A estação de metrô estava lotada, várias pessoas estavam indo para o trabalho ou outros compromissos marcados. Mas no meio da multidão, havia uma jovem que não ia para nenhum desses lugares, estava voltando para Londres depois de quase seis anos morando em outra cidade. Estava voltando por motivos pessoais, e também para voltar a ver uma pessoa que para ela era especial. Trazia consigo além da bolsa, um filho de cinco anos.

Fora mãe solteira e seu pai não aceitou muito bem esse fato, até hoje os dois não se davam muito bem, mas pelo menos ele gostava do menino. Teve somente o apoio da mãe, ela não quis dizer a verdade para o pai da criança, mas agora a situação era diferente. Precisava dizer esse segredo, não por causa de dinheiro, mas sim por outro motivo.

Agora que se aproximava de Londres, sentia que seu coração iria saltar pela boca. Ela observava atentamente pela janela do metrô as casas e os edifícios da cidade. Nada mudara tão radicalmente depois que partira de lá. Seu filho também olhava pela janela, ele era bem esperto e muito inteligente para uma criança de cinco anos.

–Mamãe, a gente já chegou? – Perguntou o menino, que tinha os cabelos castanhos como os de sua mãe, mas os olhos eram de um puro verde, idênticos aos do pai. E ele também era alto para a idade.

–Ainda não, meu amor. Por que está tão ansioso para chegarmos? – Pergunta a mãe para o filho.

–É que eu queria saber se meu pai mora aqui em Londres. – Respondeu o menino um pouco triste. Sua mãe nunca lhe disse quem era seu pai, ele passava dias e mais dias esperando por uma informação, mas ela sentia que ainda não era a hora certa dele saber.

–Meu filho, a gente já conversou sobre isso, eu vou te dizer quem é seu pai na hora certa. – Respondeu a mulher, mas ao ver a carinha de decepção do menino se sentia a pior pessoa do mundo. Não gostava de ver seu filho triste, ainda mais na situação em que ele estava.

–Tudo bem mamãe, eu posso esperar. – Respondeu o menino sorrindo, era incrível como ele ainda mantinha o sorriso no rosto.

–Deixa a mamãe ajeitar sua máscara. – O garoto usava uma máscara cirúrgica. O resto da viagem fora normal. Os dois chegaram a Londres ainda no meio da tarde, agora que ela estava ali tentaria recuperar o tempo perdido, isso se o pai de seu filho a quisesse de volta.

Quanto mais caminhava pelas avenidas, mais aquela sensação de nostalgia batia em seu coração. Lembrava-se da infância, o quanto era mimada naquela época, e da adolescência, de quando namorava o pai de seu filho e de quando terminou tudo com ele. Doía ver de novo aquelas cenas que tinha do ex-namorado na cama com outra, mas estava querendo lhe dar uma segunda chance. Agora ela era uma chef de cozinha famosa na Inglaterra, com muito esforço conseguira terminar a faculdade, e até fazia pequenas participações em um programa de culinária toda semana.

Ela caminhava levando apenas uma bolsa, com a ajuda de seus amigos ela já havia feito toda a mudança uma semana antes. Então, como estava sem bagagem, decidiu que iria passar na igreja mais próxima para fazer alguns pedidos, o que ela não percebera, era que estava sendo observada por um homem com segundas intenções.

Enquanto isso, Harry e Ron estavam em um restaurante almoçando e conversando. O ruivo era um dos melhores amigos do jovem médico e não concordava com a ideia de seu casamento.

–Me desculpe, não pude ir ao seu noivado por razões óbvias. – Despejou o ruivo enquanto comia seu almoço.

–Tudo bem, o único culpado disso tudo estar acontecendo sou eu. – Respondeu o médico.

–Se arrepende do que fez? – Perguntou Ron sugestivamente.

–É claro que sim, você sabe disso. – Respondeu.

–Já pensou em ir atrás dela? Tipo, contratar um detetive particular para descobrir onde ela estava? – Perguntou.

–Sim – Harry fez uma pausa e tirou seus óculos para limpa-los. – Uma vez eu fiz isso, mas minha mãe descobriu e mandou o detetive encerrar as buscas. Ela sempre a odiou.

–Sei, mas você vai levar essa ideia de casamento adiante?

–Talvez não, eu não quero passar o resto da minha vida com uma pessoa que não amo. Se eu pudesse eu dava o que fosse preciso para ela voltar.

–Olhe, quem sabe ela não volta e você não fica com ela? – Ao perceber o que tinha dito, Ron ficou nervoso. Não era para seu amigo saber que ela estava voltando.

–Sabe de algo que eu deveria saber? – Perguntou o moreno. O ruivo negou, mas Harry sabia que ele estava mentindo. Decidiu não pressioná-lo e voltou para o hospital, um dia a verdade iria aparecer.

Seguiu para o hospital, mas preferia ver Ron mentindo a ficar naquele local aturando fofocas sobre ele. Era sempre assim, já não suportava mais o quanto eles se incomodavam com sua tristeza. Caramba! Ele merecia um pouco de paz também. Finalmente havia chegado a hora de ele voltar para casa, pelo menos naquele dia ele não precisava aturar a insuportável da Natalie. Pegou seu carro e seguiu pelas avenidas.

Mas havia algo o incomodando, era como se algo estivesse para acontecer e ele teria que estar lá para evitar uma tragédia. Então ele desviou do seu caminho de sempre e seguiu para a igreja, quando chegou lá estacionou o carro e desceu para entrar no local. Foi quando viu um ladrão assaltando uma moça. É claro que seria loucura de sua parte interferir para salvá-la, mas quando viu que conhecia a moça, não pensou duas vezes. Foi lutar com o ladrão.

Lutou bravamente com ele, e o bandido saiu correndo. Dera tantos chutes e socos no cara que não sabia como ele ainda saiu correndo. Ele estava apenas com um corte no rosto, mas não era nada grave. Enfim, ele se virou para ver Hermione. Mesmo depois de cinco anos ela continuava a mesma. É claro que ele era suspeito para falar.

–Você está bem? – Perguntou o médico, mas não era essa a pergunta que realmente queria fazer. Ele tinha mil perguntas para fazer, mas aquela não era a hora certa.

Nenhum som saia dos lábios rosados da mulher. Ele ia fazer a pergunta de novo, quando percebeu que ela estava tremendo de nervoso. Deveria ser por causa do assalto, Londres havia ficado um pouco violenta nos últimos anos. Ele tentou acalmá-la, mas ela acabou desmaiando ali mesmo. Quando estava prestes a socorrê-la, viu um menino se aproximando. Deduziu que aquele garoto não tinha mais que cinco anos, e percebeu que ele não saíra de perto da cena do crime. Assustou-se ainda mais quando o menino chamou a moça de “mamãe”.

–Mamãe, acorde! – Gritou o menininho a chacoalhando fortemente. Agora, Harry não estava entendendo nada.