Eu moro com a Heera e a Molly no quinto andar de um edifício onde a maioria dos moradores são aposentados e eu particularmente adoro o clima calmo que isso me proporciona. Também gosto daqui por causa da nossa vizinha (na verdade ela é mais que uma vizinha) as garotas e eu a chamamos de Vó-Char; ela não é a nossa avó, mas nos trata como verdadeiras netas.

Por causa dela que conseguimos convencer nossos pais que nos deixasse nos mudarmos  pra Chicago e dividir um apartamento.

Vó-Char é bem enérgica, sempre disposta a fazer coisas radicais que provoquem adrenalina e emoção, mas sempre arranja um tempinho pra fazer aquele pudim perfeito dela que eu amo, a Molly pira e faz a Heera prometer dar umas 3 voltas no quarteirão pra queimar as gordurinhas. É muito difícil encontrar ela em casa, pois normalmente passa o tempo livre praticando Le-Parkour. Surpreendentemente hoje a encontro em frente a porta do seu apartamento olhando umas poucas cartas que segurava.

Quando me vê para de remexer nas cartas e abre um belo sorriso acolhedor.

—Como vai, querida?- cumprimenta-me ela dando um abraço de urso, e apesar de já ser de idade tem uma força inacreditável - Que bom encontrar você, onde estão as meninas?

— Estou bem vó-Char, e não diga que não conhece aquelas duas?- Pergunto enquanto procuro as chaves do apartamento que deveriam estar do lado daquele sachê de katchup- elas foram paquerar por ai... ainda acho inacreditável que elas sejam solteiras.

— Verdade - Concorda ela pegando a bolsa das minhas mãos e achando as chaves de primeira - Aqui esta, você nunca acha essas chaves, mas me conte, como foi que a Molly não te arrastou? Ela sempre consegue!

— Pois é, ela tem que me ensinar esse truque algum dia, pode ser muito útil em algumas ocasiões. E eu já tinha saído com elas e estou voltando agora -contei a história do bar e do Azulzinho- no fim ganhei 20 dólares, amanhã vou comprar meu livro!

— Você e seus livros, acho que ao invés de ser designer gráfica você bem que podia abrir uma biblioteca.

— Não vou dizer que já não pensei nisso - digo colocando a chave no trinco-, mas eu sempre adorei desenhar e pra abrir uma biblioteca precisa ter grana... isso é o que me falta vó-Char

Ela abre novamente o sorriso e também abre a porta.

—Quer entrar querida? -indica ela o apartamento que estava cheirando a biscoito de chocolate - acho que dá pra perceber que fiz biscoitos!

— Ahh vó, isso é tentador - Confesso- mas tenho que entra e colocar a ração para o Holly e aproveitar pra dar uma geral nos meus materiais de trabalho, mas guarda um pra mim??

— Pode deixar meu bem, agora vou ter que entrar e atualizar meu blog - diz ela. Eu já acho até normal uma senhora de 52 anos ter um blog sobre esportes radicais - fale pras garotas que eu mandei um beijo, e amanhã tem biscoito de chocolate no café da manhã ok?

— Você não existe sabia?- brinco e me despeço dela.

O apê em que as garotas e eu moramos é bem parecido conosco. Mudamos a 3 anos quando resolvemos estudar um pouco mais e trabalhar depois de terminar a faculdade. Já nos conhecíamos desde a infância, a decisão de dividir o aluguel não foi nada difícil já que iriamos trabalhar quase no mesmo ramo. Eu sou designer, a Molly é modelista e a Heera e fotografa e todas nos trabalhamos na mesma empresa, mas em departamentos diferentes. Admito que foi uma sorte conseguirmos esse emprego juntas, mas bem que ele poderia pagar melhor... O apê tem três quartos, uma sala, varanda, cozinha, e um banheiro, infelizmente.

E é decorado por nós mesmas, é todo cheio de tranqueiras cortinas e lustres que em uma época de criatividade nós perdíamos horas na Internet procurando formas baratas de decorar o apartamento. Até que ele bem romântico, as paredes são claras o que deixa o ambiente bem iluminado. Não posso deixar de citar as várias prateleiras com DVD's de romance (meus), terror ( Molly ) e fantasia (Heera).

Sinto alguma coisa macia se esfregando nas minhas pernas, Holly night -noite sagrada em português- é o nosso gatinho adotado, ele é totalmente negro com olhos Bicolores - um cinza e um azul- na verdade ele que se adotou, seguiu Heera até em casa e não podíamos deixar aquela coisa fofa na rua, então o adotamos.

~nyahhh~ me comprimente ele.

— Oi - passo a mão em suas costas- as garotas saíram não faço ideia de quando elas irão voltar, então nem precisa esperar elas na porta como um sentinela, ok?

