A mulher estava muito doente, e estava em seus últimos momentos. Deitada em um leito de hospital, ela mandou chamar a única pessoa que ela havia feito sofrer na vida.

–Acho que deve estar desconfiando o porquê a chamei aqui, não é? – Pergunta a mulher tossindo violentamente.

–Devo dizer que sim, afinal, a senhora nunca gostou de mim. – Respondeu a mulher. Ele olhou para o menino pequeno que estava em seu colo. Sim, agora ele via o quão errado estava a respeito dela, e agora ele iria contar toda verdade.

–Eu só queria que você soubesse que meu filho nunca te traiu. Fui eu que armei tudo para que ele terminasse com você, é isso.

–E como é que eu vou saber se a senhora não está mentindo?

–Minha filha, você não vê? Estou nos meus últimos momentos, eu fiz não só você sofrer, mas meu filho também. E também, ele iria ficar muito feliz se você dissesse que esse menino é filho dele. – Respondeu se referindo ao menino de dois anos que estava no colo da mulher. Ela comprimiu os lábios e pensou em tudo que acabara de ouvir.

–Está bem, eu vou tomar coragem e contar toda a verdade pra ele. – Finalizou. A mulher doente brincou com seu neto por alguns instantes e depois ela foi embora. Dois dias depois ela acabou falecendo por insuficiência respiratória, Hermione não teve coragem de ir ao velório e ao enterro por causa do filho dele, estava tentando reunir coragem para dizer toda a verdade, algo que ela demoraria mais três anos para fazer.

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Estava um dia lindo, Hermione se levantou bem cedo e foi deixar seu filho na escola. Ela teria algo muito importante para fazer e chamou Luna para acompanhar-lhe. Havia se passado dois meses desde que ela havia voltado a Londres, e nesses dois meses ela estava em uma quase reconciliação com Harry. Eles viviam andando juntos, ela não se importava com os comentários maldosos, assim como ele já que o noivado dele era de fachada. Com um buquê de flores brancas nas mãos ela junto com Luna foi ao seu compromisso. Ir ao cemitério.

–Fico feliz que tenha vindo me acompanhar, Luna. Não gosto de vir sozinha nesses lugares, você me entende, não é? – Disse a castanha colocando as flores no vaso que estava sobre o túmulo. Aquele era o túmulo de Lily Potter, ela nunca tivera coragem para ir aquele local depois que Lily morrera, tinha muito medo de encontrar com Harry, mas agora ela sentia-se livre de um peso enorme.

–Eu só não entendo porque você demorou tanto tempo. – Se questionou Luna, e era verdade. Mas vindo de Hermione ela sabia muito bem qual era o motivo.

–Você sabe, Luna. Eu estava tentando tomar coragem para voltar. E ainda estou tentando tomar coragem para dizer a verdade pra ele. – Respondeu. Luna a encarou como se estivesse procurando algo de errado nela. Aquilo estava a incomodando muito.

–Olha Mione, não é eu querendo me intrometer, mas quando você vai falar para o Harry que ele tem um filho? Você sabe que a vida do Ian pode depender dele, não sabe?

–Eu sei Luna, eu quero dizer logo. Só estou esperando o momento certo pra falar, eu não quero ter que voltar nesse lugar com dois buquês de flores, não mesmo.

–Então diga logo a verdade, antes que seja tarde.

As duas ficaram ali por mais um tempo, oraram, acenderam incensos e depois foram embora. Elas tinham combinado de se encontrarem com Neville e Harry em um chá para colocar a conversa em dia, além de falarem sobre a gravidez de Luna. A loira estava grávida de três meses, e ainda não sabia se era menino ou menina. Harry olhava para Neville e Luna com um pouco de inveja, apesar de ele estar tentando se reconciliar com Hermione ainda não era a mesma coisa como na época em que eles namoravam. E ele não se importava com os comentários maldosos vindo de pessoas conhecidas dele, a maioria sabia que o casamento dele com Natalie estava por um fio para não acontecer.

–Gente, se vocês me derem licença, eu vou até o banheiro. – Disse Hermione levantando-se da cadeira onde estava sentada. Harry, Neville e Luna continuaram conversando sobre a possível reconciliação dele, até que Luna tocou numa questão crucial para o médico.

–Harry, eu não quero que você pressione muito a Mione para ela contar quem é o pai do Ian. Na hora certa ela vai dizer. – Pediu Luna enquanto bebia seu chá. O moreno arqueou a sobrancelha sem entender nada.

–Vocês dois sabem de alguma coisa que eu não sei? – Questionou o médico para os amigos. A única resposta que ele teve veio de Neville.

–Talvez sim, talvez não. Mas mesmo que soubéssemos, a única que pode dizer a verdade é ela, não nós.

–E também não queremos deixa-la nervosa, ela já passou por muita dificuldade quando estava grávida. – Finalizou Luna.

