — ele não a respondeu e o silêncio foi mais incomodo para ela do que outra negativa. Estava resoluto, as coisas deveriam ter mudado, ela esperava que tivesse mudado. Sakura mal falava com ele e ela sabia, mas mesmo assim...

Soltou um longo suspiro, os dedos finos de Karin deslizaram do ombro ao meio do colo, batendo de leve na marca ligeira quase imperceptível em sua pele, porém sempre gritante para Sasuke, ele acompanhou o movimento e então a encarou, apenas para encarar o obvio.

Em outros tempos ele não teria visto nada demais, ele não teria percebido, porque aquela linha tênue que marcava a pele dela era visível aos seus olhos em qualquer situação. O resto era o resto, ele se deixaria levar e não pensaria que estava sendo manipulado, mas agora era só o que ele enxergava. O que deveria ser sutil, o que não deveria ter conexão tinha e era falso e dissimulado. E ele se perguntava se sempre tinha sido daquela maneira.

— Vamos lutar, Suigetsu.

(...)

De tudo que Sakura tinha preparado só sobraram seis onigiris. Sasuke decidiu pegar apenas dois e deixar os outros para mais tarde. Enfiou um na boca e abriu a porta de correr da cozinha, meditação era a única coisa que o salvava. Sua cabeça andava tão cheia que as vezes, ele precisava sentar e relaxar ao menos quatro vezes em um dia.

Sentou-se embaixo da velha cerejeira, fitando o lago onde seu pai tinha lhe ensinado o jutsu bola de fogo há muitos anos atrás, era uma boa lembrança, algo a se perpetuado uma das coisas que sempre imaginou ao manter aquela casa era que um dia reviveria aquele breve momento da sua infância, dessa vez ocupando uma posição diferente, seria ele a ensinar.

Terminou sua refeição e colocou-se em posição de lótus. Respirar, inspirar, respirar, inspirar...

— ...esvazie a sua mente, não pense em mais nada, apenas sinta o ar entrando e saindo, abstraia tudo a sua volta. — A respiração de Sasuke já tinha entrando no compasso, mas ele ainda podia ouvir a agitação dela, totalmente fora do ritmo.  — Respire devagar, ajeite a postura... ainda posso ouvi-la, Sakura. — Tentou esvaziar a mente, mas o que, em geral, era muito fácil para ele se mostrou um problema e tanto com os sons peculiares que vinham de sua esposa.

Sakura observava todas as manhãs Sasuke meditar após sua sequência de golpes. Ele tomava sua água, limpava o suor com a toalha e se sentava embaixo de uma arvore e o resto do mundo parecia sumir. Ficava por um bom tempo na mesma posição sem se preocupar com o mais nada. Uma vez ele ficou quase duas horas assim, parecia tão fácil: sentar, ficar, respirar e relaxar. Qual a dificuldade nisso?

 Ela pensava assim, tão inocente. Eram muitas dificuldades, começando com a história da postura que fazia suas costas doerem e ela não tinha como ficar relaxada e ereta. Duas coisas que não combinavam juntas e com isso ela não esvaziava a mente – e de qualquer forma seria muito difícil para ela fazer; que mantinha-se na ideia fixa de ficar ereta e não vacilar, o que não deixava ela respirar do jeito que deveria e tudo ficava completamente errado. Já estava cogitando que meditar era uma habilidade inata, ou você nasce com ou morre tentando.

 — Por quanto tempo vamos ficar assim?

 — O tempo que for necessário? — ela abriu os olhos, fitando-o parado incólume, talvez a falha fosse dela, meditar deveria ser ao ar livre e não no chão do quarto deles.

 — Não posso pensar em nada? Nem fazer listas mentais, analisar coisas e... — um pequeno vinco se formou na testa dele e ela quase deu uma risada ao perceber que nem ele estava tão focado na paz de espirito quanto parecia.

 — Não! Esvazie a mente e fique em silêncio.

 Ela sabia que não conseguiria, já tinha desistido, estava em uma posição relaxante, os ombros soltos, observando-o em toda a sua gloria. Com cuidado e esforçando-se para fazer o mínimo de barulho possível, Sakura apoiou uma das mãos no chão, inclinando o corpo para frente.

 — Sakura, eu consigo ouvi-la se mexendo.

 — Consegue prever os meus movimentos também? — Segurou-a pelo braço, antes que ela pudesse abraça-lo, jogando o corpo de sua esposa no chão acarpetado.

 — Meditação melhora a concentração e o reflexo.

 — Então você já sabia que eu não estava como deveria?

 — Talvez.

 Sasuke a soltou, mas Sakura não deixou que ele voltasse a se erguer, puxando-o para cima de si, passando as moas pelas ombros, enfiando seus dedos finos nos cabelos negros e macios.

 — Não consigo meditar — a voz dela saiu como o ronronado, os lábios tão próximos.