Caminho até o meu quarto passando pelo da Molly que tem alguns desenhos que ela pediu pra mim fazer. Um Porcoelho (Ursinho de um dorama) e nomes de algumas bandas. Logo depois vem o da Heera, com um galho de cerejeira florida (pintado também por mim) E por ultimo o meu, com alguns flocos de neve desenhados e uma coruja fofa. Em todas as portas tem uma pequena portinhola para o Holly, já que ele tem o costume de alterna entre os quartos.

Meu quarto é cheio de livros (muito menos do que eu gostaria) todas nós gostamos de ler, mas acho que eu sou a mais viciada. Meus bebês ficam em uma estante. O quarto é pintado de lilás com uma janela grande que faz uma bela iluminação matinal que eu sinceramente odeio (acordar com a luz na cara não me deixa de bom humor), uma cama de casal (por que sou espaçosa) uma mesinha de cabeceira, e a minha escrivaninha com muitos lápis canetas e folhas ou seja, meu material de trabalho, assim como meu notebook.

Troco de roupa, visto meu pijama mais confortável de estrelinhas e sigo para a sala. Passo pela varanda e olho o céu, me lembrando do lindo rastro de luz que o cometa havia deixado. A noite estava muito fria como é de costume em Chicago, por isso esfrego os braços quando uma corrente de ar percorre a sala. ligo a teve e me jogo no sofá, não vou negar que a minha intenção era colocar direto no canal de desenhos, posso ter 20 anos, mas amo desenhos. Vou mudando de canais e passo pelo telejornal, -seguro meus dedos nervosos que já iam mudar de canal e fico observando a jornalista com cara de quem fez mais cirurgias plásticas que a aquela tia com cara de leão- ela anuncia as notícias da noite, e entre elas está a queda do meteorito.

— Uma luz chamou a atenção nos céus de Chicago hoje a noite- anuncia a jornalista- os astrônomos informam que não sabiam nada sobre a queda desse meteorito, buscas estão sendo feitas, mas ainda sem sucesso. Mais informações a qualquer momento no jornal das...- perco o interesse na jornal e penso que o meteorito pode não ter caído muito longe para não ter sido encontrado encontrado.

Mudo de canal, passando direto pelos noticiários paro quando vejo que esta passando um daqueles filmes antigos que sempre terminam com The end e uma grande lua cheia no final que na minha opinião são os melhores, decido deixar o desenho para depois. Holly aproveita pra se aconchegar em minhas pernas, acaricio as costas dele enquanto ele ronrona.

— Espero que elas não demorem muito - falo para o Holly- pois se demorarem, eu durmo aqui mesmo!

Começo a prestar atenção no filme, tão romanticamente Meloso que só sendo mentira.

POV Heera e Molly

Molly e Heera pegaram um taxi, até um Pub próximo de onde elas estavam, quando entravam no taxi viram uma luz cortando o céu.

—Cuidado Heera, seus parentes vieram te buscar queridinha!

— Besta - responde Heera a brincadeira de Molly- entra logo se não a gente vai chegar muito tarde, você viu a cara da Magah de quem avisava que amanhã tem trabalho.

Molly não responde Heera, mas franze a testa e entra no Taxi orientando o motorista.

— A Magah se preocupa de mais com o trabalho, e com tantos livros fica com menos tempo ainda, não me surpreende que ela não tenha namorado.

— Pode ser, ou ela pode estar apenas esperando a pessoa certa- responde Heera com um olhar sonhador.

— Você é muito romântica Heera. Sua opinião não conta.

— Hunf! você que vê tudo pelo lado ruim.

— Aposto que quando você arranjar um namorado ele vai ser todo santinho igual você - comenta Molly- Olha até sei quem caberia exatamente no seu perfil.

—Quem?

— O Nathaniel do departamento de registros- diz ela gargalhando.

— Aff Molly, você sabe muito bem que eu não gosto dele, mesmo que ele seja fofo não faz o meu tipo.

— Ah é, seu tipo é estilo Bad Boy - Molly começa a rir com a possibilidade de ver Heera montada em uma Harley- bem a sua cara mesmo - diz com sarcasmo.

— E o seu pode ser... que tal um vampiro ?- pergunta Heera.

— Não seria tão ruim, se ele não brilhasse no sol nem voasse, quem sabe.

— Motorista é aqui! - Alerta o Motorista que já ia passando do ponto onde elas iriam parar.

Elas pagam o Taxi e desceram, o Pub que elas iam é muito conhecido na cidade como o lugar certo para se arranjar um namorado, pois tem um ar de romance, e em certa parte é decorado com velas. Ha também uma pista de dança e uma mini cafeteria que era decorada em estilo anos 60, um charme!, Que vende o seu famoso Choco Ultra Power Marshmellow. As garotas entraram no Pub e foram para a parte que fica o café, escolheram uma mesa perto das janelas

— Cara, eu amo esse lugar.

— Eu também tão aconchegante - Concorda Heera. O garçom se aproxima da mesa em que as garotas estavam esperando para anotar o pedido- pra mim um Choco ultra power Mashmellow,

— O mesmo pra mim -pede Molly, o garçom anota e se afasta sorrindo.