–Que tipo de dificuldades? – Perguntou Harry. Luna resolveu falar, aquilo não seria nada de mais.

–A Mione teve que ficar do sexto até o nono mês da gravidez internada em um hospital.

–Por quê?

–Porque ela ficou muito doente, ela ficou com anemia e depressão. Ela podia nem ter saído viva da mesa de cirurgia. O obstetra dela disse que foi um verdadeiro milagre ela ter resistido. – Quando Luna terminou de falar, Hermione voltou para a mesa, ela pediu que Harry a acompanhasse até a escola para pegar o garoto. Ainda atordoado, o homem levantou-se, pagou sua parte e acompanhou a castanha até a escola.

Ao chegarem à escola infantil, Hermione estranhou seu filho. O menino estava muito quieto, e continuou quieto até chegarem a sua casa. Ao chegarem ele decidiu contar para ela o que estava acontecendo. Ele disse que quando foi arrumar seu cabelo, uma grande quantidade de fios ficou em sua mão. Por medo, ele disse que não tinha comentado com nenhuma professora. A mulher verificou se o que o menino falava era verdade, e se desesperou ao ver que o cabelo castanho do menino estava caindo. Ela esperava que aquilo não acontecesse com seu filho, mas agora estava tão desesperada que começou a chorar.

–Mione, fique calma. Eu vou chamar o Ron, ele tem um amigo que é cabeleireiro. – O médico pegou seu celular e discou o número do amigo, assim que ele atendeu, pediu que fosse até o apartamento da Granger com um cabeleireiro o mais rápido possível. Não demorou dez minutos, o ruivo chegou com um cabeleireiro.

–Muito bem, qual é o problema que temos aqui? – Perguntou o cabeleireiro com uma maleta nas mãos. Hermione enxugou suas lágrimas e explicou tudo para o cabeleireiro. O homem disse que seria melhor perguntar primeiro para o menino, para ver se ele concordava com o que iria ser feito.

–Tudo bem mamãe, eu não me preocupo se vão cortar meu cabelo. E eu também não tenho medo de morrer, se isso tiver que acontecer, eu não irei ter medo. – A sinceridade do menino era espantosa, nem mesmo adultos conseguiam ser sinceros daquele jeito.

O corte foi rápido, quinze minutos depois, as madeixas castanhas do garoto estavam no chão. Depois que Ron e seu amigo foram embora, Hermione desabou em lágrimas no sofá.

–Não fique assim, logo encontraremos um doador e ele irá se curar. Você vai ver. – Disse Harry tentando consola-la, mas até ele sabia que estava sendo difícil encontrar um doador. Mas ele não perdia a esperança, tinha certeza que logo iria aparecer um.

–E se não aparecer? Já faz dois meses desde que eu voltei e até agora não apareceu nenhum. – Respondeu à mulher, ela estava chorando muito, Harry não teve alternativa a não ser a abraçar e ficar ali com ela o resto da tarde.

Já era noite, depois do jantar quando Harry disse que iria embora. Hermione já estava um pouco melhor, não estava chorando, mas não parava de pensar em seu filho. Ela acompanhou o médico até a porta para se despedir dele.

–Eu vou, mas amanhã eu venho de novo. Se você tiver algum problema é só me ligar.

–Tudo bem, eu não quero ser um peso pra você. – Disse Hermione meio envergonhada.

–Você não é um peso, você sabe que eu faço isso é porque te amo.

Por um momento, os dois se olharam nos olhos. Todas as lembranças que tinham compartilhado vieram como uma cascata em suas mentes. E em um ato de coragem, Harry inclinou-se e deu um beijo na mulher que estava na sua frente. Eles teriam aprofundado o beijo, se não fosse Ian que estava chamando sua mãe.

–Boa noite.

Ao fechar a porta atrás de si, Hermione tocou seus lábios pensando no beijo. Ela não se sentia tão feliz desde a época em que namorava com ele, com certeza ela não iria dormir naquela noite.

Ao chegar a sua casa, Harry se depara com seu pai e um homem que ele nunca vira antes, o patriarca dos Potter disse que aquele homem esperava por ele.

–Antes me deixe apresentar, afinal eu sou um estranho em sua casa. Meu nome é David, eu sou o irmão mais velho da Natalie. – Até Harry se espantara agora, ele sempre pensou que ela não tivesse nenhum familiar ali em Londres.

–Bem, acho que você já deve saber quem eu sou, mas mesmo assim vou me apresentar. Eu sou Harry Potter, o noivo de sua irmã.

–Desculpe a minha demora em vir aqui, mas é que eu sou um empresário muito ocupado, mas eu quero mesmo conversar sobre o noivado de vocês.

–Pode falar. – Pediu Harry educadamente.

–Quero que você cancele o compromisso com minha irmã, quero que não se case com ela.

Agora Harry estava atordoado, não esperava receber esse pedido do irmão de sua noiva.