 — Você não tentou. — sem que ele percebesse suas mãos já estavam na cintura fina, puxando-a para cima e encaixando o quadril dela contra o seu

 — Tentei, me esforcei ao máximo, mas não consigo ficar parada, é cansativo. — As mesmas palavras de Naruto, quase riu daquilo, mas não estava muito interessado em rir, ou compara-la ao idiota. — Conheço outras técnicas que também relaxam.

 Abriu os olhos. Relaxar não estava funcionando exatamente como deveria nos dois últimos dias. Como uma praga Sakura tinha se fixado em sua mente, tinha ficado mais agitado do que esperava com a volta para casa e agora essas lembranças voltavam. Passou as mãos na nuca, estralando o pescoço.

Aquele foram outros tempos, quando eles estavam bem, quando tudo se encaixava, quando ele enfim achou que tudo estava bom e em paz. A mudança foi brutal e da noite para o dia, chegava a ser impressionante como Sakura estava ótima e carinhosa quando saiu de casa e voltou completamente transtornada falando coisas completamente desconexas e dizendo que não aguentava mais que não podia mais.

Desse ponto em diante nada mais foi como era, ou melhor, voltou a ser como no princípio, mas em uma versão piorada. Sem banhos de banheira junto, pedidos para meditação, ensinamentos, treinamentos, nada. Não tinham mais coisas que ela quisesse de fato fazer com ele, apenas o que, de uma certa forma, parecia ser obrigada. Levantou, bateu na calça preta retirando os resquícios de grama de sua roupa e voltou para dentro de casa.

A terceira noite foi a pior, geralmente ele dormia bem, até os pesadelos voltarem, seu irmão, sua família, Tobi então ele acordava no meio da noite, mas dessa vez o problema se iniciou desde o começo. Já tinha desistido de deitar em seu canto e tinha passado a dormir na outra ponta, mas não estava adianto e quando ele desistiu de tentar foi tomar um banho e espairecer.

Quando entrou no closet parou por um momento olhando a parte de Sakura, nos últimos tempos ela tinha passado bastante tempo enfiada ali dentro, não entendia o porquê, não tinha nada demais. Mais de uma vez a pegou deitada no chão, fitando o teto. Pegou a primeira camisa que viu pela frente, vestindo-a de uma vez e imitando o que Sakura sempre fazia.

E ele estava certo não tinha o que ver, apenas as peças dela e do outro lado as peças dele, nada incomum ou diferente, ou meramente relaxante. Levantou, sentando na borda do lado de Sakura, puxando a primeira caixa que viu, eram quinquilharias de quando ela era mais nova, algumas armas ninjas e coisas relacionadas a ele que o envergonharam e ele preferiu deixa-las de lado.

Três caixas azuis possuem pergaminhos específicos com jutsus médicos e alguns genjutsus que ela provavelmente treinou. Perguntou-se porque Sakura não tinha colocado essas coisas no escritório da residência e enquanto pensava nisso percebeu que poucas coisas dela estavam pela residência, tinham as coisas que eles ganharam no casamento ou foto deles que ela colocou em um lugar ou outro, mas nada dela.

Levantou, observando a bancada de Sakura, a foto dela com o time sete estava ali, dela com Ino, os pais, uma foto do time sete sem ele e com Yamato e Sai. Provavelmente era por isso que ela ficava aqui, era o único espaço em que as coisas dela estavam.

Começou a recolher as fotografias, mas eram muitos porta-retratos para carregar nos braços, largou-os outra vez, caçando uma caixa, sacudiu algumas medindo o peso até tocar em uma leve, parecia vazio. Puxou a tampa e parou, observando o papel de seda cobrir a peça branca e impecável, puxou o vestido de para fora. O vestido de noiva ainda tinha o cheiro dela.

“Você pode não ser feito apenas de virtudes, pode ser cheio de defeitos, alguns podem até dizer que você é insuportável, mas eu desse dia em diante escolho dividir minha vida e amar todos os defeitos que você tem e todas as suas manias, pois elas fazem parte do todo que é você. E eu as amo e sempre amarei, como amo a você.”

A grande pergunta é o que ele tinha feito para merece-la? Nada, não a merecia. Devolveu a peça ao lugar, fechando a caixa e saindo do closet, do quarto, de casa. Precisava espairecer, sentar e falar com alguém, Naruto seria uma boa pedida, no entanto seu melhor amigo não demonstrava interesse em conversar, muito pelo contrário já estava começando a considerar que o Uzumaki estava a fugir dele.

As ruas de Konoha não estavam completamente vazias, não deveria ser nem uma hora da manhã ainda, por habito ele passou em frente ao Ichiraku, mas já estava vazio. Akane e seu tio tinham levantado as banquetas e limpavam o local para fechar. Fitou a fachada do estabelecimento, se não se enganava Naruto não morava longe dali, mas não podia bater na porta dele àquela hora.

— Perdido?

— Sem sono. — Kakashi meneou a cabeça, fitando o aluno parado no meio da rua.

— Quer me acompanhar até o bar? Noite difícil com a Sakura? — Sasuke deu de ombros, enfiando as mãos dentro bolso. Sasuke acrescentaria uma palavra a essa frase, mas apenas se virou na direção que o Hatake seguida.