Três minutos depois o garçom traz o pedido; duas canecas gigantes de chocolate quente com pedaços de Marshmellow e cookies de brinde.

— Cookies!!!! - se alegra Molly como uma criança, pois se tem uma coisa que ela gosta são Cookies.

— Depois de tudo isso aqui -comenta Heera se referindo a enorme caneca de chocolate - vamos ter que dar umas voltas no quarteirão.

— Tá tá, - diz Molly em meio aos goles da caneca - se eu falar que não você nunca vai me deixar em Paz !!

— Não mesmo ...Haha...Molly pelo o amor dos Deuses limpa esse Bigode!!!

— Quer ver como eu consigo ser sexy com um Bigode de leite?- diz Molly agora fazendo um pose sexy, mas se distrai quando dois Caras entram no café um de cabelo Vermelho com uma cara mal humorada que o deixava com um semblante sexy e o outro com um longo cabelo negro usando um rabo de cavalo baixo tão longo que se compararia aos cabelos de Molly. O ruivo estava vestido com uma camiseta de banda calça jeans de coturno, o outro estava de sobretudo e também de coturno.

Eles caminharam até o balção do Barman, passaram pela mesa onde as duas garotas estavam e deram um sorriso de canto de boca e pediram 2 doses de Whisky.

— Tá, me diz que não é uma miragem - pede Molly a Heera.

— Não, tá mais para um Holograma - responde Heera sem olhar pra cara da amiga- Você viu como aquele ruivo é gato!

— Claro! mas aquele moreno é mais, dá uma ligada na pinta de quem vai matar vários vampiros com uma estaca ungida nas aguás sagradas, eu entrei em Blade e não to lembrada?.

— Os dois tem essa pint...Molly! - Heera chama a atenção de Molly, que ainda estava babando nos caras- Eu não acredito que você ainda esta de bigode.

—Ai serio! - imediatamente ela fica corada, só de pensar que eles viram ela naquela situação - será que eles só deram aqueles sorrisinhos charmosos por causa do bigode ah, você já pode me matar - ela termina fazendo biquinho de choro.

— Agora eu não tenho certeza, mas que você acabou de fazer o mico do ano. Só nos resta levantar a cabeça e agir como se nada tivesse acontecido, além de torcer para que eles não tenham notado... Ei para com isso! - Molly estava batendo a cabeça na mesa - isso não está ajudando amiga.

—Tá, parei mas só por que estava doendo, não é fácil ser dramática por aqui- diz Molly massageando a cabeça com a mão - qual é o plano?

— Depois dessa, sei lá eles que venham até a gente.

—Ok.

As garotas ficaram no mesmo lugar até acabar a caneca de chocolate e nada dos garotos se aproximarem nem ao menos pra dizer um "Oi", depois de mais ou menos 1 hora e mas uma xícara de chocolate para cada, os caras foram embora. Elas se deram por vencidas e 5 minutos depois resolveram ir para casa e enfrentar o frio até o ponto de Taxi, sairão do PUB e o tempo só tinha piorado, mas parecia que ia nevar.

— Pronto agora é definitivo- comenta Heera batendo os dentes de frio - vou morrer de hipotermia.

— Eu também, mas pelo menos não estou de vestido igual você, relaxa que a gente já está chegando e a rua nem está deserta, tem uns 5 garotos ali na esquina.

—Ahn, como se uma rua deserta não fosse melhor que uma rua deserta com garotos Bebados! E não se esqueça que a nossa lutadora de aikido não veio hoje.

— Vai dar tudo certo! - disse Molly tentando passar confiança, não estava dando resultados.

Elas caminharam apressadas para ultrapassar os garotos. Quando foram paradas pelo maior do grupo e aparentemente o mais alcoolizado.

— Olhem rapazes o que temos aqui - ele diz enquanto os outros vão se aproximando- deve ser o meu dia de sorte.

— Não se aproxime de nós- Diz Molly tentando manter a calma,  Molly empurra o grandalhão que se aproximava cada vez mais.

— Essa daqui é nervosinha em? - diz o que estava atrás do grandalhão o idiota 2.

— Me larga, por favor -Implora Heera, quando um dos caras agarrou o seu antebraço.

— Olha como ele é educada, por que você não tenta ser igual a sua amiguinha loira em Morena? -debocha o líder- Segurem a morena que da loira cuido eu, -O cheiro de álcool que exalava dele chegava até Heera, que só se sentia mais assustada.- SOCORRO!

—Ninguém vai te ouvir, já está muito tarde e as pessoas estão dormindo - no momento seguinte eles ouvem o barulho do motor de duas motos Harley's, que param na frente do grupo e dela descem dois caras. O primeiro tirou o capacete e deixou cair acima dos ombros seus cabelos vermelho e o outro em seguida também tira liberando os cabelos longos negros.

— Ai cara, eu acho melhor vocês soltarem essas garotas - Pede o ruivo, mas pelo tom de voz estava mais para uma ameaça.