— Ela não está, saiu em uma missão.

— É mesmo? Eu a vi na torre, mas achei que ia demorar mais um pouco para que ela partisse. — Kakashi pareou com Sasuke, caminhando pela avenida principal e entre os restaurantes fechando as portas e os bares ainda movimentados. — Estava entregando uma documentação, ou exames no térreo, algo assim.

— No térreo? — Kakashi apenas aquiesceu e Sasuke voltou a observar a sua frente. — Presumo que vai ser uma missão mais longa do que eu imaginava.

— Não conto a ela sobre os seus planos. — Não era uma pergunta, Sasuke soltou um longo suspiro, já podendo ver o local que seu ex-sensei frequentava, mais uma dúzia de outros ninjas.

— Falei sobre a reforma, ela não estava muito interessada em conversar. — Podia sentir o olhar de Kakashi sobre si, mas não se virou. — Você estava certo.

— Sobre o que?

— Sobre tudo. No casamento, antes dele, quando lutamos. Desde que eu o conheço você está certo e eu nunca quis ouvi-lo e continuo cometendo os mesmos erros. — Remexeu os ombros, incomodado.

— Sasuke.

— Eu não fiz nem um bem a ela e as coisas estão em um ponto que... — soltou outro suspiro, parando de andar, não queria entrar no bar de qualquer forma, era uma ideia ruim.

— Já conversamos sobre isso — Kakashi segurou o ombro do Uchiha, apertando-o de leve e dando uma breve sacudida —, quando você veio me procurar, quando nós conversamos. Eu não vou negar que estive certo em alguns pontos, mas eu me enganei em outros.

— Ela não vai me ouvir.

— Sasuke.

— Eu sei. Eu achei, eu pensei... — remexeu-se fitando o Hatake por um momento e desviando o olhar. — Quando sai em missão, entendi que Sakura estava me dando uma deixa, que... — como era difícil falar — que ela queria, mas ela saiu em missão. Que missão é essa? Só poderia ser ela. Se ela estivesse querendo algo ou falando algo ela não pediria desculpa por ser tão necessária? Não seria só um bilhete vago colado na geladeira.

— Você precisa beber alguma coisa.

— Não, não preciso.

Kakashi não o ouviu e continuou a leva-lo até a entrada do bar. Kakashi ergueu a mão pedindo logo uma rodada de saquê, a frente deles estava Yamato e Shikamaru, tentando arrancar um Sai semi inconsciente da bancada do estabelecimento.

— O que está acontecendo aqui rapazes? — Perguntou Kakashi ao fitar o estado de Sai e o impaciente do Nara.

— Drama. Sai deve ter andado lendo umas histórias açucaradas por ai e agora está teatral porque — Shikamaru certificou-se de que sua frase não fosse ouvida pelo rapaz — Ino vai sair em uma longa missão médica e as coisas andam problemáticas. — Sasuke ficou estático ao ouvir aquilo. Outra missão médica?

— Nossa, anda tendo uma demanda grande de missões médicas, não? — Kakashi comentou e Shikamaru o fitou com o cenho franzido.

— Do que está falando? As vezes tem uma ou outra, mas coisa rápida. Em larga escala essa é a primeira em meses. — a palavra missão médica teve um efeito retardatário em Sai e ele absorveu minutos depois de Kakashi ter dito e se ergueu de uma vez, caminhando para fora do estabelecimento.

— Ela não pode fazer, ela não precisa. Vou resolver esse problema... — Shikamaru e Yamato fitaram o ninja pintor trocando as pernas e tropeçando nos próprios pés.

— É melhor irmos com ele, antes que Sai faça alguma besteira. — Observaram os três se afastarem, Sasuke fitou o copo que foi deixado a frente dele, mas não tomou. As palavras de Shikamaru martelando em sua cabeça. Sakura não disse que a missão seria longo, mas “não sei quando eu volto” é uma premissa.

— Melhor, eu ir. Preciso falar com Naruto.

Página: Fleur D'Hiver

 


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Notas finais do capítulo

A primeira parte da volta para casa está ai. E então o que acharam? kkkkkkkkkk Bem, calma, não é? Eu disse que seria calma, afinal porque ele desconfiaria de sua esposa? De seu melhor amigo? Ele só voltou para casa e ninguém estava lá, o que fazer agora?

Eu acho importante ter esse ponto do Sasuke antes do caldo entornar e senhoras esse caldo vai entornar, o pote tá cheio até a boca e os primeiros respingos já cairam, já deram o ar de sua graça. kkkkkkkkkkkkk´É agora que são elas.
Narutinho não é mesmo um bom mentiroso, e toda Konoha é tipo uma bomba relógio, a cada esquina uma oportunidade para Sasuke descobrir a verdade. E o que acharam do Sasuke? Tá sofrendo. não acham?

Como já devem saber BF ganhou o fanfic do mês então amanhã ou terça vai estar saindo o outro capítulo. ;x
Agradeço a todos os comentários e a quem acompanha e favorita a história.
Não deixem de me dizer o que acharam do capítulo.
Até o próximo;*